respostas a perguntas inexistentes (185)
Ouço falar dos pequenos prazeres da vida e fico sem saber quais são os grandes. É que para mim, aqueles que normalmente vejo associados à pequenez não têm realmente nada de pequeno. Um prazer nunca é pequeno, a não ser que nós próprios o encolhamos até quase não se ver. E isso é o contrário do que se deve fazer.
Porque é que beber uma cerveja fresca num dia quente de Verão há-de ser um pequeno prazer da vida? Para mim é um prazer enorme, porque é um dos que eu quero que seja constante. Assim como é um prazer enorme beber um café de manhã, beijar a Raquel quando chego a casa, espreguiçar-me ao meio-dia quando posso acordar tarde ou comer um chocolate com amêndoas em apenas duas dentadas. Esses são os grandes prazeres da vida porque são eles a própria vida, e eu quero que a minha vida seja toda ela um prazer. Não é, mas eu quero que seja na mesma.
Lembro-me de num desses dias de Verão convidar uma amiga para um copo de vinho na praia da Costa Nova. Levei eu uma das melhores garrafas que tinha em casa, dois copos de pé alto e um canivete suíço com saca-rolhas. Servi-a enquanto o Pôr do Sol nos espreitava corado no horizonte, e quando bebeu o primeiro gole começou a falar daquele momento como um pequeno prazer da vida. Para mim aquele era um prazer grande, talvez até dos maiores que se possa imaginar, mas ela continuou a insistir que um copo de vinho é apenas um pequeno prazer.
Talvez a diferença seja que para mim um prazer nunca vem só. Era o prazer do copo de vinho, era o prazer da companhia dela, o do cheiro do mar e o do calor das pedras onde estávamos sentados. Eram todos os prazeres convencionais e indizíveis dum dia qualquer de Verão, porque é isso que se quer que seja um prazer: uma convenção.
Apaixonei-me uns meses mais tarde pela Raquel, quando foi ela a convidar-me para um copo de vinho em casa depois de nos termos conhecido num shopping da cidade do Porto. "Tinha todo o prazer", respondi-lhe eu. "Eu também", insistiu ela. E até hoje não conheci prazer maior.
Porque é que beber uma cerveja fresca num dia quente de Verão há-de ser um pequeno prazer da vida? Para mim é um prazer enorme, porque é um dos que eu quero que seja constante. Assim como é um prazer enorme beber um café de manhã, beijar a Raquel quando chego a casa, espreguiçar-me ao meio-dia quando posso acordar tarde ou comer um chocolate com amêndoas em apenas duas dentadas. Esses são os grandes prazeres da vida porque são eles a própria vida, e eu quero que a minha vida seja toda ela um prazer. Não é, mas eu quero que seja na mesma.
Lembro-me de num desses dias de Verão convidar uma amiga para um copo de vinho na praia da Costa Nova. Levei eu uma das melhores garrafas que tinha em casa, dois copos de pé alto e um canivete suíço com saca-rolhas. Servi-a enquanto o Pôr do Sol nos espreitava corado no horizonte, e quando bebeu o primeiro gole começou a falar daquele momento como um pequeno prazer da vida. Para mim aquele era um prazer grande, talvez até dos maiores que se possa imaginar, mas ela continuou a insistir que um copo de vinho é apenas um pequeno prazer.
Talvez a diferença seja que para mim um prazer nunca vem só. Era o prazer do copo de vinho, era o prazer da companhia dela, o do cheiro do mar e o do calor das pedras onde estávamos sentados. Eram todos os prazeres convencionais e indizíveis dum dia qualquer de Verão, porque é isso que se quer que seja um prazer: uma convenção.
Apaixonei-me uns meses mais tarde pela Raquel, quando foi ela a convidar-me para um copo de vinho em casa depois de nos termos conhecido num shopping da cidade do Porto. "Tinha todo o prazer", respondi-lhe eu. "Eu também", insistiu ela. E até hoje não conheci prazer maior.
11 comentários:
Penso que isso não é tão linear assim como dizes.
Há muita coisa que se faz que é um grande frete. Ex: fazer compras para a despensa e para o frigorifico, suportar o periodo mensalmente, fazer limpezas em casa depois de um dia de trabalho, cozinhar diariamente, arrumar a cozinha depois do jantar, mudar um pneu no meio de nada, fazer uns kms a pé porque não se reparou e faltou a gasolina, fazer sexo com alguém que não percebe nada do assunto and on... and on...
Grandes prazeres: limparem-nos a casa, aparecer o jantar feito, partilhar um copo de vinho, comprar um carro desportivo, sentirmo-nos desejados, amados, viajar, ter água canalizada, ter electricidade and on... and on...
:)
Subscrevo inteiramente porque para mim tudo é sempre "um grande prazer" talvez por ter nascido num país grande não sei, já que a maioria dos portugueses são adeptos dos "inhos" como recentemente referiste num post!
carmo, lá está. é tão linear como eu digo. até digo que a minha vida não é toda ela um prazer. :)
fatyly, a tendência, pelo menos, deve ser essa. .)
Concordo. Costumo associar a pequenez à mesquinhez e insignificância de algumas pessoas e por isso também não me parece correcto usar o "pequeno" para definir o prazer. :)
olga, boa. :)
Sentir GRANDE quando parece pequeno é do melhor que há!!! :)
malena, passe a metáfora, claro.:)
Infelizmente, conseguir retirar um grande prazer de actos/gestos tão simples, não está ao alcance de todos...
:-)
A maioria das pessoas passa a vida a sobrevalorizar outro tipo de prazeres (muitos deles supérfluos), como aquela viagem que sempre desejaram fazer, a festa XPTO onde vai estar um monte de gente gira, aquele carro que passaram a vida a adiar a compra! Enfim... E acabam por subvalorizar esses pequenos momentos... Pequenos, apenas pela simplicidade e facilidade com que são concretizáveis.
Quem retira um grande prazer das coisas simples da vida tem, sem dúvida, muito mais facilidade em alcançar a felicidade! :-)
Tu és grande...és és... Começo a ficar viciada no teu blog. Será este um "pequeno prazer"?
Eu também sinto os chamados pequenos prazeres como se fossem grandes...
Apesar da canção dizer que a vida é feita de pequenos nadas, não podia concordar mais consigo. é um grande prazer abraçar o meu filho todas as manhas, como é um grande prazer uma garrafa de vinho numa tarde de sol... são os grandes prazeres que temperam e justificam ter de se viver todos os dias a parte chata da rotina.
já agora, gosto muito de o ler. é um grande prazer, vale muitas vezes umas boas gargalhadas.
tânia m, eu adoro viajar, mas detesto fazê-lo se não puder acompanhar a viagem com estes grandes prazeres. :)
anónimo, este blog, para mim, é um "prazerzão". obrigado. :)
m, aí está um prazer de que tenho saudades. abraçar a minha filha. obrigado pela simpatia. :)
Enviar um comentário