1.31.2011

como ele e ela tomam o pequeno-almoço...

ela:
1] Levanta-se e vai à cozinha ligar a máquina de café para ir aquecendo e põe água a ferver.
2] Toma um banho rápido.
3] Sai do banho, seca-se e vai num instante pôr o chá a fazer e algum pão a torrar
4] Volta ao quarto e veste-se, tentando não acordar o homem que ainda ressona.
5] Volta à cozinha e tira um iogurte do frigorífico para depois não o comer tão frio. Desliga a torradeira e enche uma caneca de chá para ir arrefecendo.
6] Volta ao quarto e penteia-se, tentando não acordar o homem que ainda ressona.
7] Volta à cozinha e bebe o chá enquanto come as torradas com manteiga.
8] Volta ao quarto e perfuma-se, tentando não acordar o homem que ainda ressona.
9] Volta à cozinha, come o iogurte e toma um café (deixa a máquina ligada para ele depois poder tomar também café).
10] Volta ao quarto e tenta acordar o homem que ainda ressona apesar de ter que estar no trabalho daí a vinte minutos.


ele:
1] Resmunga porque ela o acorda todos os dias demasiado cedo.

2] Vai ao frigorífico e vê o que é que há para comer que não leve muito tempo a preparar. Fixe, há uma salsicha do jantar de ontem.
3] Come a salsicha enquanto toma café e se veste, tudo ao mesmo tempo e na cozinha.

conversa 1703

Ela - Há casais que todos os dias discutem. Não sei como é que conseguem...
Eu - Às vezes isso não quer dizer nada.
Ela - Não quer dizer nada?
Eu - Não. Depende do grau da discussão. Se calhar há pessoas que discutem pouco mas quando discutem é logo para partir para a violência, enquanto outras que discutem muito é só fogo de vista.
Ela - Pois, eu sou bocado assim.
Eu - Assim como?
Ela - Nunca discuti com o meu marido em toda a minha vida. Agora imagina quando um dia discutir... é logo para ir para o divórcio.

1.30.2011

respostas a perguntas inexistentes (122)

O Amor e o Capitalismo
dos pequenos aos grandes prazeres

Não aceito que se fale dos pequenos prazeres da vida quando se fala de Amor. O adjectivo "pequeno" devia estar proibido por lei, nesse contexto, de qualificar a palavra "prazer". É por causa dele que todos achamos que um passeio ao domingo junto ao mar com quem mais amamos, um jantar na sua companhia ou um copo de vinho ao fim da noite são pequenos prazeres. Não são. São grandes prazeres, talvez os maiores. Mas, por causa dessa mania de lhes chamar pequenos, acabamos por não lhes dar o devido valor. Sorrimos um pouco, como quem sorri porque está aproveitar um pouco do que a vida lhe pode dar, e nem percebemos que estamos a aproveitar muito.
Chamar pequeno a um prazer de Amor é chamar pequenos a nós mesmos. É estar lá sem de facto estar, como se o Amor não fosse mais do que uma boleia que apanhamos de alguém. Talvez a culpa seja do capitalismo, esse monstro chantagista que passa os dias a ameaçar-nos de fome e sede, e nos faz pensar apenas num emprego, numa fonte de rendimento que nos permita aguentar a sôfrega maratona da vida. Mas a vida não devia ser só essa maratona que percorremos desde o nascimento até à morte. Devia ser um imenso prazer.
Se não acabarmos com o capitalismo será ele a acabar connosco. Qualquer dia só nos podemos apaixonar se tivermos crédito no banco para isso, porque é para aí que esta merda tende. Sem nos apercebermos já temos que pagar por recursos naturais que deviam ser de todos, e ainda por cima achamos isso normal. Pagamos pela água, por exemplo, que quem não pode pagar também não pode ter. Qualquer dia é assim com o Amor, e só nos poderemos apaixonar mediante comprovativo do banco. Até lá, ou até invertermos esta forma legal de roubar a vida de cada um, que se chama capitalismo, chamemos aos prazeres isso mesmo: Prazeres. Sem o "pequeno" atrás.

1.29.2011

respostas a perguntas inexistentes (121)

da solidão dos telemóveis

Os portugueses aderiram massivamente ao uso do telemóvel. Todos os dias e a todas as horas nos cruzamos com alguém que fala ao telemóvel. Hoje, mais uma vez, isso aconteceu-me num comboio, numa cinema e num restaurante. E quando digo isso, não digo apenas cruzar-me com alguém que fala ao telemóvel, mas sim ouvir toda a sua conversa e ficar a conhecer um pouco de si.
É que os telemóveis não são só um gadget tecnológico engraçado, são também um sinónimo e um escape imediato à solidão dos dias. Quem fala tão alto ao telemóvel em público, mesmo que não o perceba, não está apenas a falar para quem está do outro lado, mas também para todos os desconhecidos que o orbitam nesse momento. E quem fala com estranhos sem ter um motivo lógico são os que enlouqueceram de solidão.
No comboio, por exemplo, tive que interromper a leitura do meu actual livro de cabeceira porque a senhora à minha frente falava tão alto que me era impossível separar o que lia do que ouvia. Passou-se um quarto de hora até se fazer silêncio e, não sei porquê, ao olhar para ela tive a certeza que esse silêncio lhe pesava muito mais a ela do que a mim. Era o silêncio da solidão que voltara depois duma longa conversa estéril de emoção.
As pessoas que estão apaixonadas falam menos ao telemóvel, e quando o fazem fazem-no mais discretamente. É que o silêncio é a embalagem do Amor, o ruído é a embalagem da solidão. As mensagens de texto, por exemplo, podem ser a melhor forma de dizermos que amamos alguém quando não está ao nosso lado. É que só o dizemos uma vez mas a outra pessoa pode lê-la várias vezes.
Quando a Raquel me mandou a primeira mensagem de Amor, li-a muitas vezes. Por um lado para ter a certeza que não era imaginação minha, por outro porque a estava a conseguir saborear sempre como se a estivesse a ler pela primeira vez. Era como se estivesse a comer um chocolate com passas que nunca acabava.

1.28.2011

conversa 1702

(em minha casa)

Eu - Olá!
Ela - Olá!
Eu - Estou a fazer o almoço. Queres almoçar comigo?
Ela - O que é que estás a fazer?
Eu - Massa com legumes, mas estou a fazer bastante.
Ela - Então e misturas a massa com os legumes logo na panela?
Eu - Fiz um refogado com azeite, alho e os legumes. Depois, pus um bocadito de água, deixei ferver e pus a massa. Está quase pronto...
Ela - Mas eu faço sempre a massa à parte. Não gosto desta misturada toda.

pensamentos catatónicos (232)

Janelas Partidas

Um grupo de investigadores deixou um automóvel novinho em folha estacionado no Bronx, um bairro degradado em Nova Iorque. Simultaneamente, deixou um carro igual estacionado em Palo Alto, uma zona rica e pacífica da Califórnia. Em poucas horas a viatura deixada no Bronx foi completamente vandalizada, enquanto a do Palo Alto se manteve intocável.
A experiência, no entanto, não ficou por aqui. Uma semana depois, um dos investigadores partiu um dos vidros do automóvel em Palo Alto, ainda intacto, e o carro acabou por sofrer o mesmo processo que o do Bronx. Foi totalmente destruído.
A partir desta experiência desenvolveu-se a Teoria das Janelas Partidas, que diz basicamente que a destruição gera mais destruição. Se uma casa estiver intacta ninguém lhe toca, mas se essa casa exibir durante algum tempo um vidro partido, outro vidro aparecerá partido mais cedo ou mais tarde, e a partir daí a sua destruição será uma bola de neve.
A minha namorada contou-me esta teoria um dia destes e, independentemente da análise sociológica que cada um queira fazer sobre ela, acho que o Amor também é assim, uma espécie de pau que não se deve quebrar. Depois de um Amor começar a exibir sinais de abandono e mau trato, é muito difícil, para não dizer impossível, travar o processo.

