9.30.2015

respostas a perguntas inexistentes (341)

Já agora

Num Amor há sempre dois. Aquele que um sente pelo outro e o que o outro sente pelo um. Quando se está apaixonado, pode ter-se a sensação de que o Amor entre duas pessoas está algures no meio delas, como uma força invisível que influencia ambas. Não está. Duas pessoas podem Amar-se muito sem se encontrarem sequer no caminho que as leva ao outro. E ao um, já agora.
A grande causa disto é o nosso próprio umbigo. A maior necessidade que temos é de nos sentirmos especiais e Amados e é por isso que nos damos ao trabalho de considerar outra pessoa especial e Amá-la. Por isso e pelo sexo, já agora.
É claro que todos temos mais ou menos esta percepção mas, por uma questão de conveniência, estamos sempre a esquecer-nos dela. É daí que surgem os primeiros problemas no Amor. Quando um homem diz à sua Amada que precisa de mais tempo com ela, está na verdade a dizer que precisa que ela o Ame mais. E que o assuma, já agora. 
Não é grave. No egoísmo e na arte de nos considerarmos dignos da atenção do outro somos todos iguais. É que, ainda assim, o Amor mantém-se como uma escolha única e um milagre cósmico quando acontece. Se é verdade que não optamos apenas por quem queremos Amar, é mais verdade ainda que somos muito exigentes a escolher por quem queremos ser Amados. É a isso que chamamos Amor, já agora.
Eu, já agora, costumo dizer que me custa muito apaixonar-me, mas o que me custa mesmo muito é querer ser Amado por uma qualquer. Neste meu egoísmo enorme, já agora, sou tão igual a vocês que sei que me compreendem. 

9.29.2015

conversa 2163

(em minha casa, durante o FC Porto - Chelsea)

Eu - Porque é que o Porto não tem publicidade nas camisolas?
Ela - Não sei...
Eu - Mas é giro não ter...
Ela - Para mim é igual.
Eu - E há um jogador do Chelsea que tem uma máscara...
Ela - Deve ter-se aleijado no nariz...
Eu - Ah! A publicidade nas camisolas do Chelsea é uma cidade japonesa. Que estranho!
Ela - É uma marca de pneus.
Eu - Também é uma cidade. Eu sei porque viveu lá um amigo meu.
Ela - Então é porque a empresa é de lá...
Eu - Este guarda-redes do Porto é aquele muito conhecido, não é?
Ela - Queres-te calar e deixar-me ver o jogo?! Pareces uma gaja!

respostas a perguntas inexistentes (340)

A primeira vez que nos apaixonamos é uma tortura. Somos ainda crianças e passamos a acreditar que aquele é o único e possível Amor da nossa vida. É um Determinismo saloio, mas assustador, porque é muita responsabilidade para tão tenra idade saber que falhando um Amor se vai falhar a vida toda. 
É por isso que a segunda vez é tão importante. Com a segunda paixão abrem-se as portas do futuro, pois percebemos que nos podemos apaixonar uma e outra vez até que uma (pelo menos) dê certo. Se me lembro com dor e sofrimento do primeiro Amor que me falhou, lembro-me apenas da tentação no segundo, que por acaso também me falhou.
Os Amores falhados tornam-se então das melhores coisas da vida. Na adolescência, o pior que nos pode acontecer é não falhar Amor nenhum, nem que seja para percebermos que o Amor também é aleatório. Para viver um grande Amor é preciso exactamente o mesmo que para viver cinco ou seis grandes Amores. Então, viva-se os cinco ou seis.
Depois crescemos e o Amor passa a ser memória, talvez por já não olharmos para o futuro com a mesma suavidade como quando éramos crianças. Gostamos de saber que do tempo que passámos há momentos que não foram nem nunca serão só nossos, nem que seja o de um simples café à beira-mar.
Que nos apaixonemos muitas vezes quando somos novos para nos conseguirmos apaixonar apenas uma vez ou duas em adultos. Se assim for, o Amor só falhou para nunca mais falhar.

9.28.2015

coisas que fascinam (191)

Os homens sós são aqueles que nunca parecem tristes. Ficam sempre mais um bocadinho onde quer que seja, se puderem, à espera que o mundo mude. No balcão de um bar, no banco duma praça ou na atenta observação duma peça de museu. O mundo nunca muda, mas a expectativa é essa. 
Os homens sós são esses, os que esticam sempre mais um bocadinho cada momento da vida, porque sabem que um grande um Amor pode caber nesse bocadinho. É uma inversão da Física, algo tão grande caber em algo tão pequeno, mas é isso que lhes permite sorrir, talvez por a hipotética mudança do mundo ser sempre uma mulher.
Se por acaso acontecerem mesmo, as coisas que nunca acontecem são as melhores. A mudança do mundo, por exemplo. É por isso que eles nunca parecem tristes. É tão fácil como outra coisa qualquer, o não Amor. É só esperar que o mundo mude num bocadinho.

