Ainda me Amas?
Chegou o dia em que duvidei do Amor, até porque tudo parecia estar bem.
Acho que começou no espelho do elevador, logo de manhã, onde me vi mais gordo, mais cansado e mais feio. Perguntei-me a mim mesmo se ainda me Amavas, mas sacudi rapidamente a resposta que eu não queria ouvir do pensamento, exactamente como um cão expulsa a água do corpo depois de se molhar. Abanei a cabeça num gesto rápido.
Não tenho culpa se pouco tempo depois, enquanto esperava que o semáforo para peões mudasse para verde, uma mulher ao meu lado repetisse várias vezes seguidas que o marido dela era um inútil. Estava a falar ao telefone e ia dizendo: "Deixa lá! O meu marido é um inútil". "Será que ainda me Amas?", perguntei-me.
Era já noite quando me lembrei das nossas férias na Argélia. Os cafés da cidade só tinham homens e algumas, poucas, mulheres conversavam em segredo nas portas e varandas dos prédios. Durante alguns minutos espreitei pela janela do maior café da avenida, onde todos acompanhavam um jogo de futebol qualquer. Ninguém parecia preocupado com o Amor, muito menos com a falta dele.
À noite fui ter contigo.
- Ainda me Amas?
Não me respondeste. Fodemos, depois ligaste a televisão e viste meio episódio da novela. Ainda bem. Se me tivesses respondido que sim era porque já não me Amavas.
Adormeci ao teu lado.
4 comentários:
As vezes não é preciso verbalizar...
Adoro os teus textos.
Preciso de fazer-me essa mesma pergunta.
Afinal os homens também são inseguros, também têm dias em que se olham ao espelho e se acham gordos e feios. É bom saber!
Essa pergunta nunca se faz...e quem a ela responde já não ama. O amor sente-se nas pequenas coisas do dia a dia, nos gestos simples, na forma como cada um se dá e recebe o que damos. E para essa pergunta nunca há resposta.
Beijinho Bagaço:))
Maria Varredora Pau de Vassoura, obrigado. :)
a limonada da vida, todos os dias... :)
Ac, concordo... embora o nunca seja um pequeno exagero. :) beijinho
Enviar um comentário