conversa 1701

Ela - Desculpa o atraso. Estou um bocado nervosa.
Eu - Está tudo bem?
Ela - Não, está tudo mal.
Eu - Então?
Ela - O meu filho está doente e por isso deixei-o esta manhã na casa do meu ex-marido, que não trabalha hoje.
Eu - Fizeste bem.
Ela - Mas a meio da manhã ele apareceu-me no trabalho a dizer que o puto estava cheio de febre e que o único xarope que tinha estava fora do prazo de validade.
Eu - E porque é que não foi à farmácia ou ao médico?
Ela - Foi o que eu lhe perguntei. Ele respondeu-me que tinha sido sempre eu fazer isso enquanto fomos casados.
Eu - E já está resolvido?
Ela - Já. Dei-lhe uma lista com tudo o que ele tinha que fazer.
Eu - Uma lista?
Ela - Sim. Um: ir à farmácia, dois: ir à farmácia, três: tirar o ticket e esperar a vez, quatro: quando chegar a vez dizer ao farmacêutico que tem um puto de oito anos em casa com febre... e assim por diante.
Eu - Isso tudo?
Ela - Sim. Às vezes falar com o meu ex-marido ou com um aluno meu de dez anos de idade é igual. Dá-me a impressão que o desenvolvimento cognitivo masculino acaba aí.

1.27.2011

conversa 1700

Ela - Li uma definição de amor tão linda!
Eu - Qual?
Ela - O Amor não é aquilo que esperas receber mas sim aquilo que esperas dar.
Eu - Ah! não está mal, não senhora.
Ela - Agora, se o meu marido me ama de verdade, espero que me dê muitas coisas.

respostas a perguntas inexistentes (120)

007 Never say Pateta Again

Os homens são inseguros no Amor. Até podem não ser inseguros em mais nada, mas no Amor são-no sempre sem excepção. Aliás, é por isso que nunca se encontra nenhum homem que pareça inseguro. É que todos sabem que essa é uma fragilidade que se deve disfarçar.
A insegurança masculina no Amor é tão antiga quanto o primeiro Amor de cada um, ou seja, nasce exactamente no mesmo momento em que homem se apercebe pela primeira vez na vida que ama uma mulher.
O problema dos homens é que uma insegurança disfarçada é bem pior que uma insegurança assumida. Uma insegurança assumida faz um homem corar e tremer quando se aproxima da mulher amada, uma insegurança disfarçada faz um homem parecer pateta. Não é por mal, é que se não há no mundo disfarces que não sejam patetas, os disfarces da insegurança de um homem apaixonado são os mais patetas de todos.
Eu perdi a conta aos disfarces patetas que já usei nesta vida, mas sei que foram sempre de um homem que tende para qualquer coisa como o 007. Enfim, alguém seguro de si mesmo. Seria o disfarce ideal não fosse falhar logo à nascença, que um homem inseguro nunca consegue fingir que não o é.
A culpa, no meu caso, é do cinema. Noutros casos será da literatura ou mesmo do senso comum. Certo é que a coisa falha sempre e só tem um final feliz quando uma mulher quer. Nunca percebi se as mulheres nos deixam ser patetas tanto tempo por piedade ou por gozo. Ainda não cheguei lá. Mas sei que o Amor só acontece quando elas nos despem esse fato. É que no Amor, com o sexo incluído, a nudez é um valor maior.

obrigado

Sei que, assim de repente, não me lembrei de todos os que me deram um pouco do seu espaço nos últimos dias. Mas tentei, e agradeço a todos.

Eli, no blogue "O Amor Acontece?"
Stiletto, no blogue "In My Own Pretty Shoes"
Sem Se Ver, no blogue "Sem Se Ver"
Eu, eu e mais eu, no blogue "Eu, eu e mais eu"
Coisas de Gaja, no blogue "Minis, Tremoços e Saltos Altos"

1.26.2011

conversa 1699

Ela - Às vezes desespera-me ser casada com o Carlos.
Eu - Porquê?
Ela - Ontem telefonei-lhe do emprego e pedi-lhe para ir pondo os legumes na panela para eu fazer uma sopa quando chegasse.
Eu - E ele não pôs?
Ela - Pôs. Pôs as batatas com casca, as cenouras com casca, um nabo com casca, as cebolas com casca. Enfim... tudo com casca.
Eu - Hum... e discutiram por causa disso?
Ela - Não, mas quando eu vi aquilo disse-lhe que já não fazia sopa nenhuma. Cozinhei só para mim e disse-lhe para se desenmerdar.
Eu - E ele desenmerdou-se?
Ela - Comeu uma lata de atum e uma de feijão. Pelo menos abriu-as antes de comer. Já não foi mau.

respostas a perguntas inexistentes (119)

Os abraços não são todos iguais. Há abraços equilibrados e desequilibrados. Nos abraços equilibrados ambas as pessoas se abraçam uma à outra, nos abraços desequilibrados há uma pessoa que abraça e outra que é abraçada. Todos esses abraços são um bem precioso, porque apesar de diferentes há uma coisa que os une: o impulso. Os abraços nunca nascem de um pensamento ou de um costume social, como por exemplo alguns beijos. Nascem de um impulso, de uma vontade. Gosto de abraços por isso e pelo calor que lhes é inerente.
Acho que divido todas as pessoas que já conheci no mundo por dois grandes grupos: o grupo das pessoas que já abracei e o grupo das pessoas que nunca abracei e, mais do que isso, acho que um Amor se torna impossível quando nele já não há abraços. E repito: mesmo que existam beijos.
O abraço é o ninho do Amor. É um agasalho quando nos sentimos despidos da vida e dos outros e, como tal, um bem inegociável. Nunca ninguém pagou para ter um abraço, ainda que possa, por exemplo, ter pagado para ter sexo. O sexo pode ser fingido, um abraço não. E repito: um abraço não.
Um aeroporto é um local de muitos abraços porque é também um local de reencontros. Acho que é por isso que gosto de aeroportos. Mas as estações de comboio e os terminais de autocarros também o são. Hoje fiz uma viagem de comboio em frente a uma mulher que se abraçava a si mesma. Quando o comboio chegou à estação de destino percebi que esse autoabraço não era mais do que a ânsia de um outro abraço: o do namorado dela para quem correu mal as portas abriram. Ficaram ali abraçados como dois náufragos à deriva num mar de gente só. Alguns olhavam-nos de soslaio, outros talvez com a nostalgia de abraços que nunca mais voltaram a sê-lo, mas eles não ligavam. É que um abraço também tem esse poder: o de isolar duas pessoas do resto mundo.  

