7.31.2010

conversa 1569

Ela - Às vezes imagino-te na cama.
Eu - O quê?
Ela - Imagino muitas vezes como tu és na cama.
Eu - Ena... e ao menos sou bom?
Ela - Não sei, estás sempre a dormir.

7.30.2010

conversa 1568

Eu - Bebemos uma cerveja hoje?
Ela - Estou triste. Não me apetece sair.
Eu - Então, o que é que se passa?
Ela - É um desgosto amoroso.
Eu - Então anda lá, talvez te faça bem beber um copo.
Ela - Não me apetece. Ainda me ponho a chorar, se bebo um copo...
Eu - Se calhar fazia-te bem...
Ela - Não faz bem nenhum. Apetece-me estar sozinha.
Eu - Pronto, tudo bem. Até à próxima.
Ela - Mas telefona-me daqui a dez minutos outra vez. Pode ser que entretanto mude de ideias.

coisas que fascinam (108)

o Amor dos Velhos.
Quando eu era pequeno pensava que todos os velhos apaixonados só se tinham apaixonado uma vez. Para mim as pessoas apaixonavam-se, namoravam, casavam e viviam felizes uma com a outra até à morte. Aliás, nenhum casal de velhos se tinha apaixonado tardiamente mas sim ainda em tenra idade, e era desde aí que a vida de duas pessoas apaixonadas se desenhava em conjunto.
Talvez eu achasse isso porque o primeiro Amor da nossa vida, aquele de criança, seja tão forte que não pomos a hipótese de vir a ter outro igual. Mas acabamos por ter, igual e diferente. Durante a vida até nos chegamos a contentar com amores mais ou menos, que são aqueles amores que temos mas a que passamos os dias a dizer nim. Nem sim nem não, até ao dia em que inevitavelmente dizemos um grande não.
Esta nova forma probabilística de encarar o Amor decepcionou-me durante algum tempo. Decepcionou-me porque o Amor deixou de ser aquela coisa mágica para uma vida toda e passou a ser suave. Algo que vai e vem quando lhe apetece, às vezes com mais intensidade, outras vezes com menos, mas sempre suave.
Salvou-me dessa decepção total precisamente o Amor dos Velhos. Afinal todos os velhos que eu via na rua de mão dada já se tinham apaixonado milhentas vezes por outras pessoas, e isso fazia com que o Amor pudesse ser uma escolha de todos esses amores.
Passei então a viver bem com amores efémeros, convencido que mais tarde ou mais cedo me apareceria um que pudesse envelhecer comigo. Seria a escolha... e acho que já apareceu.

conversa 1567

Ele - Vejo os meus amigos quase todos a ir de férias com as mulheres e com as namoradas e começo a sentir-me um bicho.
Eu - Porquê?
Ele - Porque é mais um ano que eu vou de férias com mais dois ou três divorciados.
Eu - Pode ser giro. Enquanto estive divorciado também fiz férias com amigos e gostei.
Ele - O que é que três ou quatro divorciados fazem de férias? Sentam-se numa esplanada, bebem cerveja o dia todo e falam de gajas. É ou não é?
Eu - Não é bem assim.
Ele - Ora pensa bem. Não te esqueças que também fizeste férias comigo.
Eu - Não falávamos só de gajas. Também falávamos de futebol.
Ele - Pois...

7.29.2010

mulheres que eu gostava de poder não compreender (83)

nome: Marina
origem: Israel (creio eu)
info: a par com a heidi dos desenhos animados foi uma paixão da minha infância, isto depois de vencer a I Gala Internacional dos Pequenos Cantores em 1979, tinha eu oito anos. Claro que nesta confusão emocional entre a vida real e a vida dos desenhos animados, o Popeye tornou-se o primeiro homem de quem tive ciúmes a sério. Pena que o sacana era forte. Quem são os cotas que se lembram desta música?

7.28.2010

conversa 1566

(numa esplanada na praia)

Eu - Adoro o Verão.
Ela - Porquê?
Eu - Tantas mulheres bonitas de biquíni fazem-me bem à alma.
Ela - Eu detesto o Verão.
Eu - Porquê?
Ela - Tantas mulheres bonitas de biquíni fazem-me mal à alma.

7.27.2010

conversa 1565

(ao telefone)

Ela - Parabéns.
Eu - Obrigado por te lembrares.
Ela - Não me lembrei. Vi no Facebook.

