12.23.2009

respostas a perguntas inexistentes (67)

Hoje disseram-me que normalmente a segunda ou a terceira relação que temos funciona melhor do que a primeira. Estava a beber uma cerveja e quem me disse isto saiu logo a seguir. Fiquei sozinho no bar, onde as sombras das mobílias se deitavam no chão com medo do Pôr-do-Sol que espreitava pelas janelas, e aproveitei para conversar com esta ideia.
Talvez seja verdade. É que o amor tem a mania de prometer mais do que aquilo que realmente nos pode dar, e numa primeira vez deixamo-nos enganar facilmente por essas promessas. Depois vem a desilusão ou o desgaste, como lhe queiram chamar, e também nós nos dobramos perante o lento Pôr-do-Amor. Numa segunda ou terceira vez já ele não faz promessas e por isso perde a sua tenaz capacidade de desiludir.
Acabei de beber a cerveja e levantei-me. A minha sombra também.

conversa 1392

Ela - Sabes... acho que há um contrasenso qualquer na forma como eu me apaixonei pelo meu marido.
Eu - Então?
Ela - Ele era casado quando o conheci e, uma vez num almoço, disse-me que jamais trairia a sua mulher...
Eu - E então?
Ela - Então... eu que já tinha começado a gostar dele, acho que me apaixonei definitivamente nessa altura.
Eu - E então?
Ela - Então... ele acabou por trair a mulher exactamente comigo.
Eu - Ah!

vales-divórcio

Um escritório britânico de advogados está a vender vales-divórcio, ou seja, em vez de oferecermos um vale a um amigo para ele comprar qualquer coisa na fnac, oferecemos-lhe um vale para ele ter uma consulta com um advogado especialista em divórcios. É uma boa prenda para, em alguns casos, oferecer ao conjugue. Estou a imaginar a cena: ele oferece um vale destes a ela e ela a ele. "Muito obrigado querido, estava mesmo a precisar", diz ela. "Eu também... és tão atenciosa, meu amor", diz ele.

12.21.2009

urinar de pé


No ano de 2003, para publicitar o seu Z4,a BMW lançou este anúncio com a fotografia duma miúda a urinar de pé para uma árvore e com o slogan "solta o rapaz que há em ti". Ora bem, eu tenho uma coisa importante a dizer à BMW: para urinar assim numa árvore junto à estrada não basta ser do sexo masculino. É preciso ser do sexo masculino e ter bebido pelo menos cinco litros de cerveja seguidos sem ter comido nada durante o dia todo. E sim, é verdade que quando um rapaz está a urinar completamente bêbado põe assim a mão na árvore, mas isso é para não cair...

conversa 1391

Ela - Vais ser um velho feios, sabias?
Eu - Não, não sabia. Porque é que dizes isso?
Ela - Porque o nariz é a única coisa no corpo humano que nunca pára de crescer. Agora tens um nariz grande mas que ainda se aceita. Daqui a uns anos vais ser um narigudo...
Eu - A que propósito é que te lembraste disso agora?
Ela - Estava a olhar para o teu nariz...

12.18.2009

a vida sexual duma caganita de pássaro

Bem vindos ao blogue mais estúpido do mundo.

conversa 1390

Ela - Ando numa fase... já não sei se gosto do meu marido como gostava.
Eu - Todos os casamentos têm fases boas e menos boas. Só não te deves precipitar.
Ela - Precipitar como?
Eu - Precipitar... tens que dar tempo ao tempo antes de tomar qualquer decisão mais drástica.
Ela - Ai isso tens razão. Se me quiser divorciar, primeiro tenho que arranjar maneira de depois lhe pôr as culpas em cima por o casamento ter falhado.

conversa 1389

(no carro dela, na A29, com ela a conduzir)

Eu- Desculpa lá, mas não podes ir mais devagar?
Ela - Mas porquê?
Eu - Estás a ir depressa demais para o meu gosto.
Ela - Não gosto nada que me dêem ordens quando estou a conduzir.
Eu - Eu também não gosto. Só que tu estás a aproximar-te demais dos veículos que vão à frente. Se um deles trava de repente podes bater.
Ela - É para isso que o carro tem buzina.

