3.30.2007

bom fim de semana

Na prateleira as garrafas parecem uma fila de supermercado. Por trás há uma tabuleta que diz que são apenas para consumo da casa, e depois um espelho cansado. É nele que me vejo a dar um último gole num copo de uísque novo. A garrafa de onde ele saiu chama-me discretamente, com algum desdém: “bebe outro, bebe outro”. A infelicidade é o princípio do desdém. Talvez a garrafa seja infeliz por apenas abastecer copos a pessoas sós.
O balcão é uma passerelle de pessoas sós. Um homem à minha direita denuncia-se enquanto marca no telemóvel o número dum anúncio da página relax. São homens divorciados, talvez duma mulher qualquer, talvez também da vida. Todos empurram para a frente os copos vazios, ou as chávenas de café vazias. Agora um lê os anúncios do jornal, outro é fumado pela lentidão dum cigarro, outro rói as unhas e vê um programa na televisão que ainda não percebeu muito bem qual é. E eu? Eu vejo-me reflectido no espelho, mesmo por trás da garrafa que me chama. Bom fim de semana, desejo-me. Talvez seja melhor sair daqui.
Hoje vou buscar a minha filha, amanhã almoço em família e janto com amigos. Domingo ainda não sei. No quero saber. Levanto-me, apoiando temporariamente as mãos no balcão sujo. Colam-se. Descolo-as. Bom fim de semana, desejo-vos. Talvez seja melhor saírem daí, da frente do computador. Talvez, não tenho a certeza. Só um bocadinho.

pensamentos catatónicos (65)

Estava aqui a pensar que há mulheres especialistas em dizer nim

Os dinamarqueses são muito à frente

O Conselho para Ética com Animais da Dinamarca disse nesta quinta-feira que não há necessidade de proibir sexo com animais, a menos que se trate de filmes ou programas pornográficos. mais aqui...

A única coisa que me ocorre dizer sobre isto, é que não me parece que os animais se preocupem muito com o facto de aparecerem no cinema ou na televisão. Estou mesmo a ver… uma ovelha a fugir do pastor e a gritar: - "Primeiro larga a câmara!". Não compreendo as mulheres, é certo, mas também não compreendo os dinamarqueses...

a cidade que sopra na segunda...

A publicação da crónica da cidade que sopra, "a quietude é um gesto consciente", será apenas na segunda-feira.

conversa 113

(hoje de manhã no google talk)

Ela – Almoças comigo?
Eu – Não posso… mas gostava… já devia ter ido trabalhar.
Ela – És sempre a mesma coisa. :)
Eu – Como é que sabes?
Ela – Como é que sei o quê?
Eu – Que chego sempre atrasado ao trabalho…
Ela – Lol! Estava a dizer que nunca almoças comigo. Sei lá a que horas chegas ao trabalho. Lol! Lol!

3.29.2007

trocas e baldrocas



Em 1982 a Cândida Branca Flor concorreu ao festival RTP da Canção com esta Trocas e Baldrocas. Em 1982 eu tinha onze anos, ou melhor, ainda ia fazê-los quando ouvi a mulher a cantar isto em directo na televisão. Admito que, tanto quanto me lembro, foi a primeira vez que pensei que não compreendia as mulheres.

se o teu namorado / é muito envergonhado / e não te abraça que é demais / toma lá cuidado / porque o teu amado / pode ser dos tais...
obs: nunca compreendi porque é que um gajo envergonhado é dos tais, nem sequer o que é ser “dos tais”… mas pronto.

se ele tem conversa / pródiga e diversa / mas trabalho é que não quer / manda-o já embora / que isto quem namora / está sempre a aprender
obs: a tradução disto é que se o gajo é inteligente, o suficiente para não querer passar a vida a trabalhar que nem um animal, não presta…

ai, ai são trocas baldrocas / altas engenhocas / que eles sabem inventar! / são palavras ocas / faz orelhas mocas / não te deixes enganar
obs: isto é o refrão. Basicamente o que diz é que os homens estão sempre na tanga… mesmo quando não estão…

mas se o teu querido / for muito atrevido / não te fies, põe-te a pau / vê se ele é fiel / se sabe o seu papel / ou se arma em carapau / mesmo que ele diga / que muito te liga / minha amiga vai por mim / é tudo cantiga! / sabes rapariga / os homens são assim
obs: bem… um gajo é preso por ter cão e preso por não ter. Primeiro, se não a abraça é porque é dos tais. Agora, se for atrevido, é porque está a mentir. Como é que um gajo há-de compreender as mulheres?

mulheres que eu gostava de poder não compreender (48)



nome: Noriko Tujiko
origem: Osaka (Japão)
Info: nasceu em 1976 e começou a cantar logo aos três anos. Para gostarmos dela basta ouvi-la. A sério que sim. Vê-la, pronto, também ajuda… lol!

link rapidshare

nervous women II

relativamente ao post nervous women, a tangerina responde:

Estás enganado, sim! rs
Eu lá sou de bater o pé e fazer fita, ora.
Ganhaste por valentia e elegância, ao publicares, afinal, os meus dois comentários.
Desarmaste-me:)
(vénia tangerínica)


Pazes feitas depois do divórcio... já lhe posso explicar que só modero comentários neste blog porque não gosto de gente malcriada. A não ser, claro, que essa gente seja eu...
Tangerina, uma flor para ti.

3.28.2007

crónica na sexta

Esta semana a crónica da cidade que sopra é publicada apenas na sexta-feira.

equívoco afectivo

A Associação Lavoisier organiza, na próxima sexta-feira em Lisboa, no teatro A Barraca, uma conferência com o tema "Porque é que nos apaixonamos pelas pessoas erradas".
A psicóloga Ana Cardoso de Oliveira diz hoje no diário gratuito Destak que para evitar uma situação, em tantos casos doentia, há que ter em atenção alguns aspectos. Um deles é a baixa auto-estima. A mesma psicóloga chama ainda equívoco afectivo quando um dá, aparentemente, de forma incondicional, e o outro recebe amor não dando nada em trocamuita gente acredita que só vai ser amada se se portar bem, que é aquilo que as nossas mães dizem, que só gostam de nós se formos bem comportados.
Gostava de ir. Só é pena ser em Lisboa…

nervous women

No post anterior, montanhas, a tangerina fez dois comentários seguidos. O segundo é uma reacção ao facto de eu moderar todos os comentários:

12:36 AM: Cê fala bonito :)
12:38 AM: Eh lá! Não sabia que isto ia passar pela censura! Olhe, faça-me um favor, não publique os meus comentários, ok?

Aqui está um exemplo do que é seguir rapidamente dum casamento para um divórcio, lol! Imagino assim uma mulher nervosa, a bater com o pé direito no chão, de braços cruzados e a bufar… mas posso estar enganado…

crónicas da cidade que sopra | A quietude é um gesto consciente

Sexta-feira, no Diário de Aveiro, mais uma crónica da cidade que sopra.

A quietude da manhã é um gesto consciente. Helena tem vinte minutos para se vestir, tomar o pequeno almoço e apanhar um autocarro para o emprego. Repara que o vento terá adoecido, deitando-se fraco num escaninho da ruela onde vive, ali junto às folhas amontoadas por uma vassoura já ausente, e que agora se vão apartando com latente dificuldade. Aos edifícios decrépitos, as sombras agarram-se em esforço, como se tivessem já atingido a fase outonal da vida. Mas é Primavera e, apesar de Helena não achar esta manhã bonita, acha-a certamente atraente. Tão atraente que acredita que toda a quietude é um gesto consciente, talvez para que a ainda fria luz do sol beije os vidros da sua janela com alguma intimidade. É assim, talvez acredite que o amanhecer todos os dias seja um acto qualquer de amor.