1.25.2011

conversa 1698

(no café)

Ela (abrindo um saco) - Tens que ver isto!
Eu - Mostra. O que é que compraste desta vez?
Ela (fechando o saco) - Que boca foi essa?
Eu - Qual boca?
Ela - O que é que compraste desta vez?! O que é que tu queres dizer com isso?
Eu - Nada...
Ela - Estás a insinuar alguma coisa?
Eu - Não. É só porque nas duas últimas vezes que tomámos café tu mostraste-me qualquer coisa que tinhas acabado de comprar.
Ela - E depois?
Eu - E depois nada...
Ela - Ia mostrar-te um vestido novo que acabei de comprar nos saldos.
Eu - Ah! Então se não quiseres mostrar, não mostres. Não faz mal.
Ela - Às vezes pergunto-me porque é que sou tua amiga.
Eu - O que é foi agora?
Ela - Nem o meu vestido novo queres ver...
Eu - Tu é que não me queres mostrar.
Ela - Tu é que não queres ver.
Eu - Está bem. Mostra lá...
Ela - Agora não mostro.

pensamentos catatónicos (231)

O fim

Um homem pode deixar de amar uma mulher, mas o fim do Amor dum homem por uma mulher nunca é como o fim de outra coisa qualquer. A não ser, talvez, como o fim do mundo. Do mundo dele, claro, mas no Amor é só esse mundo que conta.
O problema do Amor é que os Amores até se podem suceder uns aos outros, mas nunca se substituem. Uma amizade, ainda que parcialmente, pode substituir outra que acabou. Um emprego também pode substituir outro que acabou. O mesmo se passa com tudo, menos com o Amor.

conversa 1697

Ela - No meu emprego há três ou quatro gajos que estão constantemente a fazer-se a mim.
Eu - Acho que é normal. Tu és uma mulher de trinta anos, bonita, e trabalhas num ambiente masculino. Há lá mais homens que mulheres, não há?
Ela - Mulheres somos só duas, homens são vinte e tal. Mas o que não é normal é que só os que são casados é que se fazem a mim. Os solteiros não.
Eu - Provavelmente já estão num casamento cansado e tu, quer queiras quer não, acabas por ser uma presença feminina constante na vida deles.
Ela - Eu percebo... mas ao menos um solteiro. Ao menos um...

1.24.2011

respostas a perguntas inexistentes (118)

Das coisas que não fazemos por causa dos outros fica-nos sempre uma ferida qualquer, disse-me ela um dia quando estávamos deitados no calmo mar de relva que banhava a nossa tarde. É sempre assim, diz-se aquilo que nos está obstruído na garganta quando se está num momento bom, que os bons momentos são o saca-rolhas da alma. Fiquei a saber que estávamos num desses momentos bons, mas não percebi o que é que ela tinha deixado de fazer por minha causa.
Fechei o livro que estava a ler para que a sua história não se misturasse com a minha realidade num grave acidente de palavras e ideias, fechei os olhos como se assim o impacto das suas palavras pudesse ser menor e, fechado em mim, perguntei: "O que é nunca fizeste por minha causa?". E como o silêncio foi a resposta tornei a separar as pálpebras uma da outra, com a mesma força que se separa um filho duma mãe.
Tudo, disse ela enquanto uma gaivota me sobrevoava. Tudo? Tudo, confirmou ela. Tornei a fechar os olhos e só aí surgiu o arremesso que eu esperara antes. "Nunca fiz férias sozinha num país estrangeiro, e até deixei de usar o meu anel preferido porque tu não gostas dele". Pensei em responder-lhe que aquilo não era tudo, que por mim podia fazer férias sozinha e usar o anel que eu não gostava à vontade, mas calei-me. Calei-me porque percebi o que ela me dizia como só pode perceber quem está deitado ao Sol e vê a vida com toda a disponibilidade que ela às vezes tem para nós. O problema não era eu, era um Amor demasiado cedo na vida, daqueles Amores que aos quarenta anos já nem sabemos se o chegaram a ser. Acho que fechei os olhos e, quando os tornei a abrir, ela já não estava.

conversa 1696

Ela - Qual é mesmo a diferença entre bimensal e bimestral?
Eu - Bimensal é duas vezes por mês, bimestral é de dois em dois meses. Porquê?
Ela - Opá! Hoje de manhã tive uma discussão enorme com o meu marido. Normalmente ele não tem razão nas discussões, mas hoje admito que fui disparatada.
Eu - E o que é isso tem a ver?
Ela - Queria pedir-lhe desculpa com uma piada, a ver se o ambiente fica mais leve.
Eu - Que piada?
Ela - Digo-lhe que preferia ter uma bimenstruação em vez duma menstruação. Se ele me perguntar se eu queria que fosse bimensal ou bimestral, tenho que estar preparada.

1.23.2011

olhos nos olhos

Hoje estive a ver, pacientemente, todas as imagens dos pouco mais de mil e quatrocentos seguidores deste blogue. Foi como se precisasse de ver a cara das pessoas que passam por aqui, e como se de Amor só se devesse falar olhos nos olhos.
E porque hoje é domingo e eu estou bem disposto, queria só agradecer-vos a Vossa presença e dizer-vos que são importantes para mim.

1.22.2011

respostas a perguntas inexistentes (117)

Eu gosto de futebol, principalmente porque o futebol tem mais de estupidez do que de desporto ou cultura e, se escavarmos bem essa estupidez, encontramos algo parecido com o Amor, que na verdade também tem a mania de ser estúpido.
No futebol existem os adeptos do Porto, do Sporting, do Benfica, do Braga, do Guimarães e um que é do Beira-Mar. Esse do Beira-Mar sou eu, e de vez em quando até vou aos jogos. Foi nesses jogos que descobri que o futebol é tão estúpido quanto o Amor, e foi assim que passei a gostar dele.
Por exemplo, se num jogo com dez mil adeptos do Porto e dez mil adeptos do Benfica houver uma falta, dez mil acham que é de facto falta, outros dez mil acham que não é falta e que o árbitro roubou. Ninguém está a mentir. Esses milhares de adeptos acham mesmo que é assim. E esse fenómeno repete-se no tempo em inúmeras faltas, penaltis, foras de jogos e afins. Ninguém vê a verdade a não ser que a queira. É como no Amor.
Eu lembro-me, por exemplo, de me recusar a ver que uma mulher não gostava de mim, e não estava a mentir quando afirmava aos céus que ela me amava. Era nisso que eu acreditava porque era isso que eu queria. A verdade era substituída pela verosimilhança e isso fazia-me bem.

armado em intelectual

Há muito tempo que esta rubrica dos comentários recusados estava sem actividade. Não sei porquê. Continuo a receber, mais ou menos regularmente, comentários anónimos jocosos que me dão um imenso prazer. Aliás, uma das minhas características que já me incompatibilizou com algumas mulheres, foi o facto de uma vez por outra me dar prazer enervar o próximo, admito.
Queria só dizer ao senhor que me enviou este comentário que eu não me armo em intelectual. Sou mesmo intelectual. Você não está vendo esse negócio na minha cara? São uns óculos de intelectual...

Fazes jus ao nome do blogue porque deves andar sempre bêbado. As mulheres não são para entender, são para foder meu palerma. Deixa-te de armar em intelectual com conversas de treta para veres se sacas umas gajas. Cresce pá, e deixa de poluir a blogosfera.