O ideal feminino do Estado Novo

Morreu mais uma mulher, desta vez em Paços de Ferreira, às mãos do marido. As vítimas de violência doméstica são (quase) sempre mulheres, provavelmente porque há mais homens estúpidos do que mulheres estúpidas. Ainda assim, o erro está em pensarmos que mais uma promessa de Amor que acabou em morte se deve exclusivamente ao facto de estarmos a falar de um homem estúpido.

Não deve.

O homem estúpido é apenas uma das condições necessárias para que este tipo de crimes aconteça, mas o principal chama-se cultura, e é isso que temos urgentemente que mudar. Agredir a mulher, silenciar a mulher, provocar sofrimento à mulher ou torturar a mulher é uma questão cultural no nosso país. Sempre foi normal encostar a mulher a um canto da vida, através da limitação violenta do seu papel social e económico na sociedade. Aquilo que é normal durante séculos não o deixa de ser de um dia para o outro. Infelizmente.

No curto mas intenso documentário "O ideal feminino do Estado Novo", que podem ver no link a seguir, é fácil contextualizar o que eu estou a dizer, mas o mais importante é o que vos peço: não se remetam ao silêncio quando sabem da existência de um homem estúpido.

O ideal feminino do Estado Novo

9.26.2015

conversa 2162

(ao telefone)

Ela - Apetece-me passar o sábado em casa sozinha, enrolada no sofá, a ver filmes.
Eu - Parece-me bem.
Ela - Queres cá vir?
Eu - Não. Se eu for aí já não estás sozinha.
Ela - Bem visto. É melhor não vires.

9.25.2015

respostas a perguntas inexistentes (339)

A mulher e a arte

Quando lemos livros, vemos filmes ou ouvimos músicas aprendemos sempre alguma coisa. Não obrigatoriamente o que os livros nos dizem, os filmes nos mostram ou as músicas nos fazem sentir, mas sim o simples facto de percebermos o que é a diversidade.
Tudo o que a arte nos mostra é que somos pequenos demais no tempo para tudo o que existe. A nossa vida não chega para tudo. Se não fizéssemos mais nada senão ler, ver filmes e ouvir músicas, mesmo assim a nossa vida não chegava para conhecer uma ínfima parte do que já se fez neste ínfimo planeta com a nossa ínfima espécie.
É por isso que existem pessoas ou obras famosas. De entre tudo o que existe, sem nos apercebermos disso, escolhemos uma pequena parte de tudo o que se faz e chamamos-lhe "tudo o que vale a pena conhecer". É uma forma de minimizar o nosso esforço para conhecer tudo. "O Grito" do Munch, "O Código da Vinci" do Dan Brown ou o "Help" dos Beatles são apenas alguns exemplos do que integra esta ínfima selecção do falso tudo.
Quando um homem Ama uma mulher, passa-se exactamente o mesmo. Um homem pode Amar muitas mulheres, mas nem a vida nem a felicidade chegam para isso. Amar uma é o truque. Ela torna-se o único elemento de "tudo o que a pena Amar" e o resto torna-se dispensável.
É por isso que as mulheres são, elas mesmas, toda a diversidade. Uma mulher pode sempre ser "O Grito" do Munch, "O Código da Vinci" do Dan Brown ou o "Help" dos Beatles. Um homem é apenas quem tenta perceber o que lê, o que vê e o que o ouve. Não é fácil, mas vale a pena tentar.


9.24.2015

pensamentos catatónicos (334)

O Amor não chega, pois não?

Um dia vou-me apaixonar para sempre, nem que seja a última coisa que faço na vida. Um dia antes de morrer, por exemplo. Nesse dia será mais fácil porque já não será necessário discutir a vida nem as formas de nela ser feliz.
Sei que se me apaixonar nesse dia e olhar para trás, para os Amores passados, vou sorrir como se olhasse para uma pequena borboleta que enquadrei e perdi de vista logo a seguir. É assim que são os Amores, tão esvoaçantes e trémulos quanto um qualquer voo errante.
Aviso: este não é um texto triste. É um texto que me liberta na mais maravilhosa das minhas condições: a de homem, tão pouco e muito importante como outro qualquer. Chama-se materialismo ou, se preferirem, um café um bagaço.
Quanto é que custa ser feliz? Quanto custa dar um abraço a um amigo triste ou a mão na rua ao namorado? Quanto custa dizer que se Ama alguém ou, pelo menos, que esse alguém é importante para nós? Não custa nada.
Mas se é verdade que quem conta um conto acrescenta um conto, não é menos verdade que nunca se fala dos pontos que andamos a tirar aos contos da nossa vida. Acrescentamos os contos que custam alguma coisa, e esquecemos os pontos que não custam nada. Tudo o que é importante tem que ter um preço, porque desaprendemos a viver sem esse falso Deus que é o preço do que se tem. Ou não tem, claro.
Tudo o que vivi de feliz nos últimos cinco dias da minha vida foi saber que a minha filha existe, um jantar com um primo distante, uma praia com uma amiga próxima e um abraço musicado por uma lágrima. Adivinhem! O custo foi o tempo que passou, que foi também o lucro da coisa.
Talvez um dia destes o mundo acorde e perceba que o défice que todos temos é perdermos a vida por causa dum défice que não o é de facto e, nesse dia, nunca mais ninguém me diga que o Amor não chega. Mesmo que um dia antes de morrer.

