calma
Tenho amigos com quase só falo sobre mulheres. Tenho amigos com quem gosto de falar sobre mulheres, tenho amigos com quem não gosto de falar sobre mulheres.
Um dos amigos com quem quase só falo sobre mulheres e que, por acaso, até costumo gostar de falar com ele sobre mulheres, diz-me que não devo investir numa só pessoa. Que assim fico dependente e as coisas podem correr mal dum momento para o outro, até porque a pessoa em que eu gostava de investir anda silenciosa. Demasiado silenciosa para o que já se passou, insiste ele.
Não sei, respondo-lhe, não sei mesmo. Até posso investir em mais do que uma pessoa, mas não em simultâneo. É que na verdade nem sequer consigo fazer isso. Vou esperar um bocadinho e tentar manter alguma calma. Depois logo se vê, concluo.
Esperar, esperar, esperar. Olha-me com pena (detesto isso). És capaz de passar o resto da tua vida a esperar, diz depois, e remata que eu devia deixar de olhar numa só direcção. Que nem percebo o que me anda a passar ao lado.
Coço o nariz (faço isso às vezes). Digo-lhe que se não percebo é porque, em princípio, não vale a pena perceber.
Vamos depois beber um fino numa esplanada, que está bom tempo. A minha filha brinca a cinco metros de nós. Ele está com pena de mim, lá no fundo. Eu estou com pena dele, lá no fundo. É uma merda quando temos pena uns dos outros, penso. É certo que há alguma coisa que está mal, ou nele, ou em mim, ou em ambos (o mais provável). Mas sim, vou esperar, tentar manter a calma e depois logo se vê.
Tens a certeza? - Pergunta-me. Tenho, e bebo mais cerveja. Não percebes mesmo nada de mulheres, diz-me. Pois não, respondo já impaciente, foi muito tempo a viver com a mesma pessoa, mas a verdade é que me soube bem. Faz-se silêncio e eu dou mais um tiro: mesmo quando me soube mal, soube-me bem. Ele ri-se. Eu nem por isso.
Diz-me que a ***** não gosta de mim, e trata-me por pá. Parte para outra, insiste de novo.
Não... vou esperar, vou manter a calma.
8 comentários:
Mantem a calma, pá. Ela agora está mais livre. Vais ver que tudo bate certo,pá. M
Mantem a calma, pá. Ela agora está mais livre. Vais ver que tudo bate certo,pá. M
O teu amigo tem razão e andam coisas a passar-te ao lado, pelo menos uma.
uma a passar-te ao lado? como é possível? A senhora está no papo, nao percebeste? M
tenho para mim (olha bem a categoria deste começo) que um gajo (ou uma gaja) quando se divorcia deve ter muita calma e não querer recompor tudo imediatamente, talvez porque de súbito se achou sem rumo e tristemente só e faz-lhe falta um colo, seja ele qual for (aliás o colo novo é certamente melhor que o anterior... pelo menos por uns dias).
ou seja: acho que os homens têm uma necessidade muito grande de refazerem a vida, como se fosse preciso ter tudo e ser tudo como antes...
Também já vi acontecer o mesmo às mulheres...
Ora, não sendo eu a melhor conselheira... caíu-me bem este título - calma.
Contudo, o que sinto aqui e noutras coisas que escreves, é tudo menos calma.
... e agora ... já não sei quem sou para assinar esta conversa da treta.
Para Fausta estou demasiado séria; para Elipse teria de escrever muito mais e cairia num discurso meio fraterno, meio maternal...
Então... se mantiveres a calma estás no bom caminho.
Fausta/Elipse, estou a tentar tentar ter calma mas não é nada fácil. Tenho para mim que devia ter mais... :)
Ter "pena" é muito deprimente.
(.')
:)
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