9.29.2009

política cultural em debate

Hoje, 29 de Setembro às 21:30, no âmbito da campanha autárquica em Aveiro decorre um debate sobre política cultural organizado pelo Performas e que contará com:

- Maria do Rosário Fardilha (BE)
- Maria da Luz Nolasco (PSD/CDS)
- Gonçalo Fonseca (PS)
- António Moreira (CDU)

conversa 1325

Ela - Preciso andar um bocadinho a pé. Vamos dar uma volta?
Eu - Ok, vamos... podemos ir ali ao jardim. Levamos duas cervejas para lá...
Ela - Não.
Eu - não te apetece cerveja? Levo só uma...
Ela - Não é isso. Não quero ir ao jardim. Aquilo não tem montras nenhumas...
Eu - Disseste que o que te apetecia era andar a pé...
Ela - Sim... e ver umas montras.

conversa 1324

Ela - Cheguei a um ponto em que penso mais vezes no divórcio do que em manter o meu casamento...
Eu - Tem calma...
Ela - Calma porquê?
Eu - Acho que deves fazer o que for melhor para ti mas sem precipitações.
Ela - Discordo.
Eu - Discordas porquê?
Ela - Acho que o meu marido também anda a pensar no divórcio...
Eu - E depois?
Ela - Se eu me divorciar quero ser eu a ter a iniciativa, senão ele vai dizer a toda a gente que foi ele que se fartou de mim...

mafaldinha



Acreditem ou não, a Mafalda foi uma das minhas amigas de infância. Muito por culpa dos meus irmãos mais velhos de quem herdei os livros. Hoje, dia em que ela faz 45 anos, estive a pensar em como na infância eu desejava que os meus comportamentos se parecessem com os seus e como, hoje em dia, os meus comportamentos se parecem de facto com os do seu pai. É que se a Mafalda era uma criança sempre preocupada com a organização política do mundo (que revê na sua própria família), o pai é um tipo que fica de vez em quando deprimido com a sua idade.
Para mim a Mafalda é uma mulher com lugar na História...

9.27.2009

conversa 1323

Ela - O meu marido já não vem a casa há um mês. Agora vem só para votar nestas eleições. Diz que acha que nunca houve umas eleições tão imprevisíveis e por isso faz trezentos quilómetros só para votar...
Eu - Isso é bom. Mostra alguma consciência política.
Ela - Pois... ainda bem que só há eleições de quatro em quatro anos...

9.24.2009

conversa 1322

(ao telefone)

Ela - Aprendi mais uma lição nesta vida...
Eu - Qual?
Ela - Os homens divorciados são uns mentirosos...
Eu - Porque é que dizes isso?
Ela - Porque já percebi isso.
Eu - Mas porquê?
Ela - Vêm sempre com a história de que são uns santos e a ex-mulher era uma sacana....
Eu - Não vêm nada...
Ela - Vêm sim. Aposto que o meu ex-marido faz o mesmo com as gajas que conhece por aí. Diz-lhes que eu era uma sacana e ele é que era um santo...
Eu - Não sabes se ele faz isso ou não.
Ela - Faz de certeza.
Eu - Como é que sabes?
Ela - Porque ele é que era um sacana.
Eu - Deixa-me adivinhar: tu eras uma santa.
Ela - Exacto.

mulheres histéricas



As mulheres são umas histéricas nervosas, principalmente depois de realizarem os trabalhos domésticos nos dias de calor. É por isso que chegam ao fim da tarde e estragam o dia ao resto da família. Felizmente, em 1942, os sabonetes Ivory descobriram uma maneira de resolver isto: basta no fim do dia elas tomarem um banho calmante e ensaboarem-se com o seu produto...
Claro que os sabonetes Ivory nunca puseram outra hipótese para resolver este problema terrível, tipo a divisão do trabalho doméstico ou assim... isso não passaria pela cabeça de ninguém. Eu cá acho bem, uma mulher que faz tudo em casa e chega ao fim do dia bem cheiros, é a mulher perfeita.
Por outro lado, para um homem ser perfeito, basta enquanto pai saber dizer ao filho para se afastar da mãe quando esta terminar as lides domésticas. É que a gaja é uma chata...

conversa 1321

(na casa dela, enquanto ela muda o canal de televisão de três em três segundos)

Eu - Ainda bem que não tenho tv por cabo.
Ela - Porquê?
Eu - As poucas vezes que me sento a ver televisão em casa consigo ver um programa inteiro, em vez de estar sempre a mudar de canal...
Ela - Incomodo-te a fazer isto?
Eu - Por acaso já passaste por cinco ou seis canais que me apeteceu ficar a ver mas tu nem deixas...
Ela - Desculpa mas eu preciso mesmo de fazer isto todas as noites.
Eu - O quê? Zapping?
Ela - Sim...