1.21.2011

anti-rugas

A Diadermine promove um dos seus cremes anti-rugas mostrando quatro fotografias espaçadas no tempo. Nessas fotografias ele, que não usa o creme, envelheceu. Ela, que usa o creme, não envelheceu. Alguém explique à Diadermine, ou melhor, às suas clientes, que combater as rugas não é a mesma coisa que combater a idade ou tempo. As rugas podem combater-se com um creme, o tempo combate-se tentando ser-se feliz. E como ele passa e passa mesmo, é bom que não se confunda uma coisa com a outra.

conversa 1695

Ela - Sabes o que é que me faz mais confusão nas minhas paixões?
Eu - O quê?
Ela - Preciso muito pouco, mas mesmo muito pouco,  para me apaixonar por um homem, mas preciso ainda de menos para me desapaixonar dele.
Eu - E porque é que achas que és assim?
Ela - Porque os homens me decepcionam sempre pouco tempo depois de os conhecer.
Eu - Todos?
Ela - Todos.
Eu - Todos mesmo?
Ela - Todos os que eu namorei a sério até hoje, pelo menos.
Eu - Quantos foram?
Ela - Dois.

pensamentos catatónicos (230)

Podemos coleccionar tudo. Selos, moedas, cromos, livros, discos, pacotes de açúcar ou postais. Esquecendo as coisas, também podemos coleccionar amizades, sejam elas na vida real, no facebook ou noutro sítio qualquer da internet. A única coisa que não coleccionamos é o Amor. O Amor não se dá com colecções, e mesmo quando temos vários é sempre um a seguir ao outro, não ao mesmo tempo.
Bem sei que há homens e mulheres com várias ou vários amantes, mas isso não é Amor. Não estou a dizer que isso é mau e não se deve fazer. Na verdade até acho que se deve quando se é feliz assim. Estou só a dizer que isso não é Amor, quando muito é uma tentativa de o ter. Uma das características do Amor é não nos sentirmos em mais ninguém.
Pensei nisto agora porque, em conversa com um dos amigos da minha colecção de amigos, ele disse-me que anda a coleccionar amores desde que se separou do seu Amor de sempre. Perguntei-lhe se estava feliz e ele abanou os ombros. Nunca estamos mesmo felizes quando coleccionamos abanões de ombros, respondi-lhe. E ele concordou.
Não entendam isto como um manifesto pró-monogâmico, até porque não o é. Isso seria apenas paleio de merda. Muito pelo contrário, acho que a tristeza de um homem, em tempos de solidão, se pode apagar por momentos nos braços duma estranha que se conheceu na internet, duma amiga que não se ama ou duma colega de trabalho. O mesmo se passa com as mulheres. Afinal de contas o sexo faz milagres. Acredito nisso e até acredito que haja quem goste de viver assim. Só estou a dizer que para mim uma das características do Amor é não nos sentirmos em mais ninguém.

1.20.2011

respostas a perguntas inexistentes (116)

Quem é que manda?

Os homens é que mandam no mundo. Os políticos mais influentes do mundo são homens, os empresários mais bem sucedidos do mundo são homens, os desportistas mais famosos são homens. Enfim, são quase sempre homens a ocupar o primeiro lugar em tudo. De vez em quando lá aparece uma mulher, como excepção, e é apontada nos jornais e nas revistas por ser mulher e ter sucesso. É que é raro.
Há uma razão muito simples para as mulheres deixarem os homens mandar no mundo. É que elas, não mandando em mais nada, mandam nos homens e isso chega-lhes. Afinal de contas acabam por mandar nos que mandam no mundo.
Eu também cresci a acreditar que pertencia ao género que mandava em tudo e que isso era uma questão biológica, ou seja, os homens mandavam no mundo porque isso era natural e pronto. Aos vinte anos, mais coisa menos coisa, comecei a perceber que não é bem assim. Percebi até que há alguma bondade por trás dessa masculina sensação de poder. É que na verdade as mulheres deixam os homens mandar da mesma forma que se deixa uma criança brincar. É para eles ficarem contentes.
A minha primeira namorada sorriu-me uma vez quando eu decidi, sem sequer lhe pedir a opinião, em que restaurante íamos celebrar o nosso primeiro aniversário como casal. Sorriu porque ficou feliz ao perceber que a sensação de decidir me satisfazia plenamente. Depois, no restaurante, acabou por ser ela a escolher a ementa toda. Nunca mais me esqueci da doçura desse sorriso, nem desse jantar.
Ainda bem que o mundo é assim, com as mulheres a não se importarem de não aparecer como as que mandam em tudo. Até porque no fundo mandam. Não têm a fama mas têm o proveito. Se fosse ao contrário, os homens a mandar nas mulheres que por sua vez mandavam no mundo, a coisa não ia ser tão pacífica. É que para os homens a fama vem em primeiro lugar.

1.19.2011

conversa 1694

Ele - Estou completamente apaixonado.
Eu - Fixe. Já merecias.
Ele - O problema é que eu estou numa fase tão feliz da minha vida que tenho medo que ela acabe. Aliás, o pior de tudo é eu saber que ela vai acabar mais tarde ou mais cedo.
Eu - Não achas que devias aproveitar o momento? O resto, depois logo se vê. Até pode ser que não acabe nada.
Ele - Acaba, acaba. Já falei com ela sobre isto e ela concorda que isto não pode ser eterno. Não é possível.
Eu - Isso chama-se sofrer por antecipação.
Ele - Sim, assim vamo-nos habituando.

respostas a perguntas inexistentes (115)

E agora a casa? E agora os filhos? E agora o carro? E agora isto o aquilo? São tantas as perguntas que se fazem quando chega a hora do divórcio, que às vezes quem as faz nem percebe que só está a legitimar a separação, não a questioná-la. É que as perguntas referem-se sempre a tudo menos ao Amor, como se fosse natural este ser refém do resto.
Não sei quantas pessoas passam a vida inteira a contornar o Amor porque têm uma casa para pagar a meias, um filho para educar a meias ou mesmo um carrito comprado a meias. Sei que numa relação cansada a única coisa que não é a meias é mesmo o Amor, porque aí cada um está virado para o seu lado, e sei que quando me separei fiz a mim mesmo a pergunta mais importante de todas: "E agora como é que vou ser feliz?". Não sabia a resposta, mas pelo menos podia tentar responder.

1.18.2011

conversa 1693

Ela - Do que me lembro mais vezes do meu namorado é do tempo que passávamos juntos a fazer coisas normais, tipo limpar a casa ou cozinhar. Tenho saudades disso.
Eu - Percebo. Gostavas que isso fosse a normalidade da tua vida.
Ela - Pois. Também é disso que te lembras mais dos teus amores passados?
Eu - Bem...
Ela - Primeiro tira essa cara de tarado sexual e depois diz-me.
Eu - Bem... não é o que me lembro mais, mas também me lembro.
Ela - Bem me parecia.

conversa 1692

Ela - Tens a mania de falar do amor mas acho que a melhor fase da vida é aquela em que estou agora.
Eu - Qual é?
Ela - Não me apaixono, não me quero apaixonar e quero é que me deixem em paz que estou muito bem assim.
Eu - Só isso?
Ela - Só isso?! Não imaginas o esforço que foi chegar até aqui.