12.17.2009

conversa 1388

Ela - Ontem fiz uma sobremesa espectacular.
Eu - O quê?
Ela - Gelatina de laranja.
Eu - Gelatina de laranja?
Ela - Sim.
Eu - Mas isso é só aquecer água, atirar lá para dentro o pó da gelatina e mexer...
Ela - Eu disse que era espectacular, não disse que tinha dado muito trabalho.

conversa 1387

Ela - Às vezes começo a pensar no meu grupo de amigos e fico com a sensação de que muitos deles já foram para a cama com muitas delas.
Eu - Isso preocupa-te?
Ela - Não, não me preocupa nada. É só por dizer que tenho a sensação que qualquer coisa me está a escapar.

sexo 24 horas por dia


Olhem bem para a cara desta mulher. Parece um pouco sofredora, não parece? Cahama-se Joleen Baughman e teve um acidente rodoviário há dois anos atrás quando conduzia uma camioneta. Desde então, e após uma operação, vive num permanente estado de excitação sexual. Qualquer movimento que faça, tipo sentar-se no autocarro, caminhar ou aspirar, é suficiente para a excitar. Parece que o marido dela recebeu bem a notícia no princípio. Agora agora começa a achar que não é capaz de a satisfazer plenamente.
Atenção leitoras deste blogue, não provoquem acidentes rodoviários propositadamente depois de ler isto. [link]

conversa 1386

(com uma amiga que é emigrante em França)

Ela - Este ano fui operada à rata.
Eu - Foste operada à rata?
Ela - Sim.
Eu - Foste operada à rata, mas como?
Ela (apontando a zona) - Foi de repente...
Eu - Ah! Foste operada a um rim...
Ela - Sim, isso...
Eu - Não digas a muita gente em Portugal que foste operada à rata, está bem?

12.16.2009

conversa 1385

(no café)

Ela - Bem, vou andando para casa. Tenho que fazer...
Eu - Eu levo-te. Tenho o carro aqui perto...
Ela - Não é preciso. Já sabes que não gosto dessas coisas.
Eu - Que coisas?
Ela - Um homem a querer levar uma mulher a casa. Que machismo. Eu sei andar sozinha...
Eu - Não estava a ser machista, estava a oferecer-te boleia. Só isso.
Ela - Como se eu não te conhecesse.
Eu - Que mania de achar que é tudo machismo, tudo machismo. Só te estava a oferecer boleia. Se fosses um gajo também te oferecia, até porque está a chover lá fora.
Ela - Está a chover?! Olha, pois está. Vá lá, tens razão. Aceito a oferta.

12.15.2009

conversa 1384

(enquanto eu pegava numas colunas de som que estavam perto dum contentor do lixo)

Ela - Não vais levar isso para tua casa, pois não?
Eu - Vou. Se estiverem boas ainda as ponho a trabalhar.
Ela - Não acredito que agora andas a acatar lixo.
Eu - Não é lixo. Quem as deixou aqui, deixou-as de lado para o caso de alguém as querer aproveitar.
Ela - Pronto... mas então vai dez metros à minha frente que é para ninguém me confundir contigo.

espaço



Passei os dias de ontem e hoje a arrumar a minha casa. Como na vida, os dias vão-se amontoando a pouco e pouco no sítio onde vivemos até nos sentirmos perdidos em tanta papelada e inutilidades espalhadas ao acaso. Desse amontoado organizei parte e levei outra parte para o lixo, o que me permitiu ainda aproveitar umas colunas passivas que alguém tinha deitado fora. Abri-as, substituí e soldei alguma cablagem que estava morta. Agora já estão na minha sala a debitar decibéis e decibéis de música. É uma espécie de renovação que de vez em quando preciso de fazer. Agora até já tenho algumas gavetas vazias, portanto com espaço por ocupar, assim como tenho mais espaço mental para continuar a respirar estes dias frios. E a propósito de música e de dias frios, hoje à noite há Couscous Prosjekt no Candestino Bar.

12.14.2009

criança

Hoje fiz cinco coisas que que, de alguma forma, me lembram o tempo em que eu era criança. Às vezes apetece-me ser criança, precisamente por ter sido esse o tempo em que não pensava em mulheres.

1] Esperei ansiosamente em casa que os CTT me entregassem um amplificador de som NAD C 340 que comprei em segunda mão e abri a caixa com a mesma sensação que tinha quando abria prendas de Natal em criança.

2] Comi Nestum Mel com a mesma consistência do cimento.

