9.26.2006

Acontece

Acontece que vieste e sussurraste-me ao ouvido.
Acontece que te despiste, atiraste as tuas roupas para trás do sofá e sorriste.
Acontece que serenei, vi a luz que entrava pelos buracos da persiana amarrar-te as mãos, e percorri com a língua os teus rios, florestas e montanhas.
Acontece que te vi a esbracejar como um peixe fora de água, e entrei em todo o lado erecto como uma tábua.
Acontece que o suor lubrificava sem mágoa.
Acontece que explodimos num mar de espuma, esperma, baba e ranho.
Acontece que, sozinho, te vi nua enquanto tomava banho...

in "Numa Avenida de Merda", Ivar Corceiro. Edições Mortas 2005

[de repente lembrei-me do momento em que escrevi isto e apeteceu-me pôr aqui]