1.17.2011

conversa 1691

Ela - Já reparaste que já tenho rugas na cara?
Eu - Não, não reparei. Onde é que tens?
Ela - Aqui, perto dos olhos.
Eu - Ah! Não te preocupes.
Ela - Preocupo, preocupo.
Eu - Tens uns olhos tão bonitos que ninguém repara nessas rugas pequeninas.
Ela - A sério?
Eu - A sério.
Ela - Nunca mais uso óculos escuros.

conversa 1690

(no café)

Eu - Obrigado por vires beber uma cerveja comigo a esta hora. Trabalhei o fim de semana todo e estava a ficar maluco.
Ela - Na boa. Eu estava em casa a dobrar meias e cuecas. Também estava a ficar maluca, se queres saber.
Eu - Não saíste este fim de semana?
Ela - Não. Tu estiveste sempre no trabalho e eu estive sempre em casa.
Eu - Não saíste porquê?
Ela - Não tinha ninguém com quem sair.
Eu - Ah! Então não tinhas? Tens tantos amigos...
Ela - Sim, mas de repente arranjaram todos namorados e namoradas e eu não gosto de me sentir a mais. Aliás, a ti também é raro ver-te, desde que começaste a namorar. Tenho passado muito tempo em casa.
Eu - E em casa o que é que tens feito?
Ela - Tenho dobrado meias e cuecas.
Eu - Estou a contar sair esta semana uma noites, para desanuviar. Telefono-te, está bem?
Ela - Está bem. Vais lá a casa e ajudas-me a dobrar meias e cuecas.

aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós

Nunca me arrependi de amar, nem sequer daquelas vezes em que o Amor me passou rapidamente a perna e me fez cair. Nunca, ao levantar-me depois da queda, olhei para o Amor com vontade de me vingar ou de lhe virar as costas para sempre. E talvez essa seja a singularidade do Amor: mesmo quando nos faz mal continuamos a gostar dele. Este fim de semana o Amor rasteirou-me e eu continuo a gostar dele, pelo menos.
Há bocado penetrei a noite num comboio solitário. Quando, ao chegar à última estação, vi a minha imagem reflectida na porta que tardava em abrir, reparei que tinha o cabelo todo no ar, e só nesse momento é que percebi que tinha feito toda a viagem com os dedos abraçados à cabeça, como se nela eles pudessem encontrar uma ponta no atafulhado novelo de lã em que se encontrava. Não podiam. O Amor tem a mania de nunca desfazer nós.
Outra mania que tem é só regressar ao passado quando se vê ao espelho, mesmo que o espelho seja o vidro duma porta dum comboio urbano. Vemo-nos mais velhos e o primeiro gesto é olhar para trás. Foi o que eu fiz. Olhei para trás e pensei que o poeta mexicano Amado Nervo tinha razão: "Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós".

1.15.2011

conversa 1689

Ela - Ufa! Que alívio.
Eu - Que alívio porquê?
Ela - Afinal o meu signo não mudou.
Eu - Não mudou?
Ela - Não. Um americano qualquer tinha feito uma descoberta que ia mudar os signos de toda a gente, mas agora li na internet que afinal fica tudo na mesma.
Eu - Ah! E estás aliviada com isso?
Ela - Estou.
Eu - Mas tu és cientista. Não acreditas nisso, pois não?
Ela - Não.
Eu - Estás aliviada porquê, então?
Ela - Não acredito mas converso muito sobre Astrologia com as minhas amigas, e achamos que bate sempre tudo muito certo. Personalidade, Amor, tudo... Já viste o que era agora ter que alterar tudo? Como é que íamos continuar a ter conversas parvas sobre os signos?

conversa 1688

(ao telefone)

Ela - Gostava de sair contigo uma noite destas e poder falar contigo de forma aberta.
Eu - Claro. Mas há algum problema?
Ela - Não é bem um problema. Queria que ficasse claro que eu acho que tu és um bom amigo mas nunca estive minimamente interessada em ti.
Eu - Sim, também foi sempre assim que eu vi a coisa. Mas a que propósito é que vem isso agora?
Ela - O meu marido é que tem a mania que estou sempre interessada nos meus amigos, percebes?
Eu - Mais ou menos.
Ela - Bem, de qualquer maneira já te disse o que tinha a dizer, por isso já não preciso sair contigo.
Eu - O.k.
Ela - Tchau!
Eu - Tchau!

1.14.2011

coisas que fascinam (113)

No Amor não há heróis. Todos os que amam passam pela experiência do sofrimento pelo menos uma vez na vida. Com maior ou menor intensidade, em fases mais longas ou mais curtas, mas todos passam por ela. Os que se armam em heróis, e que se põem em pontas dos pés afirmando a sua capacidade de contornar o sofrimento que o Amor pode causar, ou não sabem o que lhes espera ou não sabem Amar.
A vantagem dos que sofrem é essa: saber Amar. Ao contrário dos que não sabem, também já experimentaram a sensação de caminhar a dez centímetros do chão. Só o Amor é capaz de fazer isso. Os que amam passam pela vida, os que não amam é a vida que passa por eles.
Gostava de Vos poder dizer isto da mesma forma que o disse a um amigo meu há pouco tempo, e da mesma forma que um grande amigo mo disse a mim há quase cinco anos, isto é, olhos nos olhos e com um copo de qualquer coisa que gostem à frente, fosse vinho, chá, uísque ou cerveja. A bebida tem essa vantagem de parecer que nos abraça, e na fase do sofrimento é natural precisar dum abraço.
Acho que é disto que falamos quando falamos de Amor: a nossa passagem pela vida. Quem ler isto e pensar qualquer coisa como "é preciso ser parvo para se ir abaixo por causa duma paixão", sinceramente, ainda não chegou lá.

linguee

Recebi este link da linguee e achei importante divulgá-lo, até porque neste blogue se fala de incompreensão. É um serviço online gratuito que oferece uma máquina de busca de traduções e um dicionário português-inglês.

respostas a perguntas inexistentes (114)

Todos conhecem a expressão "Make Love Not War" que supõe que o Amor é o contrário da guerra. Não é.

Quando muito, o Amor será o oposto da solidão. Já com a guerra, o Amor tem tudo a ver. Claro que não estou a falar da guerra que deriva do capitalismo e da ganância. Estou a falar da guerra em que somos o nosso próprio inimigo. Conhecemo-nos, apaixonamo-nos, amamo-nos e depois estragamos tudo numa guerra interior que nem nós próprios conseguimos perceber. É como se o Amor nos entregasse de vez em quando uma bandeja cheia de felicidade e nós, como resposta, o esmurrássemos continuamente.
É por isso que só amamos a sério quando aceitamos depor as nossas armas e aceitamos o doce sabor da derrota. Nessa altura deixamo-nos conquistar e ocupar pelo Amor que, como qualquer conquistador, impõe sempre novas regras e condutas na nossa vida. Enfim, uma nova cultura que aceitamos ou não. Quando aceitamos, adivinham-se anos de paz e prosperidade amorosa. Quando não aceitamos, partimos de novo para a guerra, às vezes primeiro através da guerrilha. 

conversa 1687

(a ver fotografias duma festa)

Ela - Ai! Apaga já essa fotografia do teu computador.
Eu - Porquê?
Ela - Estou horrível.
Eu - Mas... estão mais seis pessoas nela. Não a vou apagar só porque achas que estás horrível.
Ela - Ainda pior. Se cada uma dessas seis a mostrar a cinco amigos, são trinta pessoas a vê-la.