3] Brinquei com o meu carrinho telecomandado e deixei um vizinho meu conduzi-lo durante alguns minutos.

4] Pus no facebook a minha fotografia de quando tinha uns oito ou nove anos.

5] Joguei Monopólio.

conversa 1383

(ao telefone)

Ela - Então sempre podes vir aqui a casa hoje?
Eu - Posso mas não te consigo dizer a hora. Estou em casa à espera duma encomenda e também estou à espera que me telefonem para uma reunião. Não sei a que horas me safo.
Ela - Pronto, lá para as quatro eu espero por ti, então.
Eu - Eu disse que não te posso dizer a hora a que vou aí...
Ela - Pronto, lá para as quatro eu espero por ti...
Eu - Estás a ouvir o que eu estou a dizer?
Ela - Sim, mas depois às quatro falamos melhor.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 1382

(em minha casa depois do jantar)

Eu - Para sobremesa só tenho gelado de chocolate e gelatina de frutos silvestres...
Ela - Tens bananas?
Eu - Tenho uma.
Ela - Então quero gelatina e a banana. Mas a banana quero levá-la comigo, está bem?
Eu - Está bem... mas ficaste com fome?
Ela - Não, não. A banana não é para comer. É agora para a noite.
Eu - Estás a deixar-me intrigado. Queres mesmo levar uma banana para casa para a noite?
Ela - Sim, é para fazer uma máscara facial. Esmago-a muito bem e cubro a face com ela durante dez minutos. Depois tiro-a com água morna e seco a cara com uma toalha. Devias experimentar, fica-se com a pele tão macia.
Eu - Não, obrigado. Dispenso, mas fico mais descansado por quereres a banana para fazer uma máscara facial.
Ela - Havia de ser para fazer o quê?
Eu - Nada, nada. Queres café?

12.11.2009

conversa 1381

Eu - Porque é que estás com esse sorriso na cara?
Ela - Fui a um jantar com antigos amigos da minha equipa de atletismo...
Eu - E foi assim tão bom?
Ela - Foi. Uma gaja que tinha a mania que era boa e que eu detestava está um pote autêntico.

um sofá, umas bolachas e um frigorífico

Ensaio sobre uma mulher gorda

Apareceu um destes dias na minha casa depois de um pedido amargurado pelo telefone. Não tenho mais ninguém a quem telefonar, disse ela. Pois é, pensei eu, é possível chegarmos a um ponto em que não temos ninguém a quem telefonar. Desliguei o telefone e liguei a memória. Há uns vinte anos saíamos quase todos as noites e quase todas as noites eram uma festa, entre amigos, sorrisos, algumas cervejas e, uma vez por outra, uma mão dada ou um abraço mais apertado.
Acho que a amei numa altura em que não sabia muito bem o que era amar. Todas as mulheres que um homem ama quando ainda não sabe o que é amar são importantes. Na verdade são as melhores professoras que ele teve. Mesmo que não o saibam.
Plastifiquei o sorriso possível antes de lhe abrir a porta e a convidar para entrar. Mas ela não entrou sozinha, com ela entrou um silêncio que se sentou no sofá da sala mesmo ao lado dela e que me custou a expulsar. Bebes alguma coisa? Que não. Comes alguma coisa? Que não. Tenho ali um vinho que é uma especialidade. Que não. Estás bem? Que nem por isso. Depois deixei as perguntas e dei-lhe uma ordem: tira o casaco. E ela tirou. Acho que só aí é que o silêncio saiu e ficámos os dois sozinhos.
Explicou-me que está gorda e eu, na minha ingenuidade, não percebi que não era isso que ela me queria dizer. Não vieste até aqui, depois de tantos anos sem nos vermos, para me dizer que estás gorda, pois não? Que não. Depois olhou para o tecto e continuou pausadamente: está gorda porque come demais, come demais porque se sente sozinha e deprimida e que isso se tornou num ciclo vicioso.
Já aceitas um copo de vinho? Que já. Sorriu pela primeira vez. E o teu marido? Que deve estar com os amigos. Percebi então que me estava a falar da depressão dos dias, daqueles que se tornam sempre iguais e que de repente transformam a vida num percurso monótono e, a espaços, solitário. Não há pior do que a solidão que se sente quando se vive com alguém, confirmou.
Acho que o vinho é como as conversas. O segundo gole é melhor que o primeiro, o terceiro é melhor que o segundo e por aí adiante. As conversas só são realmente boas quando nos deixamos embriagar por elas. É sempre assim, disse eu.
É sempre assim, disse ela insistindo, como se tivesse suportado o desabado durante anos. Uma mulher apaixona-se, casa e tem filhos. Sente que está a subir a montanha sem perceber que o cume dessa montanha é um espaço exíguo onde só cabe uma pessoa. Quando dá por ela percebe que foi a única a realmente cuidar dos filhos e que o marido já a trocou por uma rede social qualquer que manteve todos esses anos. No café, no trabalho ou noutro sítio qualquer. Depois resta um sofá, umas bolachas e um... frigorífico.
Zanguei-me com a vida, que não pode ser só um sofá, umas bolachas e um frigorífico. Podia responder-lhe que acho que ela se devia separar e começar de novo; podia dizer-lhe que acho que ela não está no cume da montanha mas sim que já a desceu e por isso pode começar a subir de novo; podia dizer-lhe que não admito tanta passividade duma pessoa que significa tanto para mim. Mas não disse nada. Só que ela está gorda, sim, mas continua tão bonita como há vinte anos atrás. Bebemos o resto da garrafa.

