8.19.2011

o ponto zero

Conheci a Raquel num mês de Novembro. Gostei dela. Costuma ser sempre assim quando nos apaixonamos. Conhecemos alguém e gostamos. É só isso e não tem muito mais que dizer. Esse é o princípio ou, se lhe preferirem chamar assim, o ponto zero.
Fui com a Raquel pela primeira vez à praia em Junho do ano seguinte. Esticámos as toalhas e automaticamente começámos os dois a limpar as beatas escondidas na areia. Os dois odiamos beatas na areia e isso foi apenas mais uma das coisas que nos uniu depois do ponto zero. O ponto zero é importante porque acontece, mas tem o valor zero se a seguir não houver mais nada.
Todos os anos, numa acção que consideramos pedagógica, pedimos aos nossos filhos que limpem uma área da praia onde estamos e coloquem no lixo todas as beatas que encontrarem. É pedagógico porque os ensina que o pouco lixo que nós fazemos é essencial para o muito lixo que existe, e é pedagógico porque lhes ensina que podemos fazer alguma coisa por nós... e pelos outros. Hoje, por exemplo, apanhámos dois montes iguais a este só na zona das nossas toalhas.
As praias portuguesas de norte a sul estão cheias de lixo, principalmente beatas, porque o país também está cheio de ignorância. Quem deita uma beata na areia não se apercebe que está a contribuir para um problema ambiental grave. É que para além do nojo em si, a decomposição de um cigarro deixa vários metais pesados que contaminam o solo e a água.
Há um ponto zero que nos une a todos nós, aqueles que como eu não conseguem viver sem ir à praia. Devíamos ter alguma coisa a seguir a isso, tipo deixá-la exactamente como a encontramos. Mas não temos. É uma pena.

24 comentários:

Isabel Lima disse...

Pessoas que pouco se importam com os outros e com o que é de todos.

Mesmo com a distribuição dos cinzeiros vermelhos de praia as pessoas querem lá saber e preferem apagar o cigarro espetando a ponta do mesmo na areia.

Não havia a necessidade de teres de limpar um sítio para colocar a toalha mas infelizmente há pessoas que sujam a praia e deixam o lixo para trás.
Com certeza que a casa dessas pessoas também está cheia de beatas no chão (ironia)

Ivar C disse...

isabel lima, sim... ainda hoje vi um cinzeiro vermelho desses. Apenas um... mas vi muitas pessoas a fumar. :)

Ana Gonçalves disse...

De vez em quando vejo umas pessoas com um conezinhos engraçados para meterem as beatas. Eu, sempre que posso, tiro o lixo que está à minha volta e por vezes faço-o mesmo fora da praia. Ver lixo e ver gente a atirar lixo para o chão irrita-me e enjoa-me. Enfim...

XL disse...

Bagaço Amarelo, estou contigo, mais ainda por que não fumo.
Continuação de boas férias, sem beatas na areia se possivel...

Teresa Gaudêncio Santos disse...

Também acho. É pena...
Há ainda um longo caminho a percorrer para que os portugueses entendam essa simples lógica de usufruir de um espaço e deixá-lo em condições para quem vier a seguir.
É básico, mas não parece! E não é só nas praias. É nas matas, nos parques, e até na nossa rua!

MS disse...

Algumas coisas não custam muito a fazer e beneficiavam toda a gente, deitar o lixo nos locais apropriados é apenas uma das coisas.

Não deitar o lixo nos locais apropriados só demonstra a falta de civismo e educação do povo Português.

Se for em casa não fazem o mesmo senão "levam com o rolo da massa no pêlo", mas se for fora de casa comportam-se como animais e fazem o que bem lhes apetece e é provável que muitas dessas pessoas tenham o 12º ano ou cursos superiores ... deveriam ter mais educação que isso.

Uma pessoa com menos "estudos" e mais experiência de vida tem mais respeito pelos outros mas é provável que lhe chamem rural ... é triste mas é a realidade.

memyselfandi disse...

Concordo contigo, Bagaço! Também já dei por mim a fazer o mesmo com o meu pequenino. É que me desagrada de sobremaneira quando o meu filho está a brincar na areia e lhe aparecem beatas de cigarro em tudo o que é lugar =/ Bem lembrado! Quanto ao ponto zero, infelizmente, há quem nunca saia dele, o que é uma pena!

early bird disse...

vou começar a fazer isso.

Fatyly disse...

Eu fumo pouco, mas fumo e jamais deito a beata na areia. Na ausência de cinzeiros(porque até isso é gamado às resmas) referidos por Isabel Lima, levo uma garrafa de água cheia e uma vazia onde ponho as beatas e depois na volta deito no contentor.

Mais a maioria das vezes e até durante o ano faço toda a praia a pé e levo dois ou mais sacos do lixo e venho sempre com eles cheios...o melhor ginásio(infelizmente)
que se pode ter no que toca a baixar e levantar!!!
O povo português é finório demais para o meu gosto porque até já vi gente..."percebe?" que são porcos!!! Cambada de javardos e há que educar de pequenino!

Portanto estou com vocês nesse "ponto zero".

Anita disse...