7.26.2010

pensamentos catatónicos (214)

Acho que não há nenhum homem que, pelo menos uma vez na vida, não se tenha sentado esgotado num sofá e dito para si mesmo qualquer como "nunca mais quero saber de gajas". Eu já o fiz e mais do que uma vez, completamente convencido que nunca mais me ia chatear na vida por causa duma mulher que fosse. Enganei-me sempre.

conversa 1564

Ela - Tens saído muito com o meu namorado?
Eu - Algumas vezes. De vez em quando bebemos um copo.
Ela - E são só vocês ou há mais gajas?
Eu - Há mais gajas aonde?
Ela - Quando sais com ele vão sozinhos ou com mais gajas?
Eu - Essa pergunta traz água no bico.
Ela - É só por curiosidade.
Eu - Com esse tom de voz não me parece nada que seja só curiosidade.
Ela - Era só para saber.
Eu - Mas eu repondo. Com o teu namorado saio sempre sozinho. Não temos assim muitos amigos em comum, por isso saímos só os dois.
Ela - Não acredito.
Eu - Então para que é que perguntaste?
Ela - Para saber.
Eu - Mas se não acreditas em mim...
Ela - Se não acredito em ti fico a saber na mesma, não achas? Como vejo que estás a mentir quer dizer que a verdade é inversa.

7.25.2010

conversa 1563

Ela - Estás mais magro.
Eu - Estou. Emagreci três quilos em quinze dias.
Ela - De propósito?
Eu - Mais ou menos. Substituí o carro pela bicicleta e os pastéis doces da tarde por peças de fruta. A verdade é que me sinto muito melhor.
Ela - Eu sabia... perto dos quarenta é sempre assim.
Eu - É sempre assim o quê?
Ela - Os homens começam a preocupar-se com a linha e as mulheres começam a engordar e a ficar feias. O meu ex-marido também parece rejuvenescido.
Eu - Que exagero...
Ela - Que exagero nada. Aposto que daqui a uns tempos até já estás a comprar hidratante para o corpo.
Eu - Daqui a uns tempos? Por acaso já comprei.
Ela - Já? Lá está... tenho razão.
Eu - Tu também podes ir para um ginásio, andar de bicicleta, comer fruta em vez de bolos e usar creme hidratante.
Ela - Não posso nada.
Eu - Não? Porquê?
Ela - Porque não tenho paciência. Essas coisas demoram muito tempo a fazer efeito e eu queria emagrecer já. Hoje, agora, neste momento.
Eu - Isso é falta de paciência.
Ela - É isso mesmo que eu te estou a dizer. Como é que tu queres que uma mulher de quarenta e dois anos tenha paciência?
Eu - Tem calma... não precisas gritar.
Ela - Não me digas para ter calma. Vocês não percebem nada. Ainda tenho duas filhas para criar, um emprego para manter...
Eu - Tem calma...
Ela - Os homens divorciam-se nesta idade, ficam com uma vida santa, saem com os amigos, mantêm-se em forma... e as mulheres que se lixem. As mulheres, que estão sempre ocupadas com tudo, só engordam.
Eu - Acho melhor abrirmos uma garrafa de vinho.
Ela - Também acho, também acho...

7.24.2010

respostas a perguntas inexistentes (99)

As paixões não têm todas a mesma duração. Há paixões de anos, meses, semanas, dias e até de poucos minutos ou segundos. A intensidade da paixão não tem nada a ver com a sua duração, embora normalmente as características de cada uma dessas paixões sejam diferentes.
Posso apaixonar-me pela mulher que passa por mim na rua, e essa é uma paixão de dois ou três segundos. Posso apaixonar-me pela mulher que está a acampar mesmo em frente à minha tenda num Verão qualquer, e essa é uma paixão de alguns dias. Posso estar apaixonado pela mulher com quem vivo e essa é uma paixão de anos ou até de uma vida inteira.
O problema das paixões é que elas às vezes nos fazem confusão. Uma paixão de dois segundos pela mulher que passa por nós na rua é um ruído de fundo na paixão de uma vida. Pode ser um ruído de fundo de apenas dois segundos mas ainda assim um ruído.
Das poucas coisas que aprendi na vida acho que esta foi uma das mais importantes. Foi o que me ajudou a eliminar esse ruído de fundo da paixão de uma vida inteira.