respostas a perguntas inexistentes (64)

Ele pergunta-lhe o que é que ela quer e ela responde que qualquer coisa. Ele pergunta-lhe se pode ser um café e ela abana a cabeça afirmativamente num silêncio que o incomoda. Tem vivido tanto tempo em silêncio que preferia que ela falasse mais, que se decidisse mais. Ela, no entanto, desabituou-se de poder escolher o que quer que fosse na vida. Ele levanta a voz para pedir dois cafés ao empregado adormecido do outro lado do balcão.
É assim o primeiro encontro entre um homem e uma mulher, ambos divorciados, que se conheceram na internet. Ainda não têm a certeza que desejam o outro para a vida, no entanto ambos têm a certeza que desejam o outro para uma noite. O empregado pousa os cafés na mesa e afasta-se.
Enquanto mexe o café, ela mergulha o olhar na espiral de espuma que se desenha na superfície. Ele, que não pôs açúcar e já bebeu tudo num só gole, observa-a atentamente no seu prolongado e minucioso gesto. É que também já lhe observou o corpo e a ânsia para a tirar dali e levá-la para casa, talvez para a cama, cresce a cada segundo que passa.
Agora a espiral de espuma desfaz-se numa espécie de mar morto para onde ela continua a olhar. Depois pousa a colher mas, como não dá sequer o primeiro gole, ele impacienta-se de novo. Tenta apressá-la com uma pergunta estratégica: "Depois do café onde é que queres ir?". Ela levanta os olhos e encolhe-se antes de responder: "Eu, na verdade, não gosto de café".

9.15.2009

conversa 1320

Ela - Que idade é que me dás?
EU - Hum... prefiro não dizer. Cada vez que uma mulher me pergunta isso fico logo com medo...
Ela - Diz lá. Não há problema nenhum se falhares.
Eu - Trinta e dois, acho eu.
Ela - Em cheio. Acertaste...
Eu - Safei-me.
Ela - Eu disse que não havia problema nenhum se falhasses, principalmente para menos. Como acertaste quer dizer que eu pareço mesmo ter trinta e dois, o que me chateia bastante...

9.14.2009

bebedeiras

Aprendi desde cedo que um homem bêbado e um homem apaixonado são mais ou menos a mesma coisa. Ganha-se uma cor rosada nas bochechas tão facilmente com uma garrafa de vinho como com a presença duma mulher de quem gostamos. Além disso, tal como quando está ébrio, também um homem apaixonado tem dificuldades em articular palavras e, quando finalmente as articula, é só para dizer asneiras.
Uma paixão prolongada é, por isso, uma espécie de bebedeira descomunal, em que um simples convite para jantar se pode transformar numa tarefa tão difícil quanto uma escalada ao Everest, ou mais ainda. É que se chegando ao cume do Everest a única coisa que nos pode acontecer é ter que descer outra vez, ao convidar uma mulher para jantar arriscamo-nos a que ela nos responda com um redondo 'não', e aí já não há nada para descer ou subir. Apenas uma bebedeira para tentar curar.
Aconteceu-me uma vez, na fase outonal da minha adolescência, andar uma semana a preparar um convite para um jantar. Primeiro juntei algum dinheiro do trabalho que fazia normalmente nas férias ao dinheiro de uma ou duas semanadas, depois procurei-a no café onde normalmente a via a beber martini bianco. E não imaginam como eu gostava de a ver a beber martini bianco. Cumprimentei-a com dois beijos na face daqueles que ficam a esvoaçar à nossa volta durante uma hora ou duas, depois sentei-me e pedi uma cerveja e finalmente ganhei alguma coragem: "Queres... hum... eu estava a pensar... hum... um dia destes acho que vou jantar, percebes?". Ela olhou para mim com aquele ar de rapariguinha do shopping e respondeu-me: "Um dia destes? Eu janto todos os dias". Acabei a minha cerveja em silêncio e nunca cheguei a jantar com ela. Fui ansiosamente curando a bebedeira como pude, com amigos e o passar do tempo.
Ainda hoje acho que cada paixão não recíproca que temos é uma bebedeira que precisamos de curar... só que tal como nas bebedeiras de álcool, curamos uma para nos metermos noutra algum tempo depois...

