2.15.2016

respostas a perguntas inexistentes (367)

Não sei como é que começa um Amor. Sempre que vivi o princípio de um Amor só me dei conta dele quando já tinha começado. O teu não foi diferente. Dei-me conta dele numa sexta-feira de manhã em que a temperatura estava anormalmente baixa. Três graus, creio. Só não me lembro do mês nem do ano. Estávamos a tomar o pequeno-almoço numa pastelaria de esquina e ainda não sabíamos que nessa noite íamos dormir juntos.
Do lado de fora passou uma mulher que levava uma criança pela mão. Por sua vez, a criança levava um balão verde que parecia uma pássaro aprisionado pelos pés. Queria voar, mas um cordel não o deixava. Rimo-nos, eu e tu, da ideia de um balão poder ser prisioneiro. Quando nos calámos perdi-me nos teus olhos. Verdes também. Fez-se silêncio.
Passei a chamar verde ao meu Amor por ti.
Também não sei como é que acaba um Amor. Sempre que vivi o fim de um Amor só me dei conta dele quando já tinha acabado. O teu não foi diferente. Dei-me conta dele numa segunda-feira de Verão. Só não me lembro do mês nem do ano. As árvores da rua estavam em flor e eu só reparei nisso quando desliguei o telefone. Foi preciso dizeres-me que o nosso Amor tinha morrido para eu voltar a olhar para o mundo. Até então, acho que o mundo eras tu.
O chão estava pintado de pétalas brancas e cor de rosa que cheiravam à minha memória do teu corpo. Um miúdo de skate caiu a tentar fazer uma acrobacia qualquer no passeio e uma mulher, creio que a mãe, foi ajudá-lo a secar as lágrimas. Reparei que era bonita, coisa que eu já não estava habituado a fazer.
Não sei quanto tempo durou o nosso Amor. Sei que era verde e cheirava bem.

4 comentários:

Teresa Margarida Costa disse...

Simples e bonito... tal como o amor...

Ivar C disse...

Teresa Costa, obrigado. :)

Jubylee disse...

Já não passava por aqui há uns bons anos. Não sei se alguma vez me dei ao trabalho de comentar antes, mas hoje tenho de o fazer.
A escrita está melhor do que me lembrava.
Bendita a hora em que um amigo me encaminhou para aqui.

Ivar C disse...

jubylee, obrigado. :)