1.31.2008

conversa 539

Ela - Tenho uma relação demasiado conflituosa para a minha maneira de ser, percebes?
Eu (abanando afirmativamente a cabeça) - Hum, hum...
Ela - Eu e o ****** não passamos uma semana sem nos zangarmos pelo menos uma vez. Gosto muito dele mas começo a ficar farta.
Eu (com a mão no queixo) - Hum, hum...
Ela - E agora que parecia estar tudo bem, já vamos ter problemas outra vez.
Eu (com a mão no queixo) - Mas porquê?
Ela - Epá, o gajo mandou-me um sms a dizer que não pode almoçar comigo. Para eu almoçar sozinha. Sem mais nem menos.
Eu (com a mão no queixo) - Sem mais nem menos? Se calhar teve um imprevisto.
Ela - Telefonei-lhe. Diz que vai a Coimbra ajudar a irmã nas mudanças.
Eu - Aí está: um imprevisto aceitável.
Ela - Aceitável nada. A irmã que se safe.
Eu - Ainda bem que a tua maneira de ser não é conflituosa.
Ela - Estás a ser irónico?
Eu - Não...

qual a sua mulher?

Comprei o Borda d'água para 2008 (bissexto), o verdadeiro almanaque, reportório útil a toda a gente, contendo todos os dados astronómicos e religiosos e muitas indicações úteis de interesse geral. E é mesmo. Pelo menos para os homens. Em resposta à pergunta "qual a sua mulher?", no mês de novembro, podemos ler que:

mulher magra é rabugenta, mulher gorda é preguiçosa, mulher loura é ciumenta, mulher morena é perigosa, mulher baixa é barulhenta, mulher alta é buliçosa, mulher feia é borolenta, mulher bonita é vaidosa, mulher moça é tagarela, mulher velha fujam dela, mulher solteirona é chata, mulher casada é perigo, mulher viúva é funesta.

Só gostava de perguntar ao pessoal que escreveu todas estas indicações úteis de interesse geral, mas, afinal, com que mulher é que um gajo simples como eu pode andar? Caraças.

conversa 538

Ela - Queria gostar mais de ti do que gosto. A sério.
Eu - Porquê?
Ela - Porque gosto de ti.
Eu - Acho que assim está bem.
Ela - Achas?
Eu - Sim.
Ela - Porquê?
Eu - Porque também gosto de ti.
Ela - E querias gostar mais de mim?
Eu - Sim.
Ela - Mas não gostas?
Eu - Não.

(uns segundos de silêncio)

Eu - Mas às vezes és tentadora.
Ela - Pois é. Tu também

universo paralelo

Acordo às três da tarde. Tomo o pequeno-almoço quando os outros lancham, almoço quando os outros jantam e janto quando os outros se deitam. Esta sensação de pertencer a um universo paralelo acentua-se quando, às três da manhã, ela me telefona a dizer que está sem sono e pergunta se posso lá passar. Que sim, com uma caixa de bolo sortido. O chá de camolila que ela costuma fazer é diferente do meu. Talvez por causa das canecas, talvez por causa dos livros que atapetam o chão da sala. Talvez por causa dela mesma. Não sei. É um universo paralelo, sim, mas não é mau.

conversa 537

Ela - Tens quatro pacotes de bolacha maria, quase cheios, abertos no teu armário.
Eu - E depois?
Ela - E depois?! Achas isso normal?
Eu - É de propósito, para as bolachas ficarem moles antes de as comer.
Ela - Estás a gozar. Tu não és normal.
Eu - Sou sou.
Ela - Não és não.
Eu - Sou.
Ela - Não.
Eu - Sou.
Ela - Não.
Eu - Não sou normal por gostar de bolachas maria moles?
Ela - Pois.

1.30.2008

conversa 536

Ela - A pior coisa que um homem pode fazer, para mim, é ter a mania de ler na casa de banho.
Eu - Ah!
Ela - Tu não lês na casa de banho, pois não?
Eu - Maisssoumenosssssss........

it is time for a love revolution

1] Lenny Kravitz não tem sexo há três anos, diz ele. Acrescenta ainda que não vai ter mais sexo até casar pois as mulheres precisam ter algo na mente e no espírito. Não apenas um corpo.
O cantor já foi casado com a Lisa Bonet (the Cosby Show). Depois disso teve relações com a Madonna, a Nicole Kidman, a Penelope Cruz, a Kylie Minogue, a Vanessa Paradis, a Natalie Imbruglia (sacana do gajo chegou primeiro do que eu) e a top model brasileira Adriana Lima.
Eu cá aceito a posição dele. Só não percebo como é que, depois de andar com estas mulheres todas, se consegue estar três anos sem sexo.


2] Dani Graves e Tasha Maltby (na foto), um casal gótico inglês, foram impedidos de viajar num autocarro porque Dani passeia a sua namorada de trela, como se ela fosse uma cadela. Ficaram chateados e processaram a empresa. Eu cá, se fosse o condutor, deixava-os viajar à vontade, mas acho que não resistia a atirar um disco de plástico pela rua só para ver se ela corria atrás. [obrigado pestana]

3] No Egipto os homens já se podem divorciar por telemóvel. Não sei se isso é bom ou mau, mas tenho a certeza que se algum dia isso for possível em Portugal, vai ser através de chamadas de valor acrescentado. É sempre assim...

conversa 535

Ela - Podias ter avisado.
Eu - Podia ter avisado o quê?
Ela - Que ias chegar atrasado.
Eu - Mas... combinámos às duas, não foi?
Ela - Sim. São três.
Eu - Epá, desculpa. No meu telefone são duas. Ando mesmo atarantado. Obrigado por teres esperado. Olha, se me tivesses dado um toque para o telemóvel, eu vinha. Distraí-me a fazer o almoço.
Ela - Não tenho saldo.
Eu - Olha, no relógio do café também são duas da tarde. Não serás tu que estás mal?
Ela (olhando para o relógio) - Bem, no meu também são duas. Estava a ver mal.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

1.29.2008

conversa 534

Ela – Se calhar na cama até nem és assim tão mau.
Eu – Nem és assim tão mau?! Onde é que foste buscar isso?
Ela – Nada, nada. A lado nenhum...

pensamentos catatónicos (118)

Reprieve can now conclusively show that Portuguese territory and airspace has been used to transfer over 700 prisoners to torture and illegal imprisonment in Guantanamo Bay.

Fala-se em tortura à hora do café. Depois muda-se de assunto como se não fosse nada. Não entendo. Um torturador é o quê? Um homem normal com família e filhos, que depois dum dia a torturar pessoas, chega a casa para jantar, abraça os filhos e pergunta-lhes como correu a escola? Um homem que tortura é capaz de se apaixonar e de fazer declarações de amor a uma mulher? É alguém que não sabe realmente o que é sofrer? É alguém treinado para não ter emoções? Foda-se, pá.

conversa 533

Hoje fiz uma boa acção cliché: troquei um pneu do carro duma desconhecida. Demorei cerca de quinze minutos a fazê-lo, enquanto ela bebia uma água com limão e magnésio em silêncio total. No fim, já com o macaco arrumado e o pneu trocado, forcei as roscas colocando a chave-cruz em cada uma das porcas e empurrando-as com o pé. Ela olhou para aquilo e, pela primeira vez, abriu a boca para dizer qualquer coisa.

Ela - Que está a fazer?
Eu - A apertar bem isto.
Ela - Veja lá se parte a ferramenta. Parece que está com vontade de partir isso tudo. Tem a certeza que sabe o que está fazer?
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

(pouso a ferramenta em cima do pneu furado e afasto-me em silêncio)

Ela - E agora? Onde é que arrumo o pneu e a chave?
Eu - Não sei...
Ela - Não sabe?
Eu - Não. Os homens trocam pneus, as mulheres são para as arrumações.

coisas que costumo...

1] Costumo colocar o rádio portátil da minha filha à entrada da casa de banho quando me lavo. É uma maneira de ouvir música enquanto tomo banho e de não o estragar muito com a humidade. Actualmente ando a ouvir principalmente Tubarões.

2] Costumo pegar numa colher pequenina e comer o chocolate em pó que fica no fundo da caneca, depois de beber leite quente. Actualmente uso Cola Cao.

3] Costumo dormir sem almofada e dormir de barriga para baixo, calçando umas meias quentes. Actualmente uso umas meias com o Noddy.

4] Costumo comprar um chocolate e comê-lo avidamente e sem tréguas, como se fosse uma abutre faminto. Actualmente compro Toblerone.

5] Costumo pensar coisas incongruentes e desconexas, que supostamente comportem um efeito para uma causa, tipo: "se atravessar esta rua antes daquele carro vermelho passar, logo à noite ela vai-me telefonar para tomar café". Normalmente atravesso a rua a tempo mas depois ela não me convida para tomar café.

6] Costumo juntar a roupa interior suja num montinho no corredor e, sempre que passo por ele, costumo pensar que se não vivesse sozinho não podia fazer isso. Não é importante mas faço-o na mesma. É como se isso significasse que tenho mais liberdade do que as pessoas que não vivem sozinhas. Não significa, eu sei...

7] Costumo pensar nas primeiras namoradas que tive quando ainda era puto e pensar que a minha vida podia ser pior se, por exemplo, tivesse casado com uma que costuma passar por mim agora e dizer-me sempre que eu continuo exactamente como quando tinha quinze anos. Não continuo. Quando tinha quinze anos comia amendoins que trazia nas calças e me enchiam os bolsos com restos das cascas. Agora não.

1.28.2008

pensamentos catatónicos (117)

Não acredito em pessoas mais burras ou mais inteligentes, com excepção óbvia para os eleitores do PNR que são mesmo burros. Acredito é que há inteligências tão diferentes entre alguns homens e algumas mulheres que nem vale a pena tentar...

conversa 532

Ela - O que é se passa contigo?
Eu - Não passa nada.
Ela - Passa, passa. Estás distante.
Eu - Não estou nada.
Ela - Estás sim.
Eu - Não estou nada.
Ela - Estás.
Eu - Porque é que raio tenho que admitir que estou distante? Só porque te apetece?
Ela - Sim.

nos pobréza ké nos rikéza



E porque hoje é dia de couscous prosjekt no clandestino bar...

conversa 531

(em Lisboa)

Ela - Há dias atiraram um tipo para baixo do metro na tua terra.
Eu - Isso foi no Porto. Eu sou de Aveiro. Aveiro não tem metro.
Ela - Aveiro, Porto. É tudo a mesma coisa.
Eu - Não é bem... como até são de distritos diferentes.
Ela - Ai são?
Eu - Sim. Aveiro pertence ao distrito de Aveiro. Porto pertence ao distrito do Porto.

memória de baleia 5



Amor em Lisboa, escultura de Robert Indiana Jones. Fim de semana de 27 e 28 de Janeiro de 2008. Ah! a palavra Jones está ali a mais. A palavra amor não.

