1.18.2016

coisas que fascinam (201)

Depois de qualquer Amor, há coisas belas que se tornam insuportáveis. Pode ser uma música, um filme ou até um cheiro. Tudo aquilo que se experimentou durante esse Amor deixa de servir com o seu fim. Não sobrevive.
Peço-lhe que mude a música que escolheu no Spotify e ela não entende porquê. 

- Não gostas? - pergunta.
- Adoro! Mas tira, por favor.
- Queres ouvir alguma coisa especial?
- Não.

Estou com uma chávena de chá a fumegar nas mãos. Ela viu-me da janela do seu quarto andar a estacionar o carro e ferveu água enquanto eu subia no velho elevador. Assim que entrei, mandou-me sentar e passou-ma para as mãos.

- Bebe.

Sei que lhe agradeci o gesto, mas acho que o fiz tão baixinho que tenho dúvidas que ela tenha ouvido o meu "obrigado". Para não correr o risco de o dizer duas vezes, elogio-a.

- Nunca bebi um chá tão bom como este.
- Podes estar calado. A sério...

A Eva tem um olhar e uma face indecifráveis. Neles, parece que todo o mundo se perdeu. Quando está triste é igual a quando está feliz, quando está calma é igual a quando está ansiosa. Sem palavras entre nós, somos apenas dois planetas distantes. Uma vez disse-lhe isso e ela não mudou de expressão. Ainda assim abraçou-me.

- Quando quiseres estar calado perto de mim, telefona-me cinco minutos antes só para saberes se eu estou em casa.

É isso que eu estou aqui a fazer. Nada. E de repente percebo que era o que eu estava  precisar...

2 comentários:

redonda disse...

É bom termos alguém com quem podemos estar a fazer nada.

Ivar C disse...

redonda, é importante... :)