conversa 1562

(no café)

Ela - Vou só ali fazer uma coisa. Depois telefono-te, se quiseres, para bebermos mais um fininho ao fim da tarde.
Eu - Vais só ali?
Ela - Sim.
Eu - Mas é segredo, esse "ali" onde vais?
Ela - É.
Eu - Ok.
Ela - Raios. Pronto, eu digo. Vou fazer a depilação.
Eu - Isso era segredo porquê?
Ela - Porque sim. Todas as casas de beleza feminina deviam ser clandestinas e secretas.
Eu (risos) - A que propósito?
Ela - Assim as mulheres andavam bonitas e os homens não sabiam porquê.

7.23.2010

conversa 1561

Ela - As mulheres distinguem muito mais as palavras 'sexo' e 'amor'.
Eu - Distinguem?
Ela - Sim, acho que sim.
Eu - Talvez...
Ela - Acho que as mulheres dão muito mais importância à palavra 'amor' do que à palavra 'sexo'.
Eu - Ah!
Ela - No entanto hoje apetecia-me esquecer a palavra 'amor'.

coisas que fascinam (107)

Não tenho bem a certeza mas acho que esta é uma pequena história de amor, e só não tenho a certeza porque não a conheço.
Hoje de manhã vi um homem reconstruir as pedras da calçada na Avenida principal da cidade. Pegou nas pedras soltas, uma a uma, e tapou o buraco aberto. Depois empurrou com os pés alguma terra e tentou fixá-las. Parecia que estava a tratar cuidadosamente duma ferida, só que esta ferida não era de ninguém. Era de todos. Era uma ferida da cidade e ele tratou-a.
Por fim, uma mulher que lhe segurava a bengala enquanto ele fazia isto devolveu-lha e lá foram os dois embora, de braço dado, lentamente como se tivessem todo o tempo do mundo. É sempre estranho ver idosos tão calmos numa artéria onde todos parecem ter pressa.
Talvez aquele abraço que eu vi a desaparecer depois numa curva se deva à forma como eles tratam as feridas um do outro, e desta vez estou a falar das feridas a sério, aquelas que não se vêem mas que os dias nos vão abrindo cá dentro. O amor também é isso, sarar a ferida do outro.
Talvez ali, naquele abraço, fosse uma história de amor. Apetece-me acreditar que sim.

conversa 1560

(na praia)

Ela - Não percebo bem o que procuramos mesmo numa relação.
Eu - O que procuramos?
Ela - Sim... em termos emocionais principalmente. Procuramos uma vida emocional mais agitada ou mais calma?
Eu - Quando alguém vai ao cinema ver um filme blockbuster, ao futebol ou simplesmente a um carrossel procura emoções fortes, mas essas emoções são efémeras. Como não é suposto uma relação amorosa ser efémera, creio que o tipo de vivência emocional que aí se procura é outro.
Ela - É o quê?
Eu - Se compararmos essas emoções efémeras a estas ondas fortes do mar, eu diria que numa relação normalmente queremos um mar de ondas suaves onde se possa nadar sempre. As ondas grandes podem dar gozo mas cansam-nos rapidamente.
Ela (levanta-se)
Eu - Onde vais?
Ela - Vou dar um mergulho, a ver se me passa esta necessidade de emoções fortes.

7.22.2010

conversa 1559

Ela - O meu marido tem tantas coisas que eu não gosto.
Eu - Isso é normal. Vais sempre encontrar coisas que não gostas em pessoas que amas.
Ela - Achas?
Eu - Tenho a certeza.
Ela - Mas ele tem uma coisa que eu detesto mesmo.
Eu - O que é?
Ela - Há muitas coisas em mim que ele não gosta.
Eu - Estás a brincar comigo...
Ela - Não estou não.

conversa 1558

Ela - Estou farta de estudar. Acho que já queimei os fusíveis...
Eu - Isso não faz mal.
Ela - Não faz mal?
Eu - Não. Os fusíveis existem precisamente para isso. Os fusíveis queimam para que o resto não queime. É uma protecção.
Ela - Não me chateies.

7.21.2010

conversa 1557

Ela - Gosto de me sentir bonita e não me ando a sentir nada bonita.
Eu - A mim pareces-me bonita. Podes não te sentir mas garanto-te que estás.
Ela - Eu sei que estou. O problema é que não me sinto.

respostas a perguntas inexistentes (98)

O Amor das compras não é igual ao Amor per si.

