7.18.2014

respostas a perguntas inexistentes (285)

Tenho uma amiga que nunca se apaixonou. Eu acredito nela, principalmente pela forma feliz como o diz. Se ela soubesse o que perde não mo dizia assim, a sorrir. Não seria capaz. Se o faz é porque não sabe mesmo, e se não sabe é porque nunca se apaixonou. A única noção que tem é a do que ganha com isso, porque assiste à tristeza do fim das paixões alheias.
Quem é que compreende o fim de um Amor? Ninguém, porque o fim de um Amor é a antítese do próprio Amor. Quando acontece, ninguém consegue explicar porquê.
Uma vez viveu com um homem, diz ela. Admirava-o e mudou-se para casa dele. Quando a admiração acabou tornou a mudar de casa. Alugou um T0 no centro da cidade e comprou uma mobília de sala que também é uma mobília de quarto. Foi tudo. No Amor nunca é assim. Quando nos mudamos trazemos a tristeza connosco, muito mais pesada e difícil de mudar do que a mobília.
Já lhe disse que gostava de ser como ela. Repeti-o quando há uns dias me convidou para dividir uma garrafa de vinho, mais uns bifes e algum arroz. No fim do jantar, quando me sentei no sofá que também é uma cama, disse-me que me admira. Perguntei-lhe porquê e respondeu-me que é pela minha capacidade de sofrer com o Amor. 
Ora bolas!

8 comentários:

Anónimo disse...

Como eu queria ser como a tua amiga....

Maria das Palavras disse...

Ela disse que te admira? E dizes tu que ela se mudou e foi vivar com um homem porque o admirava? Acho que isso foi um pedido para morarem juntos!

Se pensares bem...não querias ser como ela. E ela também não - vai sabê-lo um dia.

Anónimo disse...

Ora então PARABÉNS!!!!
Adorei passear por aqui!
Poquê, perguntas tu.
Bom, em primeiro lugar pela leveza deste espaço que, tão cheio de ti, está pintalgado de vários sentires que são os teus e que se intuem genuínos.
Em segundo lugar, pela forma como escreves: uma escrita leve no tom mas carregada de sentido.
E em terceiro, não menos importante (senão a mais importante)a coragem para mostrares um pouco da pessoa que és e desse teu mundo que te habita. Infelizmente, no palco da vida são poucos aqueles que se dão a conhecer e muitos os que escolhem representar um papel que não é o seu.

Quanto ao este teu "desabafo" estou de acordo contigo:"No Amor nunca é assim. Quando nos mudamos trazemos a tristeza connosco, muito mais pesada e difícil de mudar do que a mobília."
Gostei de ler este teu sentir!
Obrigada pela partilha

Abraço e nunca deixes de acreditar no amor, tenha ele a expressão que tiver. Afinal de contas só ele dá sentido à vida.

Olga disse...

Ninguém está feliz com a vida que tem. Se por um lado a tua amiga não sofreu por um amor como tu, por outro sofre pelo vazio e solidão que uma vida sem ninguém traz. No fim de contas que mais perdeu até agora foi ela. Diz-lhe que se deixe levar sem pensar muito e que aproveite a vida. Mesmo com o elevado risco de sofrer, vale sempre a pena viver e apaixonar-se. :)

Joana disse...

Anda meio mundo com "inveja" do outro. Às vezes gostava de ser mais como a tua amiga, mas depois quase me arrependo de ter pensamentos desses.

Mulher disse...

Faz-me lembrar aquele verso de Pessoa " Eu era feliz e ninguém estava morto ", ou como diz mais prosaicamente uma amiga minha " a ignorância é uma bençâo ". Ou não. ;-)

Eli disse...

Sabes, prefiro sentir!

Ivar C disse...

anónimo, não sei se querias mesmo... :)

maria das palavras, na verdade não foi, mas tecnicamente podia ter sido, sim. :)

maria mundo, obrigado pela simpatia. :)

olga, também acho que vale. :)

joana, de vez em quando, para descansar, dava jeito ser como ela. :)

mulher, pois... já tive essa discussão tantas vezes... :)

eli, eu também. :)