1.13.2011

pensamentos catatónicos (229)

Os olhos são um verdadeiro detector de mentiras. Se não são, pelo menos ela está convencida que sim. Não estou a falar da mentira no seu sentido judaico-cristão, com que não simpatizo, mas sim da capacidade que temos ou não de dizer aquilo que realmente nos vai na alma. É que eu acreditei em tudo o que ela me disse, enquanto bebia um chá quente acabado de fazer, por causa dos olhos dela.
O marido dela emigrou há uns anos, creio que para a Noruega, para tentar uma vida melhor. Na altura tinham acabado de casar e amavam-se como se o seu Amor fosse o único no mundo. Eu  fui uma feliz testemunha desse Amor. Ele veio a Portugal sempre que possível, mas não foi possível tantas vezes como isso. A última vez que veio, mais concretamente estas férias de Natal, ela abriu-lhe a porta de casa e percebeu que estava a receber um estranho, não um Amor.
A ausência transformou um Amor num desconhecido, disse ela. E eu acreditei.

conversa 1686

Ela - Tive uma noite de sexo espectacular. Hoje de manhã até cheguei atrasada ao emprego.
Eu - Paixão nova?
Ela - Não sei. Ainda estamos no princípio...
Eu - Fixe!
Ela - Por um lado é fixe, por outro nem por isso.
Eu - Eu acho que é sempre fixe estarmos a começar qualquer coisa.
Ela - O problema é eu ter trinta e sete anos e só agora é que percebi que o sexo pode ser fenomenal. Isso não é fixe.
Eu - Não sabias?
Ela - Sei que nunca tinha gostado tanto de sexo como agora.
Eu - Não és a primeira nem a segunda mulher a dizer-me isso. É mais normal do que pensas.
Ela - Acredito que sim. Os homens são muito diferentes, uns dos outros, na cama.
Eu - São?
Ela - São. Uns sabem tocar, sabem fazer os preliminares, sabem tudo. Outros não sabem nada, parecem comboios.
Eu (risos) - Pronto. Ainda bem que conheceste um que sabe, então.
Ela - Só que agora estou a ficar ansiosa. Estou aqui a falar contigo mas só estou a pensar nele.
Eu - É normal.
Ela - Mandei-lhe uma mensagem esta tarde a dizer que tinha gostado muito da noite.
Eu - Ele respondeu-te?
Ela - Respondeu logo a seguir.
Eu - Isso é muito bom sinal. A sério que é muito sinal.
Ela - Mas eu recusei-me a encontrar-me com ele hoje.
Eu - Porquê?
Ela - Se chego outra vez atrasada ao emprego ainda sou despedida.

1.12.2011

eu podia viver ali

O amor de um homem por uma mulher à primeira vista está muito mal cotado na bolsa dos Amores Todos. Um Amor por uma mulher de quem se é amigo há anos, é sempre mais credível que o Amor pela mulher que passou por nós na rua. Quando um homem confessa o seu Amor pela mulher que passou por ele às onze da manhã numa avenida qualquer, e que só viu durante dois segundos, é imediatamente apelidado de tolo e inconsequente, como se o Amor devesse sempre ser um cálculo.
O Amor nunca é um cálculo. Um homem pode de facto apaixonar-se à primeira vista. Aliás, diria mesmo que um homem se apaixona muitas vezes à primeira vista. E esse é o maior dos Amores porque é o Amor pelo desconhecido. É uma viagem à Lua ou a outro planeta, não um passeio mesquinho pela rua que está farto de conhecer. Essa é a grandiosidade do Amor: a sede de dar novos mundos ao próprio mundo.
Disse-me alguém que os Amores à primeira vista são efémeros. Não são. Mas se fossem valiam a pena na mesma. Aliás, valiam o mundo e a vida. Mas não o são. Quem nunca pensou, no primeiro instante em que sob os seus olhos se abriu uma paisagem nova e magnífica, que podia viver ali? O primeiro pensamento do Amor à primeira vista é precisamente esse: "Eu podia viver ali".

1.11.2011

o rap do bagaço amarelo

Desde o liceu que as mulheres não me ligam nada. Para desanuviar, aqui fica um vídeo que fiz no auge da minha adolescência com um amigo meu engatatão. Para quem não sabe, eu tenho mesmo um Cinquecento.

conversa 1685

Eu - Olá!
Ela - Olá!
Eu (risos) - Não acredito.
Ela - Não acreditas em quê?
Eu - Até tu andas com uma pulseira do equilíbrio?
Ela - Foi o meu marido que ma comprou. Ando com ela só para ele não ficar triste...
Eu - E sentes-te mais equilibrada?
Ela - Achas? Claro que não.
Eu - Pois, provavelmente foi só uma maneira discreta de o teu marido te dizer que te acha desequilibrada.
Ela - Ai o sacana! Vou já tirá-la!

conversa 1684

(no café)

Eu - Ena! Que mulher tão bonita!
Ela - Qual?
Eu - A que saiu agora mesmo. Já não vês...
Ela - Caraças! Queria mesmo ter visto.
Eu - Para quê?
Ela - Sempre que um homem me diz que outra mulher é bonita, gosto de a ver. É sempre bom conhecer o inimigo.

1.10.2011

lágrimas

Se as mulheres chorarem, o apetite sexual dos homens é menor. Pelo menos é o que diz um estudo publicado na Folha de São Paulo. As lágrimas femininas libertam uma substância que faz baixar o nível da testosterona. Às vezes a explicação científica para as coisas ultrapassa-me completamente. Será que nenhum cientista pensou que o simples facto de detectar tristeza numa mulher pode tirar a pica a um gajo, independentemente das substâncias libertadas pelas lágrimas?

conversa 1683

Ela - Acho que o meu marido tem outra.
Eu - Outra quê?
Ela - O que é que havia de ser?
Eu - Outra mulher?
Ela - Claro.
Eu - Ah! Como é que sabes?
Ela - Eu e ele já não temos sexo há tanto tempo...
Eu - Porque ele não quer?
Ela  - É mais por minha causa. Não sei porquê mas não me apetece.
Eu - E disseste-lhe isso assim?
Ela - Nunca lho disse, mas arranjo sempre maneira de não ter. Deito-me mais cedo e adormeço, por exemplo.
Eu - Ah! Mas isso não prova que ele já tenha outra mulher, pois não?
Ela - Deve ter.
Eu - Porquê?
Ela - Porque sim. Os homens não aguentam muito tempo sem sexo, pois não?
Eu - Perguntas-me a mim?
Ela - Tu não és homem?
Eu - Sou, mas sou só um homem. Não falo por todos os homens do mundo.
Ela - E por ti, o que é que dizes?
Eu - Digo-te que se não estás apaixonada pelo teu marido, e não pareces estar, às tantas não te devias preocupar se ele tem outra ou não.
Ela - Não é bem preocupar-me...
Eu - É o quê?
Ela - É curiosidade.
Eu - Curiosidade?
Ela - Sim. Sempre quero saber se ele é capaz ou não.

pneu furado

Acabei por arregaçar as mangas. Primeiro escondi a cabeça debaixo do guarda-chuva e continuei, em passo apressado, em direcção ao meu escritório e ao meu egoísmo. Depois a chuva molhou-me a ponta dos sapatos e eles pararam, talvez contra a minha própria vontade. Voltei para trás e perguntei-lhe se precisava de ajuda. "Já tentei telefonar ao meu marido mas ele não atende", disse ela, como que a querer manter alguma distância. "Deixe estar, eu troco-lhe isso em dez minutos", respondi. Assentiu.
Trocar o pneu furado ao automóvel duma mulher é um cliché e talvez eu também seja vítima de clichés. No entanto, mais importante do que lhe trocar o pneu, pareceu-me, foi o facto de a ter ficado a ouvir enquanto ela segurava o guarda-chuva que nos protegia a ambos. Entre outras coisas fiquei a saber que o marido, a quem ela supostamente já tentara telefonar, é apenas uma pedra na sua vida. Têm o divórcio marcado e ele até já foi violento com ela algumas vezes na vida. O corpo dela já sarara essas feridas mas a voz não. Ainda sangrava tristeza e solidão.
Apertei bem os parafusos com pé e disse-lhe que podia ir. Perguntou-me se queria boleia para algum sítio, o que recusei prontamente por não precisar de facto. Depois fiquei a vê-la diluir-se no trânsito onde outras tantas histórias parecidas devem circular como colesterol nas veias duma cidade doente. Às vezes é mais fácil abrirmo-nos com um desconhecido do que com um amigo, pensei.