Quando duas pessoas que se amam vão juntas às compras o Amor costuma ficar à porta do estabelecimento comercial, seja ele uma loja chinesa, um hipermercado ou um pronto-a-vestir. Penso sempre que ele foi tomar café e que depois nos tornamos a encontrar lá fora. É um processo de sobrevivência, este. Custa-me acreditar simplesmente que ele não entra na loja por medo. Mas se calhar é verdade...
No entanto há vários motivos para que o Amor tenha medo de entrar numa loja. É na loja que as diferenças entre ele e e ela se acentuam e é na loja que ele e ela percebem mais vezes que não foram feitos uma para o outro. Basta ele querer iogurtes cremosos de morango e ela iogurtes gregos com passas. Ele coloca oito iogurtes dos dele no carro e depois ela coloca oito iogurtes dos dela. O carrinho de compras passa a ser uma espécie de campo de batalha  e ainda estamos no início das hostilidades.
O problema agudiza-se quando se quer comprar uma inutilidade, ou seja, uma coisa que não serve para nada mas que se quer muito ter vá lá o Diabo saber porquê. O outro manda sempre a boca que aquilo é gastar dinheiro em vão. E tem razão. Tem razão mas não perde pela demora, porque querer comprar uma coisa inútil calha a todos.
No fundo é como se o Amor fosse um sentimento a dividir sempre por dois e as compras fossem um sentimento a dividir por um, com a agravante que ninguém assume que ir às compras é um sentimento. E no fundo é este conflito de sentimentos que leva ao pé de guerra na passadeira rolante. Os soldados, perdão, os amantes chegam ali com os nervos à flor da pele. Ninguém se entende quanto à forma como se deve dispor as compras. Ele gosta que vá tudo direitinho como se as embalagens fossem as ruas e os edifícios duma cidade, ela irrita-se porque quer os ovos e os tomates por cima e a caixa de bolachas por baixo.
Eu cá não sei. Os tomates nunca me pareceram um bom telhado para bolachas de chocolate. Quando muito poderiam ser uma escultura ao lado da garrafa de vinho que até parece a Torre Eiffel. Por isso é que espero que o Amor esteja ali a tomar café já na esquina e não tenha ido dar uma volta maior.

7.20.2010

conversa 1556

Ela - Tu estás a viver com a tua namorada?
Eu - Mais ou menos.
Ela - Mais ou menos?
Eu - Sim, como ela não é de Aveiro só às vezes é que estou em casa dela. Em média uns quatro ou cinco dias por semana...
Ela - Ena... que fixe.
Eu - Que fixe?
Ela - Sim, acho que é isso que eu precisava. Que o meu marido só vivesse lá em casa quatro ou cinco dias por semana.

7.18.2010

pensamentos catatónicos (213)

arroto

Percebeu que o Amor põe em causa a lei das probabilidades outra vez. Está apaixonado e não é pela melhor amiga com quem sai quase todas as noites e é bonita, nem pela colega de trabalho que cumprimenta com um sorriso malandro todas as manhãs. Apaixonou-se por uma mulher com quem nunca trocou mais do que um olhar no comboio.
Ele ia mal disposto e arrotou. Ao contrário do olhar reprovador que esperava dela, viu pelo atento canto do olho que ela lhe sorriu timidamente. Um sorriso tímido perdoa tudo, até um arroto distraído. E foi nesse olhar que se apaixonou. Depois pousou os olhos na paisagem que corria lá fora, acarinhado por uma viagem que devia ser eterna mas não foi. Numa estação qualquer ela levantou-se e saiu deixando-o órfão de tão recente paixão.
Agora está ali, sentado ao balcão dum bar qualquer com a memória do sorriso dela a boiar num copo de cerveja. Se não a tivesse visto estaria provavelmente a beber com amigos, mas assim está sozinho, encorpando progressivamente o seu sentimento de solidão. E é estranho sentir-se só por não estar hoje com alguém com quem de facto nunca esteve na vida inteira. Mas o Amor também é isso. Se não existisse mais ninguém no mundo ela seria a sua população mundial. Assim não. Está só e nem a população mundial chegaria para o consolar.
E ele, que se habituou a optar em tudo na vida por uma questão de probabilidades, sente-se derrotado. Por exemplo, não tem medo de andar de avião porque sabe que há poucas probabilidades de morrer e não joga euromilhões porque sabe que há apenas uma ínfima probabilidade de ganhar. Agora pensa que a probabilidade de a ver de novo é baixa e o pensamento não lhe sai da cabeça. É como um excitado peixinho vermelho num aquário: mexe-se muito mas não tem por onde fugir.
Bebe mais um gole que enche ainda mais esse aquário. Depois congela um segundo. Talvez a maior probabilidade seja apaixonarmo-nos por uma baixa probabilidade de paixão. Pela mulher que atravessa a passadeira no sentido inverso ao nosso, pela mulher que nos pergunta uma direcção na rua ou pela mulher que descansa num banco de jardim. Talvez.

