4.19.2011

respostas a perguntas inexistentes (143)

pasta dentífrica

Não acredito em conselheiros matrimoniais. Aliás, o facto de alguém achar que pode dar conselhos a um Amor que não lhe pertence é a primeira prova de que não percebe nada do assunto. O Amor não admite conselhos. Se porventura o admitir uma vez que seja deixa de ser Amor. Morreu ou, como dizem os brasileiros, danou-se.
Os conselheiros matrimoniais são pessoas que acham coisas mas não sabem nada. Nada de nada. Normalmente dão conselhos sobre o comportamento de cada um dos Amantes, ou porque acham que um deles fala demais e isso prejudica a relação, ou porque o outro é possessivo e isso prejudica a relação, ou porque o raio o parta e isso prejudica a relação. Não percebem que quando se Ama uma pessoa que fala demais, por exemplo, é assim que tem que se gostar dela, a falar demais. Se não se gosta e se lhe pede que fale menos, então não se ama essa pessoa. Ama-se aquilo que se imagina que ela devia ser.
Até se pode Amar uma pessoa que passou a falar menos porque foi aconselhada assim, mas só se a Ama mais ou menos. Também sabe bem, mas não sabe tão bem quanto o outro Amor, aquele que é só Amor e exclui o "mais ou menos".
É por isso que o Amor é raro, mas é também por isso que ele sabe tão bem. Um homem pode passar décadas a Amar "mais ou menos" sem perceber que lhe falta qualquer coisa. Eu só o descobri um dia quando estava a lavar os dentes e, por entre a espuma da pasta dentífrica, disse uma série de asneiras que pontilharam o espelho da casa de banho de pintinhas brancas. Eram asneiras felizes que brotavam dos meus lábios como um vulcão em actividade porque era assim também que estava o meu coração: em actividade. E quando ela me disse, num ar grave e sério, que eu tinha que limpar o espelho, continuei a Amá-la sem pestanejar.

11 comentários:

CurlyGirl disse...

Queria dizer mais do que um "gostei muito", mas a verdade é que gostei muito. E gostar muito de uma coisa quer dizer mais do que pode parecer.

H. Santos disse...

"Se não se gosta e se lhe pede que fale menos, então não se ama essa pessoa. Ama-se aquilo que se imagina que ela devia ser."

Essas duas frases fizeram-me viajar no tempo amigo.

Assim foi a minha única relação (vamos chama-la amorosa, mal, mas vamos chama-la) até hoje.
Eu sou um 8 e a moça queria um 80 e tentou por-me o zero, não tinha como dar certo...

Foda-se que estar acordado até esta hora a ler os teus post's é uma terapia do caraças...

obrigado pelo momento, as vezes é preciso viajar, para ver e aprender.

BRAVO BAGAÇO

cristina disse...

O que ri com este post !!:)))

Helena disse...

Quando se ama...ama-se por completo; ou seja, com as qualidades e defeitos! :)

Fatyly disse...

Também nunca acreditei e muito menos nos que nunca tiveram uma experiência de uma "vida a dois" que até podem saber a teoria mas nunca souberam a prática. Podem ajudar sim por serem apenas bons escutantes, o que todos nós precisamos né?

Mais, podemos e devemos ajudar, sobretudo ouvir, quem anda em conflitos, mas a minha receita/prática pode ter efeito contrário nos outros, porque nada é igual.
Nunca fui adepta do "mais ou menos" no quer que seja, e no que toca ao amor subscrevo o que dizes, amar o outro com defeitos e qualidades e exemplificas de uma forma soberba na parte final, mas cá que ninguém nos ouve: quem não adora borrar o espelho com pintinhas? lol

Adorei e parabéns pelo post!

Anónimo disse...

Muito bom ! gosto da forma, como falas do amor, e de como de pequenos momentos do dia a dia o retratas tão bem .
:)

Ivar C disse...

curlygirl, obrigado. :)

cota, nem imaginas o que te entendo... :)

cristina, :)

helena, eu nem lhes chamo defeitos. características, vá... :)

fatyly, obrigado. :)

maria, obrigado. :)

memyselfandi disse...

Eh pá! "continuei a amá-la sem pestanejar." INVEEEEJAAAAA! =)

Ivar C disse...

memyselfandi, lol. :)

Eli disse...

Concordo. É que nem preciso de pestanejar.

:)

Ivar C disse...

eli, :)