3.27.2007

montanhas

O divórcio é, em alguns aspectos, uma universidade. Já tive conversas com amigos meus que nunca teria tido se não me tivesse divorciado, mas a principal vantagem do divórcio é, depois de a tempestade inicial amainar, conseguir olhar para a vida conjugal que se teve como se se fosse um estranho a ela. Um casamento é uma montanha, e para a vermos na totalidade é necessário afastarmo-nos muito. A única maneira é através do divórcio.
Não estou a dizer que os casamentos são todos maus (o meu não foi) e que os divórcios são todos bons. Estou a dizer que, independentemente de como a vida nos tenha corrido, o divórcio pode e deve ser visto como uma oportunidade e não como um problema. Para tal é fundamental que os divorciados continuem a ter um mínimo de respeito um pelo outro, e é verdade que isso às vezes não acontece. Mas vale a pena tentar.

pensamentos catatónicos (64)

É como se aquilo que fazemos fosse consequência dum combate feroz entre o nosso objecto cardíaco e o nosso cérebro. O objecto cardíaco ganha sempre ao cérebro, às vezes após prolongada luta, outras vezes num knock out imediato.

conversa 112

(no Jolima em Espinho)

Eu - Queria três queques de chocolate, por favor…
Ela – É para levar ou comer agora?
Eu – Comer agora…
(ela serve-me os queques num pratinho)
Eu – Estava a brincar… é para levar.
Ela (suspirando) – Estava a ver…
Eu (só em pensamento) – Foda-se!

3.26.2007

conversa 111

Ela – Este comboio vai pró Porto?
Eu – Vai…
(ela senta-se à minha frente)
Ela – De que lado?
Eu – Ahn?
Ela – De que lado é que vai pró Porto?
Eu – De que lado?
Ela – Sim…
Eu (apontando para trás dela) – O Porto é naquela direcção…
Ela (levantando-se e sentando-se ao meu lado)
– Então vou aqui. Detesto viajar de costas.

(passado algum tempo, já com o comboio em andamento)
Ela – Vai pró Porto?
Eu – Não…
Ela – Sai antes?
Eu – Sim… em Espinho.
Ela – Que pena. Não conheço o Porto. Precisava de alguém que me ajudasse quando lá chegar.
Eu – Ah! Eu saio em Espinho…
Ela – Tem mesmo que sair, não é? Trabalho…
Eu – Hum, hum…

(passado mais algum tempo)
Ela – Espinho deve ser uma boa cidade para passear…
Eu – Nem por isso…
Ela – Tem a praia e tudo.
Eu – Pois… mas não tem mais nada para além da praia.
Ela – Estou a ver que não está nos seus dias…
Eu – Mais ou menos…

pensamentos catatónicos (63)

As palavras não alimentam sempre uma relação. Às vezes parasitam-na e, vivendo à sua custa, esgotam-na. A ela e a elas próprias.

boa altura

1] A minha filha é fã do Sam the Kid e dos Buraka Som Sistema. É uma boa altura para pôr no lixo o disco dos Dzert

2] Tenho uma vizinha nova e giraça que me pede ajuda para levar as compras para cima quando o elevador está avariado. É uma boa altura para desligar o elevador às escondidas de vez em quando.

3] O meu carro está tão sujo que uma amiga minha encontrou lá dentro, este fim de semana, uma bola. A minha filha ia atrás e disse: - “Olha a minha bola. Estou farta de a procurar por todo o lado…”. É uma boa altura para comprar tapetes novos e pôr a funcionar um aspirador que comprei com os pontos ganhos numa gasolineira.

4] Tive uma paragem de digestão este fim de semana. É uma boa altura para diminuir o consumo de álcool e beber mais chá.

5] Hoje vou pôr música no Clandestino Bar. É uma boa altura para darem lá um salto.

3.25.2007

conversa 110

Ela – Estás zangado comigo....
Eu – Zangado? Porquê? Não estou não...
Ela – Porque estás. Eu sei. Sinto-o na tua voz.
Eu – Eu não estou zangado contigo. A sério que não Para ser sincero até tenho tido mais em que pensar...
Ela – Não estás mesmo.
Eu – Não estou, mas vou ficar se me continuas a chatear com isso...
Ela – É que na tua voz pareces distante...
Eu – Ah! Distante é uma coisa, zangado é outra...
Ela – Então estás distante de mim, é isso?
Eu – Sim, isso talvez seja um bocadinho verdade, mas não é grave... aliás, neste momento estou tão distante de ti como tu de mim...
Ela – Não sei...

(cinco minutos depois)

Eu – Ontem parou-me a digestão. Ainda não estou totalmente recuperado, pá. Parece que levei uma sova.
Ela – Estás a ver? Estás zangado comigo.
Eu – Ahn?!
Ela – A digestão não te parou. Estás a arranjar uma desculpa para estares mal disposto.
Eu – Ontem a digestão parou-me. Estou um bocado mal disposto mas não estou zangado contigo. Porque é que raio havia de estar zangado contigo? Eu nem sei...
Ela – Estás a ouvir a tua voz? Estás zangado...
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 109

(num jantar com amigos)

Eu - A **** só bebe cerveja
Ela - A mim, na minha vida, o vinho acompanha-me sempre...
Eu - Uau!

dj bagaço Amarelo convida Chavela

Amanhã à noite há música do dj bagaço Amarelo no Clandestino bar, em Aveiro, a partir das vinte e duas horas e qualquer coisa. Até sensivelmente à meia-noite passo música étnica mais rara e menos habitual. Depois da meia-noite mudo e, já que estamos numa de Frida, vou convidar Chavela Vargas também...

Frida Kahlo

Só ontem vi Frida Kahlo, o filme em que a extraordinária Salma Hayek interpreta o papel da pintora mexicana. Sabia que Trostski tinha sido exilado e assassinado no México, mas não sabia que tinha vivido na casa de Frida. Pronto, passar a saber isso também não vai propriamente mudar a minha vida. De qualquer maneira, o que mais me prendeu a atenção no filme, foi uma das frases do discurso que uma amiga do casal faz durante o casamento de Frida com Diego Rivera:

"Não acredito no casamento. O casamento é a união de duas pessoas que gostam uma da outra e ainda não sabem que vão fazer mal uma à outra."

Para quem não sabe, a revista Visão está a distribuir este filme na sua edição desta semana, gratuitamente e em DVD.