9.11.2009

desabafos...

desabafos políticos...

conversa 1319

Ela - A rotina e a paixão não podem andar juntas. Se isso acontece a rotina acaba por destruir a paixão...
Eu - Eu até posso concordar com isso. Só me pergunto às vezes porque é que a paixão nunca destrói a rotina...
Ela - Porque nós precisamos da rotina. Dependemos dela para viver. Só não podemos é deixar que a paixão se imiscua nessa rotina...
Eu - Também precisamos da paixão para viver, não precisamos?
Ela - Aprendemos mais facilmente a viver sem paixão do que sem rotina, acho eu.
Eu - Hum... isso parece ser uma fatalidade.
Ela - Também se pode fazer o que eu faço actualmente...
Eu - E o que é?
Ela - Mantenho a minha rotina diária e misturo facilmente nela a paixão. O que é, já sei que a paixão se acaba mais tarde ou mais cedo e preparo-me psicologicamente para isso. No fundo habituei-me a mudar de namorado e já não me importo de o fazer.
Eu - Aprendo muito a falar contigo, por acaso...
Ela - Mas não devias. Só ensino coisas más...
Eu - Vamos beber uma cerveja?
Ela - Sim... beber cerveja é uma rotina apaixonante.

conversa 1318

(numa feira, em campanha eleitoral)

Ele - Só há duas coisas que eu gostava de dizer aos senhores lá do governo...
Eu - Quais são?
Ele - As mulheres não deviam poder tirar a carta e não deviam poder trabalhar...
Eu - Mas porquê?
Ele - Então, se a minha mulher, por exemplo, estiver fora de casa para trabalhar, eu não sei se ela vai ou não roçar outro pau...
Eu - Ah!
Ele - É a minha inteligência, percebe?
Eu - Não percebi bem o que disse mas percebi bem que é a sua inteligência...
Ele - Então diga lá isso em Lisboa.
Eu - Eu não sou de Lisboa. Sou de Aveiro...
Ele - Então diga lá isso em Aveiro...
Eu - Eu digo, eu digo...

9.10.2009

conversa 1317

(numa feira)

Eu - Quanto custa esta camisola?
Ela - Doze euros por ser para si. É tudo algodão.
Eu - E se não for para mim quanto custa?
Ela - Doze euros na mesma.
Eu - Então qual é a diferença entre ser para mim e não ser para mim?
Ela - Nenhuma... ou pensa que é especial?

conversa 1316

Ela - Estou apaixonada...
Eu - Ena... isso é bom.
Ela - Não é nada. Não tenho dinheiro...
Eu - Ahn?
Ela - Estou apaixonada por um vestido que vi e que custa quase duzentos euros...
Eu - Ah!

9.09.2009

conversa 1315

Eu - Posso ir à tua casa de banho?
Ela - Claro. No fim baixa a tampa da sanita. Detesto homens que não baixam a tampa da sanita...
Eu - A sério? Detestas mesmo?
Ela - Não... estava a brincar.
Eu - Ah! Ufa...
Ela - Detesto, detesto....

conversa 1314

Ela - Ontem o meu marido acusou-me de ser muito ciumenta...
Eu - E és?
Ela - Sei lá. Ele disse-me que sempre que sai com os amigos para beber uma cerveja, eu espero que ele chegue e tento sempre saber com quem esteve. Diz que isso o perturba e que se sente prisioneiro. Se calhar está a preparar-se para me pedir o divórcio...
Eu - Mas tu fazes mesmo isso?
Ela - Não. Por acaso até não faço.
Eu - Então é uma mania dele...
Ela - Quer dizer, faço algumas vezes. Não é sempre... ele às vezes nem sai....

passa por mim no clandestino, no mercado negro e na rádio terranova

Actualizei ali o separador das datas, isto porque a rentrée dos Couscous Prosjekt será já no próximo dia 17, no Clandestino Bar em Aveiro. Como os Couscous fazem este mês dois anos de vida, no dia 26 estarão ainda no Mercado Negro, também em Aveiro, numa noite especial com direito a comer couscous feito por mim e pela dj Moa Bird. No dia 7 (acho eu que é neste dia), estarei ainda num debate político na Rádio Terranova. E pronto, por agora é tudo...

já troquei você por outra...

Existiram duas fases na minha vida de divorciado. Uma, em que eu era uma alma perdida na imensidão do Universo e outra em que surgiu uma luz divina que me guiou. Essa luz divina chama-se Arnaldo Silva e é um músico que canta para homens sós.
Nesta música que vos mostro coloca-nos perante uma pergunta capaz de se eternizar na dialéctica da Natureza e das Consciências como um barquinho de papel num mar revolto. É, muito simplesmente, se devemos ou não andar a papar uma gaja casada.
Arnaldo Silva expressa neste seu trabalho a angústia da tendência do não, como se ela estivesse sempre presente na linha do horizonte...



