5.16.2007

crónicas da cidade que sopra | nesta cidade não há romance

Amanhã, no Diário de Aveiro, mais uma crónica da cidade que sopra. Nesta cidade não há romance.

De manhã deixou-se estar encostado à frialdade dos azulejos da parede, enquanto a água quente lhe acarinhava cuidadosamente a pele ferida. Fez amor com o silêncio, deixando cair no esquecimento os compromissos do dia, de que só se lembrou quando fechou a torneira e a água serpenteou rapidamente para se esconder dentro do ralo da banheira. Ali ficaram, a espernear como peixes fora da água, as obrigações por cumprir: uma ida para o emprego e uma duas contas por pagar já na data limite. Também ficou uma embalagem de sabão líquido a verter lentamente aquele líquido espesso, mas ele não a apanhou. Deixou-se ir nu até ao quarto onde se vestiu casualmente e saiu de casa sem direcção.

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