9.23.2015

tá de chuva

O mundo era mais fácil se as mulheres tivessem boletim meteorológico, porque é maravilhoso habitá-las quando o tempo está bom. O problema está todo nas tempestades e na forma imprevisível como surgem, principalmente porque os homens raramente andam de guarda-chuva.
Para hoje prevê-se céu limpo ou pouco nublado, temperatura amena e vento fraco. Quando lhe ligar a perguntar se ela está bem, no entanto, o telefonema pode começar com aguaceiros fracos e períodos de muito nublado, ventos fortes e possibilidades de chuva.
Ou ainda mais fácil: tá de chuva.

conversa 2161

Ela - Os homens são mesmo palermas...
Eu - Porquê?
Ela - Porque sim. Acreditas que fui para a cama com um tipo esta semana e ele me perguntou o que é que eu achei do pénis dele?
Eu -  E o que é que respondeste?
Ela - Que é jeitosinho.
Eu - E ele?
Ela - Amuou.

9.22.2015

respostas a perguntas inexistentes (338)

Ama-me sem favor

A maior crueldade do Amor é que não podemos Amar por favor. Ou Amamos ou não Amamos, ou somos Amados ou não, mas nunca ninguém ninguém cai no erro de pedir a outra pessoa que, por favor, a Ame. A não ser eu, talvez. Peço baixinho, sem ninguém ouvir, mas peço-o. É a minha guerrilha silenciosa contra a insensibilidade que está presente em cada um de nós.
O mundo era muito melhor se o Amor fosse outra coisa, claro. Eu tocava à tua campainha e esperava que abrisses a porta. Depois pedia-te que me Amasses. Por favor, pode ser? E tu Amavas. Mandavas-me entrar e fazias-me o obséquio.
A bem dizer, é um lugar comum dizermos que o Amor é a coisa mais bonita do mundo, mas não é. Na verdade, é a coisa mais egoísta do mundo. Só Amamos quando Amar nos traz felicidade. Os outros, aqueles que não Amamos, que se lixem. Podemos fazer-lhes o favor de lhes dar uma boleia para o emprego, emprestar dinheiro para beber um copo ou lavar-lhes a roupa quando a máquina está avariada. O que não fazemos é Amá-los.
 É claro que se fossemos capazes de Amar por favor, o Amor não era importante. Não era, pelo menos tão importante. Assim, cada vez que Amamos, não sabemos porquê e conseguimos viver, eventualmente, uma vida inteira sustentados nessa ignorância.
Sempre que eu disse a uma mulher que a Amava, disse-o a sério e parei por aí. Nunca me expliquei porque nunca o soube fazer. A pior coisa que me podia ter acontecido era ser Amado por favor e, no fim, agradecer, fechar a porta devagar sem fazer barulho e ir para casa fazer o jantar.
O mundo do Amor não é o melhor dos mundos, mas é o único que nos surpreende pela nossa ignorância.

9.21.2015

conversa 2160

Ela - Preciso sair contigo esta noite até tarde.
Eu - Até tarde?!
Ela - Sim... podemos ir beber um copo, ao cinema, qualquer coisa. Se não quiseres sair, até podemos ficar em tua casa, mas preciso que fiques comigo até tarde.
Eu - Mas o que é que se passa?
Ela - O meu marido saiu com os amigos e não me deixou ir com ele.
Eu - E o que é que eu tenho a ver com isso?
Ela - Nada, mas quero chegar a casa depois dele. 

9.19.2015

conversa 2159

(na minha casa)

Ela - Acho que fiz aqui uma asneira. Desculpa...
Eu - Que asneira?
Ela - Estraguei-te este interruptor do exaustor...
Eu - Não foste tu. Já estava... isso foi uma amiga minha num jantar há muito tempo...
Ela - São umas brutas, as tuas amigas.
Eu - Se tivesses sido tu, não te chamavas bruta, pois não?
Ela - No fundo sempre soube que não tinha sido eu...