12.10.2009

uma questão de dinheiro



Esta publicidade a um automóvel Honda que penso ser dos anos 70 tem um aspecto interessante: convence o homem que com o carro é mais fácil conquistar mulheres, não por o carro ser um luxo mas sim por ser barato, ou seja, sobra ao homem mais dinheiro para gastar com elas. Ao fim e ao cabo parece que para a indústria automóvel a lógica foi sempre mais ou menos a mesma: a mulher é uma questão de carro ou de... dinheiro.

conversa 1380

Ela - Já comecei as compras de Natal. Ando um bocado stressada.
Eu - Pois... acredito. Os shoppings estão sempre cheios...
Ela - E não é só isso. É muito difícil comprar prendas para os outros. Nunca sei o que é que hei-de dar ao meu irmão ou ao meu marido, por exemplo. São pessoas difíceis. Até agora só consegui comprar prendas para o meu filho e para mim...

conversa 1379

(no café)

Ela - Quando estou a falar com um homem gosto de perceber que ele me está a dar atenção.
Eu - Hum, hum...
Ela - Detesto quando estou a falar com um homem sobre uma coisa que acho importante e ele não me liga nada, percebes?
Eu - Hum, hum...
Ela - E então começo a dizer-lhe que realmente fico fula quando um homem não liga nada ao que eu lhe estou a dizer.
Eu - Hum, hum...
Ela - Queres saber como é que sei se ele me está a prestar realmente atenção ou não?
Eu - Hum, hum...
Ela - Quando ele me responde "hum, hum" a tudo o que eu digo é porque a conversa lhe está a entrar por um ouvido e a sair pelo outro. E já agora tira a mão do queixo e pára de olhar para as gajas que estão na mesa ao pé da janela.

12.09.2009

conversa 1378

Ela - Deixei de lavar e passar a roupa ao meu marido e sabes o que é que ele faz?
Eu - Ahn?
Ela - Dá a roupa à mãe dele e ela é que lava e passa...
Eu - Ah!
Ela - E agora a mãe dele manda-me bocas a mim, como se passar a roupa dele fosse uma obrigação minha.
Eu - Tens que ter calma. Isso é mesmo um conflito de gerações. Dantes muitas mulheres eram educadas assim e agora já não vão lá...
Ela - Conflito de gerações, nada. É mas é um conflito entre mim e uma sogra que me detesta. Já disse ao gajo que a mãe dele não dura sempre e que quando ela morrer é que me vou rir. Agora é só esperar que ela morra...

sonhar com um mundo melhor



A revista belga Ché, exclusivamente dirigida ao público masculino, é mais famosa pela sua publicidade do que pela revista em si. "Continuar a sonhar com um mundo melhor" costuma ser o desejo expresso nos seus anúncios. Por mim tudo bem, podem sonhar à vontade com um mundo melhor. Só não acho que um mundo melhor passe por uma saia com o número de telefone de quem a veste ou por uma mulher telecomandada... mas isso sou eu.

12.08.2009

pare de tomar a pílula...