Já troquei você por outra
Não estou arrependido
[depois de começar a ouvir a música acho que ela também não se deve importar muito. Digo eu, sei lá...]
Porque a outra é livre
E você tem marido
[lá está aqui a dialéctica da Natureza e das Consciências. A Natureza diz-nos que uma mulher casada é melhor em muitos aspectos mas a consciência é tramada]

Mulher vê se entende
Vê se compreende minha situação
Você bagunçou demais
As estruturas do meu coração
[nestes versos, o poeta Arnaldo faz uma referência óbvia às mulheres balzakianas e à sua presença na estrutura emocional de um homem experimentado. Ou então não. Mesmo assim, continuo a achar que ela compreende a situação na boa desde que ele pare de cantar.]

Depois que me apaixonei
Foi que disseste que eras casada
[Aqui há uma referência a Camões, à armadilha e à recusa do amor presente na sua obra em endechas a Bárbara Escrava: Aquela cativa / Que me tem cativo / Porque nela vivo / Já não quer que viva. Ou então não]

Agora vê se me esquece
Você não merece cruzar minha estrada
[Finalmente o artista desiste perante o gigante demolidor do Amor, mas decide fazê-lo ostentando a coragem de o enfrentar e diz-lhe que nem sequer o merece. Lá está, continuo a achar que se ela ouviu esta música também não se importa muito, mesmo que o marido dela seja adepto da selecção nacional e chore cada vez que Portugal perde...]

conversa 1313

(num restaurante, com a empregada de mesa)

Eu - Tem melão para sobremesa?
Ela - Tenho. Muito bom, por acaso.
Eu - Queria uma fatia, por favor.
Ela (trazendo a fatia) - Afinal não é assim tão bom. Sabe que os melões são como os homens, só depois de abertos é que sabemos se são bons ou não...
Eu - E não tem um bom?
Ela - Não... olhe, mal abri o primeiro casei logo com ele. Agora é aturá-lo.
Eu - Eu estava a perguntar por melão...
Ela - Ah!

conversa 1312

(depois de passarmos por um carro roxo com umas luzes parecidas com mata-moscas por baixo)

Ela - Os homens são tão parolos...
Eu - Porquê?
Ela - Com esta mania do tuning nos carros. Devem pensar que são alguém...
Eu - Ah! Na verdade foram as mulheres que inventaram o tuning. Não foram os homens...
Ela - Não acredito. Alguma vez viste uma mulher com um carro assim?
Eu - Com um carro não. As mulheres inventaram o tuning mas fazem-no nelas mesmas. Ele é mamas artificiais, ele é narizes cortados, ele é palhinhas enfiadas pelo rabo para tirar gordura. Os homens fazem o mesmo mas nos carros...
Ela - Estás a enervar-me. Tu és um caixa-de-óculos. Também fizeste tuning em ti mesmo, então...
Eu - Andas um bocado nervosa desde que deixaste de fumar, não andas?
Ela - Está calado caixa-de-óculos.

até que lhes caiam as calças...

Nadil Adib, uma jornalista sudanesa que escreve para o jornal de esquerda Al-Sahafa, foi condenada a pagar uma multa de 140 euros (ou pena de prisão) por usar calças. No Sudão, por decreto de lei do actual presidente Omar el-Béchir, as mulheres não podem usar calças desde 1991.
Outras mulheres, presas pelo mesmo motivo, foram já chicoteadas.
Omar el-Béchir apoia desde 2003 as Janjawid, milícias responsáveis pelo genocídio de um número incalculável de pessoas na região do Darfur, onde por pressão política da China, a ONU ainda não fez uma intervenção a sério. Já agora, a China, de que o Partido Socialista e o Partido Comunista Português tanto gostam, tem aumentado o seu volume de negócios com o Sudão.
É claro que o problema de Nadil Adib não é poder usar ou não calças. É também claro que ela não enfrenta apenas uma lei ridícula e um punhado de polícias, enfrenta uma enormidade de interesses instalados. Até que lhes caiam as calças...

9.08.2009

três

Ando com tanto trabalho político que nem tempo tive de vir cá no dia em que este blogue fez três anos. Hoje, a partir do fim da tarde, acho que já poderei voltar às incompreensões de género...

9.02.2009

conversa 1311

Ela - Estou a pensar trocar de carro...
Eu - Estás?
Ela - Estou... que carro é que devo comprar?
Eu - Sei lá... não percebo nada de carros...
Ela - Não?
Eu - Não.
Ela - Não serves para nada, tu.

contas...

Uma beterraba: €0,41
Uma manga: €0,74
Quatro tomates: €0,64
Quatro pêssegos: €0,76
Almoço num restaurante de que não me lembro o nome, em Estarreja: €5,60
Dois finos no Despertar Sensações, em Aveiro: €2,40
Uma mini preta no Muralhas, em Aveiro: €1

total: €11,55