conversa 1555

Eu - Então fica combinado amanhã de manhã, ok?
Ela - Ok... mas eu às vezes de manhã atraso-me um bocadinho, está bem?
Eu - Tudo bem, desde que não seja muito...
Ela - Quer dizer, às vezes nem apareço.
Eu - O quê? Queres que eu te empreste um despertador?
Ela - É que eu não consigo dormir com um despertador por causa do barulho do tic-tac.
Eu - Então e se for um rádio-despertador?
Ela - Não consigo dormir por causa da luz dos dígitos.
Eu - E um rádio-despertador com um cobertor por cima?
Ela - Depois não consigo ouvir...
Eu - Então e o telemóvel?
Ela - Nunca ponho o telemóvel ao pé de mim durante a noite. Se alguém me telefona ou manda uma mensagem, eu acordo e já não consigo adormecer outra vez.
Eu - Ouve lá, tu não queres combinar de manhã, pois não?
Ela - Ah! Se pudesse ser à tarde...

depois da primeira vez... acabou

Diz o Jornal de Notícias que os homens continuam a matar mulheres e pergunta porquê. Porquê? Ninguém sabe muito bem porquê. Sabe-se que o único porquê por trás disto é uma besta a quem não vale a pena explicar as coisas, porque a "não violência" não é uma coisa que tenha que ser explicada. Há homens que não entendem isto por serem uma bestas. Ponto final, não se lhes explique mais nada. Explique-se é às mulheres que, por mais que tentem acreditar no contrário, têm que perceber que depois duma primeira vez há sempre uma segunda. Um homem que bate uma vez é porque é capaz de fazê-lo, e essa é a fronteira que nunca pode ser ultrapassada numa relação.
Depois da primeira vez... acabou.

7.16.2010

conversa 1554

Ela - Detesto os homens que adormecem logo a seguir ao sexo.
Eu - Deixa lá, eu detesto as mulheres que ficam acordadas.
Ela - Qual é o mal de ficar acordada?
Eu - Normalmente não me deixam dormir.

pobreza

Sou do tempo em que os pobres não roubavam. Eram pobres apesar de trabalharem muito mas nunca roubavam. Pelo menos era o que dizia a RTP e por isso os 'não pobres' andavam felizes da vida.
Agora os pobres não trabalham e roubam. Pelo menos é o que me diz a TVI e por isso os 'não pobres' andam zangados.
Nunca nenhum canal de televisão falou em acabar com a pobreza ou mostrou o ponto de vista dos pobres.

7.15.2010

conversa 1553

Ela - A tua bicicleta está um bocado velhinha.
Eu - Pois está, qualquer dia pinto-a. Este mês já tive que comprar os faróis novos e o capacete...
Ela - Só devias comprar mais uma coisa para quando andares nela.
Eu - O quê?
Ela - Desodorizante.

7.14.2010

respostas a perguntas inexistentes (97)