1.25.2008

dedo do meio esticado

Neste fim de semana vou ver Perry Blake, sexta-feira, em Espinho e, sábado à noite, beber um copo no Bairro Alto. Aproveitando uma ida a Lisboa vou aproveitar também para comer cachupa caboverdiana, já que os meus amigos não gostam de caracoletas com cerveja. Não sei se vou ter muito tempo para vir aqui. Por isso, beijinhos para elas, abraços para eles e um dedo do meio esticado para o Ronald McDonald.

a mulher perfeita

A mulher perfeita seria uma mistura entre os olhos de Katie Holmes, os lábios carnudos de Angelina Jolie e o corpo de Jessica Biel, isto para os pacientes de cirurgia plástica de Beverly Hills [ler notícia]. Mas há mais: o nariz seria o de Katherine Heigl, as maçãs do rosto de Keira Knightley e a pele da Paris Hilton.
A mim parece-me tudo muito bem, principalmente porque esta mulher não tem... cérebro. Se não tem cérebro pergunto-me o que dirão aqueles lábios carnudos da Angelina Jolie. Provavelmente pouca coisa. A mim, muito provavelmente, não dirão nada, até porque eu não tenho o nariz de Leonardo DiCaprio, nem o corpo do David Beckham, nem os olhos azuis do Daniel Craig, nem as bochechas do George Clooney nem os lábios de Matt Damon e, embora já não funcione a cem por cento, ainda tenho uns gramas de massa cinzenta.
De qualquer maneira desejo sorte a este casalinho perfeito, se um dia existir, e só espero que não discutam muito por causa da conta do telefone. É que esta coisa de ter boca e não ter cérebro...

coisas que fascinam (65)

Recebi um beijinho por email.

conversa 530

Ele – Todos os dias penso em divorciar-me. Há anos...
Eu – Isso não me surpreende, pá.
Ele – Não te surpreende porquê?
Eu – Porque não. Se há alguma coisa que já aprendi nesta vida é que todas as pessoas começam a pensar em divórcios algum tempo depois de estarem casadas. Algumas fazem-no, outras não.
Ele – Pois, se calhar é verdade.
Eu – O facto de se pensar no divórcio não quer dizer que se o deseje ardentemente. O que eu acho é que é quem está casado não consegue deixar de pensar, uma vez por outra, em como seria a vida se estivesse sozinho.
Ele – Sim, eu penso nisso demasiadas vezes. E não penses que tem a ver com outras gajas.
Eu – Eu sei que não tem pá. Tem a ver com uma sensação de invasão da tua individualidade porque, na verdade, entre emprego, mulher e filhos nunca tens tempo para ti.
Ele – Mas ao mesmo tempo tenho medo de ficar sozinho e de perder a ******. Nem a consigo imaginar com outro gajo, percebes?
Eu – Percebo.
Ele – Como é que tu consegues isso? Estar a jantar com a tua ex e o namorado dela ao mesmo tempo?
Eu – Conseguir é a palavra adequada. É uma coisa que se tem que conseguir. Na verdade, ver que ela está feliz ajuda. Depois... o tempo faz milagres. Comigo fez.
Ele – Eu não conseguia.
Eu – Conseguias sim. Só que não sabes que conseguias.

respostas a perguntas inexistentes (23)


Às vezes a noite prolonga-se. Senta-se no sofá duma sala atapetada pelo frio insinuante do lado de lá da janela, para ver um programa ausente do lado de lá do ecrã da televisão. Antes já passou pela cozinha. Já preparou um café quente em vez de dois, já tirou da gaveta uma colher em vez de duas para adoçar com um pacote de açúcar em vez de dois. E é engraçado, porque na forma exageradamente organizada como colocou tudo num tabuleiro em vez de dois, encontra uma alegre disponibilidade que dantes não tinha. Por exemplo, às vezes a noite prolonga-se.

1.24.2008

sms

axo ke n vale a pena falar-mos mais

Há muito tempo que o índice ivariano se mantém nas águas calmas do décimo primeiro grau. Hoje sou obrigado a alterá-lo, por causa dum sms que recebi de manhã, para terrenos negativos. Está agora no oito. O problema do sms não é só a mensagem. É também o axo e o ke (não me habituo a este tipo de escrita) e principalmente o falar-mos. Opá! a sério, desisto de explicar isto. Se querem mandar um gajo passear, pelo menos podiam-no fazer sem dar calinadas graves no português.

conversa 529

Ela - Tenho saudades dele e ao mesmo tempo detesto-o. Sei que era muito cruel comigo mas também tinha o outro lado...
Eu - Sim, acredito que sim. Comigo sempre foi e é um gajo porreiro. Por isso é que fiquei um bocado espantado quando soube que... que ele te agredia, pronto.
Ela - Eu nunca te disse isso.
Eu - Eu sei... foi ele que me disse. Desculpa.
Ela - Deixa lá. Ele dizia-me sempre para não dizer a ninguém. Eu pensei em dizer-te, a ti ou aos meus pais. Nunca disse. Acho que nunca tive coragem.
Eu (silêncio)
Ela - Deves ser o único que sabe.
Eu - Talvez.
Ela - Sinto-me tão sozinha às vezes. Apetece-me dar-lhe outra oportunidade.
Eu - Acho que não devias. Dizer-te isto é uma responsabilidade do caraças, eu sei.
Ela (silêncio)
Eu - À violência nunca se deve dar uma segunda oportunidade.
Ela (silêncio)
Eu - Quando um gajo faz isso uma vez é porque o consegue fazer. Percebes?
Ela - Percebo. Acho que sim, que percebo.
Eu - Mas é só uma opinião, claro.
Ela - Como é que tu reagiste quando ele te contou?
Eu - Não reparaste que deixámos de ser amigos?
Ela - Reparei que se tinham afastado, mas não pensei que...
Eu - Foi isso, foi.

pedidos

1] Quero pedir às rádios locais de Aveiro que não passem músicas do Pedro Khima quando eu estou a conduzir. Enervam-me e posso mesmo, eventualmente, vir a atropelar alguém na rua por causa disso.

2] Quero pedir à mulher que se sentou ao meu lado esquerdo hoje no comboio, sentido Aveiro-Espinho, que para a próxima não adormeça em cima de mim. É que eu peso oitenta e cinco quilos e ela uns cem. Além disso ressona muito alto.

3] Quero pedir à Tv Cabo que não deixe mais publicidade pendurada no puxador da minha porta de entrada. São estúpidos ou quê? Se vou de férias qualquer gajo topa que não está ninguém em casa e assalta aquilo.

4] Quero pedir aos gajos que distribuem os panfletos da media markt na zona de Esgueira, em Aveiro, que não ponham os mesmos na minha caixa de correio. Está lá, bem visível, que eu não quero publicidade não endereçada.

5] Quero pedir à minha vizinha de baixo que, quando estiver a limpar a entrada do prédio e eu a passar, não tente passar o esfregão pelos meus sapatos enquanto ando. É que me atrapalha um bocadinho o andar. Além disso até sou um gajo que limpa sempre os pés à entrada.

1.23.2008

eu pensava que as pessoas eram mais importantes que as coisas


[foto jornal público]

Estão a ser repatriados os marroquinos que deram à costa na ilha algarvia de Culatra, no passado mês de Dezembro. No mesmo mês Lisboa foi palco da Cimeira Europa-África que custou ao estado português dez milhões de euros não contemplados no orçamento da presidência portuguesa da União Europeia.
Os europeus aceitam bem que se gaste esse dinheiro a receber políticos africanos que, para além de darem um novo significado à palavra corrupção, nunca perceberam a expressão "direitos humanos". É que através deles é possível estabelecer acordos para a livre circulação de mercadorias entre os dois continentes.
O que não percebo é porque é que se espolia um continente através dessa livre circulação de mercadorias e depois, quando algumas vítimas desses acordos dão à costa numa praia portuguesa, nem se ousa falar em livre circulação de pessoas. Eu pensava que as pessoas eram mais importantes que as coisas. Afinal parece que não.
O que falta perceber aqui é muito simples: se vinte e dois jovens marroquinos atravessam o mar num barquito de brincar, não é por quererem roubar pessoas à noite nas ruas de Lisboa. É porque têm fome.
Às vezes tenho orgulho em ser português, noutras tenho vergonha. Este é um dos casos em que tenho vergonha.

conversa 528

Ela - Nem imaginas o que te ia acontecer se um dia compreendesses as mulheres...
Eu - O que era?
Ela - Passavas o resto da vida a rir.

karaté

Foi a praticar desporto que levei o primeiro murro duma mulher na minha vida. Na altura praticava karaté num pequeno ginásio na cidade de Aveiro e, apesar de gostar do desporto, era incompatível com algumas coisas. No princípio de cada treino éramos obrigados a gritar cinco máximas em alto e bom som e também em... japonês. Nunca consegui fazer aquilo sem me rir e, quatro anos depois de lá andar e de muita risota, acabei por ser delicadamente expulso. Só para terem uma ideia, a primeira máxima era qualquer coisa como: Hitotsu Jinkaku kaseini Tsuto Morokoto. Agora imaginem uma fila de gajos, sentados no chão dum ginásio, a gritar isto com caras de mau. Pois é...

