os amigos e os outros
Tenho saudades dum amigo meu que, quando estava comigo, me matava as saudades que eu tinha dos outros. Os melhores amigos são assim, começam por não querer as nossas saudades só para eles. É por isso que é fácil ser amigo deles.
Nos dias como o de hoje, eu telefonava-lhe e falava do tempo, de futebol e dos lábios da Scarlet Johansson. Depois marcávamos um copo num café qualquer para falarmos de nós. Ele conheceu todas as mulheres por quem me apaixonei, mesmo aquelas que eu próprio não cheguei a conhecer muito bem. Eu, diz-me a presunção, terei com certeza conhecido as dele.
No dia a seguir a ter conhecido a minha actual companheira liguei-lhe. Estava a chover torrencialmente, o Porto estava à frente da liga nacional de futebol e a Scarlet Johanson tinha contracenado com os lábios da Rebecca Hall em Vicky Cristina Barcelona. Depois marcámos no Convívio às dez da noite.
Eu cheguei primeiro. Quando ele entrou, levantei-me e demos um abraço.
- Então, estás bem?
- Estou fodido! - respondi.
- O que é que se passa?
- Acho que estou apaixonado...
Ele riu-se. Virou-se para o empregado, nosso velho conhecido, e pediu dois uísques.
- Sem gelo, que este homem precisa de esquecer a vida... - brincou.
Brindámos.
- Como é que isso aconteceu?
Abanei os ombros.
- Acho que ia na vida, como se vai na rua às vezes, tropecei nela e caí. Quando me levantei já não era o mesmo. É sempre assim que nos apaixonamos, não é? A cair e a levantar.
Há sempre um amigo para saber mais da nossa vida do que sabem os outros. Sendo tecnicamente o mesmo, a um amigo dizemos que estamos apaixonados. A um outro dizemos, quando muito, que começámos uma relação. É por isso que um amigo nos mata as saudades que temos dos outros.
Eu cheguei primeiro. Quando ele entrou, levantei-me e demos um abraço.
- Então, estás bem?
- Estou fodido! - respondi.
- O que é que se passa?
- Acho que estou apaixonado...
Ele riu-se. Virou-se para o empregado, nosso velho conhecido, e pediu dois uísques.
- Sem gelo, que este homem precisa de esquecer a vida... - brincou.
Brindámos.
- Como é que isso aconteceu?
Abanei os ombros.
- Acho que ia na vida, como se vai na rua às vezes, tropecei nela e caí. Quando me levantei já não era o mesmo. É sempre assim que nos apaixonamos, não é? A cair e a levantar.
Há sempre um amigo para saber mais da nossa vida do que sabem os outros. Sendo tecnicamente o mesmo, a um amigo dizemos que estamos apaixonados. A um outro dizemos, quando muito, que começámos uma relação. É por isso que um amigo nos mata as saudades que temos dos outros.
5 comentários:
Este é, sem dúvida, um dos meus blogues preferidos!
Continue a escrever :-)
Gosto dessa descrição "É sempre assim que nos apaixonamos, não é? A cair e a levantar."
anónimo, obrigado. sobretudo pela presença. :)
Desabafista Profissional e Cusca de Blogues, :)
Tão bom! :)
Margarita, :)
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