9.18.2015

coisas que fascinam (190)

Nunca a vi senão bonita. E eu, sempre feio, fechado num silêncio de quem contempla o mar pela primeira vez. Às vezes via-a a sorrir, outras vezes com ar de quem se zangara com o mundo. E foi assim, nesse segredo, que lhe aprendi as marés.
Uma vez parei na grande escadaria do liceu, entre o formigueiro de alunos que corria para as aulas, porque ela vinha lá, entre todas as formigas. Contornou-me e continuou, até desaparecer na curva de um imenso corredor. Nem sequer olhou para mim e eu, perdido no ruído daquela imensa selva, voltei para trás como um predador falhado.

- Não vai à aula? - Ouvi a voz da contínua atrás de mim.
- Não.
- Tem que ir...
- Dói-me o coração.

Nunca a imaginei senão brilhante. E eu, sempre apagado, à deriva por um estrondo Amor adolescente, percorria sozinho as ruas da cidade na vã esperança de me cruzar com ela. Talvez pudesse acontecer o milagre de a ver deixar cair a carteira e correr atrás dela para, como quem não quer a coisa, devolver-lha num sorriso. Estranho! Nunca aconteceu.
Ninguém sabia disto, para além de um amigo que nunca mais vi e das árvores das ruas que me viam a deambular entre elas para a encontrar a ela. Acho que às vezes me tentavam avisar que não valia a pena, mas eu nunca lhes liguei nenhuma.
Talvez eu seja um dos poucos sortudos deste mundo que encontrou em adulto o grande Amor da adolescência. Serei mesmo, mas a maior sorte foi não o ter encontrado antes. Só isso me permitiu Amá-la com esta história de mar.

9.17.2015

respostas a perguntas inexistentes (337)

das promessas que nos fazemos

Passo a vida a quebrar promessas que faço a mim mesmo. Na verdade não me importo. Sei que vida é isso mesmo, uma constante quebra de promessas e de objectivos. Ainda assim, continuo a prometer-me muitas coisas, principalmente quando estou metido no emaranhado dos meus silêncios. Propor-me a fazer alguma coisa que depois não faço dá-me vida no momento. É por isso que propor é importante.
Hoje propus-me a limpar a minha casa de banho com lixívia assim que chegasse a casa. Não o fiz, mas no momento em que me propus a tal acreditei que ia mesmo fazê-lo. Soube-me bem tanta determinação, mas falhei a promessa. Não faz mal.
Às vezes prometo-me a concretizar projectos um pouco mais ambiciosos, como tirar do papel tudo o que já preparei para fazer uma sessão de stand up comedy e subir a um pequeno palco qualquer. Não sei se o vou fazer ou não. Espero que sim. Para já, o mais importante é que acredito que o vou fazer.
Na verdade, a única coisa a que nunca me propus foi a Amar uma mulher e, apesar de nunca o ter feito, passei a vida a fazê-lo. O facto de nunca me ter prometido Amar alguém não quer dizer que o Amor não seja uma promessa. É, apenas nunca a fiz. Com a vida, cheguei até à conclusão que me custa muito mais quebrar as promessas que não me faço do que aquelas que me faço. As que não me faço já moram dentro de mim. As outras não e é por isso que podem falhar.
Talvez o Amor seja isso, uma promessa inadiável desde o momento em que nos apaixonamos pela primeira vez. Tão inadiável que nunca nos atrevemos a prometermo-nos tal coisa para um dia distante.

9.16.2015

respostas a perguntas inexistentes (336)

O Amor é uma civilização

O Amor não é só sexo, dizem. Pois não, mas quem nunca ganhou tesão enquanto andava de autocarro e se lembrou da namorada não sabe o que é o Amor. Até porque nunca teve que se sentar num banco desse autocarro e olhar pela janela à procura de coisas tristes, a ver se a saudade amolecia um pouco e lhe permitia sair na paragem programada sem dar muito mau aspecto.
Por falar em paragem programada, o Amor é a única coisa na vida em que ela não existe. É o tesão total e contínuo, a não ser que deixe de o ser. É por isso que saindo dele, a paragem é sempre errada e não sabemos onde estamos nem quem vamos encontrar. Talvez um amigo que goste de comer umas bifanas com mostarda, talvez uma amiga que nos convide para dormir num abraço prolongado, talvez uma meretriz envelhecida por uma só noite. De facto, talvez eu não saiba perder-me por aí, à procura de nada, e tente voltar a casa, nem que seja a pé e demore uma eternidade.
Estou sempre apaixonado pela mesma mulher porque não sei mudar de Amor. Aliás, de Amor não se muda. Se se mudasse, não era Amor. Era um pequeno flirt. Mudar de Amor é como uma mudança civilizacional. É a História da Mesopotâmia e a vontade de querer ficar com a necessidade de partir.
Acho que é por isso que há tantos homens estúpidos com as mulheres. Os homens vivem oitenta anos em média e não percebem que o Amor é uma civilização secular. Nunca percebi a inteligência que leva um homem a intrometer-se na vida de uma mulher com um piropo brejeiro. O que é que ele espera em troca? Não pode esperar nada. Ela é uma civilização de quinhentos anos e ele uma moda esquecida.
E eu espero pela civilização toda. Se não for uma, por outra. Depois do caos.
Amo sempre, até que a civilização nos separe.