3.23.2007

bão fim de cemana

acabei de receber um sms duma amiga que diz qualquer coisa como "visualizo mais do k tu. o cume da montanha está gelado e inacessível. bj e bom fds p ti e p tua filha"
Pois... não compreendo as mulheres... é só isso. Bom fim de semana para vocês e para os Vossos.

radiodread



Hoje vou buscar a minha filha. Como estou sem net em minha casa não devo voltar cá até domingo ao fim da tarde, para não a obrigar a ir cybercafés apanhar seca. Assim, e porque sou bom rapaz, deixo-vos aqui um disco fenomenal para baixarem e ouvirem durante o fim de semana: radiodread, dos Easystar All Stars. A password para descomprimirem o ficheiro zip é http://naocompreendoasmulheres.blogspot.com.
Os EasyStar All Stars são um grupo de vários cantores reggae da editora Easy Star, reunidos aqui para fazer uma versão do álbum OK Computer, dos Radiohead. Pronto, é só isso. Advirtam-se.

link rapishare

conversa 108

Ela – Lembras-te de quando nos conhecemos?
Eu – Lembro-me, claro.
Ela – Andámos uma tarde inteira à procura de lixo para reciclar a fazer fantoches…
Eu – Pois… mas isso não foi quando nos conhecemos. Foi mais ou menos um ano depois.
Ela – Foi?
Eu – Sim. Afinal tu é que não te lembras de quando nos conhecemos… mas ainda bem , não te preocupes.
Ela – Ainda bem?
Eu – Sim. Fui eu que fui ter contigo… mas não estava lá muito sóbrio…

3.22.2007

conversa 107

(com um gajo do Citybank, no Gaiashopping, hoje à noite)

Ele – Posso falar consigo só um segundo?
Eu – Não.
Ele – Se calhar ainda lhe vou dar dinheiro…
Eu – Então olhe, pegue no dinheiro todo que me ia dar, vá jantar fora e não me chateie.

mais dois

Hoje tive notícias duma amiga que já não vejo desde 1999. Vamos jantar deste sábado a oito. Só isso faz o índice ivariano subir dois valores, fixando-se agora no treze. :)

ainda não

Ainda não. O meu sofá da sala acha estranho eu estar deitado no chão, e o silêncio que flutua dentro do compartimento é dele. Acho que ele sabe tudo sobre mim. Já me viu a chorar e a rir, sozinho e abraçado, bêbado e sóbrio. No entanto nunca me tinha visto deitado no chão.
Ainda não. A garrafa de uísque já acabou e também se deitou sobre a alcatifa. Não faz mal, também acabou a minha capacidade de beber. Acho que está uma mosca desesperada dentro da lâmpada desligada. Eu percebo-a. Se ligar a luz ela morre com o calor. Por isso não o faço.
Ainda não. A mosca bate várias vezes no vidro. Que tenha calma, digo-lhe. É o que eu tenho feito nos últimos meses da minha vida: bater em vidros. Que tenha calma, que se deite no fundo da lâmpada. Que se deixe estar.
Ainda não. O meu telemóvel está perdido num canto qualquer da sala, penso eu. Eu estou perdido num canto qualquer da vida, pensa o sofá. Se ela me telefonar talvez eu encontre o telefone. Talvez a vida me encontre. Mas para já ainda não.

cinco conselhos a divorciados

1) Deixar a roupa que usou durante o dia debaixo do colchão, durante uma noite inteira. É uma forma de a manter passada no dia seguinte.
2) Quando se toma banho levar sempre a toalha para a casa de banho ou, pelo menos, arranjar um ligar fixo para a pendurar. Senão as gotas de água no corpo arrefecem e passamos algum frio enquanto andamos pela casa à procura dela.
3) Tendo em conta o ponto anterior, e no caso de se andar pela casa à procura da toalha quase sempre que se toma banho, manter os cortinados fechados.
4) Nunca dizer a uma mulher de quem se gosta que se é divorciado logo na primeira vez. Essa história que alguns dizem que as mulheres preferem homens com alguma experiência conjugal é um mito.
5) Quando se faz café em casa, no fim de um jantar a dois, nunca lhe perguntar se quer açúcar. Pode pensar que lhe estamos a chamar gorda… É melhor pousar sorrateiramente o pacote em cima da mesa e, se ela quiser usa, se não quiser não usa.

Adeus Lura

Ontem a Lura passou o concerto todo a olhar para mim. A sério… eu ali a fingir que não estava a reparar e ela sempre a olhar para mim. A certa altura até me piscou o olho. Foi tão óbvio. Adeus Lura, depois telefono-te...

3.21.2007

por exemplo

Por exemplo, hoje podias chover-me
Extinguindo lentamente um incêndio de grandes proporções

Por exemplo, amanhã podias incendiar-me
Enxugando lentamente a tua própria inundação

conversa 106

(com um arrumador de carros completamente enterrado na heroína)

Ele - Não me vai dar uma moedinha, chefe?
Eu - Não. Não pago para estacionar o carro.
Ele - É para ajudar...

(continuo a andar e ele vem atrás)

Ele - Qualquer coisinha que tenha aí...
Eu - Olha, e porque é que não me dás tu uma moedinha? também preciso pá. Olha, queria meter-me na poeira hoje e não posso porque não tenho dinheiro. Dá-me tu a merda duma moeda, pode ser?
Ele - Pronto...

p.s. - este não é um post reaccionário com o objectivo de denegrir a imagem dos toxicodependentes. O tipo só me apanhou um bocadinho mal disposto. Fiz directa hoje e agora vou dormir...

conversa 105

(por sms)

Ela - Acorda feliz. Um abraço apertado.
Eu - Já acordei. Não me sinto apertado. :)
Ela - Faz força. Beijinhos.
Eu - Estou na casa de banho. Vou tentar. jinhos.

coisas que fascinam (42)

só mais uma vez...


Hoje a Lura vem a Aveiro, hoje a Lura vem a Aveiro... Bem, desculpem lá insistir mas a Lura é mesmo bonita. Também tem uma voz encantadora e tal... mas é mesmo bonita.

3.20.2007

conversa 104

(com a minha ex, hoje num café em Aveiro)

Ela - Pára de dizer que não percebes as mulheres. O que tu não percebes são as pessoas...
Eu - Pois, tá bem. Noto mais quando são mulheres.
Ela - Então faz uma coisa. Não andes sempre com o cabelo seboso, os óculos sujos e a roupa rasgada e por passar. Não uses mais roupa estragada. Estou farta de te ver assim. Pareces um abandonadinho...
Eu - Eu não faço isso. Quer dizer, uma vez ou outra faço mas é raro... agora, por exemplo, não estou assim.
Ela - Pois não. E devias andar sempre como estás agora. E põe-te feliz como costumavas ser...
Eu - Eu estou feliz.
Ela - Não estás nada.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

Lura em Aveiro



Amanhã a Lura vem cá a Aveiro ver-me... espera aí... ... ... estão aqui a dizer-me que afinal ela vem cá a Aveiro mas não é para me ver. Hum... é para cantar no teatro aveirense. Pronto... vou eu lá vê-la a ela.
A Lura foi a décima primeira mulher da secção "mulheres que gostava de poder não compreender", no dia 18 de Setembro de 2006. Amanhã vou tentar ver o concerto sem ter um ataque cardíaco. Phónix!

chá com açúcar

Tenho uma inquilina aqui no objecto cardíaco que não paga renda. Mesmo assim não a consigo expulsar. Não me apetece. Ainda por cima estou sempre a passar lá à frente, para ver se ela está à janela e lhe consigo dizer adeus.
Nem lhe perguntei se reparou que as palavras "açúcar" e "chá" em árabe, são muito parecidas com o português. "Chá" é de origem chinesa, "açúcar" é mesmo de origem árabe. Pronto, era só isso.

em terrenos positivos de novo

Gostar é um verbo que se deve conjugar. O índice ivariano sobe dois valores, situando-se agora no 11. Depois de ter estado em coma algum tempo volta a pisar terrenos positivos. Epá, isto parece uma gaja a falar na rádio sobre a bolsa de valores. Não é.

3.19.2007

pensamentos catatónicos (62)

Hoje está um vento fora do normal em Aveiro. Antes de sair de casa a primeira vez escolhi um casaco que já não vestia há uns meses. Pus a mão no bolso e descobri um papelinho, escrito à mão, que fez o índice ivariano subir muito uma vez. Sorri um bocadinho, amarrotei-o e deitei-o para o balde do lixo. Mas... mas... senti-me esquisito.

dia do pai



A minha filha deu-me um quadro pintado por ela. Vou pendurá-lo na parede esta semana. O dia do pai é bom, pelo menos enquanto os filhos fazem aquilo que oferecem e escrevem num postal: - "Pai és o melhor do mundo".