A natureza arranja forma de se manifestar... o problema é que pagam muitos justos pelos imensos pecadores :(
A praia para onde costumo ir tem até ecopontos no areal :) cada contentor com a sua cor e a sua função. E esses cinzeiros são distribuídos à "entrada" da praia e os banhistas acabam por reutilizar o mesmo, diariamente, conforme posso constatar pelo que observo, dado que eu não fumo :)

Ivar C disse...

tsukuyomi, a mim também me irrita, pelo lixo e pelo que significa o comportamento: :)

xl, obrigado. :)

teresa, e era bom que fossem só os portugueses. está aqui uma família de ingleses no complexo turístico onde eu estou que nem te conto... :)

ms, sim... o pior disto é que é o mais fácil. :)

memyselfandi, boa! fazes muito bem. :)

girl in motion, obrigado. é uma coisa que não custa nada e evita uma pequena pegada ambiental... :)

fatyly, sim... os crimes ambientais pertencem a todos os estratos sociais e económicos. obrigado pelo que fazes. :)

anita, acho que esses cinzeiros são distribuídos no país todo. eu, pelo menos, já os vi em Aveiro, em Matosinhos e no Algarve. Mesmo assim...

Anónimo disse...

Essa história do ponto zero é bastante inquietante quando estamos ansiosos ;)
Quanto ao lixo na praia, lembro-me de uma vez, tinha eu 8 anos, vi uns tipos a meterem as garrafas de cerveja na água por pura diversão, eu fui ter com eles, refilei e tirei as garrafas e fui fazer queixa aos meus pais.
Acho que aquela lição eles aprenderam!
Bjs

Gigi disse...

Isto cá no Brasil também acontece e não só nas praias. Um exemplo diferente é o que ocorre nas cidades do interior de São Paulo durante os meses de inverno, que é extremamente seco e fortemente ensolarado.
Na ausência de chuvas, o povo aproveita para pôr fogo em terrenos urbanos e também nos canaviais que se situam aos arredores das cidades. Resultado: o índice de doenças respiratórias aumenta muito nessa época do ano, além da sujeira ocasionada pela fuligem que cai nos quintais e os deixa tudo preto. Um horror.
Como as leis não são cumpridas e a fiscalização é praticamente inexistente, sofremos todos os anos com as queimadas e a falta de noção dessa gente que opta pelos meios mais baratos para limpar seu terreno, mas que gera grandes prejuízos à saúde e ao meio ambiente.

Infelizmente, o povo brasileiro também está bastante alheio à conscientização da importância de se viver em um ambiente limpo, bonito e agradável.

Stiletto disse...

Eu fumo e não uso esses cinzeiros. Guardo as beatas todos num montinho que antes de ir embora vai directo para o lixo. E os meus filhos vão limpando toda a zona, das beatas dos outros. No final do dia, quem me vê a depositar beatas no lixo acha que fumei alguns 3 maços. Enfim...

Anónimo disse...

Se todos fossemos mais cívicos, o mundo seria muito melhor. Não custa nada levar um saquinho para a praia e por o lixo lá dentro, mesmo beatas, mas existem pessoas que fazem questão de atirar tudo para o chão. É vergonhoso.

tata disse...

Mencionei-te descaradamente no meu blog. Parabéns pela tua escrita!

Anónimo disse...

Já lá vão muitos anos em que uso os cinzeiros de praia. Um dia deram-me um que o tenho até hoje, não têm os furinhos no fundo como os que estão na praia e deixam cair a cinza. Utlizo, despejo no contentor e volta para a mochila. Em casa é lavado e volta limpo para dentro da mochila com um novo saco para colocar a lixeira que os meus filhos fazem (yogurtes, colheres de plastico, guardanapos, fraldas, dodots...). Seria incapaz hoje em dia de deixar fosse o que fosse na praia ou no chão da rua. Na rua por exemplo não fumo só porque não tenho onde apagar a beata.

Ivar C disse...

daisy, o ponto zero não tem que trazer ansiedade. :)

gigi, é universal, isto. infelizmente... :)

stiletto, também serve... parece bem. :)

maria, isso mesmo. levo um saquinho também... :)

tata, obrigado. :)

anónimo, boa! é isso mesmo. há tão poucos a fazer isso... :)

Unknown disse...

Não consigo perceber como é que ainda há pessoas a deitar lixo pra praia.

A praia de Matosinhos no Porto é a pior que conheço nesse aspecto, basta fazer uma toquinha que tem logo lixo.

Mas gostei da atitude :)

Ivar C disse...

fábio martins, também não percebo... e sim, conheço bem essa praia. Tem mesmo muito lixo, mas às vezes parece-me que algum é trazido pelo mar... :)

Isa disse...

É de facto uma vergonha. Ao chegar à praia tenho sempre de fazer essa limpeza ainda mais agora com o meu pequenote.
- Os fumadores não percebem que a praia não é só deles? (E até os vejo levar o restante lixo, mas a merda das beatas ficam enterradas para ninguém ver);
- Não percebem que mete nojo a quem as vê e tem de as arrumar?
- Não sabem que há crianças que brincam com a areia? E que a metem à boca?
- Não sabem que uma criança pode sufocar se ingerir uma beata?

E não vejo sequer nenhuma necessidade de gastar cinzeiros porque o problema é falta de educação, civismo, de respeito pelo outro e pela natureza.
São os mesmos que enchem o jardim das traseiras do prédio com esse lixo que atiram pela janela para o cheiro não ficar em casa, mas depois fazem separação de resíduos e tudo, são ecológicas as bestas.

Ivar C disse...

isa, concordo plenamente. :)

Anónimo disse...

hã rachel, uma bela declaração de amor (assim um pouco disfarçada lol)

Ivar C disse...

aloucura, :)