9.15.2015

pensamentos catatónicos (333)

Tenho esta estranha sensação de que o Amor se transformou numa coisa banal do mundo. Como outra coisa qualquer, quero eu dizer. E isso é estranho, porque eu sempre dividi o Amor e o mundo. O mundo era o sítio onde eu me podia apaixonar e Amar, o Amor era o que me permitia esquecer o mundo.
Agora apaixonamo-nos como compramos um automóvel. Calculamos a relação entre o benefício e o custo e optamos ou não por nos apaixonarmos. Se possível, apaixonamo-nos pouco. Não vá o Diabo tecê-las e pregar-nos a rasteira de sermos deixados.
O Amor passou a ser uma quantidade numa receita de culinária. Quanto baste, por favor, e olhe que não gosto da comida muito temperada. Encaixarmo-nos um no outro passou a ter a ver com o estrato social e económico de cada um, quando dantes tinha a ver com o primeiro abraço.
O que mudou foi a utilidade. Dantes o Amor era inútil, agora é estrategicamente útil, porque a vida deixou de ser o que ela é de facto. A inutilidade do Amor é o doce sabor duma maçã e a beleza fugitiva de um copo de vinho. Não comemos dinheiro nem nos embebedamos com ele. Com o Amor sim... até ver.


9.14.2015

respostas a perguntas inexistentes (335)

quatro minutos!

Quem tem dificuldades em apaixonar-se a sério deve apaixonar-se a brincar todos os dias desta vida. E eu apaixono-me. Tenho Amores platónicos de quatro minutos, enquanto tomo o café, espero o sinal verde para peões numa passadeira qualquer ou compro tomates na loja da avenida.
Os Amores nunca devem ser de duração média. Que durem quase uma vida ou que durem um momento. É nesses que há certeza sobre aquilo que são. Os outros são os Amores mais ou menos, os pântanos desta vida em que nos metemos e não sabemos sair.
Hoje apaixonei-me a sério por uma mulher. Eram seis e trinta e dois da tarde quando a vi brincar com os dedos, como se tocasse piano num instrumento invisível, cujos sons lhe saíam desafinados pela boca. Plim, plim plim! Morena, despenteada e sorridente, trocámos os olhares de quem entende a loucura mútua. Depois tornámos a sorrir.
Durante quatro minutos vivemos um Amor impossível e eu esqueci-me da vida, esta que adio um bocadinho todos os dias até não ter mais dias para adiar. Depois ela foi-se embora da pastelaria e disse-me adeus. O nosso Amor de quatro minutos terminou ali.
Obrigado. Será uma das mulheres desta vida que adio.

9.13.2015

respostas a perguntas inexistentes (334)

A maior barreira do Amor é nós Amarmos alguém. Quando Amamos alguém que nos Ama também, a nossa percepção é a de que somos Amados da mesma maneira que Amamos. Só que isso nunca é verdade, porque somos todos pessoas bem diferentes. O Amor tira-nos a capacidade de abstracção necessária para entendermos que Amamos uma pessoa que nos Ama duma forma forte, mas totalmente diferente. Nem mais nem menos, mas diferente.
Depois vêm os problemas todos, porque duas pessoas que se Amam muito de forma diferente geram incompreensão. Apesar de se amarem, sublinho. A minha utopia é todos percebermos que o Amor se faz da incompreensão mútua e não da obediência.
Somos todos tão diferentes, que o que somos é sempre um profundo segredo para o outro. Eu sei que é difícil conviver com a incerteza de um segredo, mas se o formos contando ao ouvido de quem Amamos durante uma vida inteira, talvez se dê um Amor qualquer.
É assim que os segredos são bons, contados ao ouvido de um Amor.

9.12.2015

conversa 2158

Ela - Fiz-te um pudim daqueles que eu sei que gostas...
Eu - De pão?
Ela - Sim... o que comeste na última vez que vieste jantar comigo...
Eu - Que fixe! Obrigado. Posso ir hoje aí a tua casa?
Ela - Sim... mas o pudim não está cá.
Eu - Onde é que está?
Ela - Bem... tive que o comer porque apareceram cá uns amigos...
Eu - Então porque é que é me disseste que me fizeste um pudim?
Ela - Porque fiz mesmo. Era para saberes que me lembro de ti.

