2.26.2007

paisagens

A relação acidental e espinhosa entre homem e mulher no Ocidente, na minha opinião, um bocadinho a ver com o que li hoje no livro que tenho na minha mesa de cabeceira.

Um sintoma nítido do contraste entre o Ocidente e o Oriente é a diferença entre duas formas de pensar o lugar do homem na paisagem. A pintura paisagista chegou tardiamente à arte ocidental... ...os frescos de Ambrogio Lorenzetti no Palazzo Publico, em Siena, são as mais antigas pinturas ocidentais que chegaram até nós e nos mostram uma cena pintada directamente da natureza... ...a paisagem só se torna um tema independente com os pintores holandeses e flamengos do séc. XVII.
Na China, porém, no século IV, já a paisagem se transformara num tema infindavelmente fértil. A natureza não era um mero cenário para o drama humano... ... a paisagem chinesa era uma cena de harmonia e de vida rítmica, onde o homem se integra imperceptivelmente, por vezes até de uma forma obscura.


Daniel J. Boorstin em "Os Criadores"

Este contraste visível na arte não é uma causa mas sim uma consequência, principalmente das diferenças entre as religiões ocidentais com um Deus único e criador, e as linhas de pensamento tauistas e confucianistas que nunca tentaram explicar sequer a criação do mundo. Enquanto na Europa apartávamos a relação homem/mulher considerando-a pecado aos olhos dum Deus inventado, no oriente a filosofia tentava apenas resolver os problemas da infelicidade humana através da total integração na natureza.

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