6.15.2015

dos Amores antigos

Todas as coisas antigas, a que às vezes até gostamos de chamar vintage, já foram simplesmente velhas. A antiguidade é a boa nova de que nada precisa de acabar na sua própria velhice, nem sequer o Amor.
Pensei nisso hoje, quando vi dois turistas nórdicos a fotografar umas casas de pescadores no bairro da Beira-Mar. São casas pequenas, revestidas de azulejos cuja cor se foi apagando com o sopro do tempo. São casas que despertam a curiosidade de quem passa por elas, pelo que aparentam ter sido e albergado. Lembro-me delas desde sempre. Eram apenas casas velhas que, apenas por dedução, eu sei que já foram novas.
Uma relação entre duas pessoas também passa de nova a velha, às vezes mais depressa do que elas mesmas. Envelhece assim que o tempo lhe tira a cor e o que se observa são apenas gestos gastos e usados. É o Amor que pode transformar uma relação velha numa Paixão vintage.
Fiquemos assim: existem desAmores velhos e Amores antigos. É nestes últimos que, tal como a uma casa qualquer, todos os dias olhamos para quem está ao nosso lado e suspiramos de espanto.

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