7.21.2010

respostas a perguntas inexistentes (98)

O Amor das compras não é igual ao Amor per si.

Quando duas pessoas que se amam vão juntas às compras o Amor costuma ficar à porta do estabelecimento comercial, seja ele uma loja chinesa, um hipermercado ou um pronto-a-vestir. Penso sempre que ele foi tomar café e que depois nos tornamos a encontrar lá fora. É um processo de sobrevivência, este. Custa-me acreditar simplesmente que ele não entra na loja por medo. Mas se calhar é verdade...
No entanto há vários motivos para que o Amor tenha medo de entrar numa loja. É na loja que as diferenças entre ele e e ela se acentuam e é na loja que ele e ela percebem mais vezes que não foram feitos uma para o outro. Basta ele querer iogurtes cremosos de morango e ela iogurtes gregos com passas. Ele coloca oito iogurtes dos dele no carro e depois ela coloca oito iogurtes dos dela. O carrinho de compras passa a ser uma espécie de campo de batalha  e ainda estamos no início das hostilidades.
O problema agudiza-se quando se quer comprar uma inutilidade, ou seja, uma coisa que não serve para nada mas que se quer muito ter vá lá o Diabo saber porquê. O outro manda sempre a boca que aquilo é gastar dinheiro em vão. E tem razão. Tem razão mas não perde pela demora, porque querer comprar uma coisa inútil calha a todos.
No fundo é como se o Amor fosse um sentimento a dividir sempre por dois e as compras fossem um sentimento a dividir por um, com a agravante que ninguém assume que ir às compras é um sentimento. E no fundo é este conflito de sentimentos que leva ao pé de guerra na passadeira rolante. Os soldados, perdão, os amantes chegam ali com os nervos à flor da pele. Ninguém se entende quanto à forma como se deve dispor as compras. Ele gosta que vá tudo direitinho como se as embalagens fossem as ruas e os edifícios duma cidade, ela irrita-se porque quer os ovos e os tomates por cima e a caixa de bolachas por baixo.
Eu cá não sei. Os tomates nunca me pareceram um bom telhado para bolachas de chocolate. Quando muito poderiam ser uma escultura ao lado da garrafa de vinho que até parece a Torre Eiffel. Por isso é que espero que o Amor esteja ali a tomar café já na esquina e não tenha ido dar uma volta maior.

18 comentários:

Otreblada disse...

Este post está magnifico..

Doce Cozinha disse...

Gostei desta analogia :)

Isabel disse...

Ahahahahahah....
Parece-me que este tipo de "chatices" acontece muito no início da vivência a dois. É o que se está passar exactamente comigo! Ele quer comprar uma coluna de som e eu acho um desperdício de dinheiro quando a TV já vem com colunas que chegam perfeita!!!! :9

Mas é na diferença que temos que aprender a rir, não achas?

Descobri o teu blog por acaso e adorei!!!!
Continua assim!

Bjs

Anónimo disse...

E já pensas te em levar 2 carrinhos as compras...
Depois lá dentro cada um segue o seu caminho...
Não sei, digo eu... eu nunca vou as compras com o meu amor.
Já sozinha é um stress, com ele dava me uma coisinha má de certeza.
Beijo x
P.S.

Anónimo disse...

E por isso que o Amor deve respeitar a "individualidade".

Ivar C disse...

otreblada, obrigado. :)

caia, obrigado. :)

isabel, depende da coluna que ele quer comprar. se for uma wharfdale pode bem valer a pena, por exemplo, mas diz ao teu namorado que quando aparecerem crossovers digitais as colunas de qualidade vão ficar muito mais baratas. :)

anónima, opto por ser só condutor e fingir que estou num carrinho de choque. é giro. :)

gigi, e deve mesmo. :)

Anónimo disse...

Verdade seja dita, tanto faz sozinho ou acompanhado aquilo parece uma pista, sim. :)
Eu é que não acho nada giro.lol

Agora de repente lembrei me... mas devia...até porque foi numa feira (São Martinho) numa pista de carrinhos de choque, ao som de Words dont come easy, que beijei o primeiro e único Amor da minha vida.
Da próxima vez que for a um supermercado vou ter isso em mente, quem sabe a experiência das compras se torne num momento bonito.:)

Beijo x
P.S.

Ivar C disse...

anónima, nos carrinhos de choque ao som dessa música, admito que é um cenário invejável. :)

Isabel disse...

Sempre posso adiar esse gasto por mais uns meses!!!!!! :)

Agora a sério. Obrigada pela dica! Vou dizer-lhe!!!!

Bjs

Anónimo disse...

:) foi realmente um momento lindo.
O principio de tudo.

Beijo x
P.S.

MissPiggy disse...

ora aqui está um problema que eu não tenho! as compras de supermercado são da minha exclusiva responsabilidade! já em objectos pessoais, dispenso sempre que possível, companhia...e mais não digo para não me enterrar...lol

Fatyly disse...

Bem, realmente és inédito e a tua facilidade de expores o "quotidiano".

Por vezes dou por mim a apreciar casais com a postura que referes e se levam filhos é pior a emenda que o soneto. Depois eles que só "empurram" dizem constantemente "ainda não acabaste"?

Quem me dera que tivesse alguém que as fizesse por mim e queria lá saber se os iogurtes (que não como mas até seria capaz de os comer) tinham passas ou crocantes, se os tomates vinham misturados com as bolachas e se os ovos com algum partido.

Há que procurar não deixar o Amor à porta porque nesses pequenos "atritos" pode bazar de vez e encontrar formas de...e há tantas, mas tantas.

Sara disse...

Cada casal vai aprendendo o seu ritmo, os seus truques... Cá em casa quem vai ao supermercado sou sempre eu, ele diz-me as coisas que quer e eu trago e pronto. Isto porque eu posso passar 2 ou 3 horas no supermercado e ele ao fim de 5 minutos já está farto,lol... Olha se nós insistissemos em ir juntos?

Ivar C disse...

isabel, diz.... a sério. eu, aliás tenho mais ou menos o mesmo problema com a minha companheira. :)

anónima, :)

miss piggy, um problema que resolveste duma forma totalitarista, portanto. :)

fatyly, pois pode. por acaso pode. ou cada vez vai ficando mais longe. :)

sara, era mais... vivo. :)

Narizinho Lunático disse...

LOL!! Por isso é que eu faço as compras sozinha... O soldado, ups, namorado, não tem autorização para me acompanhar!! :p Bjitos

Ivar C disse...

Narizinho Lunático, não tem autorização? uau! :)

memyselfandi disse...

Em parte concordo contigo, às vezes parece um campo de batalha, sim. Mas quando começamos a fazer compras com alguém e deixamos de o fazer sozinhos é porque nós lhe demos uma "autorização" especial para isso e a outra pessoa nos deu a nós, também. É porque há ali algo de especial. Pode ser sinónimo de proximidade e não de afastamento...

Ivar C disse...

memyselfandi, percebo isso... e sim, pode ser bem verdade. :)