pensamentos catatónicos (301)
O Público dizia, na capa da sua edição de ontem, que os casamentos em Portugal estão a durar mais e os divórcios a cair. A culpada principal é a crise, que torna os membros de cada casal economicamente dependentes um do outro. É a confirmação de que este país está cada vez mais uma merda. A Economia já não controla apenas o Amor, mas também o desAmor.
Não foi neste país que eu nasci. Na verdade, já nem sei onde é que está esse país em que eu nasci, mas um dia destes saio daqui e vou procurá-lo noutro sítio qualquer. Talvez o encontre, talvez não, mas sei que está exactamente onde as pessoas acordam umas ao lado das outras todas as manhãs porque gostam uma da outra. Só por isso, não por outro motivo qualquer.
O Amor não é um contrato, nem sequer uma promessa. É cada suspiro que damos quando estamos afastados de quem Amamos, cada gota de suor que partilhamos. No final é cada dia que passa. Não cada ano financeiro. Mais um bocadinho e os contabilistas começam a ter uma alínea orçamental para o Amor. Este ano podemos Amar-nos até duzentos e cinquenta euros. Depois disso acabou porque temos que comer qualquer coisa. Nada mau.
Um país é tanto pior quanto o número de ombros que se encolhem para não enfrentar a vida, e Portugal é um país de ombros encolhidos perante tudo e mais alguma coisa. Encolhemo-nos agora perante a evidência que, depois de perder tudo, perdemos também a capacidade de Amar.
Não foi neste país que eu nasci. Na verdade, já nem sei onde é que está esse país em que eu nasci, mas um dia destes saio daqui e vou procurá-lo noutro sítio qualquer. Talvez o encontre, talvez não, mas sei que está exactamente onde as pessoas acordam umas ao lado das outras todas as manhãs porque gostam uma da outra. Só por isso, não por outro motivo qualquer.
O Amor não é um contrato, nem sequer uma promessa. É cada suspiro que damos quando estamos afastados de quem Amamos, cada gota de suor que partilhamos. No final é cada dia que passa. Não cada ano financeiro. Mais um bocadinho e os contabilistas começam a ter uma alínea orçamental para o Amor. Este ano podemos Amar-nos até duzentos e cinquenta euros. Depois disso acabou porque temos que comer qualquer coisa. Nada mau.
Um país é tanto pior quanto o número de ombros que se encolhem para não enfrentar a vida, e Portugal é um país de ombros encolhidos perante tudo e mais alguma coisa. Encolhemo-nos agora perante a evidência que, depois de perder tudo, perdemos também a capacidade de Amar.
15 comentários:
Está tudo dito....
perdemos ..a capacidade de amar.
Beijinhos Bagaço
nos"entas!!!! ( e feliz), beijinhos. :)
eu separei-me em pleno tempo de crise...
fiz bem!
Olha que por vezes é nas adversidades que amamos mais, que nos unimos mais.
O país que está uma merda lá isso está, já esteve outras vezes no passado, dizem sempre que esta crise é pior...para mim o pior é estarmos a ser governados por políticos da treta que defendem o seu tacho versus cor política e o resto que se lixe.
Gostei deste retrato e jamais tenho os ombros encolhidos e faço tudo para que outros os desencolham.
Parabéns amigo!
Beijos
Percebo o que dizes!
Mas amamos por tantas razões...
(as melhores são aquelas que não compreendemos)
Acho que também é válido o amor que alguém sente por outro por esse o deixar seguro(a). Por ser pilar no meio da crise (esta global, ou outras mais privadas).
Estou só a tentar emprestar um outro olhar... :)
Mas não acho que seja o amor quando não há escolha! A isso chama-se dependência... não a considero uma forma de amor!
anónimo, fizeste bem de certeza. :)
fatyly, obrigado. :)
Boop, nunca compreendemos, pois não? :)
Infelizmente hoje em dia o "amor" tornou-se uma forma de suportar a crise ... por se divide tudo a meias menos o que se deve
eva maria, só que isso é insuportável. :)
Sabendo de antemão que alguns apenas casam para sairem de casa.. apenas casam para ter alguém com quem dividir as despesas.. apenas casam por sozinhos não conseguiram suportar todas as despesas, isto não surpreende claro.
Com a crise que temos, é muito fácil encontrarmos casais em que um dos dois está desempregado, ou em que o orçamento familiar desceu drasticamente, fruto do aumento dos impostos.. do aumento do custo de vida.. e quiça de baixas salariais.
Face à alternativa, quem sabe alguns optam por aguentar os cavalos.
Então se houver filhos pelo meio.. presumo que romantismos.. e o próprio amor passem para segundo plano.. o instinto de sobrevivência é mais forte.
Pareces-me um idealista.. isso é óptimo.. mas como bem sabemos.. nas horas boas tudo é fácil.. nas horas más.. poucos são os se mantém fieis a eles mesmos.
Abc
tomate roto, eu não estou a criticar pessoas, mas sim o sistema. de resto, percebo bem o que dizes. :)
que bonito...
Eu compreendo tão bem este texto... E estou tão de acordo com ele.
Mas eu deixei de amar quem amava. O amor acabou, foi acabando? Não sei. Sei que já não tenho um amante mas terei sempre o pai do meu filho. E sim, mantemo-nos juntos na mesma casa porque não há dinheiro, não há margem de manobra, há uma criança a quem temos de dar condições. E manteve-se o respeito pelo outro.
Se é difícil de gerir? É a coisa mais difícil de gerir com que alguma vez lidei.
Mas é a realidade... Não perdi a capacidade de Amar, espero. Há-de haver outro futuro para mim, espero. Há-de haver outro espaço, outro caminho rumo a uma maior felicidade. Por agora, centro-me na capacidade de amar o meu filho, na esperança (sempre a esperança!) de que esse Amor me traga, para já, o que preciso para seguir.
Um abraço para ti.
cláudia g, obrigado. :)
anónimo, compreendo, mas sinceramente não estou aí... :)
mto bom este teu texto :) gostei muito, mesmo muito.
C
c, obrigado. :)
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