5.29.2014

respostas a perguntas inexistentes (279)

Lembro-me da primeira vez que declarei Amor a uma mulher, que por acaso ainda não era mulher porque eu também ainda não era homem. Troquei-me todo nas palavras e nos movimentos, corei e gaguejei para no fim não conseguir dizer muito mais do que "gosto mais ou menos de ti!". O resultado, como poderão imaginar, não foi o melhor.
Quando somos crianças e nos apaixonamos pela primeira vez aprendemos que o Amor é uma barreira gigantesca entre aquilo que dizemos e aquilo que sentimos. Depois disso não aprendemos mais nada. Eu, pelo menos, não aprendi. Aos quarenta e dois ainda estou na mesma. Acho que é por isso que vou mantendo este blogue, para diminuir essa distância entre o que sinto e o que digo.
É uma verdade que os homens em geral não gostam de falar de Amor. Optam quase sempre por engoli-lo e andar com ele às voltas no estômago com uma impossível digestão. Tem uma certa lógica: são o sexo forte e falar de Amor fragiliza-os. Além disso, uma declaração de Amor é uma aposta total. Ou se ganha tudo ou se perde tudo.
Quando nos tornamos adultos a coisa muda um bocado, essencialmente por causa do sexo. Uma declaração de Amor não depende apenas do que se diz, mas também do corpo. Dois corpos podem aproximar-se lentamente um do outro sem se comprometerem tanto como se comprometem as palavras. Se a coisa funcionar, acaba em sexo. Se não funcionar, acaba em silêncio. Acaba bem ou menos bem. São as palavras as únicas que podem acabar mal.
De qualquer forma duma coisa tenho a certeza: é muito mais fácil dizer que se Ama depois do sexo. É por isso que, em caso de paixão, a primeira palavra deve ser um toque.

8 comentários:

Anónimo disse...

Há coisas difíceis de verbalizar...E nem sempre são as palavras que transmitem sentimentos,apesar e ajudarem...

Pax disse...

Xiii! Quanto tempo que não tropeçava nas tuas palavras! (Ou toques).
Bom ver que continuas em boa forma! :)

Olga disse...

No fundo acho que o problema dos homens com as palavras é igual ao das mulheres. Geralmente (com algumas excepções é claro) os homens são de poucas ou nenhumas palavras, as mulheres são de muitas palavras mas dizem sempre o contrário do que sentem realmente. Ambos esperam que o outro adivinhe o que lhe vai na alma mas na maior parte dos casos (obviamente) a coisa não resulta.
Esta é só uma conclusão tirada por uma mulher com quase 40 que nunca foi bem sucedida nesse campo e que não serve de exemplo a ninguém por isso não ligues. :)

Ivar C disse...

til, isso... e a coragem. :)

pax, obrigado. :)

olga, mas é isso. não há exemplos neste campo. :)

redonda disse...

Li uma vez num artigo que para pôr o homem a falar de amor ou de outros temas sérios só era preciso apanhá-lo no carro ou em outro local em que se pudesse estar de lado, sem ser frente a frente e que aí já daria para conversar de tudo :)

Ivar C disse...

redonda, olha... parece-me uma ideia interessante. :)

Dois Cafés disse...

sempre achei que com o tempo a coisa ia ficando mais fácil, mas passa um ano atrás do outro e por aqui também ainda não aprendi muita coisa.

Ivar C disse...

dani, não se aprende... :)