O pior estava, no entanto, para vir. O kimono, equipamento habitual de qualquer karateca, é constituído por um casaco que está sempre a abrir. É pior que uma braguilha estragada e por isso é que as mulheres usam sempre uma t-shirt por dentro. Uma vez, num exercício em que dois praticantes se colocam frente a frente e, à ordem do mestre (treinador nos outros desportos e mister no futebol) um dá um murro enquanto o outro defende, reparei que a miúda à minha frente se tinha esquecido de vestir a t-shirt. Pois... também me esqueci de defender. Levei tamanho murro que andei com a cabeça inchada duas semanas. A única vantagem foi que, durante duas semanas, não fui aos treinos e por isso não tive que falar japonês.

conversa 527

Eu - Já estás com cara de quem está zangada comigo por qualquer coisa.
Ela - Por qualquer coisa?! Tu realmente...
Eu - O que é que foi agora?
Ela - Se não sabes é que é mesmo grave. Se não percebes.
Eu - Diz-me lá. Não me apetece estar com estas merdas.
Ela - Sabes muito bem.
Eu - Não sei. Diz-me. Se tiveres razão peço-te desculpa.
Ela - Sabes muito bem.
Eu - Diiiiiiiz!
Ela - Sabes muito bem.
Eu - Às vezes cansas-me.
Ela - Sabes muito bem.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 526

(pelo telefone)

Ela - Telefonei-te há um bocado mas tinhas o telefone desligado.
Eu - Estava em Leiria no concerto da Mayra Andrade.
Ela - Tu e a Mayra, a Mayra e tu. Até desligas o telefone por causa dela?
Eu - Não foi por causa dela. Desligo sempre que vou a um concerto, ao cinema ou à casa de banho.
Ela - À casa de banho?
Eu - Sim. Às vezes parece-me o único momento em que consigo estar mesmo em paz.
Ela - Estás chateado por eu te telefonar às duas e meia da manhã?
Eu - Não, não...

conversa 525

Eu - Sinceramente, e isto não é só paleio, não acho que a beleza seja muito importante. É um bocado, claro, mas não é o mais importante.
Ela - Mas eu na altura tinha quinze anitos.
Eu - Pois... com quinze anos a beleza é o mais importante.
Ela - E agora? O que é o mais importante?
Eu - Acho que a ciência lhe chama compatibilidade genética.

a língua é uma cena evolutiva

No post com o título "não percebi" escrevi a expressão "percebi que nem o tinha pagado". Em dois comentários e dois emails, cuja intenção agradeço, sugeriram-me que alterasse pagado para pago.
Devo informar que se quisermos ser correctos é mesmo pagado. Quando o verbo auxiliar da frase é o ter deve-se conjugar o particípio passado na forma regular. Quando o verbo auxiliar da frase é o verbo ser é que se deve conjugar o particípio passado na forma irregular. Resumindo e concluindo, é ser pago e ter pagado.
De qualquer forma, e porque uma língua é uma cena evolutiva, e eu vejo muita gente a conjugar o verbo auxiliar ter com o particípio passado irregular, não considero propriamente um erro. Mais informo que adoro a expressão "a língua é uma cena evolutiva". Não sei porquê, lembra-me uma namorada que tive. :)

deixem-me só dizer isto mais uma vez...

a Mayra Andrade é tão bonita!

1.22.2008

distâncias

Acabei de descobrir que a distância entre o centro da cidade de Aveiro e de Leiria é exactamente cem quilómetros. Em linha recta, claro. Por causa das curvas vou ter que conduzir cento e vinte e quatro quilómetros duas vezes. Tudo para ver a minha Mayra Andrade.
Tenho esta mania: descobrir a distância exacta do sítios onde vou, já fui ou apenas gostaria de ir. Faço-o sempre com o google earth, um software de que sou utilizador desde o primeiro momento. Às vezes imagino também uma espécie de google love, um software capaz de medir as distâncias entre as emoções das pessoas, e acho que não o queria. Facilitava a vida, saber que a minha distância emocional de x era de cento e vinte e dois quilómetros e que, para meu próprio espanto, de y era apenas de três centímetros. Mas os problemas surgiriam rapidamente. É que enquanto Aveiro e Leiria estão à mesma distância uma da outra, o mesmo não se passa entre um homem e uma mulher. Ele pode estar a dois centímetros dela e ela a cento e vinte e dois quilómetros dele.

conversa 524

Eu - Admito que não estou a aceitar muito facilmente as primeiras brancas.
Ela - Sim, não te ficam lá muito bem.

não percebi

Ontem fui a um hipermercado comprar uma régua, uma garrafa de vinho e quatro iogurtes. Peguei na régua e depois, ao passar pela zona do pronto-a-vestir, experimentei um casaco que gostei e guardei-o debaixo do braço. Escolhi o vinho e, finalmente na zona dos iogurtes, vesti o casaco por causa da refrigeração. Entretanto esqueci-me que o tinha vestido. Paguei a régua, o vinho e os iogurtes e fui pra casa. Só quando lá cheguei é que percebi que nem o tinha pagado.
O sistema de alarme não funcionou. Se tivesse funcionado acho que estava tramado. Como é que eu ia explicar que tinha sido uma distracção? Foi principalmente a pensar nisto que hoje fui lá pagar o produto (admito que problemas de consciência não tinha muitos, por ser num hipermercado). Pode acontecer o mesmo a mais alguém e assim pelo menos já sabem que não é a primeira vez.
Levei só as etiquetas e fui ao serviço ao cliente. Quando expliquei a situação à empregada ela tornou-se anormalmente agressiva e deu-me duas hipóteses: ou eu ia embora ou ela chamava a segurança. Não percebi nada. Respondi-lhe só que nesse caso ia embora mas que ainda ia tomar café ali ao lado, e que se ela quisesse chamar um colega com mais neurónios do que ela estava à vontade. Tomei café e ninguém apareceu...

conversa 523

Ela - Tenho três tipos de discurso memorizados para depois do sexo.
Eu - A sério?! Quais?
Ela - Um em que digo simplesmente que não estou preparada para ter uma relação com ninguém mas que, como qualquer mulher, gosto de encontros íntimos com homens bonitos. Convém sempre usar a expressão homens bonitos, embora no plural, para eles não se chatearem muito.
Eu (risos)
Ela - Depois, se vejo que o gajo se está a querer colar-se demasiado a andar comigo, faço uma cena em que digo que não devia estar ali porque estou a começar uma relação com outro gajo. Digo que foi um erro e, se for preciso, até choro.
Eu (mais risos)
Ela - Depois, a maior parte das vezes, limito-me a chamar-lhe cabrão ou assim, baixinho.
Eu - A sério? Mas porquê?
Ela - Porque a maior parte dos gajos adormece logo a seguir. E isto não é um cliché, é mesmo verdade.
Eu (silêncio)
Ela - E o teu silêncio é comprometedor.

1.21.2008

conversa 522

(ao telefone)

Ela - Estás em Aveiro?
Eu - Sim.
Ela - Fiquei outra vez sem bateria. Precisava que viesses aqui com os teus cabos.
Eu - Onde é que estás?
Ela - No parque de estacionamento do retail
Eu - Ena, estou um bocado longe. Ainda demoro uma meia hora.
Ela - Podes demorar mais. Assim aproveito e vou às compras outra vez.
Eu - Outra vez?
Ela - Sim, já me ia embora. Por isso é que descobri que estava sem bateria.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 521

Ela - Nunca mais estive com um homem desde que me divorciei.
Eu - A sério?! Já lá vão uns anitos.
Ela - Sim, e oportunidades não faltam.
Eu - Imagino que não.
Ela - Acho que me tornei num animal de toca. Nem sequer me apetece ter sexo. Mesmo quando saio contigo, às vezes, faço um esforço. Se queres saber és a única pessoa com quem saio. Gosto de falar contigo.
Eu - Também gosto de falar contigo. Acho é que não tens que te preocupar. Se não te apetece estar intimamente com ninguém não é um problema não estar. Se calhar até tem vantagens. Não sei.
Ela - Sabes qual é o meu medo? É que tenho quase quarenta anos e daqui a algum tempo estou acabada para algumas coisas e, muito provavelmente, vou-me arrepender de não ter aproveitado melhor a vida.
Eu - Não concordo com essa ideia que aproveitar a vida é ter muito sexo. De facto até pode ser, mas só se na altura estiveres disponível para tal. Senão é mais uma tortura.
Ela - Sim, mas vou chegar a uma altura em que queria ter estado disponível quando não estava. Até já pensei em ir ao médico psiquiatra.
Eu - Olha, faz o que achares melhor. Eu acho que as pessoas facilitam e vão ao psiquiatra por tudo e por nada, sinceramente. Tu és uma mulher bonita. Não vais estar acabada, como pensas, tão cedo como isso. A vontade sexual tem ciclos em toda a gente. Há fases em que não se pensa em mais nada, há outras em que é ao contrário. Mas é o tempo que resolve isso, não é um psiquiatra.
Ela - Tu também tens esses ciclos?
Eu - Claro.
Ela - Pensava que nos homens era diferente.
Eu (risos) - Não é. Talvez os homens tenham dificuldade em admiti-lo. Mas não é diferente. Eu às vezes ando amorfo, pá. Noutras até um GNR de bigode enrabava.
Ela (risos) - Ai que fixe. Um GNR de bigode...
Eu - Estava a brincar, ahn?!
Ela - Não sei se estavas. Agora não consigo deixar de te imaginar...

o amor é um vício?

Fiz uma asneira. Fui almoçar com a minha filha e deixei-a almoçar "mal". Isto é, deixei-a pedir um chesseburguer com uma coca-cola e uma mousse de chocolate no fim. Sei que não é o almoço ideal para uma criança que está na escola mas o brilho nos olhos dela, quando viu a fotografia do hambúrguer em cima da mesa, impediu-me de lhe dizer pela enésima vez na minha vida: "não filha, tens que comer uma sopinha e um prato que tenha legumes". É segunda-feira e as segundas são ideais para quebrar regras, acho. Mas não acho só isso. Passei a manhã sozinho, como se fosse uma embarcação desgovernada pelo vento que sopra na cidade de Aveiro, com aquela sensação de quem está apaixonado por uma cidade sem realmente estar. Amo Aveiro mas estou sempre chateado com ela. É um bocadinho como amar uma mulher que está sempre a ter pequenos gestos que nos incomodam: queremo-nos afastar dela mas não conseguimos, principalmente porque já se tornou viciante. Acho que o amor é (também) um vício e às vezes não sabemos se queremos ficar ou fugir. Eu tenho medo de vícios, ou melhor, acho que ando com medo de vícios.

conversa 520

Ela - Disseste que tinhas um limite psicológico na idade das gajas com quem vais prá cama, é isso?
Eu - Sim, mais ou menos.
Ela - Ah, que giro, e qual é?
Eu - Dez anos, mais ou menos, mas não é rígido. Também não peço o bilhete de identidade a ninguém.
Ela - Dez anos a mais ou a menos do que tu?
Eu - Tanto faz. Mas até pode, eventualmente, ir aos doze ou treze, sei lá...
Ela (rindo) - Já pensaste que se fores prá cama com uma gaja com menos dez anos do que tu, quando tinhas vinte anos ela tinha dez? Era uma criança a quem tu podias pegar ao colo...
Eu - Nesse caso prefiro pensar que quando eu tiver setenta ela vai ter sessenta.
Ela - Acho que só me estás a dizer isso para me explicares que não queres ir prá cama comigo sem me ofenderes. É simpático da tua parte. Obrigado.
Eu - Quantos anos tens?
Ela - Mais doze do que tu. Sim, estou numa fase difícil da vida.
Eu - Menopausa?
Ela - Não digas essa palavra.