3.18.2007

conversa 103

Eu – Se calhar precisamos de falar.
Ela – Precisamos, precisamos…
Eu – Acho que nos vai fazer bem esclarecer as coisas.
Ela – Eu acho que tu é que tens que te esclarecer a ti mesmo.
Eu – Pois… isso, para já, não é provável que aconteça.
Ela – Já percebi isso...

datas

Dia 21 de março, ou seja, quarta-feira, antes do esperado concerto de Lura no teatro Aveirense, é exibido um filme do divorciado feito propositadamente para o aniversário da revista Pontes & Vírgulas.
Depois, encarnando o dj Bagaço Amarelo, o divorciado põe ainda música no Clandestino bar na noite de 26 de Março (segunda-feira), e no Riff bar na noite de 13 de Abril (sexta-feira). Ambos os bares são em Aveiro.

3.17.2007

mayra andrade de novo



Andava à procura desta música, que junta Mc Malcriado e Mayra Andrade, e encontrei o vídeo no Youtube. Os MC Malcriado são quatro tipos de Cabo Verde que vivem em França, tal como a Mayra. Hum... hum... hum... isso não é bom, pá.
Bem, gosto tanto disto que não resisto à tentação de postar aqui o vídeo e vê-lo vezes sem conta.

update | descobri o cd dos Mc Malcriado que tem esta música. link rapidshare

cuidado

Com cuidado, mas mesmo muito cuidado, o índice ivariano vai subindo o Everest de novo. Mais um valorzinho hoje e passa para 9.

find a real sex partner in Lisboa now



Pois... quando se passa o dia a baixar filmes e mp3's de sites manhosos pode acontecer isto com alguma frequência...

má onda

Esta noite fui a uma festa africana no BE (na Universidade de Aveiro). Estava lá uma caboverdiana de camisola verde que era capaz de fazer disparar o índice ivariano até ao 40, o que não é mau tendo em conta que o limite máximo é 20.
A má onda foi dois gajos tentarem-me assaltar quando fui à casa de banho a primeira vez. Estou eu com as mãos ocupadas a urinar e um gajo põe-me a mão no braço:

conversa 101
Ele – Dá-me 1 euro pá.
Eu (virado para o urinol) – Calma…
(acabo o que estava a fazer e eles empurram-me para a parede)
Ele – Dá-me 1 euro
Eu – Porquê?
Ele – Porque eu estou a mandar.
Eu – Isso não chega para eu ter que te dar 1 euro.
Ele (pondo-me a mão no peito) – Dá-me um euro. Quero beber uma cerveja.
Eu (afastando a mão dele) – Olha, é assim: eu vou sair daqui sem te dar nada. Se me tornas a tocar fodo-te a tromba, ok?
Ele – Iá, meu. Tava a brincar. Vai lá na boa… ainda me vais pagar uma cerveja hoje….

Saí e fui falar com um segurança.

conversa 102
Eu – Olha, estão dois tipos na casa de banho que me tentaram assaltar…
Ele – Eu sei… já os topei.
Eu – Já os topaste e não os expulsas? Não percebo.
Ele – Calma, calma…

Fui ter com o pessoal meu amigo e avisei-os do que se tinha passado. Pelo menos para ninguém ir sozinho à casa de banho. Depois, mais ou menos às seis da manhã, o inevitável acontece: uma cena de pancadaria das grandes em que os gajos estão envolvidos. Ouço um tiro mesmo ao pé de mim mas nem cheguei muito bem a perceber o que é que se passou. Uma amiga vem-me perguntar se estou bem e eu digo que sim, mas que é melhor irmos embora. Vou buscar o carro, subo com ele o passeio e paro mesmo na porta de trás do bar. Um amigo meu e três amigas entram e eu arranco. Decidimos acabar a noite com um chá na casa duma delas, e é lá que fico a saber que um tipo que eu conheço foi à casa de banho, resistiu quando o tentaram assaltar, e levou uma sova.
O pior de tudo isto foi que eu tinha mesmo acabado de conhecer a caboverdiana quando as coisas aqueceram. Dei-lhe os dois beijos da praxe mas nem chegámos a falar.
Só para as mentes mais retorcidas, e eu não devia ter que dizer isto mas digo para não haver bocas de mentecaptos que aparecem sempre nestas ocasiões, os gajos que me tentaram assaltar eram brancos.

3.16.2007

escape from noise


Em 1987 eu fiz dezasseis anos e adorava este álbum: Escape from Noise dos Negativland.
Ainda não conhecia a mulher com quem vim a casar e de quem me acabei por divorciar, mas foi o ano em que tive a primeira namorada que, de uma forma premonitória, me mandou passear pouco tempo depois para andar com um tipo mais velho que até já tinha carro.
Tinha um grande amigo, um ano mais velho, com quem acampava na Besford de Aveiro aos fins-de-semana para pescar. Eu nunca pescava nada, mas ele sim. Uma vez fomos apanhados a roubar chocolates no então Pão de Açúcar, uma espécie de hipermercado da altura, e eu pensei que a minha vida tinha acabado. Não acabou.
Quando mostrei este disco à minha namorada ela riu-se e disse que era maluco. Às vezes íamos à tarde a uma discoteca que se chamava Tira-Vira, e que só tinha miúdos entre os 14 e os 18 anos, para além dum porteiro engravatado até ao pescoço sempre com ar de mau.
De resto, também sei que jogava andebol no Centro Desportivo de São Bernardo, praticava karaté no GEMDA, era um mau aluno no liceu, rapava o cabelo e usava botas da tropa, e comecei uma paixão platónica por uma miúda a quem chamava chocolate por ser muito morena. Ela nunca me ligou mesmo nenhuma, e só descansei algum tempo mais tarde quando um amigo me disse que ela era da Juventude Centrista. Era impossível eu ter qualquer coisa com uma miúda da Juventude Centrista…
Pois… fiquem lá com o Escape from Noise, dos Negativland, num link Rapidshare.

conversa 100

Ela – És um bocadinho autista. Dizes-me coisas que não devias dizer…
Eu – Eu?!
Ela – Sim. Pensa um bocadinho.
Eu – Sei lá… a última coisa que te disse foi que me esqueci de lavar os dentes.
Ela – Errado. Isso podes dizer.
Eu – Opá, deixa-te de coisas. Diz-me tu o que é que eu não te digo mais. Não te quero estar a chatear…
Ela – Tens que ser tu a chegar lá.
Eu (só em pensamento)- Foda-se!

pensamentos catatónicos (61)

Metade dos nossos erros na vida nascem do facto de sentirmos quando devíamos pensar e pensarmos quando devíamos sentir (J.Collins)

Recebi agora esta frase, por email, duma amiga que me conhece bem. O pior é que percebi...

mulheres que eu gostava de poder não compreender (47)



Nome: Gabriela Anders
Origem: Argentina
Info: Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiiiiii! A vida dum divorciado pode ser mesmo muito difícil. Phónix! Alguém que me explique como é que se passa por uma mulher como a Gabriela Anders sem ser atropelado por um carro logo a seguir, ou pelo menos sem ir contra um poste de electricidade e partir a cana do nariz. Pois, pois… a Gabriela é uma cantora argentina e tal... sei lá, pá. Não me apetece falar... vão ao sítio dela.

links

Perdi alguns links na mudança de layout. Por favor, acusem-se se faltar o vosso. Não foi por mal…

alívio

Hoje sinto-me aliviado. É um alívio que me escoa parcialmente os sentidos, porque o ónus que me embrutecia o objecto cardíaco liquefez-se e saiu, mas na enxurrada foram também alguns batimentos que eu gostava de ter conseguido guardar. Sinto-me aliviado, mas também um bocadinho por preencher.
De resto continua tudo igual: o Beira-Mar continua nos lugares de despromoção, comprei a revista Visão porque traz gratuitamente um dos melhores filmes que eu já vi: "Hotel Ruanda", estou a trabalhar no fim de semana e à noite vou beber um copo em Aveiro, e continuo a não compreender as mulheres.