E ela repete várias vezes que nós só temos uma vida e não a podemos desperdiçar. Eu acabei de encher pela primeira vez os copos de vinho, o meu e o dela, mas por mais que os encha isso não vai mudar. De facto só temos uma vida e não a devemos desperdiçar. Poder até podemos mas não devemos. Até ver é o que temos de mais valioso.
E ela repete várias vezes que se se divorciar vai sentir-se uma derrotada. Acabámos de dar um gole no vinho, eu e ela, mas por mais goles que dêmos isso não vai mudar. No princípio sentimo-nos derrotados e até pessimistas mas depois, com o tempo, passamos a sentirmo-nos vitoriosos e optimistas. A mudança dá-se precisamente quando percebemos que estamos a aproveitar a vida.
E ela repete várias que uma mudança abrupta das coisas a assusta. Eu acabei de pousar o copo e ela também, mas por mais vezes que levantemos e pousemos os copos isso não vai mudar. As mudanças abruptas assustam-nos mas também nos atraem. Principalmente quando são a única maneira de aproveitarmos a vida que andamos a desperdiçar.
E ela repete várias vezes que por mais que se fale de Amor vai dar tudo ao mesmo. A questão é se com o Amor estamos a aproveitar ou a desperdiçar a vida. A nossa e a de quem amamos. Os copos estão vazios, o meu e o dela, mas por mais vazios que estejam isso não vai mudar. A questão do Amor é mesmo essa. Enchamos os copos pela segunda vez, então.

conversa 1552

Ela - Às vezes apetece-me tanto abraçar um homem.
Eu - Qual?
Ela - Um qualquer, depende. Tu, o Manel, o João. Tanto faz...
Eu - Apetece-te abraçar um gajo assim sem mais nem menos?
Ela - Sim, mas nunca o faço.
Eu - E não o fazes porquê?
Ela - Porque quando uma mulher abraça um homem ele pensa logo que ela lhe quer saltar em cima.
Eu - Lá estás tu. Não pensa nada.
Ela - Pensa, pensa.
Eu - Não pensa nada. Além disso um homem também abraça mulheres sem lhes querer saltar em cima.
Ela - Abraça?
Eu - Sim, claro.
Ela - Caraças!

7.13.2010

conversa 1551

Ela - Agora andas de bicicleta? Fazes muito bem. Como médica digo-te que fazes mesmo muito bem.
Eu - Então devias andar também.
Ela - Dá muito trabalho, senão até andava.

respostas a perguntas inexistentes (96)

Troquei o carro pela bicicleta. O carro vai ficar apenas para as deslocações em que não exista outra solução. Ontem, por exemplo, fiz cerca de dez quilómetros em Aveiro a andar de bicicleta e hoje fui para o trabalho de bicicleta também. É bom para o planeta, bom para a minha saúde e para minha carteira. É bom para todos.
O facto de ser bom para a minha saúde não é apenas pelo exercício físico que faço. Reparei que sou muito menos ansioso quando ando de bicicleta, talvez por não ter um acelerador que me coloca em poucos minutos do outro lado da urbe. Menos ansiedade significa, no fundo, que me relaciono melhor com a cidade quando me desloco. Não chamo nomes a ninguém por fazer rotundas por fora nem desespero por não ter onde estacionar.
A ansiedade é uma das roturas principais entre pessoas que se amam e que por ela às vezes se deixam de amar. É a ansiedade que faz com que sintamos que a pessoa que amamos não chega para nós, e nem sabemos porquê. Mas chega. Basta andarmos de bicicleta na relação que temos com ela e não de carro.

7.09.2010

conversa 1550

Ela - Comprei um peixinho vermelho.
Eu - A sério? Que giro...
Ela - É giro mas também uma derrota pessoal.
Eu - Uma derrota pessoal? Porquê?
Ela - Desisti de tentar viver com homens e cheguei à conclusão que é melhor este peixinho vermelho.
Eu - Mas... mas... mas...
Ela - Mas nada. Tal como os homens só pensa em comer, comer, comer. A vantagem é que está sempre calado e não tem acessos incontroláveis de testosterona.

pensamentos catatónicos (212)

Se pensar naqueles que me são próximos, assim de repente, não cabem nos dedos duma mão os amigos para quem o amor já morreu pelo menos uma vez na vida. Não falo só, embora também, de divórcios. Falo daquele café sem sabor que se toma no dia seguinte a perceber que já não gostamos dela ou que ela já não gosta de nós.
O problema desse dia não é só o fim da ligação. É a morte do Amor em si, porque morre aquilo que nunca pensámos que pudesse morrer. A morte de um Amor é como a morte duma vida. É insubstituível como a de um amigo. Não queremos outro porque só queríamos aquele.

conversa 1549

Ela - Queres jogar a meias no Euromilhões comigo?
Eu - Não.
Ela - Não? Não tens fé nenhuma no euromilhões?
Eu - Não é bem isso. Já joguei esta semana e não estou para gastar mais dinheiro nisso.
Ela - Oh! Gostava mesmo de jogar a meias.
Eu - Mas porquê?
Ela - Assim se acertássemos depois podíamos ter uma discussão sobre quem tinha direito ao prémio. Podíamos ir a tribunal e tudo.
Eu - Mas eu não quero nada disso...
Ela - Sempre dava mais cor à vida.