1.20.2008

conversa 519

Ela - Ei, que fixe! A tua cama é de ferro.
Eu - E depois?
Ela - E depois... nada. É fixe... gosto de camas de ferro.
Eu - Porquê?
Ela - Porque... olha, porque sim.

copos de plástico

Ao contrário da maior parte das pessoas, eu gosto de bares onde servem a cerveja em copos de plástico. Para os homens, que urinam em pé, torna-se mais fácil ir à casa de banho sem o perder de vista. Basta prendê-lo entre os dentes e assim pode-se usar as duas mãos.
Agora... se me perguntarem se me sinto triste por, depois dum sábado à noite passado no Contagiarte no Porto e na Axe Moi em Aveiro, esta ser a coisa mais interessante que tenho para dizer, respondo que sim. Às vezes tenho a sensação que devia... sei lá... emigrar.

1.19.2008

conversa 518

Ela - Não te parece que já andas há demasiado tempo a sair comigo sem te fazeres a mim?
Eu - Achas?
Ela - Acho. Ou eu sou muito feia ou tu és maricas.
Eu - Não és feia. Eu também não sou maricas. Mas também não me lembro de te teres feito a mim... apesar de sairmos juntos há muito tempo.
Ela - Eu estou farta de te fazer sinais. Tu é que não vês.
Eu - Há bocado, por exemplo, fizeste-me sinal a dizer que ias lá fora fumar um cigarro. Eu percebi. Acho que quando me dás sinais claros eu até percebo.
Ela - Bem, estás sempre a engonhar, tu. Estou farta.
Eu - Pronto. Esse sinal agora percebi.

1.18.2008

xadrez 13

conversa 517

(dois tipos que eu conheço a falar de mim, ontem, num bar, sem perceberem que eu estava a ouvir)

Ele1 - O gajo tem assim um bocado a mania.
Ele2 - Tem a mania que come gajas mas não come nada. Eu nunca o vi com nenhuma. É só conversa lá no blogue dele.
Ele1- Bem, eu ver até vejo, mas duvido que as coma.
Ele2 - O blogue é uma merda. Não percebo como é que tem tantas visitas.
Ele1 - Mas qual é o blogue?
Ele2 - É o "não entendo as gajas" ou uma coisa parecida. Eu depois mando-te que eu tenho isso nos favoritos.
Ele1 - Manda. Já agora quero ver.
Ele2 - Mando.
Eu (ao mesmo tempo que pedia duas cervejas) - Então, tudo bem?
Ele1 (com cara de cu e cumprimentando-me) - Então?
Ele2 (com cara de cu e cumprimentando-me) - Estávamos a falar de ti...
Eu (risos) - Aposto que bem.
Ele2 - Era sobre o teu blogue.
Eu - Ah!

xadrez 12

conversa 516

(por telefone)

Ela - Telefonei só para saber como é que andas.
Eu - Vou andando. E tu, como estás?
Ela - Estou a ler o jornal no café. Queres aparecer?
Eu - Até apareço, mas acabei de acordar. Tenho que tomar banho e comer qualquer coisa. Uns vinte minutos, pode ser?
Ela - Vinte minutos?! Depois falas das mulheres. Eu tomo banho e o pequeno-almoço em cinco.
Eu - Mas eu ainda tenho que ir até aí e enfrentar o trânsito da variante.
Ela - Ok... eu espero. De repente pensei em ti e quero mesmo estar contigo um bocadinho.
Eu - Ena, que fixe. Vês como é fácil fazeres-me feliz?
Ela - É que estou a ler um artigo de opinião no jornal de Notícias que se chama "o monstro vive".
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 515

Ela (passando-me um charro) - Fumas?
Eu - Não.
Ela - Não fumas?
Eu - Não. Nunca fumei.
Ela (rindo) - Que estranho, olhando assim para ti de repente era capaz de dizer que estás sempre a fumar ganza.

good love


Comprei uma t-shirt na Mao Mao (Mercado Negro - Aveiro) que diz good love em vez de good year. Good year é uma marca de pneus. Se calhar é porque, no amor, estou habituado a ser posto a andar. Mas só quando cheguei a casa é que pensei nisso.

conversa 514

(depois de algumas, não muitas, cervejas)

Ela - O que é que quer dizer mesmo DVD?
Eu – Normalmente diz-se que é Digital Video Disc mas na verdade é Digital Versatile Disc.
Ela (rindo) – Pensava que era Deixa-me Ver o Disco.

conversa 513

Ela – Dás-me um gole da tua cerveja?
Eu (passando-lhe o copo para a mão) – Dou.
Ela (depois de beber tudo de penalty) – Obrigado.

1.17.2008

mulheres artistas que não compreendo (16)


Paula Aniceto

Não sei quem é, mas gostei da exposição que tem patente na galeria do Centro Multimeios de Espinho. No panfleto ela diz que estas obras cartografam memórias, Os sinais que as povoam indiciam e correspondem a fragmentos da sua identidade: fragmentos de linguagem e marcas do seu percurso. Deve ser por isso que a mim, todos os quadros me parecem vistas aéreas de cidades grandes e povoadas.
A Paula Aniceto nasceu em Santa Maria da Feira, em 1975. Esta exposição chama-se Percursos Alternativos.

conversa 512

Eu - A piada da música dos anos 80 tem a ver com os instrumentos electrónicos estarem pouco desenvolvidos comparativamente aos dias de hoje mas, mesmo assim, serem acompanhado por uma espécie de estética futurista.
Ela - Tens a braguilha aberta.

conversa 511

Ela - Devias admitir que precisas duma mulher em casa.
Eu - Porquê? Não preciso nada...
Ela - Sim, tens a manteiga, a farinha e os iogurtes no frigorífico fora de prazo. Isto para não falar desta lata de coffe mate que já caducou em novembro de 2006.
Eu - Pois... vamos ao cinema?

mulheres a tirar bilhete...

Para quem anda muito de comboio e não tem uma vida que lhe permita chegar à estação com pelo menos vinte e seis minutos de antecedência, é de extrema importância conhecer as mulheres pela aparência, de formar a possibilitar uma profunda operação analítica a todas as filas para escolher a mais rápida. Enquanto os homens limitam o seu pedido de bilhete a um grunhido parecido com o nome duma estação, tipo eu, que digo sempre qualquer coisa como: "espinh..." e depois bazo imediatamente, as mulheres conseguem chegar a demorar os tais vinte e seis minutos a pedir um bilhete. Eis os tipos de mulher a evitar numa fila:

1] A obcecada por moedas.

Normalmente é uma mulher já com alguma idade e caracteriza-se por, mesmo no dia mais quente do Verão, usar dois casacos e um cachecol. Está sempre a encostar, com a ponta do dedo indicador esquerdo, os óculos ao nariz e é agarrada a cada tostão que tem na carteira. Primeiro pergunta sempre qual é o preço pelo menos umas cinco vezes, depois espalha as moedas todas do porta-moedas em cima do balcão e conta-as também cinco vezes. Tendo em em conta que tem muitas, mas mesmo muitas, moedas de 1, 2 e 5 cêntimos, é certo que o próximo cliente vai perder o comboio. No entanto a parte pior ainda não chegou. É que normalmente, apesar da contagem e recontagem, acaba por se enganar e entregar dinheiro a menos. Quando chega à conclusão que não tem moedas suficientes para o bilhete paga com uma nota e, claro, vai contar o troco também umas cinco vezes...

2] A dondoca

A dondoca é normalmente uma giraça, de mini-saia preta e botas até aos joelhos, onde se pode notar que cada cabelo está penteado ao milímetro. O sonho dela era ser modelo mas, depois de ter perdido um concurso de manequins que o centro comercial lá da terra organizou, deitou as culpas nas cunhas que a vencedora teve e arranjou um part-time numa loja de perfumes. Até aí nada de mal, o problema é que ainda não perdeu o vício de andar como uma manequim, ou seja, de forma algo semelhante aos gajos que praticam marcha. Mais ainda, na pequenina carteira que traz pendurada no braço, tem tantos produtos de cosmética espalhados, mas mesmo tantos, que para além daquilo parecer o saco do Sport Billy (esta é só para os da minha faixa etária), vai demorar pelo menos oito minutos a encontrar o dinheiro para efectuar o pagamento.

3] A perdida

Se já passaram por ela e ela vos perguntou alguma coisa foi, certamente, algo do tipo: "onde é que fica a bilheteira?", e vocês responderam: "fica ali, onde diz bilheteira". É isso, é o tipo de mulher que nunca sabe onde está nem para onde vai. Dá muitos passos mas sempre curtos e por isso quase nunca sai do mesmo sítio. O maior problema dela é que, ainda que apanhe o mesmo comboio todos os dias e há anos, vai sempre fazer as mesmas perguntas depois de pedir o bilhete: quanto custa, se há lugares marcados, em que linha é, a que horas é, a que horas pode voltar, em que estações e apeadeiros é que pára e se tem casa de banho. No total e em média, demora doze minutos para comprar um simples bilhete de comboio.

