8.29.2015

coisas que fascinam (185)

Aquilo que nos une é o chão que pisamos. Estamos todos ligados à mesma pequenez que é este planeta. É também isso que nos separa, a possibilidade que temos de estar uns com os outros e não estarmos. Não é uma grave constatação, porque é óbvio que não queremos estar com algumas pessoas, mas é certamente um tira-teimas.
A aproximação física é um dos condimentos principais do Amor. Sem ela, estamos a comer um prato sem sal. Acho que consigo, com a devida e inerente margem de erro, perceber se duas pessoas vão estar muito mais tempo juntas. Depende da forma como se tocam quando estão próximas. Acima de tudo, depende do toque.
O nevoeiro que esta manhã cobriu a minha cidade de mistério dissolveu-se para me mostrar um beijo numa passadeira. Estavam ali, no meio duma rua deserta, a beijarem-se só porque sim. Como qualquer condutor que regressa do trabalho comecei por lhes chamar nomes. Ia buzinar e acender os máximos quando percebi que era um beijo.
Esperei talvez dez segundos. Deram as mãos, disseram-me adeus e desapareceram na imensa neblina.
Obrigado.

2 comentários:

FATifer disse...

Obrigado a ti pela imagem…
(estava a ouvir “Nuvole Bianche” por Lavinia Meijer quando li o texto… há coincidências felizes, por mais que cada vez acredite menos que estas existam).

FATifer
PS- concordo com o que dizes sobre o toque… a única ressalva são aqueles “casais” que ainda estão junto sem o estarem realmente…

Ivar C disse...

FATifer, gosto dessa música. toca-me. :)