coisas que fascinam (162)
A memória mais forte que tenho dela é o toque dos seus dedos. Foi com ela que aprendi que a compatibilidade entre duas pessoas pode ser o toque, muito mais do que a voz, a semântica ou o cheiro. Ou melhor, os toques todos. Aqueles que acontecem quando se dá a mão na fila do supermercado e se discute o preço dos chocolates, mas também os outros, que nascem e morrem no segredo duma cama.
Por causa desses toques, caminhámos em silêncio durante uma parte importante da nossa vida, unidos pelos dedos. Uma vez parámos num pequeno café em Espanha, a caminho de lugar nenhum. Lembro-me das ruas desertas, do calor intenso e do estranho sabor agridoce na boca, logo pela manhã. Era ali que eu tinha prometido levá-la, para a devolver a casa depois daquele tempo que decidimos ser o nosso. Deu-me um abraço, estendeu-me a palma da mão esquerda no ar e colou a dela à minha. Ao afastá-la, brincámos com as pontas dos nossos dedos, como se todos os toques estivessem ali guardados.
Acho que ainda estão. Eu, pelo menos, ainda os sinto.
8 comentários:
Lindo :)
estudante, obrigado. :)
há qualquer coisa de maravilhoso quando se anda de mão dada....
há uma entrega..
pena que acabe .....pena
beijinhos Bagaço :)
quase nos "entas", acaba para começar de novo... :)
é, bem isso.
(obrigada)
dani, obrigado. :)
Quando se está apaixonado, o toque é algo de transcendente! :))
malena, pois é... pois é... pois é... :)
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