4] A burocrática

A burocrática, para além de usar sempre uma saia comprida e uns óculos redondos, não tem mais características físicas comuns. No fundo, é aquela que se lembra de pedir um recibo já depois de ter comprado o bilhete mas nem sabe bem o que isso é. Depois é a confusão porque nunca sabe qual é o seu número fiscal e vai procurá-lo em todos o tipo de lixo e cartões que traz na carteira: bilhete de identidade, cartão de sócio do clube lá da terra, apontamentos pessoais, cartão de desconto na florista, cartão de desconto no pronto-a-vestir, cartão de desconto na pastelaria e cartão de desconto no hipermercado. Não é a situação mais grave. Demora em média seis minutos a tirar o bilhete.

5] A mulher agulha

Não tem nada a ver com droga. É uma mulher que faz tricô esteja lá onde estiver. Faz tricô na sala de espera do dentista, faz tricô no autocarro, faz tricô na pastelaria, faz tricô a ver televisão, faz tricô durante o acto sexual, faz tricô nas sessões de auto-ajuda da Igreja Universal do Reino de Deus e... faz tricô na fila para comprar bilhete para o comboio. Normalmente é uma mulher com uns quilitos a mais e, nalguns casos, tem um autocolante no casaco a dizer "quer emagrecer? Pergunte-me como". A única coisa que a vai fazer demorar a comprar o bilhete é que, cada vez que faz alguma coisa para além do tricô, a sua actividade cerebral exige uma paragem de alguns minutos até estar preparada para realizar outra operação. Isto para além de arrumar todas as agulhas, fios e dedais num saco de plástico dos hipermercados Feira Nova. Tempo médio para comprar o bilhete: sete minutos.

1.16.2008

para combater o meu lado obsessivo compulsivo

1] Desde segunda-feira que não tomo café. Substituí-o por cevada, aquela que parece café mas não é.

2] Estou determinantemente proibido, por mim mesmo, de ouvir no meu leitor de mp3 a mesma música mais do que três vezes seguidas. Se falhar e o fizer quatro vezes seguidas, como castigo sou obrigado a ouvir o Ana Maria, do Trio Odemira.

3] Sempre que uma mulher bonita me perguntar alguma coisa na rua, vou deixar de coçar a cabeça e perder-me em divagações inúteis. Prometo a mim mesmo que vou directo ao assunto e explico tudo duma forma resumida e pragmática.

4] Vou fazer férias do Beira-Mar.

5] Quando, nas palavras cruzadas dum jornal qualquer, me aparecer pela enésima vez a frase "fechar as asas para descer mais depressa" (com quatro letras), não vou rasgar a página aos bocadinhos e achar que o mundo está todo contra mim.

6] Quando uma amiga bonita me telefonar vou passar a atender logo, em vez de treinar primeiro a voz várias vezes, para ver se o tôoo?!! me sai bem.

conversa 510

Ela - Se me ensinasses o que uma mulher deve dizer a um homem para o conquistar, eu ensinava-te o que um homem deve dizer a uma mulher...
Eu - Eu sei lá o que é que uma mulher deve dizer a um homem.
Ela - O que é que tu gostas que te digam?
Eu - Gosto que me digam, por exemplo, como é que se faz molotof sem aquilo ir abaixo. E tu, gostas que te digam o quê?
Ela - Coisas bonitas, pá. É assim tão complicado?
Eu - Cogumelo venenoso daqueles vermelhos com bolas.
Ela - Ahn?!
Eu - É uma coisa bonita...

beira-mar em silêncio

O meu Beira-Mar entrou em blackout. Eu cá acho bem, já que cada vez que o presidente fala só diz asneiras. A última foi atirar com as culpas dos maus resultados para cima do treinador. Pode ser que agora a coisa melhore. Uma coisa é certa, para o ano vamos voltar a jogar com o União de Leiria.

1.15.2008

conversa 509

Ela - Vou-te buscar à estação e jantamos. A que horas chegas?
Eu - Uma e dez. Já não há muitos sítios para jantar em Aveiro a essa hora. Só para petiscar qualquer coisa.
Ela - Estava a pensar jantar na tua casa.
Eu - Ah!

conversa 508

Ela - Eu sei que todos os homens têm um estilo. Qual é o teu estilo?
Eu - Estilo como?
Ela - Há um estilo de mulheres que atrai mais cada homem. Morenas, loiras, pretas, gordas ou magras, altas ou baixas...
Eu - Ah! Eu não tenho estilo nenhum preferido.
Ela - Não? Isso não é possível. O meu ex, por exemplo, não podia ver uma gaja loira, tipo sueca, à frente.
Eu - Mas tu és morena e bem escurinha, até.
Ela - Pois... por isso é que ele é meu ex.

(uns segundos de silêncio)

Ela - A tua ex-mulher era loira, preta, morena... era como?
Eu - Loira.
Ela - Então...
Eu - Não, não foi por isso.

pontes

A Lusoponte tem a exclusividade do atravessamento do rio Tejo, por causa dum acordo que Ferreira do Amaral assinou quando era ministro do Cavaco Silva. Por coincidência, mas mesmo grande coincidência, quem está agora à frente da Lusoponte e vai negociar a indemnização para o estado poder construir uma nova ponte sobre o rio é o... Ferreira do Amaral.
Os saudosos Jáfumega, do Porto, cantavam quando eu era puto que A ponte é uma passagem / P'ra outra margem / Desafio pairando sobre o rio / A ponte é uma miragem. Se algum dia esta banda quiser reescrever este tema tem agora uma excelente oportunidade: A ponte é uma passagem / Do governo para uma empresa privada / Desafio pairando sobre os impostos / A ponte é uma miragem. É só uma sugestão.

conversa 507

Eu - Eu nem gosto do Fidel, pá.
Ela - Não?
Eu - Não, o que não quer dizer que não o inveje.
Ela - Mas porquê?
Eu (risos) - As mulheres interessantes adoram políticos. A Carla Bruni casou com o Sarkozy, agora a Naomi Campbell anda com o Hugo Chávez. Tenho a certeza que o Fidel tem lá uma modelo cubana qualquer.
Ela - Se tiver, não acredito que ele aproveite muito.

(uns segundos de silêncio)

Ela - Mas o Hugo Chávez... *suspiro* olha que a sortuda é a Naomi...

conversa 506

Ela - Pelo menos ainda vou bebendo umas cubas livres...
Eu - Mas olha que, sem te dar a certeza, acho que a cuba livre deve ser mais uma bebida criada em Miami do que por seguidores do Fidel Castro.
Ela - Não... acho que é uma bebida contra o bloqueio. É assim que eu a vejo.
Eu - É que como leva coca-cola...
Ela - Leva?
Eu - Leva... acho que sim.
Ela -Bebi tantas vezes e nunca reparei.

mais mulheres azuis


Quando era puto e lia os livros dos estrumpfes (nome português para os smurfs), fazia-me confusão haver tanto homem para uma só mulher. Agora, segundo o site brasileiro da Reuters, parece que finalmente esta situação vai ficar resolvida. A IMPS, empresa que detém os direitos sobre estes personagens, vai desenhar mais mulheres.
Só estou curioso se, para além de arranjarem o dique (principal actividade dos gnomos azuis), os machos vão continuar a varrer a casa e a cozinhar. Talvez não... mas por falar em dique, se calhar vão ter mais que fazer.
A estrumpfina, esta loiraça que está na imagem, é na verdade uma das heroínas de toda a minha vida. Sendo a única mulher entre tanto homem, não se queixou nunca de enxaquecas num único livro. Parabéns estrumpfina, a paz está a chegar...

1.14.2008

mayra

A cantora mais bonita do mundo vem outra vez a Portugal. Dia 22 de Janeiro em Leiria, dia 22 de Fevereiro em Torre Novas, 24 em Lisboa e 3 de Março no Porto. Vou vê-la a Leiria porque ao Porto não devo poder ir.

num bordel da Polónia...

Esta notícia vem na edição em papel de hoje do DN.

Um polaco teve um grande espanto durante uma visita a um bordel de Varsóvia: uma das empregadas era a sua mulher: Segundo o tablóide polaco Super Express, a mulher do cliente trabalhava naquela casa de prostituição para ganhar algum dinheiro extra. Mas o que dizia em casa era bem diferente. A mulher garantira ao marido que havia arranjado um emprego numa loja nos arredores da capital polaca. "Fiquei espantado, achei que estava a sonhar", admitiu o homem ao Super Express. Depois de 14 anos de casamento, esta mentira parece ter sido a gota de água. Segundo o mesmo jornal, o casal já deu início ao processo de divórcio.

Eu não sei nadinha de polaco. Para mim, à partida, Super Express só poderia ser o nome dum detergente novo. Mas não... é mesmo dum jornal. Quer dizer... a mulher vai trabalhar para ganhar algum dinheiro extra (e, convenhamos, não é um trabalho fácil), enquanto o homem vai às putas gastar esse dinheiro, e ele é que ainda fica indignado. Está fixe....

conversa 505

Ela - O único homem que me tirava desta depressão era o Ronaldo.
Eu - O Cristiano Ronaldo? O jogador de futebol?
Ela - Sim.
Eu - Mas... porque o achas bonito, porque não sabe o que fazer ao dinheiro, ou porque o achas interessante noutro aspecto qualquer?
Ela - Porque é grande e atlético. De resto... parece burro que nem uma porta. Pronto, o dinheiro também ajudava. Quer dizer, não ajudava nada porque eu não queria casar com ele. Era só mesmo uma queca.
Eu - Hum...
Ela - Olha que estou a brincar.

os putos e os divórcios

O DN publica hoje um preocupante artigo sobre divórcios em Portugal. Preocupante, não por causa do seu número ter crescido abruptamente nos últimos anos, mas sim porque demonstra que as maiores vítimas deste fenómeno são as crianças, por serem usadas como arma de arremesso entre os pais e sofrerem cada vez mais do síndrome de alienação parental.

No síndrome de alienação parental, a criança é levada a odiar e a rejeitar um pai que a ama e do qual necessita, sendo que o vínculo com o progenitor pode ficar irremediavelmente destruído. A depressão crónica e a incapacidade de adaptação social. Diz o mesmo artigo que em cerca de 50% dos divórcios litigiosos em Portugal há, por parte da mãe, falsas acusações ou insinuações de abuso sexual contra os pais (muito por culpa dos advogados delas).

Portugal é, segundo um estudo do Instituto de Política Familiar (com sede em Madrid), o país que regista o maior número de divórcios na União Europeia, facto que preocupa a Associação de Famílias, para quem este país poderá viver uma crise social sem precedentes.

