respostas a perguntas inexistentes (18)
Mãos. Deram as mãos para fugir. Estavam em pânico e confiaram um no outro sem se conhecerem muito bem. Por causa do suor, durante a fuga, as mãos começaram a deslizar uma na outra e apertaram-nas com mais força.
Mãos. A mão dela era mais pequena e ele chegou a ter medo de a aleijar. A mão dele era maior e ela chegou a ter medo de não a conseguir agarrar.
Mãos. O perigo passou e ambos pararam na sombra dum carro abandonado. Precisavam descansar. O carro não tinha rodas e não passava, no fundo, de uma sucata à espera do último suspiro da morte, mas o rádio ainda funcionava. Ele ouviu uma música, ela outra.
Mãos. Deixaram-se estar deitados até ao fim das músicas, mantendo sempre as mãos dadas. Foi só aí que perceberam que tinham fugido da solidão.
6 comentários:
Quase sempre venho até aqui(sem comentar) para me rir, as visitas aos blogues podem-se fazer-se por razões diversas e aqui é o humor inteligente que quase sempre reina e ainda bem :) Hoje fiquei surpreendida com este texto, parecem dedos a escrever com outro teclado. Mas também gostei.
~CC~
ccf, obrigado :)
É tão bom descobrir que a solidão pode ser afastada com um carícia!
carla
yep, carla... é sim... :)
um gesto...apenas um gesto poderá marcar a diferença.
Gostei muito!
pois pode, fatyly, pois pode... um gesto prolongado. :)
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