respostas a perguntas inexistentes (95)

Depois dela não há mais nada. É como se o mundo terminasse ali, com a agravante que não termina de facto. Apenas pára. Passa a ser um filme ou uma música no 'pause'. E é no 'pause' que ele fica também, com a mão a segurar no telefone adormecido e a testa encostada ao vidro da janela da cozinha. Ela tem essa capacidade de fazer o mundo parar, e fá-lo sempre que se despede ao telefone com uma enorme e incompreensível distância. Boa noite, disse ela. Depois desligou.

para variar...

Nos meus blogues que ninguém lê, falo hoje do pedido do Cavaco Silva para que façamos férias em Portugal e do lixo que todos pagamos. Só para variar...

7.08.2010

conversa 1548

Ela - Quando eu era mais novinha só gostava de homens mais velhos. Eu tinha vinte anos e só me interessava por trintões. Isso preocupa-me.
Eu - Preocupa-te?
Ela - Preocupa-me porque agora tenho quase cinquenta e ainda só me interesso por trintões. Eles é que não se interessam lá muito por mim.
Eu - Portanto, não te interessavas por trintões por serem mais velhos do que tu mas sim por serem trintões. É isso?
Ela - Sim. É a fase em que os homens são mais bonitos e menos estúpidos.
Eu - Ei, falta-me um ano para entrar no quarenta. Vou passar a ser estúpido, é isso?
Ela - Não... mas vais deixar de ser bonito.

7.07.2010

conversa 1547

Ela - Só me apetece chorar.
Eu - Então? O que é que se passa?
Ela - O biquíni que comprei o Verão passado já não me serve.

respostas a perguntas inexistentes (94)

Uma gota de suor percorre-lhe o rosto. Que este calor é um exagero, diz ela. E ele concorda. Ficam os dois a olhar para o céu durante alguns segundos, como se dali pudesse vir uma boa notícia qualquer, que é como quem diz algum vento fresco, ainda que fraco. Mas do céu não vem nada só por olharmos para ele, pois não? Não. E ele desvia o olhar para o perfil dela.
Ela espera que venha alguma coisa do céu, ele espera que venha alguma coisa dela. Mas dela também não vem nada só por olhar para ela, pois não? Não. E ele desvia o olhar para a garrafa de cerveja. Bebe-a, à cerveja e à sede que tem de se deitar com uma mulher que continua a olhar para o céu.
Há alguns meses que começaram a sair juntos, depois de se terem conhecido numa sessão do ginásio onde conversaram sobre eles mesmos. Ficaram a saber aquilo que se quer sempre que o outro saiba quando se está divorciado: que ambos têm filhos. Consideraram-se automaticamente compatíveis e logo no dia seguinte jantaram na casa dele. Desde então que andam assim, ela a olhar para o céu à espera que venha qualquer coisa, ele a olhar para ela à espera que venha qualquer coisa.

7.06.2010

conversa 1546

(no café)

Eu - Então o teu marido?
Ela - Hoje não vem. Está em casa de castigo.
Eu (risos) - Porquê?
Ela - Fomos às compras e ele deixou-me aos gritos sozinha numa loja de roupa.
Eu - Aos gritos?
Ela - Sim. Fui experimentar uma saia e quando comecei a chamar por ele para opinar se me ficava bem ou mal, ele... nada. Tinha ido esperar lá para fora.
Eu - Coitado. Não sabia de certeza que o ias chamar.
Ela - Se não sabia devia saber. Já vive comigo há muito tempo.

7.05.2010

conversa 1545

Ela - Os homens não fazem a mínima ideia de como se deve tratar uma mulher.
Eu - E como é que é?
Ela - Sei lá. Os homens é que deviam saber.