Nunca percebi porque é que o divórcio é visto por alguns sectores da sociedade como uma chaga, mas consigo perceber que as suas consequências nas crianças sejam motivo de preocupação. Aquilo que não se pode sequer pôr como hipótese é que a alternativa ao divórcio seja o... não divórcio. Não acredito que seja melhor para os filhos viver num ambiente em que pelo menos um dos progenitores não quer estar. Acaba por ser um crescimento num ambiente de paz podre ou guerra fria. Mas sei, por experiência própria, que os pais ficam sempre a perder relativamente às mães no que diz respeito à custódia dos filhos.

Quando me divorciei, eu e a mãe da minha filha contratámos o mesmo advogado, que nos disse para eu assinar um acordo em que só poderia vê-la de quinze em quinze dias. Assim seria mais fácil o conservador consentir o divórcio à primeira sem ir a tribunal familiar. Eu assinei sem problema nenhum porque confio totalmente na mãe e nunca tive que respeitar tal imbecilidade, mas acredito em muitos casos o pai não aceite assinar uma coisas destas de ânimo leve, principalmente quando é acusado de abusos sexuais sem o ter feito.

A lei parte, na prática, do princípio errado que o pai é apenas um apêndice familiar para os filhos. Era bom para todos, mas principalmente para os putos, agilizar e embaratecer o processo de divórcio cada vez mais, de forma a que o mesmo não se torne uma dor de cabeça para os progenitores. Acredito que os conflitos que surgem entre ambos tem ainda como causa alguma pressão social existente porque os divórcios (apesar cada vez haver mais) ainda não são vistos como um processo natural entre duas pessoas. Eu acho que são, tão natural como é começar a gostar de alguém e depois deixar de gostar. Talvez a preocupação dos Institutos das Famílias por esse mundo fora, não se devesse centrar em países onde existem muitos divórcios mas sim onde existem poucos ou são constantemente mal feitos.

maioria absoluta

Durante cinco dias e duas mil novecentas e noventa e nove visitas, apenas cento e sessenta e oito votaram no inquérito sobre o novo aspecto gráfico do "não compreendo". 57% acha que está melhor que o anterior, 40% acha que está pior, 11% nem reparou que houve uma mudança e 10% está-se nas tintas para o facto de estar melhor ou pior.
O novo design venceu por maioria absoluta, por isso vou deixá-lo assim até me fartar de novo.

1.13.2008

conversa 504

Ela - Se um dia pudesses voltavas a casar?
Eu - Se um dia pudesse? Não percebo... As pessoas podem sempre casar. No nosso país, pelo menos.
Ela - Não é isso. Estou a perguntar se tivesses alguém ao teu lado.
Eu - Ah! Não... acho que não.
Ela - De certeza?
Eu - De certeza não. Acho só que não.
Ela - Vais acabar por fazer essa asneira outra vez.
Eu - Acho que não. Sinceramente acho que não.
Ela - Eu fiz... e já vou na terceira vez que a fiz. É sempre um erro, casar. Nunca faças isso outra vez.

respostas a perguntas inexistentes (22)



Queria que fosse quase sempre. Ela a ver a montra deprimente duma loja chinesa, com relógios amontoando as horas e um ou dois manequins tristes, sem cabeça, prolongando o silêncio dum domingo à tarde. Um dos manequins podia parecer o Prince. U don't have 2 be rich 2 be my girl U don't have 2 be cool 2 rule my world. Queria que pudesse ser essa a música a passar num qualquer rádio local, quando parasse o carro e lhe oferecesse boleia. Olá, está tudo bem? Sim. Mas podia ser outra. Outra qualquer que não falasse de amor. Já nem havia mais espaço para isso. E depois ela perguntava-me para onde é que ia. Para o mesmo sítio que tu. Sim, para o mesmo sítio que tu. A não ser que lá ainda se fale amor. Queria que fosse quase sempre. Como é que um manequim sem cabeça pode parecer o Prince? Eu não sabia, ela também não. E nós? Teríamos cabeça por estar ali dentro dum carro a falar de tudo menos de amor? Não, portanto é possível. Quase sempre. Quase, quase...

1.12.2008

conversa 503

Ela - Lembras-te da nossa viagem a Salamanca? Altamente...
Eu - Salamanca?! Não me lembro de ir a Salamanca contigo..
Ela - Ah! Pois não. Não foi contigo.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 502

Ela - Eu gosto mesmo de homens como tu. Altos, com charme e esses óculos à Tintin...
Eu - Posso só lembrar-te que o Tintin não usa óculos? Aliás, nem o teu namorado que, por acaso, não é alto e está ali no balcão a pedir cervejas para nós.
Ela - ok...

1.11.2008

o homem aranha divorciou-se

O homem aranha também se divorciou, diz o Portugal Diário. Não sei se, como eu, ele vai fazer um blogue a dizer que não compreende a Mary Jane. Sei é que ele vai dar um novo significado ao facto de trepar paredes....

conversa 501

Ela -Não te vês ao espelho de manhã?
Eu - Mais ou menos.
Ela - Mais ou menos?! Não sabes o que é um pente?
Eu - Mais ou menos.
Ela - Também pareces, mais ou menos, um homem das cavernas.

conversa 500

(com a amiga duma amiga, a quem dei boleia entre Espinho e Aveiro, logo mal entrámos no carro)

Eu - Senhora passageira, coloque o cinto de segurança. Daremos início à viagem dentro de segundos. Lá fora estão neste momento cerca de dez graus e uma chuva intensa. Contamos chegar ao destino dentro de, sensivelmente, quarenta e cinco minutos...
Ela (olhando para mim de lado) - Que foi?
Eu - Era uma piada.
Ela - Não teve piada.

1.10.2008

dia de merda num dia bom

1] Estive com um produto na mão para o aparecimento das primeiras rugas. Não o comprei mas foi a primeira vez na minha vida que pensei nisso. Custava 13,44 euros e acabei por pensar que se o comprasse estava fazer uma tolice. Ia transformar um dia de merda num dia pior.

2] Encontrei uma amiga da escola primária num shopping em Aveiro. Não a via há uns vinte e sete anos. É incrível como nos reconhecemos à primeira. Às vezes, quase sempre, nestas situações limito-me a acenar timidamente a cabeça e continuar a andar. Hoje foi diferente, e passámos mais ou menos duas horas juntos. Foi um regresso ao passado que transformou um dia de merda num dia bom.

3] Passei uma boa parte do dia a ouvir música. Ouvir mesmo, sem fazer mais nada. Acho que perco muito porque só costumo ouvir música enquanto faço outras coisas como cozinhar, conduzir, limpar a casa de banho ou assim. No fim reparei que nem saí de cabo Verde. Mayra Andrade, Tcheka, Fantcha, Lura, Maria de Barros, Nancy Vieira e mais alguns. Foram músicos que me ajudaram a transformar um dia de merda num dia bom.

sexo na banheira

Há muito tempo que eu não ia verificar as buscas do google que vêm aqui dar. Aqui estão algumas.

sexo na banheira aveiro
tendo em conta que é na banheira, a cidade é, na minha humilde opinião, desinteressante

quero levar no cu em coimbra
todos os meses aparece aqui esta cena. Repito a minha opinião anterior: a cidade é, para o efeito, desinteressante

leis sobre comer e beber sem pagar nos cafes
não conheço nenhuma lei sobre isso mas, se por acaso alguém souber, agradeço que me informe

isla homens podem bater em mulheres
não sei onde fica. Deve ser aquela da música da Madonna: la isla bonita

entretenimentos para divorciados
eu cá faço blogues, bebo vermute com limão e vou à bola

como me ei de vestir?
O melhor é começar pela roupa interior e depois pela exterior. Fica mais fácil. Não esquecer que casacos e similares são a última etapa. Ah! e é "hei" e não "ei"...

chineses pila pequena
os chineses podem ter a pila pequena mas como fabricam vibradores grandes a preços pequenos, não são concorrência que se deva menosprezar.

conversa 499

Ele - Já vais em ano e meio separado, não é?
Eu - É...
Ele - Qual achas que é a maior vantagem e a maior desvantagem de estar sozinho?
Eu - É essa: estar sozinho.
Ele - Mas é uma vantagem ou desvantagem?
Eu - É as duas coisas. Estar sozinho é a maior desvantagem e a maior vantagem de estar sozinho.

conversa 498

Ela - A ****** tem a mania que é toda gira. Irrita-me tanto.
Eu - Pois... mas ela não tem só a mania. É mesmo gira. E nem acho que ela tenha assim tanto a mania.
Ela - É mais gira do que eu?
Eu - Hum... hum... não, não. É... diferente. É isso, é diferente.
Ela - Foda-se. É mais gira do que eu.
Eu - A beleza não é assim tão óbvia.
Ela - O tanas é que não é. Ela é mais gira do que eu e agora estou ainda mais irritada.
Eu - Estás a falar a sério?
Ela - Estou.

mal vestida

Estou um bocado chateado com isto. Acho injusto, não é? O estilista de Los Angeles, Mr Blacwell, escolheu as mulheres mais mal vestidas do ano que agora acabou, e colocou no primeiro lugar a ex-spice girl Victoria Beckam [ver link].
Não é por nada mas... epá, ponham-se no lugar dela. Eu, pessoalmente, passava-me se alguém me considerasse o gajo mais mal vestido de 2007, até porque o Júlio Isidro ainda é vivo e, portanto, ainda se veste.
Telefonei agora à Victoria, só para lhe dar uma forcinha e, claro, ela estava a chorar. Eu bem lhe disse, aqui há uns tempos atrás, para esperar um bocado e ir comigo aos saldos do Pagapouco em Aveiro, que tinha visto lá umas blusas muito giras a 4,99 euros. Ela é que é muito ansiosa e pronto, foi logo comprar umas mini-saias que lhe ficam mesmo mal. É que ela tem as pernas muito magras. Já a avisei que tem que comer uma feijoada de carne de porco de vez em quando e, caso ela tenha problemas de dinheiro, para não ter vergonha de me dizer. Como dizia a minha avó, não somos ricos mas na mesa há sempre lugar para mais um.

