5.27.2007

pensamentos catatónicos (76)

gavetas
Tenho duas gavetas onde os últimos anos da minha vida foram pingando devagarinho. Hoje a minha filha abriu uma delas e, surpreendida, foi-me mostrando todos as coisas que lá estavam, uma a uma, como se eu nunca as tivesse visto. Em poucos minutos desarrumou-me a gaveta e a vida, trazendo à tona memórias que estavam submersas naquela pequena poça. Depois perguntou-me se podia ficar com aquilo tudo (fotografias, moedas, papéis, bonecos, uma borracha em forma de baleia, cartões e mais umas merdas). Que sim, respondi-lhe. Depois senti-me aliviado. Foi uma boa forma de me apartar daquele enclave, tão triste quanto feliz.

flippers
Acho que depois do divórcio, durante uns tempos, todos nos sentimos uma bola numa máquina de flippers. Andamos dum lado para o outro a tentar marcar pontos, e vamos batendo em cores completamente diferentes umas das outras. Chegamos a um ponto em queremos que a bola saia, para que na próxima jogada as coisas saiam melhor. Na segunda jogada já sabemos que não devemos ir por ali nem por acolá. Eu já saí de jogo, acho eu.

2 comentários:

deKruella disse...

As gavetas devem ser sempre vistoriadas de tempos a tempos...faz bem fazer uma limpeza...e renovar o arquivo! ;)

Ivar C disse...

pois, kruella, concordo contigo, sim... ;)