12.29.2011

Amor, política, segredos e 2012


Ontem estive, como deputado da bancada do Bloco de Esquerda, numa Assembleia Municipal que aprovou o Orçamento e as Grandes Opções do Plano para 2012 do município aveirense. Não vos vou chatear muito com isto, mas aconteceu "por acaso" que a maioria do PSD votou a favor de um orçamento em que não se conseguiu explicar de onde se espera receber mais de 27 milhões de euros (ver imagem). Na prática, isto quer dizer que o Executivo fica com uma margem de 27 milhões de euros para realizar vendas e privatizações do que quiser sem ter que passar cavaco a ninguém, mesmo que essas vendas e/ou privatizações descapitalizem ainda mais o Estado, ou seja, todos nós. Três dos quatro deputados do CDS faltaram à sessão mais importante do ano, para assim não terem que votar nem discutir um Orçamento que é no mínimo... esquisito.
Porque é que Vos estou a falar disto? Porque hoje mesmo, na viagem matinal de comboio que fiz para o meu emprego, fui ouvindo uma discussão em que uma mulher dizia que "os políticos são todos iguais". Eu, como político, apetece-me dizer que os eleitores é que são todos iguais, porque vão votando sempre naqueles que mais os prejudicam para depois se queixarem. Ou então, pior ainda, nem sequer votarem e passarem apenas a dizer que os políticos são todos iguais. Mas sei que não é assim, que os eleitores não são todos iguais, e é por isso que não desisto de ter o meu papel político assumido. Nunca gostei de indefinições...
Sou assim na política, que é racional, mas também sou assim no Amor. Não gosto de indefinições nem de pântanos. Como na política, no Amor voto a favor ou contra o que a minha namorada diz ou faz, sempre com declarações de voto. Ela também, e ainda bem. Esse é um dos motivos pelos quais eu gosto muito dela. Muito mesmo. Entre mim e ela não há milhões escondidos para depois cada um usar como muito bem lhe apetecer. Não há segredos. É por isso que não há amuos nem divórcios.
E eu que sempre disse que na política não pode haver lugar para emoções, admito que me enganei. Pode, pode. E nós, eleitores, devíamos ser todos iguais nesta relação que temos com quem elegemos. Devíamos exigir que tudo se esclarecesse para depois não nos divorciamos a propósito duma discussão que nem sequer percebemos mas que... sentimos. Por estes tempos andamos todos, aliás, a sentir com mais intensidade.
Em 2012, já todos percebemos, vamos sentir ainda mais. É por isso que hoje Vos peço, com alguma humildade política e com toda a emoção que me liga a quem aqui passa, que dêem a mesma importância à política que dão ao Amor. É a única forma de ambos correrem bem. 

13 comentários:

FFreitas disse...

Gostei!

Anónimo disse...

Eu dou importância à política, vou sempre votar, voto sempre no mesmo porque acho que é o que representa melhor as minhas ideias, cada vez existe mais corupção na política, menos honestidade, tal como no amor, gosto de pessoas honestas, sempre fui transparente no amor, sem segredos, concordo contigo quando dizes que deviam existir emoções na política, e não apenas números, egoísmo e falta de valores, tudo passa pelo desamor que os ploíticos teem pelo eleitorado, e pelo grande amor que têm por eles, por familiares e amigos, infelizmente em Portugal é assim que funciona, mas eu acredito que nem todos são iguais, e por isso voto.

Ivar C disse...

gorduchita, :)

maria, ainda bem. na verdade estou a precisar de ouvir pessoas como tu. obrigado. :)

São Rosas disse...

Bagacito, conseguiste surpreender-me. Um rapaz tão bem apessoado... na política?! ihihihihih
A sério... deixas-me publicar este teu texto no «Persuacção», um blog "sério" de que faço parte?
É aqui:

http://persuaccao.blogspot.com

Ivar C disse...

são rosas, se deixo? até agradeço... :)

São Rosas disse...

Fixe ;O)
Sai amanhã, às 10h00.
E o convite d'a funda São é extensivo ao Persuacção... um dia em que consigas tempo.

Ivar C disse...

são rosas, se for para o desemprego... :)

Fatyly disse...

Embora não comente leio sempre o teu blogue de ou sobre a política.
Estamos como estamos porque de facto em 30 anos o povo não aprendeu NADA e foi dando votos de confiança na base "ah vou votar sim no PSD porque o meu ômi que Deus o tenha em descanso, só gostava deles, ou hoje está um dia bestial para ir para a praia" para não falar dos votos comprados através de uma excursão, resmas de bandeirolas, jantares ou até electrodomésticos.
Não sei se irão ficar por muito tempo, para mim que não votei PSD, nem no PS e muito menos no CDS/PP e por vezes tremo só de pensar num passado recente em que tudo começou com a letargia do povo e de repente estourou a castanha!

2012 irão sentir ainda mais os de sempre: o povo, porque quem governa continua a estar bem e nenhum CRIMINOSO que nos levou a esta situação ainda foi julgado.

A história repete-se e vamos em frente e lutar com garra!

Ivar C disse...

fatyly, isso mesmo. não se desiste. :)

Malena disse...

O problema é que a política tem sido vista apenas como política partidária e os nossos partidos do poder têm sido exímios em fazer dela o palco das suas doideiras e regabofes!
As pessoas esquecem-se que tudo é política, cada acto, cada palavra...
:)

Ivar C disse...

malena, estou tão de acordo contigo que nem imaginas. o problema é que isso é propositado, precisamente para que a Democracia se resuma a um voto por parte dos eleitores que depois não têm que fazer mais nada. A não ser sofrer, claro. :)

Anónimo disse...

Permite-me que te diga, que és então a exceção!!!
Infelizmente...

Ivar C disse...

josh gottam, conheço mais algumas excepções. a sério.... e todos são bem vindos a tornarem-se mais uma excepção. :)