cansado do mundo
Um japonês esfaqueou várias pessoas porque estava cansado do mundo. Não sei muito bem o que é estar cansado do mundo mas, no entanto, tenho a certeza que para estar cansado do mundo é preciso primeiro ter a sensação de que o mundo se cansou de nós. Estranho é que o mundo que se cansa de nós é sempre aquele com alta densidade populacional.
Nos Estados Unidos um idoso foi atropelado e ficou ferido no chão sem que ninguém lhe prestasse qualquer ajuda, apesar da proximidade de muitas pessoas. Se calhar somos como os ratos e o mundo é apenas uma caixa onde começa a haver ratos a mais. Sempre pensei que um dos aspectos da evolução da espécie viesse a ser a nossa crescente capacidade de nos pormos no lugar dos outros. Enganei-me... cada vez o fazemos menos. Às vezes também me sinto cansado.
15 comentários:
Invadindo com a sua licença...
"O professor disserta sobre ponto difícil do programa.
Um aluno dorme,
Cansado das canseiras desta vida.
O professor vai sacudi-lo?
Vai repreendê-lo?
Não.
O professor baixa a voz,
Com medo de acordá-lo."
Carlos Drummond de Andrade
Cada vez nos tornamos mais insensiveis.
Insensiveis para com a dor dos outros e para com a nossa própria.
O mundo à nossa volta faz-nos ser cada vez mais assim e a nossa grande culpa é deixarmos que isso aconteça.
Por isso acho que, nem que seja de vez em quando, devemos parar e pensar.
Que mais não seja para chegarmos à conclusão de que nos sentimos cansados.
anja rakas, lol... claro que eu nunca tive o carlos drummond de andrade como professor... mas, se ele fosse vivo, acho que ia pró Brasil só para ter. :)
pax, cada vez estamos mais longe uns dos outros, apesar de cada vez estarmos mais perto. :)
eu hoje também estou cansada, mas foi porque não preguei olho até às 5 da manhhã. resolvi tomar um chá do japão que devia ter cocaína. será que o japonês tb tomou esse chá?
Quando eu era garota brincava com as outras crianças na rua. Inventava, caía, esfolava os joelhos, rompia a biqueira dos sapatos a trapar a muros e levava ralhetes.
Pergunta a alguém com menos de 20 anos se sabe o que é isso.
Isso era estarmos próximos uns dos outros.
Agora estamos "contactáveis", não próximos.
subtilezas, diz-me só onde é que compraste esse chá, por favor. :)
pax, pois... eu roubava figos e chocolates... até ser apanhado. mesmo assim não dei em ministro. mas tens razão, sim. :)
Eu contruía carrinhos de rolamentos para descermos a ladeira, lol (agora é que vejo como era maria-rapaz), mas também não sou engenheira :)
"(...)até ser apanhado."
É aqui que está a única diferença entre o teu historial e o dele.
;)
pax, foi por um triz... :)
ahahahah* vou perguntar ao meu amigo* garanto te que hoje não me sinto nada bem. por causa do chá os dois neurónios que me restam estão de relações cortadas e confesso que tenho vontade de esfaquear o patrão. nada aconselhavel*
http://www.nipofilia.com/masturbatona-2008/
mais japão
subtilezas, pergunta na mesma. :)
Quando dizes que sempre pensaste que um dos aspectos da evolução da espécie seja a crescente capacidade de nos pormos no lugar do outro,fizeste-me pensar...é que nem é um valor transmitido, deveria ser, a bem de todos nós, um princípio intrínseco. Mas não é. Talvez entre nós, humanos, hajam niveis de evolução diferentes; não falo da teoria, pois teoricamente nenhum de nós faz ao outro o que não gostamos que nos façam a nós. Falo na prática, pois só a vivendo temos a nossa resposta, que vai além de "achares".
Quantos de nós teria socorrido o senhor atropelado? Uns sim, outros não, e isso diferencia-nos...
Li este post ontem , e hoje, ao estudar uma matéria- Desenvolvimento Moral - deparei-me com estudos de Kolberg, cujos resultados dizem que o nível de princípios éticos universais é atingido por uma ínfima parte da população, i.é,e a exemplo, a maioria das pessoas teria socorrido o senhor atropelado se houvesse uma punição clara caso não o fizesse; não o faria por, naturalmente, o considerar certo.
Achei curioso, embora não seja surpreendente. Mas afinal é por isso que temos leis...não seriam necessárias se todos tivessemos o principio de ética universal, que para a minoria é natural, para a maioria, utópico.
Beijos
moura, obrigado pelo teu comentário. gostei de ler, só não concordo que "teoricamente nenhum de nós faz ao outro o que não gostamos que nos façam a nós". há regimes políticos postos em prática no século passado que mostram que sim, que se faz aos outros o que não se gosta que nos façam a nós. :)
Sim,bem visto...quis dizer que, ao conversarmos com alguém, a maioria de nós diz que tem esse principio...na teoria.E só na prática o vemos.
Não fui tão longe quanto tu:)
Mas já agora, neste século continuam a haver regimes assim, que mostram que sim...mas olha, que como sou utópica, considerando que a utopia não é sinónimo de impossibilidade, tenho esperança que demora mas terão um fim...a carta dos direitos humanos, a abolição da pena de morte( mesmo funcionando em pequena escala )são retratos de algumas mudanças, que nos mostram que mesmo ínfima, a minoria faz a diferença. e confio
que essa diferença acabe por pervalecer, um dia.
confio no ser humano, confio em nós,( sou realmente utópica) apesar de tudo parecer pior e de também estar cansada tantas vezes.
Perdoa, sinceramente, a extensão dos meus comentários aqui na tua casa.
moura, eu também confio... aliás, para além do Homem não há mais nada em que se possa confiar já que, feliz ou infelizmente, Deus não existe e a sorte também não. Não gosto muito que te aches utópica. Utópicos são aqueles que acham que o mundo actual funciona e que não é preciso mudar nada. Para mim é óbvio que não funciona e é preciso mudar tudo.
Quando falo de sistemas políticos, concordo contigo que continuam a haver regimes assim (até o nosso, embora revestido duma capa de justiça). :)
Enviar um comentário