10.05.2014

pensamentos catatónicos (316)

O fim de qualquer Amor é uma despensa.
A minha máquina de café avariou-se. Preocupa-me metê-la no lixo, tanto por causa do seu valor comercial como pela ligação emocional que lhe tenho (sim, é possível ter uma ligação emocional com um objeto). Arrumo-a na despensa, onde todas essas preocupações vão morrendo devagar e, muito provavelmente, levo-a para o lixo daqui a um ano ou dois. Nessa altura já não me vai custar nada, porque entretanto deixou de fazer parte da minha vida.
Uma despensa não serve apenas para guardar aquilo que já não usamos ou só usamos de vez em quando. Serve, mais do que tudo, para aliviar. Pelo menos no meu caso.
Mal ou bem, vou tendo a minha casa mais ou menos arrumada, com as garrafas no sítio das garrafas, os livros no sítio dos livros, os discos no sítio dos discos e as panelas no sítio das panelas. É uma preocupação constante manter as coisas assim. A despensa é o sítio das despreocupações. É lá que está atirado tudo aquilo que não me preocupa, mas já preocupou.

9 comentários:

Liu Paim disse...

esses pequenos desapegos são um belo treino para algo maior e inevitável. como a mudança de cidade, a morte, a separação...

Ivar C disse...

lium paim, exatamente. :)

Unknown disse...

Eu tenho um quarto inteiro só para isso, que por sinal até é o maior da casa.... mas de vez em quando, entro lá e o contentor fica cheio.... outra vezes entro lá, volto a sair e a fechar a porta atrás de mim....

Terapia das palavras... disse...

Oh pá ..andei aqui a procura de escrita popaluruxa para descrever o que me ia na alma,,,e dou caras com isto,,E que e exatamente isto ,,sen tirar nem por.Muito bom..Excelente....Parabens .

E sabes que mais,,vou jogar a minha maquina de cafe pra la bem no fundo,,onde por muito que arrume a despensa ha smpre uma parte que nunca arrumo,,va-se la saber porque..beijinhos,,

Ivar C disse...

isabel ferreira, :)

terapia das palavras, beijinhos. :)

Terapia das palavras... disse...

beijinhos bagaço :)

Ivar C disse...

Terapia das palavras, :)

Fatyly disse...

Nas casas onde morei nunca tive despensa e como tal iam logo para o lixo, hoje vão para contentores próprios.

Agora tenho uma enorme despensa no meu coração e aí só ponho as coisas boas e positivas que me marcaram a vida:)

Um abraço

Ivar C disse...

fatyly, boa. :)