O sofrimento de Odair José, um cantor que uma amiga minha brasileira teve a lucidez de me mostrar, é tocante. A mim, pelo menos, toca-me tanto que só espero não me lembrar desta música quando estiver na sala de espera do meu dentista. É que sinceramente não me apetece começar a rir descontroladamente à frente duma senhora que me trata como se eu fosse um bom escuteiro. A propósito, talvez seja um bom truque para os momentos em que me sinto mais triste... lembrar-me deste vídeo.

conversa 1377

Ela - Hoje ri-me do meu marido por uma coisita de nada e ele ainda está amuado comigo. Homens...
Eu - Então?
Ela - Quis fazer-me uma surpresa e pôs-se a fazer um jantar à luz da velas lá em casa. Bifinhos com cogumelos e um vinho todo xpto...
Eu - E riste-te disso porquê?
Ela - Só me ri quando ele deixou cair um copo e depois, a apanhar o cacos em cima da mesa, cortou-se e encheu a travessa de comida com vidrinhos pequeninos...
Eu - Hum... até percebo que ele tenha perdido momentaneamente o sentido de humor. Como é que isso acabou?
Ela - Mandámos vir uma pizza. Ele agora está a ver televisão amuado e eu estou aqui a tomar café contigo...

invasão

O teu olhar invadiu-me um destes dias enquanto eu procurava um cd na fnac, dedilhando uma pilha de discos como se fossem peças de dominó. Talvez com humidade do mar quando invade a terra em noites de temporal, talvez com a quietude duma branda noite de Verão invadindo o dia, talvez com o aroma da Primavera quando invade o Inverno. Sei lá. Sei que o teu olhar me invadiu e que eu baixei as defesas para não lhe resistir. Sei que nessa invasão sem batalha perdi-me na imensidão das tuas íris negras e ainda aí ando à deriva. És tão bonita. Acho que me anoiteceste... e aí ainda durmo qual cobarde e fugidio guerreiro.
A propósito, ainda não comprei o cd que procurava...

12.04.2009

coisas que fascinam (92)


Londres | Dezembro 2009

Tirei esta fotografia em Londres há uns dias atrás. Às vezes acho que o motivo que leva duas pessoas a partilhar um guarda-chuva é o mesmo que leva duas pessoas a partilhar uma vida. É que quando chove pelo menos ali está-se bem. Só isso.

conversa 1376

(no café)

Ela - Temos estado poucas vezes juntos...
Eu - É verdade.
Ela - Se calhar é por isso que agora, quando estamos juntos, ficamos tanto tempo na conversa. Estamos aqui há quase duas horas...
Eu - Também é verdade.
Ela - Se calhar era melhor estarmos mais vezes juntos mas menos tempo de cada vez, que eu não posso perder tanto tempo contigo num só dia.

conversa 1375

(no café, depois de cerca de um minuto de silêncio)

Ela - Não achas este silêncio perturbador?
Eu - Qual silêncio?
Ela - Este, entre nós. Estamos na mesma mesa de café sem dizer nada um ao outro...
Eu - Se calhar é por não termos nada a dizer neste momento um ao outro. Só isso...
Ela - Mas este silêncio perturba-me.
Eu - A mim não.
Ela - Ainda me perturba mais o facto de a ti não te perturbar.

12.03.2009

música

Hoje à noite há couscous prosjekt no Clandestino bar. Passem por lá, se puderem e quiserem. Amanhã aterro de novo neste planeta Bagaço Amarelo.

conversa 1374

Ela - Tu percebes que para algumas mulheres o sexo é um esforço?
Eu - Bem, um esforço acaba por ser para todos. Um esforço físico, pelo menos... mas é um esforço que sabe bem.
Ela - Não é desse que estou a falar. Estou a falar do esforço emocional.
Eu - Percebo que me estás a dizer que há mulheres que têm sexo sem lhes apetecer. É isso?
Ela - Mais ou menos...
Eu - Então porque é que têm?
Ela - Para perceber se é um esforço ou não, acho eu.
Eu - Ah! Afinal estás só a dizer que há sexo que corre bem e sexo que corre mal. Bem vinda ao mundo dos comuns mortais.
Ela - Mas para os homens, mesmo quando lhes corre mal, nunca é um esforço muito grande.
Eu - Claro que é. Há sempre um esforço físico, pelo menos.
Ela - Lá voltamos nós ao mesmo...