1.07.2007

amor e dedinhos de pé

Os domingos dum divorciado esticam-se no sofá, enquanto olham para os dedos dos pés. Leio mais duas páginas do livro do Auster e queria ter forças para continuar sem primeiro tomar café. Não, não consigo.

A minha filha insiste mais uma vez que preferia viver comigo. Diz isso enquanto engole mais uma colherada de ChocoBalls (cereais com chocolate). Repito-lhe que ela vai crescer rapidamente e que quando souber andar de autocarro e de táxi eu faço-lhe umas chaves. Depois ela é que decide. Agora o pai trabalha tanto de noite como de dia e não tem a mesma disponibilidade da mãe.

Levanto-me e empurro-me até à cozinha. Abro um iogurte. Tenho mais uma mensagem da *****. Diz que lhe apetece estar comigo hoje. Óptimo, a verdade é que adoro receber estas mensagens ao domingo. Quando deixo a minha filha na mãe fico sempre, inevitavelmente, com uma sensação de abandono (é a única sensação de abandono que tenho actualmente), e saber que alguém que gosto pensa em mim é um conforto. Talvez o conforto dum sofá, como este onde me estico e olho para os dedos dos pés.


"amor e dedinhos de pé" é o título dum filme de Luis Filipe Rocha

4 comentários:

Anónimo disse...

Bonito. Só espero que também porpociones conforto à outra parte.
Não são só os homens que gostam de se sentir apreciados...as mulheres...gostam que os homens tomem a iniciativa de também eles demonstrarem apreço ;)

Anónimo disse...

Porque será que os domingos insistem em ser assim? Sofá, tv, livros... mais um cafezinho, mais um copo de leite, mais um iogurte...novamente sofá... uma voltinha na net... e novamente sofá... Ufa! Já começa a cansar!

Ivar C disse...

kruella, um sorriso para ti :)

Ivar C disse...

nina, tens razão... mas isso pode-se alterar. ;)