3.15.2007

conversa 99

Ela – Se não estivesses aqui comigo onde é que estavas?
Eu – Estava noutro sítio contigo… se me deixasses…
Ela – E se eu não deixasse? Se não estivesses comigo?
Eu – Estava aqui semtigo

somos candeeiros

Palavras a mais. São só palavras mas, ainda assim, a mais. Não são daquelas palavras que passam por nós quando tomamos café ou atravessamos a estrada, tipo olá ou bonita. São palavras-parasita, organismos vivos que passam a viver à nossa custa, e que impedem as outras de se fazerem ouvir. Ainda por cima são palavras que se alinham em frases aguçadas e curtas, tipo não vale a pena ou se insistes vais-te foder.
E toma-se um café e atravessa-se a estrada. E toma-se outro café e atravessa-se outra estrada. E mais outro e mais outra. São palavras a mais, que vão aparecendo um pouco por toda a parte. Nas chávenas, nos anúncios publicitários, nas notícias do jornal, até na merda da mesa do homem que plastifica documentos em frente a um centro comercial.
São palavras a mais. À noite caminha-se sozinho, numa artéria que rasga edifícios abandonados: Pára-se. Alguns candeeiros de rua, solitários e enfraquecidos pelo deserto que é o subúrbio da cidade, intermitem uma luz amarela sitiada por insectos. Às vezes somos candeeiros. Às vezes as palavras são insectos.

miss Psicanálise

Há dois dias pus aqui um link rapidshare do "Os Homens não se querem bonitos". Ainda não parei de cantar o Freud & Ana desde então...

Oh Miss Psicanálise que perfeita que és
E tão pequenina
Com umbigo e tudo e até unhas nos pés
E tão pequenina
Que saúde que tens!
Como eu a invejo...

3.14.2007

a vida é feita de pequenos nadas

Hoje acordei com um telefonema bonito. Muito bonito mesmo. O índice ivariano sobe para oito. Como diz o Sérgio, a vida é feita de pequenos nadas. Às vezes, ou quase sempre, é mesmo bom ter amigas

crónicas da cidade que sopra | traços

Amanhã, no Diário de Aveiro, publica-se mais uma crónica do divorciado.

Um traço de giz no céu. Há dias que parecem uma débil cópia daquilo que deviam ser. Uma criança descalça limpa o ranho do nariz à defunta e suja saia da mãe, que vai estendendo a mão vazia e magra aos que passam. Ambas estão sentadas no chão e, ao tentarem evitá-las, os transeuntes quase que chocam no lado oposto do passeio. É uma espécie de jogo do empurra, a ver quem passa mais distante daquela nódoa social.

lulas fritas

Ferveram óleo para fritar lulas e ela despeja-o na sanita
Depois de usado
Ele pede-lhe que não o faça mais
Que é pouco ecológico

Ela zanga-se
Diz-lhe que ele ferve em pouca água
Ele pede-lhe então que não o despeje na sanita
Depois de usado
Que é pouco ecológico

coisas que fascinam (41)



à procura dum caracol... quando penso na minha filha penso também que, se tudo me correr mal, há qualquer coisa que já me correu bem.

3.13.2007

conversa 98

Ela – Pensa em mim e escolhe uma cor depressa…
Eu – Ahn?
Ela – Depressa, pensa em mim. Já pensaste?
Eu – Já…
Ela – Escolhe uma cor.
Eu – Ver… Amarelo.
Ela – Era verde ou vermelho que ias dizer?
Eu – Verde, mas é amarelo. Amarelo!
Ela – Bem, de qualquer maneira devias ter dito vermelho.
Eu – O vermelho é foleiro…
Ela (risos)
Eu – Mas isso é o quê?
Ela – Nada, esquece…
Eu (só em pensamento) – Foda-se!

os homens não se querem bonitos

Sei lá se os homens se querem bonitos, feios, ou outra merda qualquer. Foda-se! A primeira vez que ouvi falar de SIDA foi neste álbum dos GNR. Era puto e não fazia a mínima ideia do que era. Sim, estou mal disposto até dizer chega e é melhor ninguém me chatear hoje. link do rapidshare

Os homens não se querem bonitos, também não se querem feios, também não se querem mais ou menos, também não se querem sei lá o quê... o índice ivariano está em 1.

lixo

Porque é que se deita tarde? Porque no momento em que pousa suavemente a cabeça na almofada, o tempo pára e as memórias banham-no em ondas irascíveis. Mais um vermute, então; mais um episódio do American Dad; mais uma música da Chavela Vargas e mais uns desenhos em folhas soltas. Depois vão para o lixo, os desenhos, e os últimos momentos em que respirou também. Volta atrás, a um cheiro voante e uma pele tão macia quanto esquiva.
Porque é que acorda cedo? Porque a noite depositou-lhe uma pedrinha na alma. Saindo de casa por aí talvez a consiga deixar em qualquer sítio: num café quente e espumoso pela manhã, numa mulher que atravessa a passadeira à frente do automóvel, numa música que se ouve enquanto se conduz. São momentos em que, mesmo que temporariamente, esquece a pedrinha. À noite ainda se lembra deles. Talvez sirvam para fazer uns desenhos.

American Dad



Às vezes os dias tornam-se apenas uma cópia barata daquilo que nós queríamos que eles realmente fossem. Quando, à noitinha, vemos o American Dad na televisão, percebemos que não somos os únicos com essa sensação… mesmo que haja quem faça humor com ela.
Eu adoro o American Dad. Também evita sempre pagar para estacionar, mesmo que gaste mais em gasolina e paciência do que pode. Não é importante mas ficam a saber…

queixas

receber uma queixa por dia, às vezes mais, de leitoras que não conseguem ler o não compreendo as mulheres, é demais... vou mudar isto com o tempo, mas como o meu objecto cardíaco já teve dias melhores, não consigo encontrar chocolates Floc Choc esta manhã, e combinei almoçar com a minha filha, só logo é que me vou dedicar um pouco mais a isto...

conversa 97

Ela - Estás bem?
Eu - Queres uma resposta tipo como quem não quer a coisa ou queres a verdade?
Ela - A verdade... (ri-se).
Eu - Não, não estou bem. Mas já estive pior.
Ela - Então quero uma resposta tipo como quem não quer a coisa...
Eu - Iá... tá-se bem...

3.12.2007

despojos do fim de semana...

este fim de semana foi mais ou menos intenso. o meu objecto cardíaco queixou-se e, ontem à tarde, dei-lhe descanso. Fui para a anta da cerqueira com a minha filha e amigos, conforme já disse aqui. À noite estive em casa, acordado até às cinco da manhã apesar do cansaço, sem dar pelo tempo a passar.


este macaco azul foi-me dado pela minha filha, depois de ter saído num ovo de chocolate. Está em cima do monitor do meu pc, onde passo algum tempo dos meus dias caseiros.


fiz um jantar com uma pessoa de quem gosto muito. Ainda não limpei a cozinha e não me importo


vermute... domingo à noite é sempre um bom companheiro...


baleia assassina... mais uma amiga na minha casa de banho


a parede da minha cozinha está cheia de imagens do meu passado. é uma forma de alguém que vive sozinho nunca estar sozinho...

dorme cá hoje...

