7.15.2015

pensamentos catatónicos (326)

Eu não acredito no Amor. Acredito, no entanto, num Amor. Um qualquer, desde que seja um e não o.
Cansa-me um bocado ver o Amor constantemente comparado à pasta medicinal Couto (só os portugueses com mais de trinta e oito anos é que percebem isto). Anda na boca de toda a gente, mas não no coração.
Eu explico-me melhor. Às vezes parece-me que o Amor é estúpido. A normalidade é quem não sabe Amar fartar-se de dar lições sobre o Amor a quem sabe ou, pelo menos, a quem tenta realmente saber. Esse Amor é estúpido, sim. Mas, felizmente, resta-nos o paraíso de um Amor. Só um, aquela ilha.
Quem sabe Amar percebe que o Amor só pode ser esse, o um. E como o Amor só pode ser um, é preciso ir contra aquilo que a maioria pensa que é o Amor em geral, ou seja, uma boa bosta: "Não te separes!", "Vê se aguentas o que tens, pelo teu filho", "Olha que, se o deixas, não sei se arranjas outro...".
O Amor é conservador e aconselha sempre mal. Vai contra aquilo que é e deve ser um único Amor, uma água quente efervescente e não um lago tépido e sujo. Quando Amamos, o Amor não é nada importante. O que importa é quem Amamos de facto.
Amemos alguém com intensidade, por favor, e esqueçamos aquilo que o Amor dos que não Amam diz que deve ser. Amemos uma única pessoa, mesmo que essa pessoa seja outra no dia seguinte. Amemos alguém, menos o Amor.
Por favor.

4 comentários:

Anónimo disse...

É isto mesmo, infelizmente.

Matilde

Ivar C disse...

Matilde, ou felizmente. depende... :)

paula disse...

pode quem não nos ama perceber o que amamos, quando amamos e como amamos?

Ivar C disse...

paula, não. certamente que não. :)