só um desabafo
Há uma imensa pequenez na grandeza de tudo o que achamos grande. Na literatura e na música, por exemplo, onde sempre que alguém me pergunta se eu já li ou ouvi uma merda qualquer de que nunca ouvi falar na minha vida, apetece-me responder-lhe que não faz ideia da quantidade de coisas que há para ler e ouvir. Seria uma coincidência enorme eu ter lido ou ouvido exactamente essa merdice por que me perguntam. Ou coincidência, ou então uma cedência desgastante às montras das livrarias e discotecas que me irritam por serem sempre iguais umas às outras.
A imensa grandeza do que já fizemos ou deixámos de fazer só tem lugar no Amor, onde por isso nunca perguntamos a ninguém se já Amou este ou aquele. Talvez fosse interessante viver num mundo assim, com o João a perguntar-me se eu já Amei alguma vez a Clara de Sousa ou a Paula Moura Pinheiro e eu pudesse responder: "A Clara de Sousa está na minha mesa de cabeceira, à espera que eu acabe de Amar a Uma Thurman, mas da Paula Moura Pinheiro nem ouvi falar". Mas não vivemos. O Amor é tão mais grande quanto mais pequeno for, para que possa ser só nosso.
E ainda bem que o Amor é pequeno. Só assim é que pode caber num automóvel estacionado num lugar ermo a meio da noite, numa cama de solteiro onde já estão duas pessoas ou num elevador que avariou e ainda espera pelo técnico. Ainda bem que é tão pequeno que é capaz de se infiltrar nesses lugares em forma de beijo ou sexo, e é nessa gratificante pequenez que tentamos aconchegar a nossa vida o maior espaço de tempo possível. Ainda bem que o grande cabe no pequeno ou o maior no menor.
Vi hoje duas pessoas enxovalharem outra em público, tratando-a como ignorante porque ela ainda não tinha lido um livro qualquer daqueles "obrigatórios". A ignorância está, digo eu na minha imensa pequenez, em não perceber que o mundo é demasiado grande para que um só livro possa ser obrigatório, e que o Amor é demasiado grande para que um enxovalhamento público possa ter lugar. E é só um desabafo...
A imensa grandeza do que já fizemos ou deixámos de fazer só tem lugar no Amor, onde por isso nunca perguntamos a ninguém se já Amou este ou aquele. Talvez fosse interessante viver num mundo assim, com o João a perguntar-me se eu já Amei alguma vez a Clara de Sousa ou a Paula Moura Pinheiro e eu pudesse responder: "A Clara de Sousa está na minha mesa de cabeceira, à espera que eu acabe de Amar a Uma Thurman, mas da Paula Moura Pinheiro nem ouvi falar". Mas não vivemos. O Amor é tão mais grande quanto mais pequeno for, para que possa ser só nosso.
E ainda bem que o Amor é pequeno. Só assim é que pode caber num automóvel estacionado num lugar ermo a meio da noite, numa cama de solteiro onde já estão duas pessoas ou num elevador que avariou e ainda espera pelo técnico. Ainda bem que é tão pequeno que é capaz de se infiltrar nesses lugares em forma de beijo ou sexo, e é nessa gratificante pequenez que tentamos aconchegar a nossa vida o maior espaço de tempo possível. Ainda bem que o grande cabe no pequeno ou o maior no menor.
Vi hoje duas pessoas enxovalharem outra em público, tratando-a como ignorante porque ela ainda não tinha lido um livro qualquer daqueles "obrigatórios". A ignorância está, digo eu na minha imensa pequenez, em não perceber que o mundo é demasiado grande para que um só livro possa ser obrigatório, e que o Amor é demasiado grande para que um enxovalhamento público possa ter lugar. E é só um desabafo...
13 comentários:
:) boa perspectiva! Gostei mesmo!
Nunca comentei nenhum dos posts que aqui li. Não comentei aqui mas comentei para mim ...
Este é mais um que me aqueceu o coração. Porque gostei. Porque achei que tocava o genial.
O bagaço 'não compreende as mulheres'. Diz ele...
Quem compreende assim o Amor, compreende um pouco que seja numa das personagens do Amor.
Obrigada por me aquecer a alma com o que escreve !
estudante, obrigado. :)
leonor, eu é que agradeço. a presença e a simpatia. :)
Isto parece encaixar bem no seguimento do vídeo da Sábado. Nem a propósito.
Essas duas pessoas é que me parece que devem ser muito ignorantes!
Gostei deste texto :)
beijinho
A ignorância está em sermos cegos perante a evidência que somos seres em permanente aprendizagem.
Beijinho
Uufffa!
Pois é, há tanta gente pequenina estereotipada, neste mundo tão vasto de opções.
E depois felizmente ainda há os que se distinguem pela diferença, aqueles que vale apena ler pela alma livre que têm. Quanto mais livres, mais 'puros/verdadeiros' somos.
:)
Há muita boa gente que se julga muito culta, mas não passam de uns bons calhaus, convencidos, peneirentos e atados.
Gosto de ler, e há assuntos que me apaixonam. Há outros que não me interessam nada. Mas os meus gostos são os meus gostos. Não os imponho a ninguém. Sei que o mundo não gira há minha volta (excepto quando exagerei no vinho :-)).
Portanto, não enxovalho ninguém nem me deixo enxovalhar (são as vantagens de ter um soco forte! :-)
Um abraço
EJSantos
Bagaço deste-me bagagem e argumentos para poder responder quando um dia me quiserem enxovalhar por não ter lido alguma coisa...
Eu adoro ler, estou sempre a ler... mas realmente não há como ler tudo e lembrar de tudo
Subscrevo inteiramente com apenas dois, sei lá, como direi...:
- quanto ao "ernxovalhamento público" conforme apresentas...é para o lado que durmo melhor
- quanto "Só assim é que pode caber num automóvel estacionado num lugar ermo a meio da noite" aiiiiiiiii minha nossa por favor todo o cuidado é pouco pela violência que sempre existiu e existe, façam em locais movimentados, como já vi num parque de estacionamento e sorri enquanto arrumava as compras- SEM INTERROMPER NADINHA!
Parabén rapaz e continua a surpreender-me com a tua escrita!
silly little wabbit, qual vídeo?! :)
redonda, beijinho. :)
sofia, sim. essa é a mãe das ignorâncias. :)
xs, :)
carmo, é isso aí. :)
ejsantos, isso mesmo. eu não tenho um soco forte mas tenho mau hálito. vai dar ao mesmo. :)
lianita, força aí. :)
fatyly, obrigado. :)
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