coisas que fascinam (161)
o fim da paixão e o princípio do Amor
Estou no comboio que liga as cidades do
Porto e de Aveiro. Mesmo à minha frente viaja um casal de alemães
que não consegue passar despercebido, embora gostasse de o fazer.
São ambos altos, loiros e devem ter cerca de sessenta
anos.
Já me fizeram algumas perguntas, em
inglês, sempre em voz baixa para que ninguém perceba que não são portugueses. A primeira foi logo na estação de São Bento, onde lhes
ensinei como funciona a bilhética da CP. Como vão visitar Aveiro
para onde, por coincidência, eu também me dirijo, sentaram-se ao pé de mim
a pedir conselhos para visitar a cidade.
Falámos cerca de vinte minutos e ele,
já cansado, adormeceu. Ela endireitou-lhe a cabeça com a brandura
duma mãe, encostou-a ao seu ombro e depois deu-lhe a mão. Eu abri o
meu computador para escrever qualquer coisa, neste caso este texto.
Há uns dias falava com uma amiga sobre
o fim da paixão e o princípio do Amor. Dizia-me ela que a paixão é
uma forma de começar uma relação, normalmente com muito sexo, suor
e lágrimas. Acha que, com o tempo, essa paixão se vai transformando
lentamente em Amor, ou então em nada. Zero. Quando se transforma em
nada, a relação acaba. Quando se transforma em Amor, a relação
continua.
A tese dela é que a paixão é o início. O Amor ou o nada vêm depois.
Eu não concordei com ela, se bem que
não tenha propriamente apresentado uma tese alternativa à
sustentação duma relação duradoura. A lei das probabilidades no
Amor impede-me de ser tão esclarecido. Mesmo assim acabei
de perceber, acho eu, onde ela queria chegar.
A esse propósito, estava aqui a
lembrar-me de fogosas paixões que tive e que rapidamente se
reduziram a cinzas. Talvez, de facto, continuar uma relação seja
uma opção consciente, pelo menos a partir de um determinado momento.
Agora, se me permitem, vou fechar o computador e olhar pela janela.
17 comentários:
Não acho que a teoria dela esteja totalmente errada... mas quem somos nós para desvendar os mistérios de tão nobre sentimento? ;)
Considero, sem a menor dúvida que sim, uma relação duradoira deve passar por uma decisão calculada de forma racional.
A vida não é amor e uma cabana, logo, apesar do amor, que devemos sentir, naquele momento devemos ter a convicção de que vamos continuar a senti-lo no futuro.
Porque esta convicção, no amor que sentimos e acreditamos ser retribuído, permite aceitar as idiossincrasias do outro e agilizar o resolver das dificuldades.
Ana
Com a tua amiga.
EJSantos.
Querido Bagaço,
Vejo-me desta vez tentada a concordar com a tua amiga...
A paixao é o inicio de tudo sim....porque até mesmo de uma amizade pode nascer a paixão....
beijinhossssss
estudante, lá está. eu não digo nadinha. :)
sexycouple, amor e uma cabana não é, mas amor e uma vivenda com piscina também não, nesse caso. :)
ejsantos, :)
quase nos "entas", pois pode... eu não digo que está errando, nem digo que está certo. :)
Concordo com ela.
O que falta para que continuar uma relação seja uma opção consciente, pelo menos a partir de um determinado momento, é ter consciência disso!
Gostei, em especial da parágrafo final " Agora, se me permitem, vou ... olhar pela janela." :)
morango azul, obrigado. :)
jolie, obrigado. :)
Sem querer respondeste-me a algo que me tem vindo a perturbar nos ultimos dias... Tenho tido muitas dessas situaçoes de fogo e cinzas mas de momento estou numa de fogo onde a coisa começa a adoçar e tenho tanto medo do que vem a seguir? Será que nao conseguimos mesmo perceber?
eva maria, o medo é que não pode fazer parte... :)
concordo plenamente, a paixão é o início que pode dar continuidade ao amor ou então ao nada. eu sou a prova disso, mas também à amor de com a continuidade acaba no nada...hummm, talvez porque o amor só com amor, não seja suficiente não sei, ou então porque se sente falta da paixão do início.
Concordo com a tua amiga :)
dri, eu cá não sei nada. :)
pipoca dos saltos altos, eu estou apaixonado há cinco anos... nem sei que diga. :)
sim. acho que também partilho da opinião da tua amiga =)
memyselfandi, eu não consigo. :)
A paixão é passageira, momentânea, louca e irreverente.
O amor é tranquilo, perdura no tempo, fica para nos deixar seguros e para nos lembrar que é necessário um pouco de paixão para que o amor não se perca por nada e nos deixe vazios... a combinação é quase perfeita*
flutuações da mente, a paixão é que não me passa, não sei porquê... :)
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