Bagaço Amarelo no la marée haute, fazendo um texto apenas com títulos de livros, a convite da Vague...

Dorme cá hoje, numa avenida de merda, entre chatos e putas mediáticas... antes que anoiteça. Cala a minha boca com a tua. As mulheres não gostam de foder.

resultados do primeiro inquérito

Dos 370 ip’s diferentes que acederam ao não compreendo enquanto o primeiro inquérito esteve on line, apenas 21 votaram, o que torna o resultado não vinculativo. Lol! Ainda assim, e só por curiosidade, aqui ficam os resultados:

quando o divorciado publica conversas que teve: 44%
quando o índice ivariano está em baixo: 24%
quando o divorciado pensa em coisas que fascinam: 16%
quando o divorciado tem pensamentos catatónicos: 8%
quando o divorciado tem a mania que é artista: 4%
quando o divorciado põe músicas para baixar: 4%
quando o índice ivariano está em cima: 0%
quando o divorciado fala das mulheres que gostava de poder não compreender: 0

Sei lá... estatisticamente 24% dos leitores deste blog gosta que eu esteja em baixo. Isso não é bom, pá.

conforme prometido...


Anta da Cerqueira, Sever do Vouga, aspecto exterior


Anta da Cerqueira, Sever do Vouga, entrada

3.11.2007

conversa 96

Ele – Não pareces a mesma pessoa desde que isso começou. Descontrai, pá. Não te podes queixar. Tens amigas que gostam mesmo de ti.
Eu – Não me estou a queixar.
Ele – Está bem, mas não és o mesmo de há dois meses... aquele que estava sempre bem disposto, a mandar piadas...
Eu – O tempo é uma inevitabilidade. As mudanças também.
Ele – Iá... mas... tudo só por causa duma mulher?
Eu – Tá fixe (risos). Havia de ser porquê? Por causa dos gajos da Tv Cabo continuarem a mandar facturas depois de eu ter desistido do serviço?
Ele – A sério? Fazem-te isso?
Eu – Sim, mas isso não me tira o sono. Até me ajuda...
Ele – Ajuda como?
Eu – No dia em que estiver mesmo em baixo e nervoso vou lá pessoalmente e já tenho em quem descarregar...
Ele - És fodido...
Eu – Olha que não.

conversa 95

Ela – Tenho tido sorte...
Eu – Sorte? Porquê?
Ela – Porque não estás a conseguir estar com a mulher que gostas.
Eu – Isso não é lá muito justo...
Ela – Eu sei. Mas é verdade. Se estivesses o que nós os dois temos ia desaparecer...
Eu – Não, não ia. São coisas diferentes.
Ela – Mas ia mudar muito. Eu sei que ia.
Eu – Mas isso é inevitável, mais tarde ou mais cedo...
Ela – Eu sei. Quanto mais tarde melhor.
Eu – E pode acontecer o contrário. Tu é que encontras alguém e tu é que mudas o que tens comigo...
Ela – Eu sei... mas não quero saber.
(abraço)

coisas que fascinam (40)

Hoje passei a tarde na Anta da Cerqueira, em Rocas do Vouga, em Sever do Vouga, no distrito de Aveiro, em Portugal. Ninguém devia morrer sem conhecer Sever do Vouga. Soube-me bem por muitos motivos. Amanhã ponho aqui uma foto da Anta.

3.10.2007

índice ivariano de quatro

1) Desabafei a minha vida emocional toda com a minha ex-companheira, agora minha melhor amiga e psicóloga à força.
2) Fui sozinho para um jardim nos arredores de Aveiro a tentar falar comigo.
3) Decidi começar a dedicar-me ao modelismo sobre a segunda guerra mundial. É uma mania que me vai passar depressa, mas faço por acreditar que vou levar a sério.
Já estou melhor do que ontem... o índice ivariano arrasta-se na lama, de quatro, mas pelo menos já levanta a cara e consegue ver qualquer coisa no horizonte. Recupera para quatro. Quatro, quatro, quatro...

pensamentos catatónicos (60)

As instruções que se dão à vida emocional parecem um bocadinho um browser de internet: retroceder, parar, actualizar, casa.

os extremos tocam-se

O índive ivariano cai para 2. Se eu não fosse um gajo bem educado hoje só dizia asneiras, tipo foda-se, caralho e essas merdas...

3.09.2007

copos

hoje estou mesmo a precisar de ir para os copos. É só isso.

conversa 94

Conversa surrealista entre um casal, hoje no comboio, sentido Aveiro-Porto, depois de verem um cartaz da Western Union com a frase "Envie até 500 euros para o Brasil apenas por 4,99 euros". Deve ser isto a que chamam analfabetismo funcional. A sério, nem sei que pensar… bem, pelo menos os dois juntos devem ser felizes…

Ele – Já viste melher? Envie até 500 euros para o Brasil apenas por 4,99 euros…
Ela – E o que é que tem?
Ele – Quer dizer, eu vou para o Brasil e tu ficas cá e vais-me mandando 500€ de cada vez para lá. Só pagas 4,99 euros, pá. Vamos juntando dinheiro enquanto eles não derem por ela.
Ela – Oh home! Isso não deve ser assim. Há aí qualquer coisa.
Ele – Queres ver, não? Eu chego lá e digo aos gajos que vi isto no cartaz e eles têm mesmo que fazer, senão é publicidade enganosa…
Ela – Chegas lá aonde? Onde é que isso é?
Ele – Western Union… Não sei… devem ser americanos.
Ela – E tu lá sabes falar com eles…
Ele – Não vês que o cartaz está em português, melher? Ele devem ter lá um português a atender a gente…
Ela – Oh! Tu queres é fugir pró Brasil…
Eu e todos os que iam no comboio (só em pensamento)- Foda-se!

this is not a love song...

Para não pensar nela pensa em coisas absurdas: que as orelhas não têm um design aerodinâmico, que já não ouve o love will tear us apart again há uns anos, que os patos do lago do parque deviam ser cor-de-rosa, que tem pena que não se possa só comer chocolate. A mão esquerda abre-se, e é um ninho onde pousa brandamente o queixo. A vantagem de se viver numa zona urbana é que talvez ela possa estar mesmo do outro lado da esquina dum edifício. Mesmo que não esteja.
É só um copo de vermute com limão. Não, não é. É mais um copo de vermute com limão. Tem tudo o que quer mas não se quer sempre o que se precisa. Ri-se. Todas as mulheres conseguem ser ela, ainda que duma forma efémera. Durante três, dois, um ou meio segundo. A mulher que cheira bem e que pousa os sacos de compras numa das cadeiras da mesa do canto, a mulher que cheira bem e que rói as unhas enquanto sai da casa de banho, a mulher que lê anúncios no diário local enquanto coça o pescoço.
Para não pensar nela bebe duma vez o vermute. Pede outro levantando apenas o copo vazio na direcção do empregado. Não sorri porque ele é homem. Não é mau tipo mas é homem, e continuam a nascer pessoas com esse pequeno grande defeito: ser homem. Não têm culpa. É mais um pensamento absurdo, não é? Que se foda. Os pensamentos absurdos são como as músicas: estúpidos. Não nos deixam pensar bem até nos alterarem o estado de espírito. Trauteia this is not a love song, this is not a love song...
O cabelo dela ondula e as franjas são doces ondas do mar. Porque é que têm um impacto tipo tsunami? Ele está no café a beber vermutes, ela talvez esteja do outro lado da esquina. Ele vai pensando em coisas absurdas para não pensar que talvez, por uma infeliz coincidência, ela não esteja do outro lado esquina. This is not a love song...