Por falar em Pagapouco, já sei quem é que foi lá comprar a gravata que eu queria. Foi o próprio mr Blackwell [na foto]. Aquela gravata mais o lenço verde que ele tem no casaco estavam a 2,99 euros. Eu não comprei logo porque na altura não tinha dinheiro. Estou a ver que ele se antecipou. E é claro que um senhor (que ele é um senhor) que compra no pagapouco, não deve gostar nada daquelas coisas provocantes que a Victoria veste. E ele parece ser mesmo um homem muito sério, assim... asseado e bem parecido. Só acho que não compreende muito bem a Victoria. O Júlio Isidro devia conhecê-lo...

1.09.2008

comer gajas

Mais um gajo que gosta de comer gajas à força toda.

conversa 497

Eu - Tu andas com um gajo qualquer, que eu sei.
Ela - Não ando nada. Se andasse dizia-te.
Eu - Mas... podes andar à vontade. Tens esse direito. Entre nós nunca vai haver nada mesmo...
Ela - Mas dizia-te... por uma questão de ética.
Eu - Só não acho justo convidares-me para ir contigo a São Jacinto passar uma noite, por exemplo, e no dia seguinte já não me ligares nada. É o que acontece normalmente, não é?
Ela - É que ele não tem carta.
Eu - Ele quem?
Ela - Foda-se!

conversa 496

Ela - Acho que ando com a libido descontrolada. Não sei se é da idade ou do que é...
Eu - Tem calma. Não te descontroles aqui no meio do café.
Ela (rindo-se) - Epá.. hoje até a ti te comia. Já não coiso há meses...
Eu - Até?! Até?!!!!
Ela - Sim... todas as gajas sabem que tu és lento na cama. Mas como ando desesperada...
Eu - Todas as gajas?!
Ela - Se vais prá cama com uma gaja qualquer, no dia seguinte todas as amigas dela sabem, e dois dias depois são as amigas das amigas. Não tenhas dúvidas disso.
Eu - Se eu fosse prá cama contigo hoje, amanhã contavas às tuas amigas?
Ela - Ui, podes crer que sim. Mas mesmo que fosse uma merda dizia que tinha sido bom.
Eu - Porquê?
Ela (rindo-se de novo) - Não sou capaz de admitir a nenhuma gaja que um gajo não gostou de foder comigo.
Eu - Então... quem é que te disse que eu sou lento na cama?
Ela - Foi a ******, mas essa é uma invejosa. Está sempre a armar-se.

conversa 495

Ela - Tenho que comprar uma máquina fotográfica digital. Preciso que me ajudes a escolher uma.
Eu - Para que é que queres a máquina?
Ela - Para tirar fotografias.
Eu - Sim, eu sei. Mas primeiro tens que saber que tipo de fotografia queres fazer. Se só queres tirar fotografias em jantares de bêbados, se queres fazer fotografia criativa como hobby, se queres fazer algumas fotoreportagens. Dependendo do que queres fazer é que escolhes a máquina, percebes?
Ela - Sim... mas eu só quero tirar fotografias. Ainda não sei a quê...

respostas a perguntas inexistentes (21)



As nuvens, parecidas com uma enorme bola de algodão, estavam negras por baixo e brancas por cima. Ela encostou a cabeça aos ombros dele e deixou-se adormecer lentamente. Durante a viagem não disseram uma única palavra. Há muito tempo que ele não abraçava ninguém e por isso deixou-se ir, apesar dos espaçados e turvos pensamentos que o iam lembrando de que não gostava realmente dela. Quando ela acordou ficou a olhar pela janela do comboio. O algodão não engana, disse ele. Depois beijaram-se.

helloooooo baaaaaaaby!....



Acabei de ligar a televisão e de me lembrar porque é que já não o fazia há muito tempo. A tvi está a transmitir um programa onde uma miúda gira fala duma forma entusiasmada sobre... sobre... sobre... frutos que têm no nome a letra a. É contagiante e estou emocionado com a forma como ela aborda este tema tão interessante. É suposto os telespectadores telefonarem para lá, através de chamadas de valor acrescentado, e acertar no nome dum fruto que tem essa letra. Uau. Tenho a certeza que não foi escolhida por ser boa como o milho transgénico, mas sim pelas suas capacidades intelectuais extraordinárias. Desde que estou aqui sentado já disse coisas como:

1] Preparamos com muito carinho este concurso para vocês.
2] Uma forma de se lembrarem de nomes de frutos é irem ao vosso frigorífico.
3] Há bocado um concorrente disse abacaxi mas há nomes de frutos muito mais fáceis.
4] A produção do programa está a perguntar onde está o meu umbigo.
5] Marque o 760 100 500 que é um número obrigatório na vossa agenda telefónica
6] Há aqui o nome dum fruto que é tão fácil que eu não sei como é que ainda ninguém disse.
7] Vocês têm que se concentrar no nosso desafio: frutos com a letra a

Enquanto ela vai dizendo isto, vai-se ouvindo uma voz irritante por trás a gritar "helloooooo baaaaaaaby!...." e, a espaços, algumas palmas dum público que ninguém vê. Ver a tvi é mais deprimente do que ir a uma reunião de condomínio discutir como deve ser o tapete de limpar os pés da porta do prédio. Deprimente.

1.08.2008

próxima paragem: Porto


Não é bem a próxima mas quase. Na verdade é só mais um cartaz do Couscous Prosjekt. Para quem vive na Invicta e arredores, dia 16 de Fevereiro o Contagiarte é paragem obrigatória. Pronto... não é bem obrigatória... mas se quiserem dar lá um salto, é bem.

conversa 494

Ele - Sabes o que é que ela me disse? Que gostava muito de mim mas que só me via como um grande amigo. Foda-se...
Eu - Pois...
Ele - Perguntei-lhe porque é que tinha ido prá cama comigo e prometido tanto...
Eu - Pois.
Ele - Ela é que começou com isto, ela é que me levou prá cama e depois mandou-me literalmente à merda.
Eu - Pois.
Ele - Pedi-lhe só para me explicar porquê e sabes o que ela respondeu?
Eu - Sei. Disse-te que não está preparada para uma relação e que, de vez em quando, ainda pensa no último namorado que teve. Pediu-te desculpa, disse que foi muito bom, que chegou a pensar que tu eras o tal mas afinal não és, e que é melhor serem bons amigos do que maus amantes.
Ele - Como é que sabes?
Eu - Foi o que ela me disse a mim também.
Ele - O quê? Tu também...
Eu - Há quase um ano... não te preocupes. Está na boa e esquece o assunto. Diz-me só uma coisa, por curiosidade, ela ainda tem a mania de te mandar estar quieto e ela é que se mexe?
Ele - Sim...
Eu - Pois... vamos beber um uísque.

conversa 493

(hoje de manhã, com uma amiga que já não via há muito tempo, quando a empregada nos veio atender)

Eu - Um café, por favor.
Ela - Eu também quero um café, mas em chávena escaldada, cheio e com adoçante.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

falo chinês

Hoje recebi alguns discos vindos da Argentina e da Nova Zelândia, comprados através da Amazon. Ficaram-me muito mais baratos do que se os tivesse comprado cá, onde o IVA sobre os cd's é de 21%.
Por isso mesmo é que o último disco d'Os Azeitonas é um livro com oferta de cd, e está no mercado a sensivelmente 11 euros. Para além do preço relativamente baixo, tem uma música que se chama "mulheres nuas", outra que se chama "Cantigas de Amor" e que é uma homenagem ao Tony de Matos, mais outra que se chama "Falo Chinês".
A "Falo Chinês" é uma versão duma música que eu trouxe de Hong-Kong e da qual, numa noite em que bebi uma cervejitas a mais, fiz karaoke para algumas centenas de pessoas. Em Chinês perfeito, tal como o d'Os Azeitonas.
Podem ver o vídeo da música original e depois a versão tuga em mp3 (não dá para baixar). Se gostarem podem comprar o disco. Está bem feito e, embora não os conheça pessoalmente, acho que devem ser uns bacanas.


1.07.2008

conversa 492

Ela - Mas... a Mona Lisa já morreu, não já?
Eu - Não sei...

conversa 491

Ela - Pareço-te uma mulher obsessiva, é?
Eu - Não, não. Não é isso. Só estava a dizer que não tenho disponibilidade para estar uma hora seguida ao telefone quase todos os dias.
Ela - É que eu tenho um plafond no telemóvel do emprego e gosto de o usar até ao fim.
Eu - Ok... isso não é nada obsessivo.

1.06.2008

gostava de ser mosca

Dizem os media que oito pequenos partidos portugueses, em risco de extinção compulsiva por não terem o mínimo de cinco mil militantes imposto por lei, se reuniram este sábado em Lisboa para debater o problema. Foram eles o partido Popular Monárquico (PPM), Movimento Partido da Terra (MPT), Partido Nova Democracia (PND), Partido Nacional Renovador (PNR), Partido Operário de Unidade Socialista (POUS), Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP), Partido Democrático do Atlântico (PDA) e Partido Humanista.
Gostava de ser mosca para ver os representantes do POUS e do PNR a concordar em alguma coisa. A propósito... o PNR vai acabar? Ena... que fixe.

conversa 490

Ela - Ele é teu amigo?
Eu - É.
Ela - Porque é que o trataste tão mal, assim sem mais nem menos?
Eu - Eu não tratei mal.
Ela - Disseste-lhe que é bronco e burro que nem uma porta.
Eu - Ele também me disse coisas do género. Não te preocupes, é sempre assim entre nós. Somos grandes amigos.
Ela - Não compreendo os homens.

1.05.2008

zero elevado a zero é um?