9.11.2015

conversa 2157

Ela - Não me sinto apaixonada, mas sinto que estou a apaixonar-me. Espero que ele espere por mim...
Eu - Ele está apaixonado por ti?
Ela - Diz que sim.
Eu - Boa sorte. Espero que te corra bem.
Ela - Eu demoro é muito tempo a apaixonar-me. Preciso de tempo. Ao contrário de ti, por exemplo.
Eu - Sim, eu apaixono-me em menos de um minuto. Só que também preciso de muito tempo para me apaixonar em menos de um minuto.
Ela - Bem... no fim vai dar tudo ao mesmo.
Eu - Se calhar.
Ela - A única coisa é que quem já está apaixonado tem que esperar por quem se vai apaixonando.
Eu (suspiro)
Ela - Bebe mais um copo.

respostas a perguntas inexistentes (333)

Um dia acordamos e o mundo mudou. Apesar de tudo continua na mesma. É mais ou menos assim, a estúpida sensação de que um Amor nos escapa por entre as mãos.
Uma amiga telefona-me e pergunta-me se eu estou bem. Não sei bem responder, porque apesar de não estar, acabei de ficar assim que vi o nome dela no ecrã do telemóvel. Penso um bocado.

- Sim, estou! - respondo.

"Estar" é o verbo mais importante desta vida, mais importante até do que o verbo "ser". O que nós somos é sempre ultrapassado por aquilo que estamos. É por isso que o que somos é sempre mentira e o que estamos é sempre verdade.
Quando dizemos que alguém é simpático, é porque o conhecemos num momento em que estava simpático. Todos nós, com excepção dos funcionários das casas de fast food (que têm sempre que estar simpáticos ou são despedidos) estamos simpáticos às vezes e antipáticos outras.
É como estar bem ou estar mal. É até como não estar coisa nenhuma.
O Amor e a Amizade também não são aquilo que são, mas sim aquilo que estão. É por isso que dizemos que estamos apaixonados e não que somos apaixonados por alguém. Quando falamos de Amor, foge-nos a boca para a verdade.
O Amor está sempre alguma coisa, mas nunca é nada. Digo-o eu, que estou apaixonado às vezes por quem não me é nada.

9.10.2015

coisas que fascinam (189)

Quando damos por nós a sofrer por Amor, raramente conseguimos perceber o que isso tem de bom, Mas tem tudo do melhor, principalmente se já passámos a fase da vida chamada adolescência, em que todos sofremos por Amor porque nem sequer sabemos o que isso é.
Sofrer por Amor depois dos quarenta quer dizer que o Amor ainda tem muito para nos dar. Talvez um beijo numa praia em pleno inverno, um abraço despido no chuveiro lá de casa ou uma queca nos bancos traseiros duma Renault 4L. Tudo isso acreditando que o que se sente é para sempre, mesmo que dure apenas cinco minutos.
Sofre-se por Amor apenas quando se acredita que ele tem muito para dar mas, nesse preciso momento da vida, não está a dar porra nenhuma. É o sacana a gozar connosco, é verdade, mas só o faz porque sabe que ainda não caímos no cinzentismo de não esperar nada dele. Ele é o Amor, o cinzentismo é a morte lenta de quem já não se lembra do que é sofrer por ele.
É que quem já não sofre por Amor também não tira partido dele, e a vida torna-se um constante e ligeiro encolher de ombros.

9.09.2015

conversa 2156

(na minha casa)

Ela - Gostas muito de animais...
Eu - Eu?! Porque é que dizes isso?
Ela - Tens tantos em casa...
Eu - Eu não tenho animais...
Ela - Moscas na cozinha, já lhes perdi a conta.

coisas que fascinam (188)

Pois é!

Quando o Amor nos corre mal, o mundo passa a ser uma tortura constante. O motivo é óbvio: quando o Amor nos corre bem o mundo é uma partilha e, todo ele, vale o dobro por isso mesmo. Ao não partilharmos o mundo, ele não vale nada a não ser dor.
Apaixonados, tiramos todo o prazer em partilhar cada pormenor, seja ele o manequim na montra dum pronto-a-vestir, uma música que passa na rádio ou uma sobremesa barata num restaurante ainda mais barato.
De repente, tudo aquilo que experimentamos, mesmo o que é bom, passa a sofrer do efeito bumerangue. O que nos dá prazer é lançado ao ar e ninguém agarra. No meu caso, volta para mim e atinge-me no estômago com força.
Até chego a pensar que o Amor não serve para muito mais do que para partilhar o mundo, mais até do que para uma boa queca ou poder entrar numa discoteca foleira de fim de semana. Serve para olharmos para uma coisa feia qualquer e dizermos "olha que feio!" e o outro responder "pois é".  Assim, até o que é feio se partilha e sabe bem.
Pois é.

9.08.2015

respostas a perguntas inexistentes (332)

Há um oceano entre todas as pessoas que se Amam que é o facto de acreditarem que se Amam mesmo. Às vezes parece que é verdade e sabe bem. Óptimo. O Amor é isso: pensarmos que Amamos mais do que precisamos de ser Amados.
O problema é que quando o Amor nos falha é porque, de certa maneira, deixámos de ser Amados. Não porque deixámos de Amar, embora com o tempo uma coisa leve sempre à outra. Ser ou não Amado é a variável mais importante.
Simplificar o Amor a este ponto é sempre um absurdo, eu sei. Ainda assim, se não o simplificamos também não o explicamos . Não o explicando também não o entendemos. No fundo, o Amor só se entende no reino do absurdo.
É assim que atravessamos esse Oceano que nos separa algumas vezes e experimentamos o Amor, explicando-nos da forma mais simples que conseguimos.