1.09.2011

conversa 1682

Ela - É a segunda vez que o mesmo tipo me pede o número de telefone.
Eu - E tu não dás?
Ela - Dei a primeira vez, a segunda não. Se ele não o guardou a primeira vez é porque não o queria guardar.
Eu - Caramba! Isso é não dar nenhuma margem de erro a um homem. Ele até pode tê-lo apagado sem querer.
Ela - A mim ninguém me apaga sem querer.

1.08.2011

respostas a perguntas inexistentes (113)

Dias Cinzentos

Esta semana uma mulher sentou-se à minha frente no comboio (sentido Porto - Aveiro) e começou a falar comigo com a maior das naturalidades, apesar de eu nunca a ter visto até então na minha vida. Disse ela que adora estes dias cinzentos e que a cidade do Porto fica ainda mais bonita em dias de Inverno. Pelo sotaque e pelas características somáticas percebi que era estrangeira, provavelmente alemã ou polaca, e respondi-lhe que para alguém que gosta de dias cinzentos tem uma forma de comunicar bastante colorida e espontânea. Explicou-me então que gosta mais de dias cinzentos em Portugal do que na Polónia (era polaca) porque lhe lembram a cidade e a rua onde cresceu.
Lembrei-me também duma rua cinzenta, e de um dia qualquer da minha minha vida em que percebi que as ruas são uma concepção do Homem e não um elemento natural como, por exemplo, uma árvore ou um rio. Nessa rua algumas mulheres costumavam ficar tardes inteiras à janela aceitando como um presente as cócegas que o tempo lhes ia fazendo, como se ainda assim a morte nunca ali tivesse passado. Uma dessas mulheres era a avó da Helena, talvez a primeira rapariga do mundo por quem abdiquei de jogar futebol com os amigos para usufruir da sua companhia, que me conhecia e normalmente me fazia um copo de leite e uma torrada se me visse por ali à hora do lanche.
Foi assim durante três ou quatro anos, não me lembro bem, e só hoje percebo que esses lanches vinham duma senhora que me conhecia melhor do que eu mesmo, e que entre mim e a Helena havia uma primeira experiência de Amor, ainda que limitada à capacidade que uma criança tem de amar outra mais do que a ela mesma e que, convenhamos, não é muita. Talvez por isso só tenha percebido a sua importância quando ela morreu e a Helena foi viver para outra cidade, creio que Lisboa, e eu nunca mais a vi.
Eu, por mim, continuei a passar nessa rua quase diariamente, assumindo com alguma frustração que ela era indiferente à ausência da Helena e da sua avó, assim como ao meu consequente sofrimento. Alguns terrenos baldios foram-se transformando em casas, e algumas casas em pequenos edifícios com apartamentos onde regularmente iam surgindo caras novas. O tempo começava a fazer cócegas a mim mesmo. A única coisa que se mantinha era a cor do céu, normalmente um cinzento pálido pintado por aguarelas um pouco mais escuras e difusas.
"A mim também me lembra uma rua da minha infância", disse eu à polaca antes de ela se despedir de mim numa estação qualquer. Tenho a certeza absoluta que ela também tem uma história qualquer numa dessas ruas de que este tempo a faz lembrar. Disse-lhe adeus pela janela quando o comboio partiu e ela, do cais, olhou para trás na minha direcção.

conversa 1681

Ela - Li num livro que a maior parte dos homens não confia numa mulher com quem tenham tido sexo demasiado cedo. Isso é verdade?
Eu -Não confiam como? Não percebo...
Ela - Não confiam que uma mulher com quem tenham tido sexo demasiado cedo seja boa para uma relação.
Eu - Bem, se uma mulher me acordar cedo todos os dias para ter sexo, também não acho que ela seja boa para uma relação, mas isso sou eu que gosto de dormir até tarde...
Ela - Esquece! Nem sequer percebes o que eu estou a dizer.

1.07.2011

conversa 1680

Ela - De vez em quando telefono para o emprego do meu marido, digo que sou a mulher dele e peço que o chamem, mesmo que não tenha nada para lhe dizer.
Eu - Porquê?
Ela - Uma mulher, às vezes, tem que marcar território.

1.06.2011

o Amor quer-se sujo

A Disney é que lixou isto tudo, com as suas cândidas versões cinematográficas dos contos dos irmãos Grimm. A 'Gata Borralheira', 'Branca de Neve' e 'Bela Adormecida'. Destruiu o Amor limando-o. Não é suposto o Amor passar no teste do algodão. O Amor quer-se sujo, cheio de saliva, suor e toda a espécie possível e imaginária de secreções corporais.
Nunca vi um Amor a sério nascer nas nuvens, com passarinhos a cantar e príncipes tão machistas que se acham no direito de fazer uma festa com todas as mulheres da terra para depois escolher uma. Nunca vi um Amor a sério nascer de toques entre mãos desinfectadas e leves beijos sem alma nas bochechas. Nunca vi um Amor a sério nascer entre duas pessoas que se falam sem nervo, sem discussões pontuais, e outra vez sem alma.
Um Amor a sério começa com uma garrafa de vinho ou umas cervejas, uma cama desfeita ou um sofá partido, uns lábios presos e uma língua enrolada, e por fim uns sons em que nos confundimos com animais. E depois sujidade, muita sujidade.

conversa 1679

Eu - Olá!
Ela - Olá!
Eu - Ena! Estás com tão bom aspecto. Emagreceste muito...
Ela - Emagreci. Fiz uma dieta rigorosa acompanhada pelo nutricionista.
Eu - E o teu marido? Está porreiro?
Ela - Ando a tentar que ele se decida a fazer dieta também. De resto está bem...
Eu - Mas ele não era assim muito gordo. Engordou agora, foi?
Ela - Um bocadinho.
Eu - Então fazes bem. É uma questão de saúde.
Ela - Sim. É uma questão de saúde e de eu conseguir respirar durante o sexo.

1.05.2011

conversa 1678

Ela - Isto está duma maneira que o meu salário não dá para nada.
Eu - Eu sei, eu sei...
Ela - Mas pelo menos tu não fumas. Não imaginas o dinheiro que eu gasto em tabaco todos os meses.
Eu - Tenta deixar de fumar.
Ela - Não me digas isso.
Eu - Porquê?
Ela - Detesto conselhos paternalistas. Não preciso deles e dispenso-os. Muito obrigada.
Eu - Pronto. Não era um conselho paternalista. Eu até me estou nas tintas para se tu fumas ou não.
Ela - Não me digas isso também. Não gosto de conselhos paternalistas mas, obviamente, também não gosto que se estejam nas tintas para mim.
Eu - Então... como é que eu faço?
Ela - Dá-me um conselho a sério, daqueles de amigo.
Eu - Sobre o tabaco?
Ela - Por exemplo.
Eu - Só me consigo lembrar de te dizer que podes tentar deixar de fumar.
Ela - E mais nada?
Eu - Mais nada. Lamento.
Ela - Eu estou-me a lembrar doutra coisa.
Eu - Então?
Ela - Arranjar um gajo que me suporte os vícios.

pato Donald apalpa mulher

O Pato Donald anda para aí a apalpar mulheres a torto e a direito e agora vai ser presente a tribunal. Em 2004 já o tinha feito mas agora tornou a repetir a gracinha e apalpou as mamas duma cliente do Disney World Epcot, diz o Correio da Manhã. Eu, se fosse vítima de assédio sexual por um cartoon, preferia a Jessica Rabbit.

coisas que fascinam (112)

a fragrância do Amor

Comi hoje o último bombom. Um que sobrou heroicamente da época festiva que agora termina, e que encontrei acanhado numa caixa quase esquecida na cozinha. Trinquei-o tentando prolongar-lhe a doçura que me ia pulverizando a língua e a alma, com a certeza amarga que era o último. Tenho a certeza que foi o bombom que me soube melhor de toda esta enorme montanha de doces que ingeri em poucos dias, não só por ser o único mas também porque o saboreei isoladamente. Fiquei a olhar para a caixa vazia, como se naquele pequeno espaço ainda dançasse a doce fragrância do chocolate.