7.04.2010

conversa 1544

(no café)

Ela - Aquele rapaz ali ao balcão é mesmo giro.
Eu - Hum hum...
Ela - Tem algumas semelhanças com o Figo...
Eu - Hum hum...
Ela - É mesmo girinho.
Eu - Já disseste.
Ela - Quê?! Tens algum problema por eu dizer que o rapaz é giro?
Eu - Não. Havia de ter porquê?
Ela - Pareceste incomodado.
Eu - Incomoda-me estares sempre a dizer a mesma coisa.
Ela - Pareceste um bocadinho irritado.
Eu - Não estou irritado.
Ela - Mas pareces.

pensamentos catatónicos (211)

Às vezes acho que o Amor é só isso, tentarmos saber de que é que somos feitos. A questão é que passamos a vida a tentá-lo mas nunca chegamos a sabê-lo. Mentimo-nos muito sobre essa questão indissociável da vida e do Amor.
Falta talvez perceber que somos voláteis ao Amor. É ele que é capaz de nos fazer os mais fortes e os mais fracos, e nós temos a mania de disfarçar essa nossa condição.

conversa 1543

Ela - Esta semana fui para a cama com um gajo lá da empresa onde trabalho.
Eu - Hum... e foi bom?
Ela - Nem por isso.
Eu - Porquê?
Ela - Acho que ele estava nervoso. Na verdade eu também estava um bocado...
Eu - Não são amigos?
Ela - Somos mas...
Eu - Mas o quê?
Ela - Somos amigos assim assim. Nem grandes amigos, nem desconhecidos. Percebes?
Eu - Não percebo lá muito muito.
Ela - Acho que para ter uma boa noite de sexo esporádica convém ser com alguém que conheças muito bem ou então não conheças de todo. Não pode ser alguém que conheças mais ou menos.

conversa 1542

Ela - Não há nuvens no céu...
Eu - Não.
Ela - O céu está todo azul...
Eu - Sim...
Ela - E nós aqui a beber uma cerveja...
Eu - Pois...
Ela - Porque é que estás a responder a tudo o que eu digo?
Eu - Sei lá.
Ela - Se não sabes está calado. Detesto pessoas sempre a falar ao meu lado sem motivo nenhum.

7.02.2010

conversa 1541

Ela - Para uma mulher o Amor passa rapidamente duma necessidade a um capricho.
Eu - Como assim?
Ela - Rapidamente percebemos que é impossível ter realmente o amor dum homem. Só o temos enquanto lhe dá jeito, por isso o melhor é ver o Amor como um capricho que pode acabar a qualquer altura.
Eu - Quem te ouvir até pode pensar que são sempre os homens a acabar com as relações. Eu até acho, embora possa estar errado, que há mais mulheres a acabar com relações do que homens. Comigo foi assim a vida toda.
Ela - O que tu não consegues perceber é que quando uma mulher põe fim a uma relação é porque o homem já pôs fim ao Amor que tinha com ela.
Eu - Não é nada assim.
Ela - É, é.

coisas que fascinam (106)

Às vezes acho que não há nenhuma mulher que não seja um labirinto. Estranho é um homem normalmente não querer encontrar a saída.

7.01.2010

de doméstica a rainha em poucos segundos


A Frigidaire, marca de máquinas para a cozinha, apresentava assim o seu forno amovível em 1966. A mulher podia temporariamente deixar de ser uma escrava na cozinha para passar a ser uma rainha. Atenção, mas nada de exageros, apenas temporariamente. Pelo anúncio podíamos concluir que todas as mulheres domésticas americanas não pensavam em mais nada senão em tornar-se uma rainha. Eu cá não acredito nisso. Não sei porquê...

conversa 1540

(ao almoço)

Ela - Vou pedindo já os cafés. Estou mesmo com pressa. Ainda tenho que ir a casa vestir umas calças.
Eu - Vais a casa só para vestir umas calças?
Ela - Sim, isto de ser engenheira civil tem muito que se lhe diga. Convém não andar de saias, pelo menos quando se vai a uma obra.
Eu - Ah, já percebi. Não gostas de ter os olhos em cima de ti, não é?
Ela - Gostar até gosto, mas tenho que me dar ao respeito. Alguns homens não percebem muito bem qual é a fronteira que não devem ultrapassar.
Eu - E qual é?
Ela - Podem olhar mas discreta e silenciosamente. É fácil, não é?
Eu - É, mas então não vistas umas calças com elastano que às vezes usas.
Ela - Porquê?
Eu - Porque são apertadas e... e...
Ela - Estás a dizer que o meu rabo é grande ou que o meu rabo é bom?
Eu - Estou a dizer que... não sei... sei lá....
Ela - Vê lá. Não passes a fronteira.