10.12.2012

pensamentos catatónicos (282)

as questões de ordem prática

Que merda, esta mania que o Amor tem de se deitar fora a si mesmo. Duas pessoas sós conhecem-se, apaixonam-se e decidem Amar-se nessa linha recta em direcção a lugar nenhum que é o tempo, como um longo beijo que se dá antes do precipício para o desconhecido. Depois zangam-se por questões de ordem prática: uma faneca mal frita, um copo na beira da banca da cozinha ou um buraco nas calças.
As questões de ordem prática são uma ditadura fascista sobre o que de melhor tem o Amor, que é essa forma incondicional de caminhar de mãos dadas para o desconhecido. São uma espécie de "vai lá sozinho que eu acho que as fanecas não se fritam assim".
Nunca me apaixonei por nenhuma mulher por questões de ordem prática, mas já vi o meu Amor terminar por causa delas. As questões de ordem prática são a primeira preocupação de quem nunca se apercebeu verdadeiramente da importância que Amar tem na nossa vida, aquela que, à escala universal, está para acabar já ali. De práticas não têm nada, portanto.
O índice ivariano cai para dezasseis, pela primeira vez em quatro anos.

21 comentários:

Alexandra Santos disse...

Não posso acrescentar mais, que um simples concordo!

S.o.l. disse...

Está na capacidade do amor, superar essas quedas no índice, recuperando até ao nível que se tinha alcançado e fazendo-vos perceber que ele (o amor) é mais do que questões práticas.

Dava este teu texto a ler a alguém, mas não iria alcançar o sentido, iria focar-se mais nas fanecas mal fritas. Lamentavelmente.

Beijinho

Ivar C disse...

Alexandra, :)

S.o.l., :)

nos"entas!!!! ( e feliz) disse...

infelizmnete....já ninguem se apaixona pelas "migalhas das torrdas barradas com planta " :)

.....mas dão azo a muito divorcio...
bjos

Flow disse...

Adorei o texto :)

Anónimo disse...

Q uando é um segundo relacionamento e existem filhos dos dois lados as questões práticas,financeuras, o facto de uns serem filhos e outros não,complica e muito.

Ivar C disse...

quase nos "entas", :)

flow, obrigado. :)

anónimo, se as pessoas assim quiserem. comigo não complica nada porque eu não deixo. :)

Xantipa disse...

Não deixes, não deixes, não deixes!
E sobe lá esse índice, que as fanecas fritas não valem a pena!
Beijinho

Ivar C disse...

xantipa, eu nem deixo nem deixo de deixar. :)

redonda disse...

Primeiro e como sempre achei muito bem escrito este teu post.
Depois comecei a pensar que os casos das fanecas fritas se podem dividir em duas situações: 1ª as fanecas são só um pretexto porque há um problema maior e se começou a descobrir que afinal aquele/a não é a pessoa certa; 2ª naquele dia pode-se ter acordado para o lado errado e da outra parte, desculpar a queixa pela faneca frita é uma demonstração de amor muito bonita (normalmente não embirro com fanecas fritas, mas quando acordei para o lado errado e quem estava do outro lado soube perceber isso, fez-me sentir mais amada do que um ramo de flores ou mais incrível ainda, do que uma caixa de chocolates).
beijinho e gosto muito de como escreves.
Gábi

Ivar C disse...

redonda, ainda podem ser mais coisas. a sério. :)

Anónimo disse...

Eu cá acho que o amor de hoje en dia é muito complicado, tudo cansa , não á paciência ou por umas coisas ou outras implica se por tudo e por nada . Talvez seja fruto do tempo como dizem os velhos

Ivar C disse...

anónimo, eu é que tenho este defeito de achar tudo simples... :)

S.o.l. disse...

E porque crês ser defeito?

Ivar C disse...

s.o.l. torna-me incompatível tantas vezes. :)

Fatyly disse...

Saber ultrapassar essas incompatbilidades com a calma necessária...o Amor está lá e teu índice voltará a subir de novo.

Aceitar com paciência...é preciso e sobretudo nesta altura em que todos andamos com os nervos à flor da pele.

Ivar C disse...

fatyly, obrigado. :)

Anónimo disse...

O dia-a-dia rotineiro é muito diferente dos primeiros dias, repletos de encantamento e descobertas várias... Ao início, achamos piada à faneca mal frita, pois é diferente do habitual. Com o tempo, ficamos cansados de comer sempre faneca mal frita e começamos a sonhar com um bom bacalhau com natas! Nos primeiros tempos, temos toda a paciência para os pequenos defeitos. Muitas vezes, porque nem os vemos. Faz parte. Queremos de tal forma agradar o outro que camuflamos o que de pior fazemos e procuramos não ver o que de pior o outro tem. Mas com o tempo... Cansamo-nos da desarrumação, do ressonar, do mau humor! Cansamo-nos das rotinas rotineiras. Dos horários. Do fazer-a-mesma-coisa-todos-os-dias. Está nas mãos de cada um perceber se o ideal vale ou não mais do que o real. O real é o que tu tens. O que tu conheces. Com todos os seus defeitos e virtudes. É aquilo que amas nuns momentos e que detestas noutros. O ideal... É isso mesmo. O que num determinado momento achas que queres ter. Algo que se apresenta como maravilhoso de tão distante e inalcançável que está! Carla

Ivar C disse...

Carla, obrigado. :)

Olga disse...

Manter o índice ivariano sempre no 20 também é uma visão ligeiramente irreal. Dezasseis até nem é assim tão mau mas mesmo assim esqueçam lá o raio das fanecas e tratem de subir a nota! :)

Ivar C disse...

olga, estamos nesse processo. :)