Acho que o Amor, quando acaba, deixa nas coisas esta mesma fragrância. Nas caixas, nos automóveis, nas casas, nas ruas, nos cafés e principalmente na cama. E que não se vai de vez. Antes fosse. É uma espécie de dança doce que sabe como se fosse amarga. E não acredito em homens apaixonados que passem incólumes por esta dança fantasma.

Acredito, no entanto, que tal como no chocolate a fragrância do Amor é igual quando se vai e quando se vem. E que um homem pode adocicá-la assim. Se não com outro, então com amores de ficção, que também ele sabem cheirar ao que é preciso. Lembro-me que a última vez que o perfume do fim do Amor povoou a minha rua e a minha cama, o fui confundindo com o aroma da locutora de rádio que nunca cheguei a ver, da escritora que nunca cheguei a ouvir ou doutra mulher qualquer que nunca cheguei a ler.

1.04.2011

coisas que fascinam (111)

Não suportamos tão facilmente o silêncio de alguém a dois como suportamos a três. É o mesmo que dizer que a dois o silêncio pode tornar-se muito mais incomodativo do que a três. E talvez esta seja uma barreira ao bem estar em algumas relações amorosas.
Partir do princípio que o adjectivo "amorosa" é intrínseco à relação entre um homem e uma mulher talvez já seja só por si um exagero. As relações nunca são feitas exclusivamente de Amor. São feitas também de amizade e, do outro lado da nossa vontade, de mal estar e incompatibilidades. Se as relações pudessem ser feitas só de Amor, então o silêncio nunca seria um problema entre dois.
Feita que está esta introdução de pacotilha à filosofia sobre o Amor, cabe-me dizer que acho que um homem diz muitas coisas que não deve a uma mulher precisamente porque o silêncio o incomoda. O silêncio e, claro está, aquilo que ele acha que ela quer ouvir. Coisas como: "amo-te", "és bonita" ou "não há ninguém no mundo como tu".
Talvez, e sublinhe-se este "talvez", os silêncios bem digeridos entre duas pessoas que se amam sejam mesmo um prémio do tempo, digo, de alguma experiência de vida. Da idade, portanto. E digo isto porque acho que eu próprio nunca os tinha digerido tão bem.

conversa 1677

(na casa dela)

Eu - Lembras-te que eu me esqueci aqui do meu livro do Saramago?
Ela - Lembro. Já to vou buscar...

(cinco minutos depois)
Ela - Olha, eu guardei-o em qualquer sítio mas não sei onde.
Eu (risos) - Já sabia que um homem nunca encontra uma coisa guardada por uma mulher. O que eu não sabia é que a própria mulher não encontra aquilo que ela mesma guardou.
Ela - Não gozes. Se soubesses a trabalheira que esta casa me dá a arrumar... não sei mesmo onde é que raio guardei o livro.
Eu - Tudo bem. Por isso é que quando alguém se esquece de alguma coisa em minha casa, eu ponho-a em cima do frigorífico e já está.
Ela - Eu não gosto desse método. Acaba por ficar tudo por aí espalhado.
Eu - Mas pelo menos sei onde está.
Ela - Mas fica tudo espalhado.
Eu - Mas pelo menos sei onde está
Ela - Mas fica tudo espalhado.
Eu - Mas pelo menos sei onde está
Ela - Sabes onde está, tudo bem. O que é que interessa saber onde está uma coisa se tens a casa cheia de objectos espalhados?
Eu - O que é que interessa ter a casa arrumada se não sabes onde está nada?
Ela - Homens!
Eu - Mulheres!

1.03.2011

mulheres, amanhã no mercado negro...

Por esta música se pode concluir que o Martinho da Vila não compreende as mulheres, mas também se pode concluir que se dá muito bem com isso e até consegue ser feliz. Nem tudo é mau, portanto. Esse é só um dos motivos pelos quais amanhã à noite, terça-feira, no Mercado Negro em Aveiro, vou convidá-lo a passar por lá em mais um set do dj Bagaço Amarelo.



Procurei em todas as mulheres a felicidade, mas eu não encontrei e fiquei na saudade, foi começando bem mas tudo teve um fim. Você é o Sol da minha vida...

conversa 1676

(hoje de manhã, no café, entre duas mulheres na mesa ao lado da minha)

Ela 1 - Estou a pensar em casar.
Ela 2 - Tu?
Ela 1 - Sim.
Ela 2 - Com quem?
Ela 1 - Com o meu namorado.
Ela 2 - Não sabia que tinhas namorado.
Ela 1 - Não tenho, mas sinto que está próximo. A sério!
Ela 2 - Mas quem é?
Ela 1 - Não sei.
Ela 2 - Não me digas que estás a pensar casar com um homem que ainda nem conheces.
Ela 1 - Está bem.
Ela 2 - Ah!
Ela 1 - Está bem quer dizer que não digo. Mas que estou a pensar, estou.

1.02.2011

conversa 1675

Ela - Este ano começa bem.
Eu - Então?
Ela - Vou sair com um gajo que até me interessa um bocadinho.
Eu - Ena! Dito assim parece a loucura total.
Ela - Não gozes. Da maneira que isto anda, um tipo interessar-me um bocadinho que seja já não é nada mau.
Eu - Hum... ok...
Ela - Agora só espero que ele tome a iniciativa de me abraçar, beijar ou assim.
Eu - E achas que o vai fazer?
Ela - Não sei, espero que o faça. Gosto de homens com iniciativa.
Eu - Se ele não tomar a iniciativa, podes tomar tu.
Ela - Um dos motivos que me levam a gostar de homens com iniciativa é eu não ter que o fazer.

pensamentos catatónicos (228)

E ele ri-se. Os outros, quase todos ou os outros, mantêm silêncio. Alguns por vergonha. É sempre assim quando se fala de Amor. Ninguém lhe fica indiferente mas o Amor mete medo.
E ele ri-se. Diz que é preciso é não pensar em mulheres e andar para a frente. Nunca percebi o que as pessoas querem dizer com este 'andar para a frente'. Sempre achei a expressão mais rica em estupidez do que noutra coisa qualquer. Porque não para trás? Ou para a esquerda? Ou para a direita? Como se a frente fosse a razão da existência da nossa espécie. Não é. À nossa frente pode estar o abismo.
E ele ri-se. Só porque numa conversa de café, no dia um, alguém disse que se queria apaixonar este ano. Num dia qualquer do ano. E ele ri-se e continua rir. E eu, mais um que mantém silêncio, olho para ele com pena.