pensamentos catatónicos (332)
Quando nos divorciamos, a sensação é a de que nos divorciámos do mundo, porque de facto é a um mundo que dizemos adeus. A única diferença para com o mundo verdadeiro, aquele que habitamos no terceiro planeta a contar do Sol, é que dele eu não gosto assim tanto. Abdicaria facilmente dele se pudesse viver noutro.
Do meu Amor não.
Porque não tenho outro, dedico-me agora a esse mundo de que gosto menos. Faço pequenos jogos com ele e conto-lhe os meus segredos. Hoje apostei com ele, por exemplo, que era capaz de passar algumas passadeiras pisando só nos riscos brancos. Depois sentei-me em cima de um escorrega e assisti ao amanhecer da cidade. Percebi como o cheiro a erva fresca e matinal se foi transformando num pesado aroma de alcatrão e gasóleo queimado.
É ele, o mundo, a explicar-me que não é o melhor dos mundos.
Talvez um dia encontre outro.
8 comentários:
Estou exilada nesse planeta até hoje, nunca mais consegui voltar.
Helê, há bons exílios, não há?
E tudo sempre uma questão de relativizarmos ..
Quando mais apreciares os pequenos detalhes ,,menos valor vais dar aqueles que julgavas enormes..:)
beijinhos
Terapia das palavras..., às vezes são a única alternativa. :)
Alguém disse um dia, o tempo cura tudo, é bem verdade! Tudo é vivido com a intensidade do momento, quando olhamos para trás, relativizamos e muitas vezes pensamos, está certo! Agora faz sentido, todas aquelas cretinices que a vida me fez. Tinha que ser, aprendi muita coisa que me preparou para isto que estou a viver maravilhoso que me passaria ao lado se não tivesse aprendido tantas lições.
No entanto, o tempo demora tempo a passar, mas temos que o passar, e a cada dia que passa anda 1 dia para a frente outro para trás e parece que não saímos do ponto de partida, mas há um dia que parece que passaram já 2 dias, e tudo se vai compondo! Tudo encaixa um dia...e faz sentido. Quanto mais cedo aprendemos, aceitamos menos tempo demora a passar...
Marguinha, isso é verdade. :)
Há o mundo (o terceiro calhau a contar do sol), o mundo (que crias com outra pessoa/as) e há o teu mundo (tu, simplesmente). Foca-te neste último.
No man is an island but every man has one.
Inês, yes, it's true. :)
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