12.05.2012

respostas a perguntas inexistentes (238)

ao Diabo e à mulher nunca falta que fazer

É uma pena que Deus não exista. Só a  sua existência é que sustentaria a também existência do Diabo e, tal como acabei de ouvir numa conversa de homens envelhecidos pela solidão, ao Diabo e à mulher nunca falta que fazer. É um provérbio, como tantos outros, que explica como alguns homens jogam às escondidas com Deus.
Enquanto uma vida triste se torna feliz com uma paixão, uma vida feliz torna-se triste sem ela. Os homens que não sabem Amar escondem-se na tristeza de Deus, e empurram o seu enorme falhanço na vida para essa dupla conspiradora formada pela mulher e pelo Diabo.
Eu, se fosse um falhado no Amor, rezaria ao Diabo que me ajudasse. Nunca a Deus. É que fiquei ali a ver aqueles dois, de olhar triste espetado no chão, numa mesa de café despovoada, sem nada mais que fazer ou dizer. Se pudessem optar, diria eu, era melhor irem ter com o Diabo e, consequentemente, algumas mulheres. Sempre teriam que fazer.
Já percebi onde é que surgiu a ideia judaico-cristã do Diabo. É uma luz ao fundo do túnel para a felicidade e para o Amor. Às escondidas, é certo, mas ainda assim uma alternativa à submissão e à tristeza contínua. É por isso que ainda há homens que dizem isto...

14 comentários:

Miú Segunda disse...

É certo que a misoginia deriva muitas vezes da abstinência: não-tem-mulher, logo, não-suporta-mulher. É como o racismo: quem não tem amigos de outras raças tende a desconfiar delas. Deve ser o receio do desconhecido. Mas mais intrigante é a misoginia que parte das próprias mulheres. Como pode quem é mulher detestar o que é ser mulher? Essa, sim, é uma situação muito mal resolvida...

Ivar C disse...

miú segunda, concordo contigo. A cultura pode ser uma coisa muito poderosa e uma grade adversária do bem estar. :)

Anónimo disse...

Na tradição judaico-cristã, os demónios representam as coisas más, tudo aquilo que nos faz mal, as tentações mundanas que nos levam ao mau estar.
Também na tradição judaico-cristã, apesar de ao longo dos tempos e em variadas fases da sua história, a mulher ter sido rebaixada, se ler-mos com atenção todas as escrituras, percebemos que a mulher é um ser especial, nascida da carne do homem, devendo por isso ser admirada e respeitada.
A mulher caiu na tentação da serpente (o tal demónio tentador da vida) e com isso, passou a ter uma vida mais dura. É uma metáfora que indica que, ao cedermos a coisas que nos fazem mal levamos muitas vezes por arrasto outras pessoas, ou até mesmo comunidades inteiras que não têm culpa de nada. Basta vermos por exemplo, um filho que apesar de todas as advertências e conselhos dos pais se torna toxicodependente levando com esta sua atitude uma família inteira ao sofrimento…
A verdade é que de facto sem AMOR, seja ele de que tipo for, a nossa vida é mesmo vazia. Ou por outra, cheia de demónios que nos apoquentam a alma.

Carla

Ivar C disse...

Carla, a toxicodependência, por exemplo, só é má por causa do nosso modelo social. se as drogas fossem vendidas legalmente e com garantia de qualidade, não era assim tão má. mas sim, a influência judaico cristã na nossa sociedade é enorme, na minha opinião infelizmente. :)

Anónimo disse...

Não concordo consigo. Infelizmente conheço de perto algumas situações de toxicodependencia e alcoolismo. Abismo em que essas pessoas vivem e para onde arrastaram as familia é brutal! E isto da toxicodependência foi apenas um exemplo. Há muitos outros, infelizmente!...
Mas aqui a questão é mesmo o sofrimento que nos traz a falta de AMOR, principalmente, a falta de amor próprio.

Carla

Ivar C disse...

Carla, eu sei que isso é assim, mas estou a dizer que é assim por responsabilidade do nosso modelo político. :)

Anónimo disse...

O nosso modelo politico não manda nem proíbe ninguém de beber em excesso. Quem o faz, faz-lo por livre iniciativa. Proíbe o consumo de algumas drogas. Outras já se compram livremente em lojas especificas. Agora, o consumo em excesso, esse é da responsabilidade unica e exclusiva de quem o faz. E quem o faz, sabe que faz mal à saúde. Sabe que poderá pôr em risco o seu posto de trabalho. Sabe também que o vicio, poderá pôr em risco a familia. Não culpemos a politica pelos actos insensatos das pessoas individuais.

Carla

Ivar C disse...

Carla, não podemos, desresponsabilizar o indíviduo, mas também não podemos desresponsabilizar a política. É óbvio e estatístico que a política tem implicação directa na vida das pessoas, incluindo este tipo de questões. A educação, a proibição/legalização/despenalização, a distribuição da riqueza, o sistema de saúde e a mobilidade têm um impacto enorme. Aliás, é por isso que alguns problemas sociais, como a toxicodependência, têm mais incidência nuns países do que noutros. :)

Anónimo disse...

Sim, mas estamos a falar daquela coisa que se chama livre arbitrio. E culpar (ou pedir ajuda) a deus, diabo, vizinho ou vizinha pelas nossas desgraças sem fazer nada para as resolver não adianta de rigorosamente nada.

Ivar C disse...

Não culpo Deus de nada, até porque sou ateu, mas posso considerar que as instituições, nomeadamente a Igreja Católica, têm responsabilidade no assunto. :)

Anónimo disse...

O Ivar deixa a Igreja Católica manipulá-lo? Não, pois não? E aí está, as pessoas são livres de escolherem o que querem, acontece que muitas vezes é mais fácil seguir o que um grupo manda. A ignorância também ajuda, é um facto.
Esses dois idosos do seu texto tinham duas hipóteses: queixarem-se das mulheres, sozinhos no vazio do café, ou então, largarem a bengala, arregaçarem mangas e irem conquistar as mulheres. Só que é mais fácil queixarmo-nos de alguma coisa do que irmos à conquista.

Ivar C disse...

anónimo, de acordo. :)

Fatyly disse...

Esse ditado popular é tão antigo em que a mulher era um fardo que tinham que aguentar tudo que os homens queriam e que só serviam para servir S.Exªs. e parir para além de todo o trabalho doméstico e não só, como por exemplo no tempo dos meus avós e ainda em muitos casais do tempo dos meus pais!
As coisas mudaram...e na volta eles até tinham uma em casa e pararam no tempo.

Todos já tivemos falhanços no Amor e triste, mas triste é ficarem a pensar que são uns falhados(as).



Ivar C disse...

fatyly, eu já o tinha ouvido, sim, e acho-o triste. :)