9.07.2015

conversa 2155

(na rua)

Ela - Estás fixe?
Eu - Vou estando... e tu?
Ela - Eu também... sei lá.
Eu (silêncio)
Ela (silêncio)
Eu (silêncio)
Ela (silêncio)
Eu (silêncio)
Ela (silêncio)
Eu (silêncio)
Ela (silêncio)
Ela - Não temos nada para dizer um ao outro, pois não?
Eu - Parece que não.
Ela - Então fica a saber que devias fazer as sobrancelhas.

respostas a perguntas inexistentes (331)

A não ser que não saibamos sonhar, o Amor nunca faz falta.

Um Amor nunca nos faz falta, ao contrário do que se possa pensar. A razão é simples, mas quase ninguém a entende por um motivo ainda mais simples: quase ninguém sabe Amar porque quase ninguém sabe sonhar.
Nenhum Amor nasce para colmatar uma falta, porque o Amor é muito maior do que a própria vida. Na vida, ou vivemos e está tudo como há-de ir, ou vivemos e Amamos e está tudo como num sonho.
Nunca nos apaixonamos para que o nosso dia-a-dia continue o mesmo, mas com um Amor. Apaixonamo-nos para que a vida seja outra e a lógica existencialista se desvaneça um pouco no nosso dia-a-dia. Só quando estamos apaixonados é que nos apercebemos que há qualquer coisa que precede o corpo. Não é a alma, é o Amor.
Quando não estamos apaixonados ou o nosso Amor nos mandou à merda, tornamo-nos existencialistas de novo e olhamos para o nosso corpo como a essência da vida. Não é mau. É o nosso corpo que faz Amor mesmo que não Amemos ninguém. O que não deixa de ser irónico.
É por isso que cada vez que o nosso corpo se envolve com outro podemos acordar de duas maneiras: ou na vida ou depois dum sonho. Se acordamos na vida, na vida estamos. Se estamos num sonho, que acordemos o mais tarde possível. 
É isso a que chamamos Amor, até um dia acordarmos. A não ser que não saibamos sonhar.

9.05.2015

conversa 2154

Ela - Estás a pedir-me que vá para a cama contigo só uma noite?
Eu - Não estou a pedir, estou a propor. Isso é uma coisa que não se pede...
Ela - Bem... posso responder depois de beber um uísque?
Eu - Pensava que não bebias...
Ela - Não... por isso mesmo.
Eu - Por isso mesmo?!
Ela - Pode ser que caia para o lado e nem tenha que te responder.

9.04.2015

respostas a perguntas inexistentes (330)

o décimo sexo

Amanheço com o dia. O que me distingue dele é que ainda não dormi.
Na montra duma loja chinesa, dois manequins femininos olham para mim com ar desconfiado. Estão vestidos de cores garridas e com quilos a mais de bijutaria barata. Perguntam-se porque é que, a esta hora da manhã, percorro sozinho as ruas da cidade com uma cerveja numa mão e um pão com um rissol de camarão na outra. Porque sim.
"Porque sim" é a resposta a quase tudo na minha vida neste momento, a não ser quando tenho que responder "porque não". Tenho quarenta e quatro anos e, tecnicamente, a vida nunca me correu tão mal. No entanto, acho que nunca estive tão bem. Percebo o que se passa comigo, o que me está a acontecer e o que devo fazer. Preciso de tempo e de alguma força. Os manequins chineses não merecem resposta. Avanço.
Acho que foram manequins assim que tentei engatar uma ou duas vezes, numa noite qualquer em que bebi mas não comi rissóis. É a busca do primeiro sexo, o sexo que se tem como se se jogasse computador, em busca de pontos até chegar o "game over" e ficar a olhar para um tecto branco sem palavras no corpo que queiram sair pela boca húmida da saliva alheia.
Talvez eu prefira o décimo sexo, aquele que não existe sem o décimo primeiro e por aí adiante. Aquele que deixou de ser uma reunião de tupperwares e passou a ser um vício, porque um corpo e uma presença alheia podem ser um vício quando se Ama. Quando se chega ao décimo sexo talvez se chegue ao infinito. Nunca se sabe, a não ser que não se chegue. É como a utopia.
Nas reuniões de tupperwares demonstramos que o produto é bom, funciona e merece ser comprado. No décimo sexo não demonstramos nada. Injectamo-nos de Amor nas veias e temos uma trip em que o tecto deixa de ser branco. É por isso que é o melhor, o décimo e a partir daí. Pelo menos até deixar de o ser.
O meu rissol não tem camarão mas tem muito creme. A minha cerveja não tem engate mas tem espuma. Consumo esta manhã como se consome qualquer outra coisa numa sociedade que já se chamou de consumo imediato, mas que agora se consumiu a ela mesma e parece perto de um fim qualquer. Já me apaixonei tantas vezes, talvez me apaixone mais uma um dia destes. Ou isso, ou terei o primeiro sexo dez vezes e por aí adiante.
Porque sim. Ou porque não.