Por causa da minha frase na conversa 489: "por exemplo, zero elevado a zero é um, o que tem sido uma dor de cabeça para todos os matemáticos desde que o zero existe"" recebi cinco comentários que não aprovei porque, para além tentarem ser ofensivos, eram todos anónimos e estavam mal escritos. Um até era giro e dizia "se ela diçe que és zero é porque és mesmo pandeleiro que zero é buracos. meu zero elevado a zero é tudo menos um". Este não aprovei porque não conheço o verbo "diçer" nem sei o que é um "pandeleiro", lolololololol! Os outros quatro eram normais, de gajos anormais que ficaram todos contentes e se babaram quando acreditaram que tinham encontrado um erro neste blogue. Obrigado, de qualquer maneira, a todos pela participação.
Agora, para quem não sabe, passo a explicar com a humildade própria de quem não é de matemática. A questão é que esta é precisamente uma das incongruências da matemática porque, ao mesmo tempo que é possível demonstrar que qualquer número elevado a zero é um, no caso do zero enquanto base devia dar sempre zero. Sugiro que vão ao google e façam uma busca por "zero elevado a zero".
Aproveito para agradecer à minha professora do liceu que me explicou isto há uns vinte anos atrás. Ela era tão bonita que nunca mais me esqueci das suas palavras.

conversa 489

Ela - Sabes o que é que está por trás desses óculos de massa e desse ar de intelectual? Nada. És um zero.
Eu - Deixa-me só dizer-te que o zero não é assim uma coisa tão simples quanto pensas. Por exemplo, zero elevado a zero é um, o que tem sido uma dor de cabeça para todos os matemáticos desde que o zero existe por ser uma cena impossível na prática. O zero não é apenas a representação abstracta do nada, mas sim uma necessidade criada pelo nosso sistema numérico.
Ela - Cala-te parvo.
Eu - Por exemplo, é muito mais difícil, ao nível cognitivo, entender o zero do que outro número qualquer, percebes? Agora pode parecer fácil, mas representar o nada com um símbolo significa representar a inexistência com a existência, o que só por si é uma contradição duma disciplina que se pretende lógica.
Ela - Estou tão farta. Vai cagar, pá.
Eu - Pronto. Chamaste-me zero. Estava só a tentar que percebesses que a tua agressividade não tem sustentação racional... mas ok, vou beber uma cerveja. Queres uma?
Ela - Não quero nada.
Eu - Nada é zero, por exemplo. Se tu me disseres que queres zero cervejas eu entendo que não pretendes beber. Se por outro lado me dizes que não queres nada, não querendo o nada é porque queres alguma coisa, já que renegas o nada. O que queres pode-se traduzir por um número diferente de zero... daí a importância....
Ela (interrompendo com um grito) - Caaaaaaaaala-te!

mais um cartaz do couscous prosjekt

1.04.2008

conversa 488

Ela - Sabes quanto é que eu gasto quando vou ao cabeleireiro?
Eu - Sei.
Ela - Sabes?
Eu - Sim, sei. Vinte e três euros e quarenta e quatro cêntimos.
Ela - Ahn?
Eu - Como é que raio queres que eu saiba quanto é que gastas quando vais ao cabeleireiro?
Ela - Pois... chego a gastar um pouco mais de cem euros.
Eu - Olha, eu gasto seis euros para cortar o cabelo no barbeiro. Se quiseres falo com ele para te cortar o cabelo a ti também. Tenho a certeza que ele não se importa....

conversa 487

Ela - Não te sei explicar. Acho estranho...
Eu - Estranho como?
Ela - Acho estranho eu e tu.
Eu - Mas porquê?
Ela - É estranho, sei lá. Ainda há pouco tempo éramos íntimos e agora estamos aqui a tomar café como se não tivesse havido nada entre nós.
Eu - Não estamos nada. Eu sei que houve, tu também sabes. Não estamos a fingir nada. Não temos é que estar sempre a falar nisso.
Ela - Tu és homem, é por isso. Os homens são uns insensíveis.
Eu - Ei... espera aí. Foda-se! Pára lá com isso do homens insensíveis. Fomos prá cama duas ou três vezes, depois começaste a namorar com o ****** e disseste-me que não podias continuar comigo. Agora tiro dez minutos dum dia fodido para conseguir tomar café contigo e chamas-me insensível? Desculpa lá... foda-se.
Ela - É que para ti parece que não foi nada.
Eu - A sério... sei lá que te diga. As mulheres são fodidas e começo a ter medo delas.
Ela - tens medo de mim?
Eu - Não. De ti já não tenho. Mas tenho daquelas de quem gosto.
Ela - Estás a ver? Acabaste de dizer que não gostas de mim.

[passado uns minutinhos]

Ela - Amanhã passas música no Clandestino?
Eu - Não é no Clandestino. É no Riff...
Ela - Posso lá ir?
Eu - Claro que podes. Aquilo não é meu. Eu não proíbo ninguém de lá entrar.
Ela - Estás a ver? Acabas de dizer que não queres que eu vá.

[passado uns minutinhos]

Ela - Pagas-me o café? Só tenho uma nota de cinquenta euros, não a queria trocar.
Eu - Pago. Eu só tenho mesmo um euro e vinte na carteira. Está certo.
Ela - Estás a ver? Já nem o café me queres pagar.

let's have some fun in Aveiro

O Hospital de Aveiro, para cujo bom funcionamento parece não haver dinheiro suficiente, está muito perto de se tornar numa espécie de casa dos horrores. O estádio Municipal de Aveiro, para o qual apareceram muitos milhões de euros com facilidade, está perto de se tornar uma espécie de casa fantasma.
Há cerca de quinze dias contei aqui esta história que, tirando o nome do paciente chamado pela cirurgia, é totalmente verdadeira. No mesmo sítio onde ela se passou, morreu esta semana uma idosa enquanto esperava que a atendessem.

couscous prosjekt e crónica da semana

1] o Couscous Prosjekt vai finalmente à cidade do Porto, mais concretamente ao Contagiarte, no próximo dia 16 de Fevereiro. Hum... no Porto... para me sentir em segurança só espero que não apareça nenhum segurança.

2] Esta semana, e por minha própria culpa, a crónica do Diário de Aveiro é publicada apenas sexta-feira, ou seja, hoje.

3] Por falar em Couscous e no dia de hoje, se quiserem podem aparecer no Riff bar, em Aveiro. Estamos por lá. Se não quiserem também podem, claro, mas não é tão aconselhável.

1.03.2008

conversa 486

Ela - Pai, podes gravar-me estes dvd's dos dinosauros para eu levar para casa da mãe?
Eu - Filha, poder até posso, mas tu já os viste umas cinquenta vezes cada um.
Ela - Mas quero ver mais, percebes?
Eu - Percebo, percebo...

dinossauros

Depois dum dia caótico, em que gastei mais ou menos quatro horas em transportes públicos, seis a trabalhar, uma a preparar o jantar e o dia de amanhã da minha filha (lanche e trabalhos de casa), meia hora a lavar roupa e a -la a secar, sinto-me exausto.
A minha filha é fanática por dinossauros e, entre uma colecção de documentários da BBC, mais uns dez livros que já lhe comprei sobre o assunto, acabei de descobrir que ela, com oito anos, já sabe muito mais do que eu. Há bocado explicou-me que o Tiranossauros Rex não era predador mas sim necrófago porque investigações recentes descobriram que ele despenderia demasiada energia a caçar e, se o fizesse, não podia falhar ou morria. Também me perguntou qual o meu dinossauro preferido mas eu, em abono da verdade, só me lembrava mesmo do nome do Tiranossauros Rex. Então ela disse-me os nomes de uns vinte ou trinta, assim seguidos, coisa que eu nunca na minha vida soube fazer.
Agora acabou de sair do banho e já está a ler mais sobre dinossauros. Passou por aqui depois de vestir o pijama e disse-me que quando for grande vai conseguir reconstituir o adn do não sei quantos sauros para conseguir trazê-lo à vida.
Neste momento estou-me a sentir um bocadinho... sei lá... ultrapassado. Vou tomar banho, beber um uísque duplo sem gelo, adormecê-la, e depois talvez venha aqui de novo... só para respirar.

1.02.2008

conversa 485

Ela - Pareces uma criança.
Eu - Porquê?
Ela - A comer uma bola de berlim e beber uma sumol de laranja.
Eu - Eu gosto. Mas tens razão, é um fetiche que tenho desde pequenino.
Ela - E tens mais algum fetiche?
Eu - Tenho. Sucol de Pêssego.

sangue no álcool

O Portugal Diário diz que o Diogo Quintela, Dos Gato Fedorento, foi detido na madrugada do dia 1 de Janeiro pela PSP, por conduzir com 1,6 gramas de álcool por litro de sangue. É mentira. Eu vi-o e sei que ele esteve a trabalhar a noite toda. Aliás, acredito que ele tenha dito ao polícia: "oh sô guarda, eu venho do trabalho..."

o amor é um peido


Ontem vi no "meu" cinema do Arrábida Shopping o filme do Alek Keshishian. Fiquei a saber que o Alek, de quem eu nunca tinha ouvido falar, já realizou videoclips da Madonna. Fiquei também a saber que o amor se explica metaforizando um peido, pelo menos foi o que a psicanalista ali da foto explicou.
Há a fase do silêncio, em que ambos fingem que nunca se peidam. Depois, quando um dos elementos da relação não aguenta e acabar por dar o primeiro peidinho, vem a fase em que cada peido é uma festa. A partir deste momento surge uma bifurcação no caminho a seguir: ou cada um consegue viver com os peidos do outro e isso é amor, ou cada um começa a achar os peidos do outro insuportáveis.
A Brittany Murphy é bonita, mesmo com o cabelo pintado de preto. A mulher com quem fui ao cinema também. Eu não sou bonito mas pelo menos sou anósmico. Aguento bem os peidos dos outros. O problema é nunca perceber quando é que a fase do silêncio termina.

1.01.2008

pequenos gestos

No primeiro dia do ano descobre-se que as bombas de gasolina também servem para tomar café e comer um queque de chocolate. Ressacado, fiz um prato para o almoço rico em hidratos de carbono, que preciso urgentemente de energia para enfrentar um dia de ressaca e, talvez, também mais um ano emocionalmente atribulado e financeiramente apertado: massa com vários queijos e frango. Quando pego num pacote de esparguete e o parto literalmente ao meio, lembro-me sempre duma italiana por quem me apaixonei durante mais de duas semanas, ter ficado chocada ao ver-me fazer isso.
Agora os cafés estão fechados e eu meto cafeína para a veia duma forma sôfrega e egoísta. É estranho ter-me lembrado duma mulher que já estava a dormir na cave da minha memória apenas por causa dum pacote de esparguete. Há pequenos gestos e emoções que ficam marcados em nós como fósseis. Este ano vou ter mais cuidado com os meus pequenos gestos. É um pensamento estúpido porque os anos não são nada. Nós é que nos obrigamos a pensar que sim. Talvez seja uma defesa nossa acreditar que o tempo, só por si, pode melhorar alguma coisa.