conversa 363
Ela – Queixam-se mas não querem fazer nenhum. Se soubessem o que é trabalhar com uma folga por semana para ganhar 550 euros.
Eu – Até percebo o que dizes, mas não se deve nivelar por baixo e sim por cima, percebes? Se tu trabalhas seis dias por semana e e ganhas 550 euros, enquantos outros trabalham cinco e ganham 1500, não percebo porque é que, em vez de achares que é a tua vida que deve melhorar, parece que achas que é a dos outros que deve piorar.
Ela – Mas é por causa de pessoas que ganham 1500 euros a trabalhar cinco dias por semana, que eu ganho 550 a trabalhar seis, percebes?
Eu – Achas mesmo? Eu acho 1500 euros um salário que permite viver condigamente, mas não é exagero nenhum para ninguém. Se tu me falares de compras de submarinos, cosntrução de estádios de futebol, negociatas para o aeroporto da Ota, corrupção no futebol, etc, é uma coisa, pás. Mas a sério que não são os funcionários públicos que ganham mais de 100 euros que te andam a lixar a vida.
Ela – Se eles fossem para o desemprego já faziam o que eu faço.
Eu – Sim, faziam, mas era uma injustiça. Além disso, o que as pessoas não percebem, é que os desempregados são importantes no nosso sistema económico. Sem desempregados as empresas não tinham possibilidade nenhuma de entrar na lei da oferta e da procura relativamente à mão de obra. Já pensaste nisso? Talvez os desempregados devessem ser um cadito melhor tratados.
Ela – Vamos beber um fino? Entro daqui a uma hora.
Eu – Vamos.
6 comentários:
Concordo totalmente contigo.
Ela quer abrir um conjunto de campos com crematórios?... ;)
Gabo-te a paciência. Tu ainda vais para missionário. ;))
O que se passa agora é a tentativa de aniquilar a "consciência de classe". Para isso se coloca o fraco contra o fraco. No caso do diálogo: precário contra funcionário público. O alvo nunca é um banqueiro ou coisa que o valha.
E como ainda só usei uma expressão de Marx neste comentário, aqui fica outra: "exército de reserva", os tais desempregados necessários ao nosso sistema económico.
joana, ainda bem que há alguém, lol. :)
maria árvore, lol, para missionário não tenho jeito... mas para ficar a ouvir uma amiga giraça durante horas, tenho... :)
nelson, yep... agora os funcionários públicos são o nosso maior problema, enquanto a banca é só um grupo de gajos porreiros que emprestam dinheiro ao pessoal.
Muito bem dito, muito bem pensado e suscrevo as tus palavras.
fatyly, ;)
Enviar um comentário