9.03.2015

coisas que fascinam (187)

As mulheres, infelizmente, têm os homens em baixa consideração. Pensam que os homens só se apaixonam pela beleza ou, em casos de menor condescendência, pensam que é por aí que tudo começa. É por isso que a maior parte delas, apesar de não se apaixonar pela beleza, quer ser bonita.
Os homens não têm a mesma necessidade de parecerem bonitos porque têm as mulheres em melhor conta do que elas os têm a eles. Eles sabem que elas os vêm como um todo e, se não forem assim tão bonitos, não faz mal. Talvez elas descubram qualquer coisa neles de que gostem (eles nunca sabem o que é).
A grande vantagem dos homens é que passam menos tempo em frente ao espelho, a grande desvantagem é que são considerados umas bestas por quase todas as mulheres, antes de qualquer outra coisa.
Uma das mulheres por quem me apaixonei nesta vida disse-me, uns dias depois de darmos as mãos e o corpo pela primeira vez, que "nem sequer estava muito arranjada no dia em que nos conhecemos" (sic). E eu, que me tinha apaixonado loucamente por uma noite inteira de sorrisos e conversa, pensei por que raio me estaria ela a dizer aquilo. Nunca cheguei a perceber.
Eu apaixono-me por tudo. É por isso que não me apaixono por quase ninguém. O tudo existe tão pouco, mesmo quando a mulher é bonita, que eu espero sempre que ela não comece por aí...
Depois do Amor, a mulher é sempre bonita...

9.02.2015

respostas a perguntas inexistentes (329)

um caroço de pêssego

Era Verão quando eu fazia isto. Viajava com os meus pais pelo país e de vez em quando parávamos para comer qualquer coisa. A minha mãe levava sempre fruta, protegida em tupperwares redondos, que distribuía por cada um dos filhos. Lembro-me de um pêssego em particular, creio que perto de Coruche. Comi-o e depois atirei o caroço o mais longe possível, para um imenso terreno com água que se estendia em frente aos meus olhos até à linha do horizonte.
Para mim, se eu passasse ali uns anos depois, seria natural ver um pessegueiro. Algum tempo antes, na escola primária, tinha colocado um feijão em algodão branco e percebido o que é uma semente. Não sei quantas vezes atirei caroços para lugar nenhum à espera que pudessem crescer, mas sei que foram muitas. Talvez mil.
Uma vez disse isto à Joana, enquanto comíamos nêsperas no parque. Acho que ela se riu de mim e, muito provavelmente, foi a primeira mulher a chamar-me idiota neste mundo. Mas não o disse, apenas pensou. Depois atirou o caroço da nêspera dela para perto do meu e disse que ali iam crescer duas árvores.
Claro que nunca cresceram, mas cresceu em mim uma memória indestrutível. Sempre que passo por aquele lugar lembro-me dela e desse curto momento. É o que nos acontece quando Amamos alguém: coleccionamos momentos que ficam para sempre. A montra duma loja, um cartaz numa parede, um beijo num muro... nada se apaga antes de nos apagarmos nós mesmos.

9.01.2015

respostas a perguntas inexistentes (328)

As pessoas que usam relógio de pulso são umas românticas. Eu gosto delas, embora eu não use. Insistem que a melhor forma de saber que horas são é levar o pulso em direcção aos olhos e, assim, negam a civilização. Negam o telemóvel que todos temos no bolso e o acesso constante à internet. Negam o contador de tempo absurdo que a maior parte dos canais de televisão tem no canto superior esquerdo e de qualquer sistema operativo no canto inferior direito. Negam até a prisão do tempo em que se transformou a própria vida, com horas marcadas para entrar e sair de tudo e mais alguma coisa. Do emprego, do almoço, do jogo de futebol e do sono.
Nega-se a contagem constante do tempo, esse assassino de juventudes, para encostá-lo à parede e dizer-lhe violentamente que ele não interessa, que é apenas uma adereço como uma pulseira qualquer.
Quando temos um relógio no pulso é porque não damos por ele (o tempo) em mais lado nenhum, nem sequer no Amor que vamos vivendo da forma que sabemos ou, mais interessante ainda, da forma que não sabemos. Eu acho que às vezes o Amor me falha porque não uso relógio de pulso. Talvez quando usar um eu aprenda que tempo não faz um Amor.