conversa 93

(ontem à noite, cruzando-me com um conhecido num bar enquanto bebíamos um copo)

Ele – Então?
Eu – Tudo bem?
Ele – Tudo, e tu? Mulheres? Como é que vai isso?
Eu – Mais ou menos... se calhar é melhor falar de futebol. (risos)
Ele – (risos)
Eu – E a ********* está porreira?
Ele – Sei lá! Um homem não pode chegar de repente à beira duma mulher e dizer que gosta dela, percebes?
Eu – Para ser sincero não percebo lá muito....
Ele - As gajas infernizam a vida a um gajo quando percebem que o têm na mão.
Eu – Pois... essa é mais uma teoria que não se sustenta em nada e que também não leva a lado nenhum...
Ele – É, é... tu vais acabar por descobrir isso por ti próprio.
Eu – Mas tu pensas que estás a falar com um puto? Eu acho que quando se gosta muito de alguém se deve dizer logo que for oportuno, pá. É a única forma de saberes se te está a passar alguma coisa ao lado.
Ele – Estás fodido. Até estou com pena de ti.
Eu – Deixa lá, então temos pena um do outro.

3.08.2007

wife beating



...ou como nós vivemos na mais completa ignorância…

pensamentos catatónicos (59)

Hoje é o dia das pessoas que eu não compreendo. Tento perceber porque é que as pessoas que eu não compreendo precisam de um dia só para elas, mas não consigo chegar lá.

fotos de mulheres peladas acima dos setenta de idade

O radar deste blog detectou mais algumas buscas do google que vieram aqui dar.

mulheres boas
Estamos no dia 8 e já vieram aqui ter 40 pessoas através da busca “mulheres boas”. Será que isto quer dizer alguma coisa?

as diferenças entre as mulheres antigas e as mulheres de hoje

Quem fez esta busca está certamente num dilema, mas aqui o divorciado está sempre pronto a ajudar. As mulheres antigas são mais velhas e até podem já ter morrido, as mulheres de hoje são mais novas e, a não ser que tenha acontecido algum imprevisto de última hora, estão vivas.

fotos de mulheres peladas acima dos setenta de idade
ui! Esta aqui assustou-me.

mulheres nuas que gostam de passam roupa com o ferro
bem… ainda há pessoas que acreditam no Pai Natal. Isso é bom, acho eu.

sou mulher e não compreendo as mulheres
pois… eu sou homem e também não compreendo.

votação

a primeira votação do "não compreendo as mulheres" está ali ao lado. Esta primeira é para eu perceber melhor porque é que tenho leitores e leitoras. Outras mais interessantes virão... lol. A votação fica ali até segunda-feira. Só pode haver um voto por IP e por computador. Participem por favor.

três constatações sobre filas e miúdas giras...

Ficar na fila do supermercado que tem a empregada mais bonita significa perder uns vinte minutos, pois a empregada mais bonita também é mais… sei lá… lenta.

Ficar na fila de automóveis, num semáforo vermelho, a olhar para a empregada bonita que está a fazer a montra dum pronto-a-vestir, significa que o condutor atrás de nós vai buzinar e chamar-nos alguns impropérios, pois nós nem reparamos que o semáforo muda para verde.

Ficar na fila do Multibanco a olhar para a miúda chinesa e gira que está à nossa frente, significa perder o lugar, pois quando ela se afasta enquanto arruma na carteira o dinheiro que levantou, nós esquecemo-nos do código do nosso cartão.

Foda-se! (só em pensamento)

3.07.2007

conversa 92

Ela – O que é que te está a acontecer?
Eu – Porquê?
Ela – Estás mesmo com bom aspecto…
Eu – A sério?
Ela – Sim. Já não te via há muito tempo. Pareces mesmo mais novo…
Eu – Divorciei-me.
Ela – A sério? Mas… está tudo bem com a ******?
Eu – Sim, está tudo. Separámo-nos em Julho e divorciámo-nos em Setembro… mas está tudo bem.
Ela – E a tua filha?
Eu – Também está porreira. Está sempre melhor que nós…
Ela – Mas… fica-se assim quando nos divorciamos? Pareces um menino…
Eu – Tu também estás com bom aspecto, não te preocupes.
Ela- Não sei. Acho que me vou separar também…
Eu (só em pensamento) – Foda-se!

viril

Tal como há um lugar no corpo da mulher para ser ocupado pelo membro viril, entre átomo e átomo de cada corpo há um espaço livre para ser ocupado pela energia de cada alma gémea, ou seja, estamos a falar de uma penetração recíproca, pois cada espaço converte-se ao mesmo tempo no continente e no conteúdo do outro.

Laura Esquivel em "A Lei do Amor"

asian dreamland



A última vez que pus música no clandestino bar, uma cliente veio-me perguntar o nome duma música asiática que estava a passar. Escrevi-lhe num papelinho “Rikki”. O Asian Dreamland é um disco fenomenal onde ela também entra.

Shang Shang Typhoon-Moon Boat
Emme-Dokokade Yoruga Naita
Yoshida Brothers-Kokoro Ni Dakarete
Zulya-Cradle Song
Aiko Shimada and Elizabeth Falconer-Aka Tonbo
Takashi Hirayasu with Chuei Yoshikawa-Asadoya Yunta
Kelsang Chukie Tethong-Om Ma Nye Bhe Mae Hum
Ali Akbar Khan-Lullaby
Lei Qiang-Lullaby
Rikki-Amami No Komori Uta

link rapidshare

3.06.2007

oceano pacífico

pronto, hoje sobrevoei o oceano pacífico. O índice ivariano sobe um pontinho pequenino. Agora está em 19.

coisas que fascinam (39)

Às vezes lembro-me de ter sido agradavelmente ingénuo. Ela ia emigrar para França durante pelo menos um ano, eu ia continuar em Portugal. Combinámos que, durante esse ano e à mesma hora (21:00 em Portugal, 22:00 em França) íamos olhar para a Lua. Era a única forma de, com a distância que nos separava, estarmos momentaneamente a olhar para o mesmo sítio. Eu fazia mesmo isso, todas as noites. Depois descobri que ela não. Às vezes lembro-me de ter sido agradavelmente ingénuo.

conversa 91

Ela – Mas ainda detesto mais casamentos…
Eu – É fácil, não te cases.
Ela – Não… detesto é ir a casamentos. Ter que comprar prendas e roupa nova…
Eu – É fácil, não vás a casamentos ou então vai sem comprar roupa nova…
Ela – Para ti é tudo fácil…
Eu – Não é tudo fácil, mas não ir a casamentos nem comprar roupa nova é fácil, sim. Parece-me fácil.
Ela – Já foste a algum casamento dum amigo teu sem comprar roupa?
Eu – Nunca comprei roupa para ir a nenhum casamento na minha vida… e, se queres saber, nunca vou de fato e gravata a casamentos nem a sítio nenhum…
Ela – E não sentes que estão todos a olhar para ti?
Eu – Não.

