respostas a perguntas inexistentes (296)
um brinde
Lembro-me da primeira vez que tentei matar por interesse. Com excepção do curso que tirei no Politécnico do Porto, nunca fui um aluno propriamente brilhante. Desde cedo revelei alguma incompatibilidade com a escola, tão incompatível que, para ser sincero, eu próprio não me apercebia que era um aluno à parte.
Um dos miúdos que eu conhecia e que também era um mau aluno vivia mesmo ao meu lado. Não dava nada para os estudos, mas dava para o negócio. Com doze anos já vendia de tudo aos colegas, desde relógios a doces e também ratos brancos. Nunca fomos grandes amigos, mas foi a ele que eu comprei um rato para levar para a aula de Ciências da Natureza, com o intuito de ser aberto. O rato ia morrer, mas era uma rara oportunidade que eu tinha de fazer qualquer coisa de positivo naquela disciplina.
O Filipe, sim, era um bom amigo. Também era um excelente aluno. Depois de termos estado todos a fazer festinhas ao rato, ele emocionou-se, pegou na caixa com o animal e fugiu. Soltou o bicho pela rede de arame para uns terrenos onde, na altura, apenas crescia milho. Enfureci-me e bati-lhe. Ele também me bateu. Ficámos os dois bastante marcados e chorámos bastante tempo. Menos mal, foi desde esse dia que nos tornámos amigos inseparáveis.
Talvez o Filipe, que já não está entre nós, tenha sido o meu grande amigo de infância. Foi a ele que confessei o meu primeiro Amor falhado. E o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto e o sexto. Na verdade perdi-lhe a conta. Era criança e apaixonava-me todos os dias porque nem sequer sabia o que era o Amor. Bons tempos, esses, em que não sabemos o que é o Amor mas sabemos o que é a Amizade.
Hoje o movimento na minha loja esteve parado. Fiquei um bocado de tempo a olhar, surpreendido, para duas crianças que faziam equilibrismo no muro do outro lado da avenida. Tocavam-se a medo para tentar fazer o outro cair. Tantas vezes que eu brinquei assim com o Filipe. Se ele estivesse ali, provavelmente tínhamos bebido e brindado com uma cerveja. Como não está, é este o meu brinde para ele.
Lembro-me da primeira vez que tentei matar por interesse. Com excepção do curso que tirei no Politécnico do Porto, nunca fui um aluno propriamente brilhante. Desde cedo revelei alguma incompatibilidade com a escola, tão incompatível que, para ser sincero, eu próprio não me apercebia que era um aluno à parte.
Um dos miúdos que eu conhecia e que também era um mau aluno vivia mesmo ao meu lado. Não dava nada para os estudos, mas dava para o negócio. Com doze anos já vendia de tudo aos colegas, desde relógios a doces e também ratos brancos. Nunca fomos grandes amigos, mas foi a ele que eu comprei um rato para levar para a aula de Ciências da Natureza, com o intuito de ser aberto. O rato ia morrer, mas era uma rara oportunidade que eu tinha de fazer qualquer coisa de positivo naquela disciplina.
O Filipe, sim, era um bom amigo. Também era um excelente aluno. Depois de termos estado todos a fazer festinhas ao rato, ele emocionou-se, pegou na caixa com o animal e fugiu. Soltou o bicho pela rede de arame para uns terrenos onde, na altura, apenas crescia milho. Enfureci-me e bati-lhe. Ele também me bateu. Ficámos os dois bastante marcados e chorámos bastante tempo. Menos mal, foi desde esse dia que nos tornámos amigos inseparáveis.
Talvez o Filipe, que já não está entre nós, tenha sido o meu grande amigo de infância. Foi a ele que confessei o meu primeiro Amor falhado. E o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto e o sexto. Na verdade perdi-lhe a conta. Era criança e apaixonava-me todos os dias porque nem sequer sabia o que era o Amor. Bons tempos, esses, em que não sabemos o que é o Amor mas sabemos o que é a Amizade.
Hoje o movimento na minha loja esteve parado. Fiquei um bocado de tempo a olhar, surpreendido, para duas crianças que faziam equilibrismo no muro do outro lado da avenida. Tocavam-se a medo para tentar fazer o outro cair. Tantas vezes que eu brinquei assim com o Filipe. Se ele estivesse ali, provavelmente tínhamos bebido e brindado com uma cerveja. Como não está, é este o meu brinde para ele.
7 comentários:
<3 <3
A capacidade que os rapazes têm de criar ligações à porrada é fenomenal. O puxar de cabelos das miúdas só magoa. Os vossos murros de impulso com o corpo todo acabavam num jogo de berlinde. Fenomenal.
Comovente e junto-me ao teu brinde!
Beijos
Fiquei e pensar porque é que ele já não está entre nós e que seria bom que estivesse.
um beijinho
Gábi
sophie, :)
maria das palavras, também nos zangámos algumas vezes... :)
fatyly, obrigado. :)
redonda, morreu num acidente em França. :(
Brindo contigo, posso? À amizade!
Beijo, Bagacinho! :)
Maria Eu, claro. Beijinho. :)
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