3.05.2007

we are povo


Ontem optei por não sair de casa. Às vezes faz bem passarmos uma noite a falar connosco enquanto se bebe um copo e se ouve uma música previamente escolhida. Às vezes até parece que, se essa música não existisse, não valia a pena existir o momento. Ontem optei por não sair de casa. Bebi dois uísques entre a meia-noite e as duas da manhã e ouvi este cd até bastante depois, repetidamente. Se deia noite por perdida? Não, não dei…
Os Povo são uma banda de jazz dinamarquesa que optou por ter um nome português. O álbum de 2005, “We are Povo”, é óptimo para as noites em que optamos por não sair de casa..

baixar no rapidshare

divorciados

Quando vejo casais de namorados, independentemente da faixa etária a que pertencem, leio automaticamente alguns sinais que me dizem se a relação entre ambos ainda vai durar muito ou nem por isso. Não é um processo consciente, e é uma forma empírica de conhecimento. Só hoje me dei conta disso.
Almocei num restaurante barato perto da estação de Aveiro, enquanto fazia tempo para o comboio. Ao meu lado almoçou um casal mais ou menos da minha idade. Comeram os dois em silêncio quase total. No fim pediram apenas uma sobremesa e duas colheres, mas ela provou a fatia de bolo e recusou-se a comer mais. No fim ele leu o Diário de Aveiro e ela fumou um cigarro pensativo. As únicas palavras que trocaram foi para falarem de qualquer coisa relacionada com o crédito habitação da casa onde vivem.
Quase no fim do almoço entrou um menino de cerca de seis ou sete anos a pedir esmola, a quem acabei por oferecer um bolo. Mesmo antes dele vir à minha mesa, ela expirou o fumo do cigarro para cima dele, e o tipo não desviou o olhar do jornal nem um milímetro.
No princípio fiquei zangado com aquele casal desconhecido, capaz de ignorar sobranceiramente uma criança daquela idade. Depois acabei por ter pena deles. Pareceu-me que estão divorciados um do outro e, por isso, também estão divorciados da vida. Perderam a capacidade de utilizar o tempo duma forma feliz, e limitam-se a transformar oxigénio em dióxido de carbono. Provavelmente todos os dias.
Paguei e saí.

3.04.2007

é verdade

Insira moeda, espere por favor, retire a bebida. Em vinte segundos obedeço a uma máquina três vezes, só porque quero tomar um café. O copo de plástico queima-me levemente a ponta dos dedos, depois também os lábios. O café é amargo e queima. Pergunto-me porque é que o bebo e não encontro resposta. Encosto-me ao parapeito do cybercafé. É estranho como, em vez de procurar um lugar onde possa pousar confortavelmente o olhar, me obrigo apenas a contornar os olhares dos outros. Dou mais um gole e permaneço quieto.
Permaneço quieto. Em vinte segundos só uma estranha quietude me respira. Uma mulher na casa dos trinta vê o email num dos computadores. Nela pouso os olhos e deixo-me estar. Por nenhum motivo especial, apenas por cansaço, e tento adivinhá-la. Para mim é uma mulher que acabou de arranjar emprego numa das grandes superfícies comerciais que orbitam a cidade, e está agora a contar a uma amiga como foram os seus primeiros dias em Aveiro. Provavelmente é do distrito da Guarda. Está a escrever sobre um colega de trabalho que ainda não conhece muito bem, mas de quem já gosta muito. Dou um gole. Não sei se o que estou a pensar é verdade mas não interessa. Para mim é.
Para mim é. Em vinte segundos obrigo-me a pensar no que para mim é verdade. É verdade que estou a tomar um café que não me está a saber bem, é verdade que tenho trinta e cinco anos e estou divorciado há oito meses, é verdade que tenho um metro e oitenta e quatro e peso oitenta e quatro quilos, é verdade que estou separado há oito meses duma mulher com quem vivi quinze anos, é verdade que ando a abusar de chocolates kit-kat, é verdade que estou apaixonado e estou com medo, é verdade que o Bangladesh já pertenceu ao Paquistão e o Paquistão à Índia inglesa, é verdade que me apetece comer gelado misturado com uísque, é verdade que me apetece outro café.
Outro café. Insiro a moeda, espero, retiro a bebida. Se calhar é só isto. Tanto eu como o objecto cardíaco vamos obedecendo a ordens. Eu obedeço a máquinas de café, o objecto cardíaco obedece-lhe a ela. É só isso, e vai-se repetindo.

pensamentos catatónicos (58)

A minha casa está um caos. Fica sempre assim quando a minha filha dorme lá duas noites seguidas. O mais difícil não é arrumá-la. O mais difícil é que, enquanto a arrumo, lembro-me que estive ali a brincar com ela. Deve ser por isso que ainda está desarrumada.

3.02.2007

mulheres que eu gostava de poder não compreender (46)


nome: Connie Francis
origem: Newark, New Jersey EUA
info: Nasceu em 1938 e foi uma das mais famosas cantoras pop americanas, principalmente nos anos sessenta, em que star system americano a aproveitou para combater a depressão colectiva provocada pela guerra do Vietname. Descobri um link dela no rapidshare, cuja password para descomprimir o ficheiro é nincab.

é sexta-feira e não estou triste nem feliz

É sexta-feira e não estou triste nem feliz. Esta indefinição incomoda-me, mas sei que não posso lutar contra ela. Resta-me caminhar. No comboio vim a ouvir uma conversa estúpida entre um homem e uma mulher. Cansei-me. Resta-me caminhar.
É sexta-feira e não estou triste nem feliz. Compro a National Geographic depois de perceber que só custa um euro. É boa para ler na casa de banho, penso. A capa fala dos elefantes do Chade. Hoje apetecia-me ser um elefante do Chade. Só hoje.
Entro na estação dos correios da rua 19, para pagar a conta da água do mês passado. A senhora diz-me que só posso pagar por vale postal. Um homem, visivelmente alterado, diz que não admite nunca que um homem maltrate uma mulher bonita ao pé dele, que os homens não valem nada mas ele ainda vale qualquer coisa, que já muitas mulheres sofreram por ele, que compra um Mercedes à senhora que me está a atender se tirar o euromilhões. Está-me a chatear, o gajo. Apetece-me mandá-lo à merda mas não o faço. Não lhe ligo nada e ele acaba por ir embora.
É sexta-feira e não estou triste nem feliz. As últimas semanas confundiram o meu objecto cardíaco como já não acontecia há muito tempo. Tenho as mãos nos bolsos e a NG presa entre o braço esquerdo e o tronco. Penso no que me anda acontecer com a mulher que me confundiu. Encontro peças soltas dum puzzle que não faz sentido. Se calhar é isso: eu é que sou uma peça que não encaixa em puzzle nenhum. Às vezes parece que sim, encaixo e fico ali à espera que o puzzle se complete a si mesmo, mas depois nunca acontece.
É sexta-feira e não estou triste nem feliz. Isso incomoda-me.

3.01.2007

alegria

O meu Beiramarzinho está nas meias-finais da taça de Portugal, depois de ter vencido o Boavista por 2-0, ontem.
Pois... o futebol às vezes lá me dá uma alegria. Bem mereço, desculpem lá a presunção...

pesadelo com a Mayra Andrade

Este foi provavelmente o maior pesadelo da minha vida. Entrei na loja do Pagapouco de Aveiro para comprar umas miniaturas de automóveis de fórmula 1 (que eu, de facto, comprava lá quando tinha doze anos), e dei de caras com a Mayra Andrade a tentar vender tecidos. Ela disse-me que se lembrava de mim, de eu ter falado com ela e lhe ter pedido um autógrafo num cd dela. Depois tentou impingir-me à força toda um tecido amarelo torrado com uma espécie de flores vermelhas. Eu comecei a fugir e ela veio a correr atrás de mim, a gritar em altos berros "Agarra que é ladrão!". Foi aí que percebi que levava na minha mão uma caixa com seis miniaturas por pagar… Acho que foi mais ou menos por aqui que acordei...
ufa! isto não é normal, pois não?